Cartas Para Você escrita por Karin


Capítulo 5
She Will Not Return- Katniss para Prim, THG


Notas iniciais do capítulo

Hey, people! Queremos agradecer a fofa que é a Carrie por comentar nosso especial do último capítulo e a todos que visualizaram - mesmo fantasminhas... Essa é uma carta da Katniss para a Prim de Jogos Vorazes. Esperamos que gostem e leiam as notas finais!!!
Boa leitura!



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Katniss Everdeen. Ela deveria estar feliz: venceu os jogos; foi o tordo; fez justiça na revolução; ganhou a guerra e, é claro, conseguiu novamente o coração de Peeta. Mas em seu coração ainda havia um pouco de tristeza. Ao longo de sua luta foram tantas perdas, tantas vidas. Porém, acima de tudo, primeiro foi tudo por uma única vida. Por essa vida, ela havia amadurecido mais rápido, enfrentado maiores responsabilidades, arriscado a vida se voluntariando e tantas outras coisas. E essa vida foi a pior perda. Teve Madge, Rue, Cinna, Finnick, Mags, Boggs e outros, mas por que ela? Justo ela! Isso era injustiça. Quando ia caçar, às vezes passava em sua antiga casa. Lá encontrava Buttercup esperando por ela. “Ela não vai voltar”.

Katniss se perguntava por que ainda sentia tanta dor dentro de si, já se passara quase um ano! Peeta sempre a confortava. Embora ele a acalmasse, entretanto, ele não a traria de volta.

Numa noite, Katniss acordou de um pesadelo. Mas esse foi diferente; silencioso, sem gritos. Apenas abriu os olhos assustada. Havia sonhado com ela: Katniss estava correndo pela floreta atrás de uma menina de cabelos loiros e pele clara. Katniss tentava alcança-la, mas sempre que dava um passo, a loirinha dava dois. Correu, correu, até que a morena tropeçou. Quando ia se levantando, ouviu uma explosão à sua frente. Ela. Se tivesse acabado aí, seria um pesadelo comum, Katniss acordaria aos gritos e se seguiria uma noite sem dormir, com Peeta tentando acalma-la. Mas não. Ainda no pesadelo, lágrimas caíam enquanto ficava de pé e houve mais algumas explosões. Contudo, não tinha barulho. Não emitiam nenhum som. Pleno silêncio. De repente, na frente de Katniss, apareceu outra garotinha: morena, cabelos negros, olhar doce. Então sorri e estende as mãos. Aos poucos, se juntando a menininha, aparecem muitas outras pessoas que vão ficando de mãos dadas em volta de Katniss: um homem moreno de olhos cinzentos, com olhar paterno e protetor; um homem negro, o mesmo dos cabelos e delineador dourado nas pálpebras; uma loira, quieta e gentil, com um broche de tordo; um loiro sem camisa com cubos de açúcar na boca, olhos verdes brilhantes, sedento por alguns segredos; uma senhora de sorriso gentil; um soldado com um Holo e muitos outros. Juntos eles assoviam o que um dia foi reproduzido por alguns pássaros em uma arena e que ficou marcado para sempre. Num segundo depois, todos somem como fumaça. Então alguém a chama: “Katniss?”. Ela olha para trás e a vê novamente, seus cabelos loiros balançando com o vento. A morena se aproxima e dessa vez a menina não foge. Quando chega bem perto ela diz: “Sinto tanto sua falta”. A loirinha apenas diz: “Só feche seus olhos, o sol está indo embora. Você ficará bem, ninguém pode te machucar agora. Ao chegar a luz da manhã, você e eu ficaremos sãs e salvas. Só que eu estarei em outro lugar. Mas faça valer a pena. Por mim.” Então desaparece. Katniss grita seu nome, mas nada acontece. Acorda assustada. Resolve descer para a cozinha e tomar um copo de leite. “Essa será uma longa noite”, pensou. Senta numa cadeira, fecha os olhos e revive cada momento de seu sonho. Lágrimas caem de seus olhos calmamente, uma após a outra, como se esperassem sua vez. Já havia se passado um tempo desde que ela se foi, não podia se dar o direito de se debulhar em lágrimas. Poderia acordar alguém e a última coisa que ela queria era companhia. Continuou a pensar nela. Tantas coisas não foram ditas, tantos sentimentos não expressados. Ela se foi tão cedo. Se ela pudesse fazer alguma coisa para voltar no tempo. Se não pudesse impedir a sua morte, pelo menos poderia lhe dizer o que havia dito. Nem que fosse por uma carta. Uma carta. “Isso é um pouco inútil”, pensou. “Mas eu preciso fazer algo que signifique alguma coisa, nem que seja só para mim”. Pegou papel, caneta, e começou a escrever assim:

Prim,

Não tenho muito a dizer. Na verdade, posso expressar o que sinto agora em uma única palavra: Saudade. É difícil explicar tamanha dor em palavras. Nem eu mesma sei até quanto posso suportar. Sempre achei que no final de tudo isso, ainda teria você, patinha. Mas cada passo maior que eu dava, cada responsabilidade a mais que eu carregava, tinha um preço. A cada decisão, uma consequência. Tentei fazer aquilo que era certo, mas eu estava tão confusa... E ainda estou. Como pode ter dado certo, como pode ter acabado, como pode ter um final feliz se daqueles por quem lutei, muitos não estão aqui comigo? Como pode ter tido um fim se VOCÊ não está comigo?

Eu me lembro de quando você era pequena. Desde criançinha era tão diferente de mim. Em aparência, era uma mini versão de mamãe. Pele clarinha, cabelos loiros enquanto eu era como papai: morena e olhos cinzentos. Sinto falta dele. Depois que ele se foi, mamãe ficou perdida. E tive que cuidar de você. Amadureci mais rápido para te fazer feliz, para cuidar de você, para fazer sua vida melhor. Mas parece que fracassei.

Você sempre gostou de ajudar os outros. Também assumiu bastante coisa. Se não fosse por você, ajudando mamãe a curar as pessoas, talvez muitos não estivessem vivos. Você um tem dom, e ele poderia ajudar muitos outros, mas não te ajudou. Se não fosse por isso, Coin não teria te mandado pra cuidar daquelas crianças, e você ainda estaria aqui.

Eu é que deveria ter ido e não você ou os outros! Por quê? Essa é uma das frases que passeia em minha mente e visita meus pensamentos a todo o momento.

O mais estranho é que eu também sinto um pouco de raiva. Raiva de como começou, como aconteceu e de como acabou! Raiva porque você não está aqui comigo, e era pra estar! Raiva de sentir tanto e não entender meus sentimentos!

Eu sei que esta carta não chegará a seu destino. Não tem como. Mas sei que de algum modo você está me escutando e de algum jeito isso pode ser mais um momento contigo. Então não quero desperdiçá-lo dando um ataque de raiva da Katniss inconformada. Vamos voltar e relembrar o passado. Desde que se foi não tenho olhado para trás. Dói. As lembranças, imagens, vozes, que vem em minha cabeça doem. Reviver o que ou quem já não está mais aqui e poder dar risada dos momentos felizes, chorar dos tristes e ao ver as dificuldades, lembrar como superamos aquilo. É difícil e por isso tentamos seguir em frente.

Agora posso relembrar, e talvez, com tudo de uma única vez, vai passar. Passarão as lágrimas ao lembrar desse teu rostinho ingênuo que foi amadurecendo. De que de um dia para o outro, a menininha que brincava com sua pequena cabra, ajudou a curar Gale de suas feridas quando mamãe não conseguia mais. Da minha patinha, que no dia da Colheita morria de medo de ser sorteada, mas que um ano depois seguia de cabeça firme para ajudar crianças indefesas. Aquela que mesmo com sua volta angustiada e abatida, conseguia alegrar as pessoas com o “Gato Louco”. Buttercup está aqui, te esperando. Assim como eu. Quer dizer, nesse caso você teria que dizer isso, afinal está mais longe. Mas quando chegar a minha hora eu vou ao teu encontro, e estaremos juntas de novo.

Eu sei que mesmo que doa, porque por mais que eu tente nunca vai passar, eu posso superar. Sei que não só você, mas todos os outros farão uma falta muito grande. Mas também sei que tem pessoas aqui que me amam e que eu amo também. Que me ajudam a prosseguir independentemente de quão insuportáveis forem nossas perdas. Que me fazem acreditar a vida pode voltar a ser boa. Acho que sabe de quem estou falando...

