Cartas Para Você escrita por Karin


Capítulo 16
And The Fire Ceased- Dos seis semideuses para Leo, HDO


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Primeiro muito obrigada pelas visualizações, comentários, acompanhamentos e favoritamentos. Essa carta é dos seis meios-sangues da profecia para o Leo e contém spoilers do Sangue do Olimpo... esperamos que gostem, nos encontramos lá embaixo.
Boa Leitura!



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ALERTA SPOILERS!!! ALERTA SPOILERS!!!

No Acampamento Meio-Sangue, já era noite, todos os semideuses gregos e romanos, ninfas, dríades, náiades, todos os seres mitológicos descansavam, eles precisavam de descanso afinal acabaram de sair de uma guerra, onde por pouco não perderam, alguns tem sonos profundos e sem pesadelos, outros têm sonos agitados e com pesadelos, e outros tem problemas para dormir com medo do que o sonho possa mostrar, mas ficam em suas camas deitados, descansando a mente.

Um pequeno feixe de luz ilumina o Acampamento, ele vem do chalé 1, o chalé de Zeus. Nele se encontra seis semideuses, eles tiveram uma longa jornada, enfrentaram grandes perigos, lutaram por estarem ali, vivos, porém grandes aventuras e grandes profecias trazem grandes consequências e grandes preços. E a consequência que sofreram, eles ainda a sentem. De dia eles tentam disfarçar a perda e a tristeza, alguns ajudam como podem com os feridos, outros estão tirando os destroços do que um dia foi à divisa do Acampamento com o mundo e hoje é só mais um dos campos de uma antiga, nem tão antiga, batalha, mas é noite que os fantasmas das missões vêm assombrá-los, quando chegam a fechar seus olhos, imediatamente se lembram do que enfrentaram ao longo das suas jornadas. O asiático até um mês atrás não sabia qual era seu pai divino e dependia de um pedacinho de madeira para sobreviver, a morena teve um passado diferente dos outros ela voltou do mundo dos mortos e sofria de uma terrível maldição, a loira perdeu seu namorado e se viu diante de seu maior medo, o moreno perdeu sua memória e caiu no tártaro junto e pela namorada, a de olhos como se fosse um caleidoscópio sofre com a ausência do pai e teve suas lembranças controladas pela névoa, o loiro foi abandonado pela mãe e se viu perdido sem memória, o que esses seis têm em comum além de terem embarcado numa missão que mudou suas vidas? A sim eles eram sete, nos últimos momentos de luta o garoto das chamas, a sétima vela, a alegria entre os semideuses, o filho de Hefesto, se foi. Todos sofrem com sua perda, mas em silêncio. E nessa noite eles resolveram mudar isso, queriam compartilhar seus sentimentos e pensamentos um com o outro, poderia ser a última chance deles a terem essa conversa, afinal no dia seguinte dois entre eles partiriam para o Acampamento Júpiter.

Depois de um silêncio que parecia ter durado horas, a morena se pronunciou e sussurrou que não sentia mais a presença do garoto das chamas, enquanto falou uma lágrima solitária percorreu a extensão de seu rosto, a loira sussurrou um quase não auditivo “não” e se debulhou em lágrimas, um soluço abafado foi ouvido em seguida de um mais alto os olhos multicor da garota cherokee estavam banhados em lágrimas, o loiro ao seu lado tentava reconfortá-la, mas estava visivelmente e emocionalmente abalado que não conseguiu, o moreno estava parado olhando fixo não para a janela, mas para algo além dela e além do Acampamento, processando o que tinha acabado de ouvir e o asiático parou de tentar lutar com as lágrimas que agora escorriam livremente pelo seu rosto, ficaram ali chorando, lamentando a perda de seu amigo, sofrendo com sua ausência. Foi como se o cérebro deles tivesse derretidos e estavam no modo automático de chorar e lamentar. Aos poucos foram se recuperando, já não choravam e o pequeno brilho de esperança nos seis pares de olhos tinha desaparecido e o que ficou foi a tristeza, a vermelhidão e o inchaço de tanto chorarem.

