Todos Iguais escrita por Mi Freire


Capítulo 62
Nátalia e Luiza


Notas iniciais do capítulo

Será que as coisas enfim vão se resolver entre elas? SIMMMMMM! haha Ufa.



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Vinte sete de dezembro.

Minha mãe acordou uma pilha de nervos essa manhã e talvez com razão, já que ela vai se casar hoje com o grande e único amor de sua vida. E eu que estava acordada há muito tempo cuidado do meu irmãozinho e dos últimos detalhes precisei acalma-la ou ela teria um piripaque.

Coloquei o Lucas em sua cadeirinha e o deixei se lambuzar com o resto de seu iogurte e fui ligar para a dona Mariza, a senhora que cuidaria da minha mãe aquela manhã e daria a ela um dia de princesa. Como toda noiva tem que der. Torci que toda essa mordomia pudesse acalmar a minha mãe. O estado dela estava me deixando preocupada. Nem tomar o café da manhã antes de sair de casa ela quis.

O Leandro foi resolver uns “problemas” com o bufê no salão de festa e dali alguns minutos ele estaria em casa para cuidar do meu irmão e de si mesmo. Dar um tapa na aparência, como dizem por aí. Afinal, eu também merecia um descanso, me embelezar e me arrumar e ficar especialmente bonita para o dia mais importante da vida da minha mãe.

Bianca me ligou as nove para perguntar se eu precisava de alguma coisa, achei legal da parte dela ter a essa preocupação, mas eu não achava que havia algo que ela pudesse fazer por mim. Agradeci a atenção, mas antes de desligar pedi a ela que ligasse ao demais e os lembrasse de que o casamento começaria às quatro e meia da tarde e a festa logo em seguida, as sete. Eu queria que todos fossem, era muito importante pra mim.

Depois de limpar o meu irmão e a bagunça que ele fez na cadeirinha e no chão da cozinha, eu o coloquei para assistir um pouco de desenho animado na sala de estar. Foi quando o Leandro chegou, disse que tinha resolvido tudo, me garantiu que daria tudo certo e só então eu pude sair de casa mais tranquila.

Fui me encontrar com a mamãe no salão de beleza na rua de trás de casa e quando cheguei lá vi que ela já estava lavando o cabelo. Cumprimentei todas as amigas da minha mãe que eu já estava familiarizada e perguntei a ela se estava tudo bem. Não estava, foi o que ela disse. Mas ficaria.

Liliane, filha da Mariza a dona do salão e que também era cabeleireira, me chamou para eu também lavar o cabelo e começar a minha produção. Que era menos importante que a da minha mãe, mas era fundamental. Já que eu era praticamente a madrinha do casamento.

Quinze minutos depois eu já estava começando a escovar meu cabelo, que é curto e ondulado. Mamãe começou pelas unhas, pintando-as de vermelho. Todas por ali começaram a perguntar sobre os preparativos sobre sua lua de mel, acho que isso a deixou menos nervosa e mais animada. Mas certamente ouvi coisas que eu realmente não queria saber. Era como se ninguém se lembrasse da minha existência. Eu que era a filha da noiva.

Liliane terminou meu cabelo em meia hora. Deixei o penteado para mais tarde. E ela começou a fazer minhas unhas. A mulherada em nossa volta ainda conversava sobre o casamento e eu fiquei calada, apenas escutando e de minuto em minutos verificando se havia alguma mensagem de texto no meu celular de algum dos meus amigos.

Ou mais precisamente... Da Luiza.

Nada.

Nenhum sinal dela desde um pouco antes do natal.

Optei por pintar minhas unhas de dourado, já que meu vestido era de um azul mais escuro e minhas sandálias pretas de salto alto.

***

Eu tinha voltado da casa dos meus avós essa manhã. Fiquei acordada a noite passada, apenas me decidindo se iria ou não ao casamento da mãe da Natália. Foi muito difícil tomar essa decisão. Ainda mais depois te der passado um natal estupidamente deprimente. Fiquei bêbada com as minhas primas, dei vexame perante a minha família e chorei de saudade da minha ex-namorada.

Meus pais não tinham planos de voltar pra casa nem tão cedo. Eles iriam ficar lá até o ano-novo para comemorar com a família. Mas eu já estava cansada de tudo, especialmente de me sentir sozinha mesmo rodeado de pessoas que eram sangue do meu sangue. Foi então que eu resolvi bater o pé e sai discutindo com todo mundo aquela manhã.