Fecharei meus olhos e esperarei o sol nascer. Sei que ficaremos bem.

Só quero lhe pedir uma coisa: mande lembranças. Ao papai, diga que estou bem e sou quase tão boa quanto ele no arco e flecha, (tive onde treinar); ao Cinna, diga que sua garota em chamas conseguiu e que sou grata por seus vestidos e conselhos; à Madge, que aquele broche foi o maior presente e será sempre uma lembrança dela, mas melhor foi sua amizade e nunca esquecerei; à Rue, que eu venci também por ela, que os carreiristas ficaram uma fera quando explodi a comida e que ela foi como uma irmã pra mim; à Finnick, que ele foi um dos meus melhores amigos, e diga a ele que tenho um segredo: mais do que tudo que já fez, deixou aqui uma marca e que foi o melhor presente para certa morena de olhos verdes: o nosso Finnick Jr.; à Mags, que o que ela fez foi muito maior que qualquer outro voluntariado, que ela deu felicidade a muitos dando sua vida e que seu sorriso gentil estará sempre em nossos corações; ao Boggs, que fez um ótimo trabalho como soldado e amigo, e quero agradecer por confiar em mim; e a todos os outros que sem querer não mencionei, pois são tantos, que estão em minha memória e em meu coração e que nunca mais vão sair. E claro, a você. Acho que já disse muito, mas quero só dizer mais uma coisa: Te Amo, minha patinha. E esteja onde estiver em que tempo for, será sempre minha irmãzinha que nunca esquecerei.

Com amor,

Katniss.

Colocou em um envelope e fechou. Enquanto escreveu a carta, Katniss chorou por todas as perdas, lembranças revividas e todas as coisas que passou. Agora ela poderia prosseguir. Tinha colocado tudo que sentia naquelas palavras, mas nada seria lido. Não havia maneira de Prim ler a carta. Com esse pensamento em mente, e um pouco exaltada, jogou o envelope no jardim, num lugar onde haviam poucas flores. Na verdade, era só grama- havia passado tanto tempo deprimida que nem lembrara de sua casa. Depois se arrependeu e quis pegar novamente a carta, mas estava chovendo (ela nem percebera isso) e, além disso, estava frio lá fora. Então resolveu deixar para pegar o envelope - ou o que restaria dele- de manhã. Subiu para o quarto aliviada, como se tivesse tirado um peso das costas e foi dormir pelo resto da noite (ou madrugada). Teve muita chuva, mas apenas ela, sem raio ou tempestade. De manhã, o sol veio brilhando como nunca, numa manhã clara e convidativa a um passeio. Katniss foi acordada com os primeiros raios de sol por Peeta. Ele estava sorrindo e ao questiona-lo, Katniss descobriu que estava porque na noite passada ela não havia tido pesadelos e que ela agora estava radiante e sorrindo. Ela nem percebera que sorria. Mas sim, havia acordado feliz e animada. Dispensou Greasy Sae e ela mesma arrumou a casa e fez a comida – o que não deu muito certo, mas depois Peeta ajudou-a. Havia se esquecido do envelope. Menos de uma semana depois se lembrou da carta e foi procurá-la. Se lembrava de que a jogara num lugar mais reservado do jardim onde quase nunca fora e que lá só havia grama. Pensou em depois ajeitar aquele lugar e plantar algumas flores, embora não fosse muito experiente nisso. Passou os últimos dias restaurando sua vida, e isso incluiria casa. Ao chegar lá procurou, mas não achou o que procurava. Onde estava à carta, nascera uma rosa branca. Mas não qualquer rosa branca, uma prímula, uma Primrose.


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Notas finais do capítulo

E então? Esse capítulo acabou saindo grande, porque de repente acendeu uma luz e deu uma inspiração... E quem ouviu Safe and Sound da Taylor Swift, podem ver que tem alguns trechos na fala da Prim no sonho. E seria muito bom se vocês comentassem! Mas não vamos dar uma de chatas e ficar implorando. Porém, se der algum resultado maior do que o tradicional 1 comentário, postaremos outro amanhã. Sem pressão! Bjss e até semana q vem - ou até amanhã!