O que há de errado em ser mais inteligente que os outros? Não ver o mundo com um olhar inspirador e apaixonado? Cérebros de pessoas apaixonados exibe uma semelhança com as pessoas portadoras de uma doença mental, e agora que me curei dessa doença, o que há de errado em tomar algum remédio para não tê-la novamente? Como uma pílula anticoncepcional, eu vou usar minha melhor arma, meu cérebro.

Mas não que eu não tenha tentado, eu realmente gostei de alguém uma vez. Namoramos e terminamos, sem motivo. "Você deveria namorar um gênio Charlie, você me faz parecer burro, vamos terminar." Um gênio, que piada. Eu não fiz ele parecer nada, ele realmente era. Mas como eu digo, tudo são fases. E eu já tinha passado daquele nível.

– Por que eu tenho que ir mãe?! Se eu voltar grávida, burra e sentimental eu vou culpar você! - Falei agarrada em seus pés enquanto ela puxava minhas malas.

– CHARLIE!

Foram minhas ultimas palavras até se enxotada junto com o Tom - meu gato - pro carro. Era definitivo, eu iria morar com meu pai a partir de hoje e nenhum serviço comunitário iria me livrar disso.

Ser expulsa de um colégio não era tão ruim assim. Ou quase ser presa. É uma longa história, que me faz parar aqui em Seattle, com meu velho que não vejo a anos. Eu posso lidar com isso. Dei uma olhada na casa e subi ate meu quarto arrastando minhas malas comigo e o Tom logo atrás de mim. Minhas coisas já haviam chegado então não havia tanta diferença do meu quarto anterior para esse. Meu pai só chegaria amanhã por causa do trabalho, mas eu sabia que ele queria que eu me adaptasse um pouco sozinha.

– É Tom, lar doce lar - Falei me jogando na cama.

Ele foi em direção a janela, pondo as garras na cortina vermelha aflorada que se encontrava ali.

– Bem pensado - Levantei indo em sua direção - Vamos começar nos livrando disso.

Abri a cortina e pensei "não pode ser". Minha vista era o quarto de outra pessoa, LITERALMENTE. Dai eu vi uma cabeça levantando. Não só a cabeça, junto com um corpo semi nu prestes a ficar totalmente nu. O garoto com um sorriso perverso no rosto passou a mão nos cabelos logo descendo ate sua calça, mas antes que ele fizesse qualquer coisa ele reparou que havia uma plateia bem alegre o assistindo. Sua expressão safada mudou para algo parecido com a minha, aquela velha cara de "ta de sacanagem". Não durou muito até ele jogar o corpo para trás e dar altas gargalhadas. Ele abriu a janela e e pôs os cotovelos no parapeito segurando seus rosto com as mãos, me observando, já que não havia nem um metro de distancia entre nossas janelas.

– Veja pelo lado bom - Ele quebrou o silêncio - Você já sabe algo sobre mim, não sou bom em primeiras impressões - Ele tentou algo como um sorriso se afastando da janela e subindo o zíper da calça.

– Desculpa, feromônios demais. Vou voltar a falar com meu gato - Disse fechando as cortinas da minha.

É, a cortina fica.