Quando disse aos meus pais que queria voltar pra casa para ir ao casamento, foi que as discussões começaram pra valer. Ficamos gritando um com o outro descontroladamente. Mas a vovó sempre ganhada todas as brigas. E foi uma surpresa e tanto quando ela disse:

— Para de brigar com essa menina! – ela me abraçou, quando eu já estava quase chorando. — Nada disso importa! Quanta bobagem! O que realmente importa é o amor.

E foi a primeira vez em dezessete anos que eu vi o quanto eu poderia amar a minha avó e dar a ela mais oportunidades de me conhecer melhor, assim como eu poderia conhecê-la melhor também.

Meus pais nunca me aceitaram totalmente, a gente pouco conversava sobre isso desde que conversei com eles dos meus sentimentos pela Nati, então já era de se esperar que eles não tivessem comentando nada com o restante da família por vergonha. Mas foi aquele dia que eu resolvi me abrir e contar tudo, mesmo certa de que nem todo mundo tinha nada a ver com a minha vida.

Não imaginei que meus avós, na maioria das vezes tão antiquados como a maior parte dos idosos, pudessem entender o que eu sentia. Mas a verdade é que eu os subestimei. E sim, eles me entendiam. Melhor do qualquer pessoa. Para eles tudo que importava era o amor. Porque eles eram a prova viva de que o amar é o mais importante.

Olhem só para eles! Há mais de cinquenta anos casados. Isso nunca poderia ter dado certo e ido tão longe se não fosse pelo amor, paciência, persistência, força, coragem. Tudo que eu sinto e tenho pela Natália, mas que me deixei levar por tão pouco e estraguei tudo... De novo.

Meus pais ficaram para trás, emburrados. E minha avó me trouxe pra casa em seu carro velho. Desejou-me boa sorte, disse que me amava e me apoiaria no que eu precisasse. Eu quase chorei, agradecida por suas palavras e por seu carinho. Quase.

E cá estou, em casa, sozinha. Indo me arrumar agora mesmo para ir ao tal casamento. Mas não pela mãe da Natália, mas sim para vê-la, ver a Nati. Para me desculpar e saber se ainda terei alguma chance. Porque sim, eu a quero de volta. Agora mais que antes, mesmo sabendo que muito provavelmente vamos cometer erros assim ou piores pelo resto de nossas vidas. Só que diferente de agora, nenhum deles vão destruir isso outra vez.

Porque eu a amo.

E isso é tudo que importa.

***

Já estávamos prontas.

Mamãe com um penteado incrível, digno de uma verdadeira princesa, em seus cabelos longos e ruivos como a Ariel. As unhas igualmente vermelhas, brilhosas e bem feitas. Também já estava divinamente maquiada, pronta para por o vestido e ir para o altar dizer sim ao seu grande amor que por muito tempo foi apenas um amigo.

Benê, o marido da dona Mariza, nos levou até em casa de carro. Mamãe correu até o quarto, enquanto eu me certifiquei de que o Leandro já tinha ido para a casa de uns amigos – e levado o meu irmão – para se arrumar. Eu a ajudei colocar o vestido de noiva, que estava muito bem escondido em meu quarto, onde o Leandro jamais entrava.

Ele era sempre muito respeitoso comigo.

Enquanto minha mãe se admirava em frente ao espelho, eu fiquei de lado, apenas observando-a com um sorriso de adoração. Encantada com o quanto ela estava bonita. Ou melhor, ainda mais bonita que o normal com aquele vestido, o penteado e a maquiagem.

Já estava quase na hora. As pressas saí de seu quarto e me tranquei no meu para também colocar o meu vestido, que era azul e longo. Simples, porém muito bonito. Tive uma dificuldade imensa de fechar as minhas sandálias de salto alto. Mas dei um jeito nisso rapidinho.

Passei um pouco de creme nos braços, perfume e desodorante. Verifiquei no espelho se estava tudo certo comigo. E sim, estava. Graças a Deus. Minha trança embutida continuava intacta.

Peguei o buquê de rosas lilás da mamãe e levei até ela, ela se olhou no espelho – ainda toda nervosa – enquanto eu ligava para o Leandro para saber se estava tudo certo e se já poderíamos sair de casa.

