Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 34
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo tenho um comunicado: antes eu postava os capítulos após terem 6 comentários, agora só irei postar quando tiverem 8 comentários.
Quero agradecer a Itsgaby e a Isabela Souza14 por terem favoritado a história.
Esse capítulo ficou um pouco maiorzinho e desculpa por não ter dado a resposta no outro capítulo kkkkk Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/528071/chapter/34

Quando chego na escola na segunda feira, me sinto diferente. Falta alguma coisa. Vejo os professores chegando, alunos rindo, mas falta alguma coisa e isso é sinistro. Parece que o lugar mudou, como se aqui não fosse a minha escola.
Balanço a cabeça pra afastar esses pensamentos. Tá tudo igual sempre esteve, eu que não devo ter dormido direito. Também, acordei de madrugada e quem disse que consegui dormir? Ficava acordando a todo momento, me perguntando como estava o pai do Thomas. Não é como se eu conhecesse ele muito bem, mas ele é pai do enxerido da minha sala, isso já é alguma coisa e também o pai dele é gente boa. Espero que esteja tudo bem.
Falo com Peter e entro na sala sorrindo, ele está gostando mesmo da Katherin e isso me deixa feliz. Levanto uma sobrancelha ao notar que ela não chegou ainda. Estranho, ela quase sempre chega antes de mim. Viu, eu disse que tem alguma coisa diferente nesse lugar.
–Bom dia. – diz ela e se senta atrás de mim, com uma cara de sono.
–Tá de ressaca?
Ela faz uma careta.
–Só se for ressaca de sono, porque eu fui dormir tarde pra caramba. Culpa de quem? Sua! – diz ela um pouco alto e todo mundo se vira pra gente. Katherin fica um pouco corada e abaixa a cabeça. Eu dou risada.
–Como você dormir tarde pode ser minha culpa?
–Fiquei assistindo Arrow até tarde. – fala ela e leva a mão na boca, bocejando a seguir. –Sua peste.
Dou mais um sorrisinho e ela deita a cabeça na mesa. O descanso dela não dura muito já que Amy entra na sala e deixa a bolsa em cima da bolsa. Ao invés de entrar com um sorriso como todos os dias, ela está séria.
–Bom dia. – diz ela sem ânimo.
Olho pra trás e Katherin parece me perguntar o que aconteceu com a Amy, mas apenas dou de ombros. Não faço ideia. Seus cabelos cor chocolate estem um rabo de cavalo, ela usa uma saia branca e uma blusa preta, sapatilha também preta.
–Hoje não estou passando muito bem, então, por favor peço pra cooperarem. – fala ela parecendo cansada. –Que página paramos?
Alguém fala a página pra ela e Amy assente. Várias vezes durante a aula, ela pausa pra nos deixar fazendo exercício. Acontece que ela não é muito disso, ela sempre faz os exercícios com a gente. Até que depois de meia hora de aula, ela se levanta.
–Vou no banheiro, não coloquem fogo na sala. – fala ela com uma voz falha, seus olhos estão marejados, e sai apressada.
Viro-me para Katherin.
–O que será que aconteceu? – pergunto.
–Não sei. – diz ela dando de ombros. –Só sei que a Amy não parece estar nada bem.
Faço que sim com a cabeça. Penso em ir atrás dela, mas vai que ela é como eu e não gosta que as pessoas a vejam chorando? Eu odeio, pelo menos. É como se você ficasse transparente e a pessoa conseguisse descobrir tudo sobre você. Dramático? Talvez, mas é a verdade.
Olho pras minhas unhas azuis e passo um dedo delicadamente em cada uma, sem prestar muita atenção no que estou fazendo. Penso no que minha mãe deve estar fazendo agora. Trabalhando, é claro. Então de repente, estou pensando em um certo garoto de olhos castanhos, cabelos pretos, lábios tão bons de serem beijados...
Meu rosto esquenta com esse pensamento. Até parece que eu gosto de beijar ele. Até parece!
–Lydia! – chama a Katherin e sinto um tapa no braço.
Viro-me pra ela irritada.
–Que foi?
–To te chamando a um tempão. Tá viajando na lua, tá?
Tipo isso.
–Desculpa. – falo.
Ela dá de ombros.
–Cadê o Thomas?
Pensando na peste, é falado da peste. Não mereço.
–Ele não te avisou? – pela cara que ela fez, acho que não. –O pai dele sofreu outro ataque cardíaco. – Katherin arregala os olhos. –E eles foram pra São Paulo, vão ficar lá por uns dias.
Katherin fica um momento sem falar nada, processando o que eu falei.
–Certeza que ele não te avisou?
–Não sei, não olhei meu celular hoje. – diz ela. –Meu Deus, coitado do tio Ricardo.