A loira se levantou, pegou um caderno velho que estava sob o criado-mudo e uma caneta. Sentou-se novamente, abriu o caderno, ciente que tinha dez olhos parados nela, mas mantinha os seus concentrados no papel. Ela começou a escrever:

“Leo!

A Leo, você não sabe a falta que faz, eu me lembro do dia em que te encontrei por um acaso, me recordo de quando você chegou no Acampamento e sofreu com a ‘maldição’ do chalé de Hefesto, daí veio sua primeira missão e obtida com sucesso, em seguida você descobriu o Bunker 9, onde criou o Argo II, nossa casa durante alguns dias e que agora não temos mais sinal dela e nem de você. Você era meu digamos meio primo, mas eu o tinha como irmão mais novo, assim como todos naquele navio, eu me sentia responsável por vocês. E agora eu tenho um irmãozinho mais novo a menos.

Sabe depois da morte de Luke, a sua está sendo muito difícil de aceitar. Com a do Luke eu fui aceitando aos poucos, eu o vi morrer, sei que não tem mais como ele voltar. Mas você, não faz sentido, não o vi morrer, não vi onde você caiu, também não pude ver muito de sua batalha contra Gaia, tinha muitos monstros em terra para matar. Não sei se vou aceitar tão rápido que você se foi, e se eu aceitar aos poucos, quem disse que eu acredito?

Você sabe que eu odeio ficar sem respostas, e eu não sei o que vai acontecer de hoje em diante, não sei como vai ser sem você aqui.

Você conseguia trazer humor mesmo quando estávamos num clima tenso, mas a última coisa que você fez não foi engraçada, não foi legal, mas foi heroica e corajosa. Você fez uma escolha muito arriscada, você se sacrificou, e eu acredito que você já estava planejando isso. Você era inteligente Leo, e espero que esteja nos campos do Elísio, pois é o lugar que você merece os campos dos heróis.

Saudades.

Annabeth.”

A loira acabou de escrever e o vazio a dominou, a ausência de alegria, a tristeza a preencheu, nunca tinha chorado duas vezes no dia em menos de uma hora, mas não importa a realidade a acertou como uma bolada rápida e dolorida, o moreno ao seu lado tentou abraçá-la e confortá-la, ela só negou com a cabeça e lhe passou o caderno, ele leu, compreendeu o que a namorada queria fazer e começou a escrever, no meio do silêncio que não parecia ter fim naquele chalé, ele conseguiu ouvir claramente seus pensamentos, e tentou passá-los todos para o papel.

“Leo!

Meu amigo passamos em pouco tempo, muitas coisas juntos, e eu queria que fosse muito mais, mas infelizmente as parcas não estavam a nosso favor. Nesses últimos dias debatemos sobre o assunto Calipso, e eu queria muito que você pudesse vê-la novamente e quem sabe construir com ela uma historia mais longa do que os poucos momentos que vocês tiveram, eu realmente estava torcendo por vocês. Por que as parcas são tão cruéis? Se algum de nós viveu, por que só você morreu? Claro devemos nossa vida a você, mas nesse momento você poderia estar aqui ou lá em Ogígia com Calipso e eu não precisaria estar escrevendo essa carta que tenho certeza que está um lixo, mas como você me conhece eu sou horrível com palavras e tal.

O que eu vou falar agora pode soar muito gay, mas é pura verdade. Você faz falta, eu sinto sua falta, todos sentem a sua falta. Agora que o clima está tenso não tem você para contar piadinhas que ninguém ria, mas aposto que o consciente deles estava dando gargalhadas, o meu pelo menos estava.

Você faz falta!

Percy.”

Logo que o moreno terminou, ele sentiu como se tivesse levado um banho de água gelada para despertar, Leo estava morto. Nada poderia ser feito em relação a isso, não tem como reverter à situação. O choque o inundou, e desse jeito ele passou o caderno para o lado, entregando-o ao asiático. Ele pegou o caderno e leu os textos e começou a escrever.

“Leo!

