Capitão América: Radioactive escrita por Tenebris


Capítulo 2
Nascida para morrer


Notas iniciais do capítulo

Olá! Comentários iniciais: Estou meio enrolada com a facul e a autoescola, então ainda não tenho muito tempo de responder os comentários como vocês merecem. Mas fiquem tranquilos! Eu vou responder a todos com o devido carinho e atenção :D Outra coisa, eu JAMAIS irei abandonar essa fic! Hhahahaha, eu posso demorar, demorar, rs, mas não vou abandonar. Quando eu tenho um projeto mais ou menos formado na cabeça, como é o caso dessa fic, eu demoro, mas postarei sempre até o finzinho, confiem em mim kkkkkk não quero deixar ninguém desesperado ♥ Última e não menos importante coisa: Reparem que cada título de capítulo faz referência a algo cultural, seja uma obra de arte (capítulo 1) ou uma música, como esse capítulo. No caso, Born to Die, da lindíssima Lana Del Rey



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Angélica lançou um último olhar frio para Steve, antes de Natasha empurrá-la agressivamente para o banco traseiro do carro.

Depois de prender a garota, a Viúva a levara direto para o carro em que viera, colocando-a na parte traseira e acionando todo o tipo de recurso de segurança. Angélica não poderia fugir. Assim, Steve e Natasha foram à frente, com ela dirigindo o carro até o Quartel General da SHIELD. Steve tinha a impressão de que, caso quisesse, Angélica poderia causar sérios problemas e tentar fugir. Afinal, ela era poderosa o bastante para fazê-lo. Então, por que se limitava a ficar encolhida no canto do carro e a lançar olhares vingativos para ele?

Assim, na tentativa de distrair-se do olhar gélido da moça e buscar algumas respostas, o Capitão relatou o ataque para Natasha e comentou, ligeiramente apreensivo:

– Como você me encontrou?

– Você estava atrasado. Eu sabia que deveria estar naquela maldita livraria. Resolvi buscar você e agora temos uma bagagem problemática no porta-malas. – Natasha disse em tom simultaneamente divertido e sério.

– Acho que a conheço de algum lugar... Eu sei disso. – Steve murmurou, nervoso.

Natasha o encarou durante alguns segundos, complacente, como se o avaliasse:

– Steve, acho que você está meio abalado por causa desse ataque. Realmente é estranho. Ela não se identificou pra você, não deu nenhum motivo e simplesmente tentou matá-lo. Isso desestabilizou você. Te deixou em choque. É normal que você pense conhecê-la... – Natasha explicou, segurando firmemente no volante e tamborilando os dedos nele.

– Não estou louco, Natasha... Realmente, fui pego de surpresa e ainda estou confuso com tudo isso. Só quero entender o que aconteceu e ir pra casa. O Senhor Roux vai ficar furioso comigo... – Steve lamentou, com um leve traço de humor no sorriso tímido. Ele realmente teria de se desculpar com o velho mais tarde, ainda que não tivesse, de fato, culpa no cartório.

– Não estou dizendo que você está louco. Mas, francamente, Steve... De onde você poderia conhecê-la? De alguma prisão de segurança máxima? – Natasha ironizou.

– Possivelmente... – Steve riu fraco e novas memórias dançaram em sua mente. Um galpão mal iluminado... E uma garota presa em um grande cilindro de vidro. Ele estava começando a lembrar-se da origem misteriosa daquela moça... E por algum motivo inexplicável, achou que ainda não era hora de Natasha saber de nada

– Mas então, você disse que ela luta excepcionalmente bem? – A Viúva tornou a puxar assunto, parecendo cuidadosamente distraída.

– Sim... Ela tem reflexos incríveis. É rápida, ágil, forte, parece conhecer vários estilos de luta e é muito resistente em combate... – Steve explicou, lembrando-se dos detalhes da luta na livraria.

Natasha endureceu a expressão, olhando significativamente para Steve. Seus lábios eram uma linha fina quando ela comentou, apreensiva:

– Você parece estar... Se descrevendo.

Eu sei. Por isso estou preocupado. – O Capitão se limitou a falar, pois receava o que quer que fosse descobrir depois. Natasha suspirou e falou decididamente, o perigo brilhando em seus olhos vorazes:

– A SHIELD vai investigar isso. Essa garota não vai sair ilesa. E nós não vamos sair sem respostas. Isso tudo está muito estranho... E nós vamos descobrir o que está acontecendo.

– Eu espero... – Steve concordou, agarrando-se firmemente às palavras da colega.

– Sua cara inocente pode ter enganado aos outros, Senhorita Law. Mas não a SHIELD. Muito menos a mim. – Natasha Romanoff vociferou, encarando friamente a garota.