Eu não sabia o nome do pai dele, agora eu sei.
–E do Thomas. – completa ela. –Ele sofre muito com isso, você não faz noção.
Na verdade, eu tenho a maior noção. Vi o estado do garoto essa madrugada, ele não estava nada bem. Não falo pra Katherin porque ela iria me encher. Então começo a me sentir culpada. Não disse pra ela que ele me beijou, não disse que ele me chamou pra ir na casa dele porque ele estava mal, não contei nada pra ela nem pras minhas melhores amigas. Chego a uma conclusão: não gostaria que elas fizessem isso comigo.
O problema é que eu tenho vergonha, ainda mais porque quando ele me beijou de verdade, eu não me afastei. Eu retribui e o pior é que eu ainda não entendi porque fiz isso. Meu cérebro está tão confuso, parece que ele vai solta fumaça de tanto pensamento.
Paro de quebrar a cabeça pensando no Thomas quando ouço o sinal tocar, hora da segunda aula, ou seja, aula do babaca do professor de matemática. Odeio esse cara. “Odiar” é um sentimento muito forte e eu certamente sinto esse sentimento por esse professor.
Amy volta, pega suas coisas rapidamente e se retira da sala sem falar nada. O professor já está na porta, só esperando pra entrar.
Quando ele entra na sala e fecha a porta, olha diretamente pra mim.
–Cadê seu namoradinho? – pergunta com sarcasmo na voz.
Minhas bochechas esquentam.
–Ele não é meu namorado.
O pessoal da sala alterna entre olhar pra mim e o professor. Os idiotas estão querendo me zoar que eu sei.
O professor ri.
–Então por que os dois estavam se beijando no corredor da escola?
Engulo em seco, começo a tossir, meu rosto esquenta, eu pareço que fiquei congelada e meu coração bate forte.
Eu. Vou. Matar. Esse. Professor!
Todo mundo olha pra mim e me forço a ficar calma. Forço uma risada e todo mundo franze a testa. Cruzo os braços.
–Eu? Eu beijando o Thomas? Tá de brincadeira né? – falo. –Eu não beijei o Thomas e nunca vou beijar ele, entenderam? Ele é o maior idiota que eu conheço! Um babaca, acham mesmo que eu ia beijar ele? – dessa vez olho pra cada infeliz da minha sala. Não penso assim do Thomas, mesmo que ele me irrite. Ah, ele me irrita muito! –E você deveria ir num psiquiatra, porque tá enxergando coisa. – digo pro professor.
Ele fica vermelho de raiva e todo mundo começa a rir descaradamente. Não sei se funcionou, eu espero que sim. Não é como se fosse legal as pessoas saindo espalhando que você beijou alguém, mesmo que seja a mais pura verdade. Mas eles vão acreditar em mim, afinal eu trato o Thomas a maior parte do tempo como se fosse uma raquete de matar pernilongos. Sabe aquelas que dão choque nos pernilongos e eles morrem fritos? Então: eu sou a raquete, o Thomas é o pernilongo.
–Já chega! – esbraveja ele e eu fico assustada. –Mais uma dessas e você vai pra fora!
Faço que sim com a cabeça e olho pra baixo.
–Menos dois pontos pra cada um na próxima prova. Agradeçam a amiguinha de vocês.
Todos bufam e eu bufo junto.
Na aula dele continuo com a impressão que tem alguma coisa errada. Como se uma parte de mim estivesse faltando. Abafo uma risada, eu estou inteira. Acho que hoje eu vou dormir mais cedo, porque não to pensando bem.
O sinal pro intervalo bate e eu solto um suspiro de alívio. Me levanto e Katherin também. Pego o dinheiro dentro da bolsa e coloco dentro do bolso da calça. Passamos pelo professor de matemática e saímos da sala.
Vejo Peter saindo da sala dele e lembro que ele quer falar com Katherin. Nós duas descemos as escadas.
–Olha o tamanho dessa fila! – reclama ela se referindo a fila da cantina.
Pior que tá grande mesmo. Bufo desanimada.
–Vou comprar no segundo intervalo. – fala Katherin. –E você?
Vejo que Peter está no pátio e tenho uma ideia.
–To morrendo de fome, vou comprar. Deixa o dinheiro comigo e compro pra você também.
–Sério? – faço que sim com a cabeça e ela me entrega o dinheiro. –Quero um suco de uva.
–Tá bom.
–Obrigada. – diz ela e vai pra “floresta”.
Entro na fila e faço sinal positivo com o polegar para o meu amigo de olhos azuis.
–Ótimo, olha o tamanho disso. – ouço uma menina reclamar atrás de mim.
Viro-me para a garota. Ela tem a minha altura, olhos verdes, cabelos ondulados. Acho que já a vi por aqui, mas nunca conversei.
