Scream For Me escrita por Camila


Capítulo 12
Uma ida ao mercado


Notas iniciais do capítulo

Olá, tudo bem?
Sim, eu sei... Parem de gritar comigo... Eu entendo... I'm sorry... Sou uma cretina, admito. Mas estou aqui para postar mais um capítulo para vocês!
Antes queria agradecer aos favoritos da Natália e da Flavia Trindade! Obrigada meus amores, amo vocês! TODOS OKAY?
Então, prontos para o Black Friday de hoje? Estou descapitalizada, assumo :(
Enfim, acho que esse capítulo está grandinho, mas bora lá?



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Dirijo quase por uma hora antes de chegarmos a uma cidade. Meu destino inicial.

Staunton. População: ninguém se importa.

O dia está quase amanhecendo. A escuridão da noite já está dando lugar para os primeiros raios solares. O nascer do Sol sempre significou uma "renovação de forças" pra mim, como algo mágico. Bem, agora não passa de luz iluminando o caminho.

Nem é preciso olhar para os rapazes para perceber que estão em alerta. Cidade nova. Perigos novos. E mais e mais carne podre. Observo as ruas desertas e sujas, procurando por algo com que me preocupar. É sempre assim, desde que o mundo foi a merda. Quando tudo está calmo demais, pode crer que tem alguma coisa fedendo. Literalmente. Você nunca pode se dar ao luxo de abaixar a guarda. Nunca mesmo. Não no apocalipse zumbi.

George avista um prédio com uma enorme placa escrita "Biblioteca Pública de Staunton". Parece ser uma boa, não é grande demais e quase ninguém frequentava bibliotecas públicas. O mundo era burro antes mesmo de ir a merda. Estaciono o carro na frente do prédio e pego a minha arma no cós da calça. Me viro para John que está olhando pela janela, observando a área. Ele olha de volta para mim e percebo que ele já está segurando a faca e a arma na mesma mão.

– Pronta? - ele me pergunta sério.

– Claro.

John assente para mim e se vira para a porta para sair.

– Também estou pronto. Obrigado por perguntar. - George reclama abrindo a porta de trás e saindo do carro.

Andamos os três pela calçada da rua e damos a volta na biblioteca, indo para os fundos. Inspeciono o lugar com os olhos e já percebo um problema. Correntes. Cadeado. O portão dos fundos está bem trancado. Reviro os olhos. Olho para o lado e George já está se preparando para pular o portão.

– Sério? - pergunto franzindo a testa. - Não tem outro jeito não? Sou boa com armas, não com pular portões.

– Anda logo. - John diz indo na minha frente. - Se você fosse uma dama, até deixaria você ir primeiro, mas como esse não é o caso...

– Você é insuportável. - digo arregaçando as manchas da minha blusa.

John ri e então some. Já está do outro lado, assim como George. Homens estúpidos. Olho para trás me certificando de que não há nada grunhindo e se arrastando até mim. Me viro para o portão e de um jeito delicado, o pulo, sem problemas. John e George estão me encarando quando coloco os meus dois pés no chão. Os encaro de volta e levantando uma sobrancelha, sigo em frente, deixando os dois para trás. Vou até uma porta de vidro. Faço uma concha com as mãos, a fim de enxergar melhor o interior da biblioteca e nada. Nada além de prateleira e mais prateleira cheias de livros. Não consigo identificar nenhum morto vivo. Nada.

Recuo para trás e franzo os lábios. Deveria haver alguma coisa ali. George anda até a porta e bate no vidro com os dois punhos fechados. Esperamos. E esperamos. E nada. George vira para trás para olhar para mim e John, com um curiosidade vívida nos olhos. Um pouco de alívio também, consigo ver. Dou de ombros.

– É... Parece não haver nada aqui. - John diz. - Ótimo então.

John vai até George e pegando sua faca, ele dá um jeitinho bem peculiar de destravar a porta. Estamos dentro. Empunho minha arma e começo a verificar os corredores entre as prateleiras. Precaução nunca é demais. Ainda mais nessa droga de apocalipse. Os rapazes fazem o mesmo, se preparando para caso encontrem algum walker. Estamos estranhando achar um lugar limpo assim, porque tudo está infestado. Sempre há um morto se rastejando até você querendo te comer. É meio louco e surreal acharmos algum lugar intacto. Talvez seja Deus mexendo os pauzinhos. Só talvez. Estamos tendo tanto azar ultimamente, que desconfiamos um pouquinho quando a sorte resolve aparecer.