Estávamos dez minutos atrasadas.

Benê, que estava encarregado de nos levar até a igreja, chegou na hora marcada e lá fomos nós. Com toda dificuldade do mundo, ajudando a minha mãe enfiar a calda do vestido dentro do carro minúsculo.

Chegamos a igreja mais dez minutos depois, isso porque não tinha nada de transito. E foi lá, enfrente a igreja que eu enfim pude respirar aliviada assim que as amigas da minha mãe tiraram aquele fardo de mim e se dispuseram a ajudar, já que eram mais experientes.

Entrei na igreja pela lateral e dei um jeito de avisar a todos que a noiva estava pronta para entrar. Primeiro vi o noivo, já no altar, com meu irmãozinho no colo (nem sei por que) com um terninho preto igual ao do pai. Leandro estava visivelmente emocionado e aguardando a minha mãe. Que sonho! E por fim, antes de chegar até o meu lugar na primeira fileira lá da frente, acenei para os meus amigos que estavam na ultima fileira, lá no fundão.

Estavam todos eles.

Até mesmo a Luiza.

As portas da igreja se abriram – igreja que estava toda decorada de branco e lilás, com flores para todos os lados – e a musica nupcial começou a tocar. Todos se levantaram e se viraram para ver a minha mãe desfilar até o andar, em direção ao noivo, se acabando em lágrimas.

Eu também não consegui me segurar por muito tempo.

A cerimônia foi como todas as outras, emocionante e extensa. Exceto pela parte que meu irmão não queria desgrudar dos pais, arrancando risos dos convidados. E no finalzinho, como o esperando, os noivos saíram da igreja e os todos jogaram arroz neles.

***

Fomos para o salão de festa andando já que não havia um carro que pudesse caber todos nós; chamando a atenção do pessoal que estava na rua, nos vendo tão bem vestidos em plena luz do dia.

O casamento foi lindo, como já era de se esperar. E enquanto caminhávamos eu só conseguia pensar na Natália, toda linda naquele vestido e com aquela trança. Os demais tagarelavam sem parar sobre o natal que cada um teve separado uns dos outros.

O salão de festa estava igualmente bem decorado, de branco e lilás. Com muitas mesas, bufê, DJ, muitas flores, pessoas elegantes e alegres por todos os lados e os muitos presentes em um canto especial para eles.

A maioria do pessoal que estava na igreja já tinha chegado primeiro que nós, pois vieram de carro, e já tinham se acomodado. Vi alguns rostos novos por ali, pessoas que não apareceram na cerimônia e só vieram a festa para encher a barriga.

A Nati, coitada, toda agitada veio dizer o quanto estava feliz por nós ver ali. Abraçou cada um de nós rapidamente – até mesmo eu, mas sem me olhar muito ou dizer algo – e nos guiou até um mesa vazia no canto.

Sentei entra a Bianca e o Rafael. Bianca estava incrivelmente esbelta como sempre, em um vestido azul bem clarinho com o céu. Felipe estava ao seu lado, com um visual mais despojado, considerado “esporte chique”. Assim como o Rafa e o Pedro. A Duda também estava entre nós, tagarelando com a Bianca sobre os vestidos cafonas de algumas convidadas. Elas riam muito. Pelo visto tinham feito as pazes. A Gabi também estava conosco, um pouco mais calada e observadora, usando um vestido verde.

Já eu optei por um vestidinho preto básico, não muito curto e sandálias não muito alta. Minha intenção era deixar os cabelos soltos e livres, mas a Bianca fez questão de me fazer um penteado, deixando meus cabelos longos presos, por conta do calor. Ela também me maquiou e estava toda animadinha por eu enfim ter dado notícias e ter a procurado para desabafar sobre minhas particularidades.

Achei que ela estava exagerando um pouquinho, já que parecia muito bem com o Felipe – os dois que raramente se desgrudavam – e agora com a priminha que até onde eu sabia era sua rival. Mas pelo visto, enquanto estive na casa dos meus avós, isolada de tudo e todos, perdi muita coisa.

Fiquei todo o tempo alheia a tudo que os demais conversavam a minha volta, apenas observando a Nati ser boa no que ela era melhor fazendo: ser cordial com tudo e todos. Sorrindo para todos os lados e fazendo com que todos se sentissem a vontade. Pelo menos umas três vezes ela veio até nós, mas só para nos servir com comidas e bebidas.