Eu sei que nossa primeira conversa não foi uma das mais animadoras que já tivemos, estava te acusando por ter atirado no meu acampamento e tinha um pouco de ciúmes de você com a Hazel, eu sei que fiz confusão num copo d’água não tinha pensado na possibilidade de Gaia te controlando/possuindo e eu tinha acabado de começar a namorar a Hazel, e esses ciúmes começou a ficar um pouco mais forte, já que ela teve um romance com seu bisavô, e segundo ela vocês são parecidos. Eu não sei em que ponto eu parei de sentir ciúmes de você, mas ele simplesmente sumiu, acho que foi durante aqueles dias em que você ficou desaparecido.

E agora até a um tempo atrás acreditava que você só estaria desaparecido, que iria chegar aqui abrir a porta com tudo e fazer uma piadinha sem graça de como estar perdido é ruim, ou por que ninguém o achou, essas coisas. Isso não vai acontecer.

Só agora percebo que você esteve em todos os momentos difíceis que enfrentei durante esses dias.

Você foi um ótimo amigo, Valdez.

Frank.”

O asiático termina de escrever, só que invés de se sentir aliviado de poder estar colocando seus sentimentos e pensamentos que ficaram guardados por muito tempo, no papel, ele sente como se tivesse se transformado em dragão varias vezes seguidas, estava cansado, esgotado, machucado, não só fisicamente, mas emocionalmente. Abalado, ele entregou o caderno a morena a seu lado. O silêncio fúnebre estava a irritando, mas ele era tão acolhedor e reconfortante, que não quis quebrá-lo de volta, para perguntar o que era aquilo, simplesmente começou a lê-lo e começou a passar a caneta pelo papel.

“Leo!

Parece que foi a anos que nos conhecemos, mas na verdade conheci seu bisavô primeiro. Mas fora isso, parece que tudo o que a gente viveu no Argos II foram meses, anos, décadas, não, foram apenas alguns dias.

Eu estava muito confusa quando te vi pela primeira vez, achava que era um fantasma do meu passado que veio pra me assombrar, mas era só você. Sua semelhança com seu bisavô é fantástica. Só que não me apaixonei por você. Mas você se foi assim como seu biso.

Eu acho que não deveria ter te ajudado com esse plano maluco, sei que os romanos não têm nada contra o sacrifício, mas você não tinha que morrer, não precisava ser assim. Eu me sinto culpada por você não estar mais aqui. Uma parte de mim sabe que eu não tenho nada haver com sua morte, só lhe ajudei com seu plano, mesmo assim eu sabia e poderia ter impedido. Só queria seu bem, e fazendo isso achava que era para seu bem, como eu estava totalmente errada.

A bad boy supremo, eu sinto muito sua falta.

Hazel.”

Assim que a morena parou de escrever ela percebeu que seu amigo não ia ter uma mulher para se casar, ter filhos e envelhecerem juntos, ele não poderia mais ver o céu, o mar, o fogo, as pessoas, as cores, as coisas, tudo. Quando notou, lágrimas molhavam o papel em que ela acabara de escrever. Deu o caderno para o loiro ao seu lado, esse leu e começou a escrever.

“Leo!

Meu amigo, mc maneiro, como você faz falta. Eu sei que você e eu não tivemos muito tempo para desfrutar das qualidades uns dos outros, mas eu conheço e sei quais são as suas: engraçado, divertido, bacana, inteligente, criativo, alegre, leal, sincero, e muitas outras coisas. Você a vida toda foi alegre e levou alegria para quem estava triste.

Você tinha um coração enorme, nunca deixava um amigo na mão, levamos o mesmo peso durante a missão toda, ‘Em tempestade ou fogo o mundo terá acabado. ’ e o mundo acabou em fogo, meu mundo acabou com o fogo, por que não eu? O filho do líder, que na maioria das vezes morre? Por que não ser eu que a profecia se referia? Por que não tempestade? Por que fogo? Por que você? Eu não sei as respostas, mas quero descobri-las.

Sinto sua falta, Valdez.

Jason.”