– Aqui tá tudo de boa! - George grita de uma das sessões.

– Aqui também. - digo, voltando para a mesa recepção da pequena biblioteca.

– Acho que arrumamos um lugar para ter um pouco de paz, afinal. - John diz quando me encontra. George logo chega atrás.

– Beleza, beleza. - George diz olhando ao redor. - Podemos procurar alguma coisa pra comer? Tô com fome!

John revira os olhos e vai até as janelas. A maioria está sacrada com tábuas e com papelão. Alguém já esteve aqui antes. Ele passa a mão pela nuca, pensando.

– Concordo com George. - digo. - Precisamos nos alimentar. Precisamos de mantimentos, e água. E quem sabe roupas novas também. - Olho para George que está fazendo que sim com a cabeça.

John fica quieto. Pensando... E pensando... E me incomodando com todo esse seu silêncio. Isso não é uma coisa que exige muito raciocínio. É só sairmos atrás de comida. Simples. Mas ele continua quieto olhando para o nada. George olha para mim franzindo as sobrancelhas.

– Cara? - ele chama. John continua parado como se não estivesse ouvindo.

Então, do nada, ele vai até uma prateleira. Pega alguns livros. O cesto de lixo. Vai até a mesa da recepção. Procura por algo nas gavetas. Fósforos. Com a caixinha na mão, ele volta, reune tudo. Rasga as folhas de um livro. Coloca-as dentro do cesto. Risca um fósforo e o joga. Na lata de lixo. O papel pega fogo. Pronto. E depois de observar tudo isso, eu apenas me pergunto: por que diabos ele fez uma "fogueirinha" de dia?

– Você está bem? - pergunto meio surtada. - Porque você agindo feito um louco.

John olha pra mim e levanta as sobrancelhas, depois as franze novamente. Cara, ele realmente surtou. Era de se esperar depois de tudo o que aconteceu.

– Acho melhor vocês dois irem procurar comida. - John diz pegando a lata nas mãos. - Eu vou ficar, resolver uns assuntos e impedir que algo entre aqui.

Porra... Imagine uma coisa que não faça um pingo de sentido. Imagine uma situação totalmente estranha e sem nexo. Isto! Balanço a cabeça. Ele deve estar querendo um tempo sozinho. Okay. Isso não é um problema. Mas cara, por que o John tem que ser tão bipolar?

– Tem certeza? - George pergunta com cara de quem não está entendendo nada. Bom, eu também não.

– Sim. - John responde se sentando em uma das cadeiras e colocando a lata em cima da mesa.

– Okay... - George diz lentamente. - Vamos loira?

Olho para John com o cenho franzido. Quando ele me olha de volta, percebo que tem algo dentro da cabeça dele. Algo que eu não faço a mínima ideia do que seja, mas é perturbador para ele. John desvia o olhar.

– Vamos. - digo indo até a porta. George me segue.

Pulamos o portão novamente. Desta vez, eu vou na frente. Passamos pelo carro e continuamos seguindo, a pé. George diz ter visto um pequeno mercado a uma quadra daqui. Não muito longe.

Andamos pela calçada, sempre muito atentos ao nosso redor. Nada mais de surpresa, por favor. Obviamente, como era de se esperar, encontramos walkers pelo caminho. Matamos três, em tempos diferentes, outros não havia necessidade. Não é como se matássemos walkers por prazer. Fazemos quando é preciso e quando não é... Deixamos ir. É claro que isso significa que o walker que deixamos pra lá, possa voltar e nos matar, ou a outra pessoa qualquer, mas é assim que acontece. Eu sei, é uma droga de apocalipse.

Seguimos para o mercado com nossas armas na mão. A metade de um morto está jogado na entrada, mas seu braço ainda tentava nos alcançar e seus dentes podres nos queriam. Revirei os olhos. Passei reto.