Por um momento eu quis que tudo isso desaparecesse e só restasse nós duas, porque eu queria muito conversar com ela. Agora mesmo. E tirar esse tormento da minha cabeça. E saber que estava tudo bem entre nós outra vez.

— Ei, Luiza. Acorda! – Bianca me sacudiu, divertida. — Vem, vamos dançar. Você está muito parada hoje!

Como nos velhos tempos, eu nem tive tempo de protestar e ela saiu me arrastando até a vazia pista de dança, sem nem saber qual seria a minha resposta ao seu convite.

Bastou nós duas pisarmos na pista de dança, para todo o resto dos convidados criar coragem e se juntar a nós. E foi então que o DJ se animou e começou a remixar uma opção de musicas agitadas, aumentando o volume.

***

Mamãe ficou muito contente quando viu que a Bianca e Luiza começaram a agitar a festa junto ao DJ. Até então estava tudo muito parado O povo só queria comer, beber e tirar fotos. Mas agora sim estava tudo certo, todos dançando e se divertido. A festa que a minha mãe sempre sonhou! Tanto que ela puxou o marido e se juntou ao pessoal, mesmo com seu vestido longuíssimo.

O fotógrafo contratado pelo Leandro aproveitou para tirar mais uma centena de fotos dos noivos felizes da vida.

Cansada de cumprimentar tanta gente, receber os presentes e ir atrás dos noivos para mais fotos, eu enfim pude me sentar na mesa junto ao meus amigos para descansar os pés.

Felipe disse que estava tudo muito bonito. Eu sorri. Rafael estava de olho em uma das convidadas, do outro lado do salão. Uma loirinha toda boazuda. Gabi estava jogando no celular, com um animo daqueles. Duda estava conversando baixinho com o Pedro, até que eles se viraram pra mim.

— Como você está? – pergunto ele sorrindo, sempre tão educado e bom comigo.

— Bem. Obrigada. – sorri meio sem jeito por estar os dois olhando para mim com curiosidade. Voltei a olhar para a pista de dança, onde estava a Luiza dançando com a Bianca. — E vocês?

Voltei-me para eles rapidamente.

— Bem, também. – Duda respondeu, ainda me olhando.

Eu nunca tive muito contra ela, mas naquele momento pra mim ela me pareceu uma pessoa melhor, mais iluminada e com menos maldade. Ela parecia feliz, satisfeita, realizada e principalmente... Amada.

É como dizem: o amor transforma as pessoas.

Duda cochichou algo no ouvido do Pedro, eles trocaram um olhar cúmplice e soltaram risinhos. Imaginei que era alguma piada interna entre eles, e que eu não tinha nada a ver com isso.

— Nati, será que você pode buscar um pedaço de papel higiênico para a Duda? – perguntou o Pedro, me fazendo estranhar o pedido.

— Claro! – levantei-me, limitando-me a perguntar pra que e por que. — Esperem só um instante e eu já volto.

***

Odiei a Bianca, que por sinal era minha melhor amiga, naquele instante. Ela me deixou sozinha na pista de dança, sem nem avisar que estava de saída, porque estava cansada ou sei lá o que. Ela simplesmente me deixou dançando sozinha e quando olhei para o lado ela não estava mais lá.

Ela tinha voltado à mesa para falar com alguém.

Falar com a prima... Pelo pouco que pude ver a distancia.

Depois ela voltou correndo e mais uma vez me arrastou, só que dessa vez para outro lugar. Ou melhor, para o banheiro.

— Estou apertada! – disse ela no meu ouvido, depois fez uma careta e riu. Não sei por que, mas achei que ela estava agindo muito estranho comigo. — Vem no banheiro comigo.

Ela abriu a porta e me deixou entrar primeiro, mas acabou não entrando comigo e me trancou ali. Foi quando estupidamente percebi que tudo não passava de um plano que ela e o resto do pessoal tramaram pra mim.

Mas com qual propósito?

— Droga! Acabou o papel. – ouvi uma voz familiar vindo de dentro de uma das três cabines ali existentes. — Vou pegar papel toalha na copa...

E lá estava a Nati, parada bem na minha frente.

