Ela não o via há duas semanas, desde o parque.

Estava com saudades. Sabia dele por Ray.

Não entendia o porquê da sua ausência quando ele parecia feliz ao seu lado no passeio.

Estava voltando da festa na casa dos Parker. Voltava sozinha e mais cedo, deu a desculpa de estar com dor de cabeça.

Ao chegar em casa, para não acordar ninguém, entrou pela cozinha.

Quando estava se aproximando viu alguém sentado no chão, ao lado da porta.

De inicio achou que fosse um ladrão ou um bêbado, mas depois de olhar com atenção o reconheceu, estava todo de negro, tinha o corpo curvado e imóvel.

– Oliver!

Ela correu para seu lado e abaixou. Ele gemeu e levantou o rosto, ela viu que estava tomado pela dor.

– O que houve? O que faz aqui?

– Me acertaram, Diggle foi chamar o Ray...- tirou a mão do ombro e ela viu o sangue empapando a camisa.

Por um momento ela se desesperou, mas ele estava sangrando, tinha que fazer algo!

– Vamos, vou levá-lo para dentro e dar um jeito nisso.

– Não – mais um gemido – ess...pere o Ray...

– Nada disso, vamos.

Felicity o ajudou a erguer-se e o guiou em direção a um quarto perto da cozinha.

Em seguida gritou pelo mordomo e disse o que precisava.

Ele estranhou, mas atendeu.

– Felicity....

– Sshii, quieto. Vou ter que cortar sua camisa...- pegou a tesoura e cortou a roupa.

Disfarçou um gemido de admiração quando viu seu peito nu, e outro quando viu esse mesmo peito tomado por cicatrizes.

Ela olhou com atenção a ferida.

– A bala ainda está ali, vou ter que tirá-la...

– Você não precisa fazer isso – gemendo de dor tentou levantar – Onde está o Diggle?

– Nada disso, fique quieto – ela o segurou botando as duas mãos em seu peito – vou ver se ele já chegou, mas fique aqui.

Ele a olhou e suspirou, ela ainda tinha as mãos em seu peito e apesar da situação os dois sentiram uma corrente de desejo transpassá-los. Ela corou e tirou as mãos dele.

Nesse momento entram no quarto Diggle e Ray seguidos por Sarah.

Esta quando vê a situação sai e vai até a cozinha para pegar o material necessário para retirar a bala.

Ela percebe que os dois homens têm a noção exata do que aconteceu com Oliver e anota para questioná-los depois.

Quando Sarah retorna Oliver está ainda mais branco e com uma expressão de dor.

– Eu cuido disso – diz Felicity.

– Não precisa, Diggle pode fazer...

– Oliver, ela tem a mão mais delicada e posso ajudá-la...

– Só preciso que vocês o mantenham quieto, vai doer muito...

– Ok.

Ray entrega para Oliver uma garrafa de conhaque este toma uma boa quantidade.

Diggle o segura firme. Felicity respirou fundo e começou a procurar a bala. Por sorte não estava muito funda, mas acertou algumas veias e por isso o sangramento.

– Você já fez isso antes? – Diggle a observa curioso – parece saber o que fazer.

– Er...na verdade não...quer dizer sim....no meu cavalo quando meu vizinho o acertou sem querer.

Ele deu um sorriso e acentiu com a cabeça...

Oliver havia desmaiado em algum momento, tanto pela dor quanto pela bebida.

Depois de retirar a bala ela fez alguns pontos pequenos na ferida, ainda bem que sabia bordar, e pôs um curativo.

Exausta, sentou-se na beirada da cama e Sarah lhe deu um copo de água e retirou todo o que fora usado.

– Agora ele vai ter que descansar, porque você não sobe, se limpa e tenta dormir um pouco...

Felicity o olhava, ele parecia somente adormecido.

– Ele não pode ficar sozinho – ela tinha o olhar preocupado.

Sarah entendeu.

– Eu fico com ele até você voltar. Ele está bem agora.

– Certo, daqui a pouco eu volto.

– Peça para a Sra. Jans preparar algo para comermos.

No seu quarto ela olhou-se no espelho e viu seu vestido manchando de sangue. Nesse momento caiu a ficha de que o homem que ela gostava esteve sangrando na porta de casa com uma bala no ombro e que ela mesma tinha tirado essa bala...

A adrenalina estava baixando e um resquício de choque estava tomando conta do seu corpo. Ela começou a tremer.

Mas logo se recompôs. Ela não era uma daquelas mocinhas frágeis. Ela tinha salvado ele. Com esse pensamento, se lavou, trocou de vestido e desceu.

Quando entrou no quarto, Sarah estava tomando um chá e observando o amigo.

– Como ele está?

– Até agora bem, sem febre.

– Certo, você pode ir dormir, prima. Eu vou ficar.

– Você sabe que não é de bom tom você ficar no mesmo quarto sozinha com um homem, Felicity...

– Ah! Por favor, Sarah.....eu já sou bem grandinha e eles está desacor... – ela olhou para a prima e esta tinha um grande sorriso de provocação no rosto.

Felicity riu

– Eu não sei por que deixo você me pregar essas peças...

– Porque você me ama e quer me fazer feliz!!! – as duas riram – Agora coma, está bem? E se precisar de algo mande ma chamar.

– Fique tranqüila.

Felicity sentou-se na poltrona do lado da cama e o observou, estava mesmo tranqüilo, a respiração calma.

Ele era mesmo lindo...mas onde será que ele tinha conseguido todas essas cicatrizes...ela o olhou novamente e audaciosamente passou os dedos por cima de algumas. Elas pareciam bem profundas...

Ele gemeu e mexeu-se na cama, ela retirou a mão rápido e corou...estava sozinha mas corou...que tola que sou.

Recostando-se na poltrona logo o cansaço a venceu e ela adormeceu.

Acordou horas depois assustada com os gritos dele.