George seguiu até a porta da frente do mercado, que era razoavelmente pequeno, e entrou pela porta aberta. Segui-o. Batendo forte com sua arma no balcão, George esperou algum walker aparecer, atraído pelo barulho. Fiquei alerta. Olhei para a esquerda e um morto vivo veio mancando em minha direção. Ele está feio, mas ainda anda, ao contrário do que está lá fora. Pense e achei desperdício gastar uma bala com ele, então peguei minha faca na cintura e fui até ele, segurando seu ombro e acertando sua têmpora. Em seguida, mais um walker apareceu de trás de uma das prateleiras, e depois mais um, e depois mais um terceiro. Xinguei mentalmente. Oh que ótimo!

Me virei rapidamente para George e o vi acabando com dois walkers. Quando enfim eles caíram no chão, George veio até mim me dar uma forcinha. Ele pegou o walker da esquerda e eu o da direita. Não foi complicado, mas ainda detestava essas coisas perto de mim. Fui até o último walker, que havia acabado de aparecer. Ele estava perto perto de um dos corredores, indo até George que estava de costas terminando com o seu zumbi, e acertei a cabeça de morto sem dó, sem culpa, sem remorso e sem piedade. Apenas nojo.

George virou-se e olhou para mim, suas sobrancelhas levantadas. Dou de ombros e sigo por um dos corredores do mercado. Vejo um carrinho de compras parado ao lado e o pego, começando a empurrá-lo pelo corredor. Vou até uma prateleira e pego alguns produtos e coloco-os no carrinho.

– Como vai indo as compras aí America? - George grita de algum lugar.

– Bem. Nunca pensei que sentiria falta disso. - respondo, pegando uma lata de pêssegos em calda. Caralho, isso é incrível! Coloco prontamente no carrinho. Me viro e procuro por mais coisas, e a cada passo, é um produto a mais no carrinho.

Viro o corredor, indo para o do lado. George está ali, com um pacote de fraldas infantis na mão. Franzo a testa.

– O que diabos você está fazendo com isso? - pergunto.

George se assusta, colocando as fraldas de volta na prateleira. Ele encolhe os ombros.

– Nada. - George apenas diz, virando-se e pegando um pacote de papel higiênico e sabonetes.

Uma tristeza nostálgica toma conta de mim. Me lembro imediatamente do bebê de Ana. Ali estão as fraldas que aquela criança nunca irá usar. Sinto uma lágrima escorrer por meu rosto e logo a limpo, ficando em silêncio. Maldito luto. Maldita necessidade de perder pessoas. Droga de apocalipse.

Fico quieta e vejo George com os braços cheios de produtos, ele vem até mim e os coloca no carrinho. Ele franze a testa e me olha.

– Então... - percebo que ele está procurando alguma coisa para dizer, para mudar o clima pesado que ficou. George estende um braço até uma das prateleiras e rapidamente levanta uma caixinha de absorvente OB. Ele faz cara de diversão e estende o OB para mim.

– Você vai precisar de um desse?

Reviro os olhos e pego o absorvente de sua mão rudemente e, em seguida, mais três caixinhas da prateleira. George arregala os olhos.

– Pra que tudo isso mulher? - ele pergunta.

– Melhor garantir né? Ninguém sabe quando se vai achar um outro mercado em boas condições como esse. - digo, dando de ombros e rindo. George me acompanha.

Ele olha ao redor e diz fazendo um microfone com uma mão, olhando para uma multidão que só existe na cabeça dele:

– Atenção mortos! Atenção! - ele começa. Levanto uma sobrancelha. - Friday Dead (se liguem no tricadilho idiota) só hoje! Levem o mercado inteiro, e aproveitem que o OB está com 100% de desconto! Corram, ou se arrastem sei lá, antes que a America pegue tudo só pra ela!

Dou um tapa no seu braço e George ri retardadamente. Reviro os olhos e rio junto, empurrando o carrinho de compras corredor a frente.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Esse lance do John tem uma explicação (ele não está ficando louco não ok), e o próximo capítulo será narrado por ele! OOOOOOHHHHHHHH todos gritam! Tá o nome da fic gente, Scream For Me! ;)
Ai, que sem graça eu estou... Enfim, vai ser um desafio para mim, mas eu preciso dessa mudança de ponto de vista, para poder explicar um pouco mais as coisas e para vocês entenderem e conhecerem mais o nosso John Maddox.
Até o próximo capítulo gente! E eu prometo, juro juro juro, que não vou demorar para postar, não tanto pelo menos. Agora estou escrevendo um pouco durante as aulas no colégio (hahaha), então acho que dá pra conciliar legal as coisas.
Beijos!