— Luiza? O que você está fazendo aqui? – ela perguntou, parecendo surpresa. Olhando-me nos olhos. — Ah, como eu sou estúpida. – ela revisou os olhos e riu de si mesma. — Claro que você veio usar o banheiro... Que pergunta idiota.

— Na verdade, não. Eu não vim usar o banheiro. – digo, tentando sorrir. Um tanto nervosa. — Tramaram pra gente.

Demorou alguns segundos, mas acho que a ficha dela também caiu naquele momento sem eu nem precisar explicar os detalhes.

— Bem que eu achei que o Pedro e Maria Eduarda estavam... Ah, deixa pra lá. – ela riu novamente. E eu me dei conta do que quanto havia sentido falta daquele riso. — Mas... Porque eles fariam isso?

Ela franziu o cenho. Inocente.

— Acho que pra gente conversar. Mas, olha, não precisamos fazer isso. Não aqui – virei-me para a porta. — Se você quiser podemos ter essa conversa depois, pra mim não tem nenhum problema...

Tentei abrir a porta, mas estava trancada.

Claro! Porque eu não pensei nisso?

— A senhora quer usar o banheiro? – ouvi a voz da Bianca do outro lado da porta. Ela gritava por conta da musica alta. — Ah, sinto muito. Mas houve um probleminha com os sanitários. Será que a senhora poderia esperar uns minutinhos? É que estão resolvendo a situação lá dentro...

E não é que a safada mente bem?

Voltei-me para a Nati.

— Bom, já que estamos aqui e não temos muitas opções e nem tempo, imagino – sorri, ainda mais nervosa que antes. — eu só queria que você soubesse que eu... eu... – abaixei os olhos por um momento, envergonhada pelo que estava prestes a dizer. – senti sua falta.

Acabo dizendo, olhando fixamente para ela.

— Eu também senti a sua falta. – ela sorri graciosamente, se aproximando devagar. — Você é uma tola, Luiza. Percebeu o quanto nós brigamos por tantas bobagens? Não seria tão mais fácil se...

— Se eu não fosse tão... Insegura? – completei, imaginando mais ou menos o que ela queria me dizer. — Se eu não fosse tão ciumenta? Infantil? Cabeça-dura? Ou... Tão estúpida?

— É, bom, é quase isso. – ela riu e pela primeira vez eu consegui rir também. — Mas não importa. Eu sempre vou gostar de você por isso e muito mais. Mesmo você sendo tão imperfeita. Afinal, eu também não sou...

— Não diga isso. – interrompo-a novamente, diminuindo a distancia entre nós. Pego uma de suas mãos. — Você é perfeita assim, do jeitinho que é. Eu é que me esqueço disso às vezes.

Sorrimos uma para a outra.

No final das contas, estávamos tão habituadas uma a outra que nem precisava ser dito muito. Era como se já soubéssemos exatamente o que queríamos ou precisávamos dizer quando as coisas não estavam bem entre nós. E assim, de forma tão simples, estava tudo resolvido.

Nós nos abraçamos por segundos que pareceram infinitos e por fim nos beijamos intensamente.

— Nunca mais faça isso comigo de novo! – disse ela, com brilho nos olhos. Não sei se de emoção ou de tristeza. — Não me deixe outra vez. Eu não sei suportaria passar por tudo isso de novo.

— Não se preocupe com isso. – digo, beijando sua bochecha e me afastando para segurar melhor suas duas mãos. — Eu também sofri, não pense que não. Mas eu prometo que não vou agir feito uma vaca de novo. Antes de qualquer coisa, vou tentar entender melhor o seu lado. E não vou permitir que isso, o que nós temos, se perca por tão pouco. Mas você precisa me ajudar com isso, não sei se será tão fácil. Não sendo quem eu sou.

Rimos por uma ultima vez, antes de voltarmos a nos abraçar.

— Ei, vocês duas – Bianca interrompeu aquele momento, colocando a cabeça pra dentro do banheiro. — já terminaram aí? Tem uma fila imensa aqui de mulheres desesperada para usarem o banheiro.


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Notas finais do capítulo

Menos um problema. E aí, gostaram? Não foi lá grande, mas eu achei que ficou bom sem precisar ser tão complicado. Afinal, nem tudo na vida é como um livro haha Ou será que é?



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