Steve Rogers observava-as de fora da sala de interrogatório, por meio de uma grande janela, que impossibilitava quem estava dentro observar o exterior. Eles estavam no quartel general da SHIELD e a Viúva Negra interrogava Angélica Law. Steve falaria com a moça depois. E Nick Fury estava prestes a chegar. Àquela altura, Natasha já deveria tê-lo informado de tudo. Steve, de alguma forma inexplicável, temeu que Fury desejasse fazer algum mal à garota, a fim de descobrir que poderes ela realmente tinha. Afastou esse pensamento e focou na conversa da garota com Natasha.

Angélica tinha um sorriso debochado e sarcástico nos lábios finos. Ela tamborilava os dedos sob a mesa que a separava da Viúva Negra, a qual estava sentada do lado oposto, de frente para a moça. Law tinha a expressão falsamente inocente, com os olhos cinza dilatados em cínica surpresa.

Essa é a SHIELD? – Angélica perguntou, olhando com desprezo para o lugar. De fato, ela fora levada diretamente para a sala de interrogatório. Uma sala pequena, quadrada e preta com uma mesa e duas cadeiras. Apenas isso.

Essa é a SHIELD. Para os criminosos como você. – Natasha murmurou calmamente, de maneira áspera. Encarava firmemente Angélica nos olhos e tinha os punhos cerrados sobre a mesa.

– Não me parece intimidadora... – A moça deu de ombros, levemente decepcionada. Novamente, sarcástica.

– Então... Você não deve ser tão intimidadora quanto pensa. – Replicou Natasha acidamente, um sorriso vencedor nos lábios.

Angélica suspirou e olhou para Natasha como quem olha para uma criança particularmente rebelde e diz: “O que eu vou fazer com você?”. A moça franziu o cenho, ergueu os olhos na direção do vidro que compunha a janela, como se soubesse de que se tratava, e falou:

– Então pergunte a Steve Rogers o que ele acha... Talvez ele faça você mudar de ideia.

Por um momento, as duas levantaram-se de suas respectivas cadeiras e entreolharam-se fugazmente. Ambas sustentavam o olhar firme uma da outra. Quase poderia ter saído faíscas dali mesmo.

Basta. – Natasha murmurou baixo, depois de um tempo. – Seus crimes não estão na nossa jurisdição. Apenas um deles: Você tentou matar um de nossos homens mais importantes. Arrisco a dizer que o mais importante deles. – Ela fez uma pausa, provavelmente para avaliar a reação de Angélica.

– Mas, por causa desse seu crime em especial, vou facilitar de todas as formas possíveis sua captura pela Polícia Federal. Você vai responder por todos os seus crimes. Mas... Hoje vamos falar de um só. – Natasha continuou.

Angélica permanecia impassível.

– Angélica Law... – Natasha pronunciou claramente o nome da moça, observando uma ficha que tinha nas mãos. Provavelmente o arquivo da garota. Angélica riu, como se o nome a fizesse se lembrar de algo particularmente engraçado.

– Crimes do colarinho branco e uma comparsa, Amy Ramone... – Natasha disse, fingindo estar desapontada. - Falaremos sobre isso em outra hora. Agora... Por que tentou matar Steve Rogers?

Angélica suavizou a expressão, novamente exprimindo inocência, com uma pontada de determinação, quando falou calmamente:

– Bom... Por que não é ele quem me faz essa pergunta, então?

– Essa garota está me irritando, Rogers. – Natasha bufou, saindo da sala de interrogatório. – Você ganhou seus minutos com ela. Parabéns! Arranque toda a informação que puder e não desperdice isso.

Natasha jogou em cima de Steve o arquivo com todas as informações de Angélica Law. Nos papéis, havia a foto dela e a descrição de diversos crimes em detalhes.

Steve segurou o arquivo junto ao corpo e entrou na sala. Sentou-se diante do olhar avaliador de Angélica. A expressão dela era de curiosidade contida. Havia fragmentos da falsa inocência que ela dissimulara minutos atrás.

– Finamente, Capitão...

Conforme Steve ouvia o som delicado e frio da voz da moça, mais lembranças surgiam em sua mente... Ele estava se lembrando. A sensação o deixou desconfortável e ele remexeu-se em sua cadeira, inquieto.

– Senhorita Law... Só me responda uma coisa. Por que tentou me matar? – Steve indagou, olhando sereno para a garota.

– Tenho a sensação de que essa não é a sua única pergunta. – Ela respondeu perspicazmente, sorrindo satisfeita.

– Talvez esteja certa... – Steve deu de ombros. Sentia que havia perigo emanando dela, mas não conseguia sentir medo. Angélica sorriu docemente, quase melancólica, dizendo:

– Vou lhe contar minha história, Capitão... Está pronto para ouvi-la? Porque você faz parte dela...

Steve assentiu formalmente.