Os pensamentos o invadiram a mente do loiro foram às possíveis respostas das perguntas feitas na carta e todos os dias que se passaram desde a guerra. Mas não tinha nenhuma resposta adequada para as questões, então as respostas foram levando ao pensamento de que nunca mais veria seu melhor amigo, foi como se um raio o acertasse, só que essa conclusão foi pior, muito pior. Anestesiado com seus pensamentos, passou o caderno para a Cherokee. Ela pegou o caderno e assim como os outros leu e começou a escrever. O barulho da caneta sob o papel era o som que preenchia o lugar. O que era estranho geralmente se ouvia os barulhos das cigarras, ou o pio da coruja, mas não se ouvia nada, parecia como se todos estivessem de luto, e ela estava odiando isso.

“Leo!

Garoto dos reparos, eu acho que sou a única que não perdeu as esperanças de que você ainda está vivo. Não me importa que a Hazel disse que não te sente mais, não me importa nem se Hades vier aqui e repetir o que a Hazel disse, eu nunca vou acreditar que você está morto, alguma coisa dentro de mim diz isso, e eu quero acreditar nela, você não pode estar morto, não pode.

Umas chamas não podem matar o garoto das chamas, isso é impossível, você é imune a chamas, não pode ter morrido por elas. Não tem lógica e não tem sentido.

Tantos momentos, muitas histórias, mas muito pouco tempo. Queria poder ter mais tempo que tive ao seu lado, queria poder rir das suas piadas sem graças quando tive tempo, pois agora são muito dolorosas de lembrar. Eu sei que disse que não acredito que você morreu, mas não muda o fato de você estar desaparecido.

Espero ver você correndo morro abaixo do Acampamento, algum dia, mas o Leo de verdade não apenas as ilusões que eu tenho, eu não consigo mais passar pela floresta, pois é lá que esta localizado o Bunker 9, estou evitando a fogueira que recomeçou essa noite, não posso ver fogo, não consigo entrar no meu chalé, pois o seu é de frente para o meu, por isso estou dormindo no chalé do Jason desde aquele dia, tive que pedir para alguém do meu chalé trazer minhas roupas, pois sei que o Jason está abalado assim como eu, mas o que eu não aguento é ver você toda vez quando fecho os olhos, eu devia adorar ter alguma imagem sua para me agarrar, mas é muito doloroso ver o momento que antecede a sua morte, minha ultima imagem sua é a que me assombra.

Espero te ver logo.

Piper.”

A cherokee não ficou como os outros: abalados com a realidade. Mas ela também não soltou fogos de artifícios, ela simplesmente estava absorvendo tudo, cada informação, cada detalhe, cada emoção, cada uma das pessoas que estavam ali. Todos estavam tristes e visivelmente abalados, a única diferença é que enquanto os cinco estavam chocados por acharem que Leo estava morto, a cherokee estava chocada com o fato de Leo ter desaparecido e até agora não o acharam. Ela entregou o caderno para loira, esta se levantou, arrancou as páginas do caderno e com outra fez um envelope.

Uma luz singela atravessou a janela, o dia chegou, e novamente os seis semideuses não conseguiram dormir por mais uma noite. Durante alguns dias, uma pequena parte dos dias, os olimpianos vêm observar como está o acampamento, eles vêm cedo, assim que o sol nasce para ninguém saber que eles vieram, mas todos sabem. A loira saiu e os outros a seguiram, e deram de cara com Hermes, o deus dos mensageiros. O que eles precisavam, pensou a loira, ela chegou mais perto do deus e pediu a ele para entregar a carta e Piper completou falando que não importa onde ele esteja. Hermes não de bom grado, mas cedeu e depois que observou o Acampamento ele partiu, com a carta em mãos.

Se a carta foi lida ou entregue os semideuses não sabiam, eles tinham a esperança de que sim. Hermes teria um longo caminho para achar Leo, nem ele mesmo sabia onde estava, só seguia seu rumo, esperava que Festus soubesse para onde estava os levando. Mas para Leo não importava já tinha conseguido o que queria, agora não importava o lugar em que estava e sim com quem. Com Calipso.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Comentem, acompanhem, favoritem ou quem sabe recomendem. Bjss e até o próximo!



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