– Eu e minha família costumávamos ser muito unidos... Eu tenho uma irmã chamada Isabelle. Minha mãe se chama Evelyn e meu pai Anton. Ou se chamavam... – A garota deu de ombros, ligeiramente amargurada.

– Se chamavam? Por quê? O que houve? – Steve prosseguiu, curioso.

Angélica suspirou e encarou o Capitão durante alguns segundos. Contou sua história, seus olhos cinzas indo parar em outra dimensão de sofrimento e dor:

– Meus pais eram excelentes cientistas. Trabalhavam para a maior companhia da América. Isabelle sempre sonhou em ser médica, mas ela ainda é meio nova. Eu me formei advogada. Até que um dia... Meus pais estavam desesperados. Eles não quiseram nos contar nada. Apenas mandaram eu e minha irmã fazermos as malas. Lembro que estávamos no avião... Lá só tinha a gente. Íamos embarcar para a Alemanha... Foi quando uns caras invadiram o local. A partir daí as coisas ficam meio confusas... Não os vi matando meus pais ou minha irmã. Eu apenas me lembro de uns homens levarem meus pais para uma direção e minha irmã para outra... E eu simplesmente não sem quem fez isso com eles... Não sei o quê fizeram com eles... Não sei se estão mortos ou não... Não sei de nada.

Steve engoliu em seco. Era uma história e tanto. Contudo, ele não sabia aonde isso iria chegar. Havia uma única lágrima ameaçando brotar dos olhos cinza límpidos de Angélica.

– Eu me lembro de cair no chão do avião e ver tudo escurecer ao meu redor. Tudo ficou confuso e negro. Lembro de gritos. Lembro de dor. Muita dor. Eu perdi a noção de tempo e de espaço. Só sei que, quando acordei, estava em um laboratório... Eu estava confusa, perdida, e mentalmente instável... Eu estava estranha e... Diferente. Eu só me lembro de um símbolo na parede... Uma caveira... Até que encontrei um homem parado diante de mim, dizendo que tudo ficaria bem... Você, Steve...

E Steve Rogers se lembrou. Os detalhes eram tão vívidos em sua mente, como se o Capitão estivesse revivendo o momento novamente. Murmurou:

– Sim... Eu me lembro. Era uma missão de resgate. Recebemos uma denúncia anônima de que estavam prendendo mutantes no galpão ao sul da cidade. Os X-Men pediram ajuda. Eu reuni uma equipe e fui até lá... Faz uns dois anos. Chegando ao lugar, não tinha muita coisa... Só uma câmara de testes. Você estava lá. E eu a libertei. Tinha o dever de levá-la para a SHIELD, mas você fugiu. Desde então... Nunca mais ouvi falar de você.

Steve lembrou-se da cena com exatidão. Entrara no galpão escuro. Havia um único ponto de luz: Um cilindro comprido e transparente, com uma garota debilitada dentro. Ao redor, um enorme laboratório, mas nenhuma pista importante sobrara. Ao que parecia, deixaram a garota ali para morrer... Como se ela tivesse sido um efeito colateral de um experimento mal sucedido. E tudo estava intacto. Quem fizera isso com ela, devia ter fugido há muito tempo. Desse modo, Steve retirara a garota do cilindro. Ela estava fraca, magra, e tinha os olhos surpreendentemente cinzas, vazios e tristes. “Tudo vai ficar bem”, ele murmurara para ela... Em seguida, colocou-a sentada no chão, enrolou-a em um cobertor e fora explorar o galpão. Quando voltara, ouviu gritos e viu sua equipe a postos. A garota fugira, gritando: “Monstro”. O caso fora encerrado, mas a cena nunca sumira por completo dos sonhos e pesadelos de Steve Rogers.

– Não tive chance de conhecê-la aquela noite. – Steve comentou, saindo de seus devaneios.

– Pode conhecer agora. Pois bem, Capitão, seja lá quem fez isso comigo, me transformou. Me deu poderes. Poderes terríveis. Essas pessoas tiraram tudo o que importava pra mim... Me deixaram dúvidas no lugar disso. Uma grande lacuna no meu passado. Como se fosse um filme em que, de repente, ficasse tudo preto. E eu quero preencher essa lacuna. Quero respostas. Destruíram minha vida e, como prêmio de consolação, me transformaram numa arma de guerra. Não sei como, não sei por quê. Mas o fizeram. E deixaram um bilhete no meu bolso, naquela noite... Eu só o vi depois que tinha fugido.

Angélica tirou o bilhete de dentro do casaco e o estendeu na mesa para Steve Rogers. Era um pequeno e simétrico quadrado de papel. Estava com infinitas dobras de tanto ser amassado e desamassado. Realmente, aquele papel devia ter anos. A caligrafia era fina e elegante, como se no recado estivesse escrito o mais nobre dos deveres. Nele, lia-se: “Mate Steve Rogers.”


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Notas finais do capítulo

E aí? Surpresos?