–Pois é, parece que todo mundo decidiu lotar a fila da cantina. – falo encolhendo os ombros.
–To morrendo de fome. – diz ela e então abre um sorrisinho. –Sou Mary Ann, você é...?
–Lydia. – respondo também com um sorriso. –Seu nome é diferente. – comento. Nunca vi uma garota chamada Mary Ann antes. Na verdade só uma vez, naquele livro “No Coração do Mar.”
A Mary Ann da minha frente assente.
–Não sou daqui, sou de Nova Iorque.
–Nossa, que legal. – falo com sinceridade. –Veio pra cá quando?
–Comecinho do ano passado. – diz ela dando de ombros. –Você é do outro segundo ano?
–Aham, me mudei esse ano pra essa escola. – falo. –Era de outra cidade, não de outro país, mesmo assim, sei como é se mudar. Deixar amigos pra trás e tudo isso.
–Isso é péssimo. – concorda ela. –No meu caso é ainda pior, não posso simplesmente ir pra minha cidade, é caro uma passagem de avião. Pelo menos você está no mesmo território.
Eu e Mary Ann ficamos conversando e descubro que ela é uma garota legal, mesmo que de primeira me parecesse tímida. Ela também parece não gostar de perguntas pessoais. Não gosta que as pessoas sejam muito invasivas, assim como eu. Chega a minha vez.
–Um suco de uva, por favor. – falo e dou o dinheiro da Katherin pra moça, logo recebo uma ficha. –E um enrolado de presunto e queijo. – recebo outra ficha e vou pro lado pegar as minhas coisas.
Pego tudo e logo Mary Ann aparece com um salgado e uma latinha de coca-cola. No mesmo instante me lembro do Thomas, no primeiro dia de aula quando ele estava tomando refrigerante e eu meio que o xinguei por isso.
Dou um aceno pra Mary Ann e vou em direção da floresta, times is over Peter. To morrendo de fome, já se falaram muito.
Quando chego no finalzinho da quadra vejo que ela está muito vermelha e com os olhos arregalados, e o Peter parece nervoso.
Vou me aproximando dos dois devagar, eles nem notam a minha presença.
–Que? – pergunta ela com a voz falhada. –Quero dizer, o que? – repete ela, dessa vez mais alto.
Os dois finalmente me notam e eu não falo nada. Peter olha pra Katherin.
–Katherin, você quer sair comigo? – pergunta ele. –Qual é, você entendeu a pergunta. Só diga “sim” ou “não”, eu já to morrendo!
Awn que fofos. Acho que estou quebrando o clima, mas já que cheguei vou ficar por aqui mesmo.
–Eu... Ahn... – diz ela praticamente gaguejando. Me contenho pra não sorrir. Ela parece tão nervosa com o pedido dele.
Ok, acho melhor eu ir embora.
–Volto depois. – falo e dou meia volta.
–Não, Lydia. Pode ficar. – fala o Peter.
Volto-me para os dois.
–Peter. – chama ela.
O garoto, que estava com a cabeça baixa, levanta o olhar.
–O que?
–Sim, eu quero sair com você.
CADÊ OS FOGOS DE ARTÍFICIO?
Peter abre um sorriso do tamanho do universo e se levanta.
–Então... Sexta passo na sua casa às sete e meia.
–Onde a gente vai? – pergunta ela.
Observo os dois como se fossem de outro planeta. Estou vomitando arco-íris.
Peter sorri.
–Surpresa. – diz ele e dá um beijo na bochecha dela, deixando-a mais vermelha ainda. Ele vem na minha direção.
–Desculpa por atrapalhar. – falo pra ele.
Ele ri.
–Sem problemas. - diz ele.
Olho pra Katherin com um sorriso estilo “Hmmmm” e ela revira os olhos. Sento-me ao lado dela e entrego a caixinha do suco. Dou uma mordida no salgado, esperando ela falar alguma coisa sobre o que aconteceu.
–Que é, Lydia? – pergunta ela.
–O que? – falo fingindo inocência.
–Tá querendo saber o que aconteceu, que eu sei.
–Imagina. – digo cínica. –Não que eu esteja interessada, mas... O PETER TE CHAMOU PRA SAIR? CARAMBA EU VOU MORRER!
Ela tapa a minha boca, fazendo eu ficar quieta.
–Nossa, fala mais alto! – e me solta. –Sim, ele me chamou.
–Pelo que eu vi, tava demorando pra responder. – comento e dou mais uma mordida no salgado.
–Eu fiquei nervosa, uai. Queria ver se fosse você.
–Bah, não vai acontecer isso comigo.
Ela ri.
–Como tem tanta certeza?
–Simples, não vão me chamar pra um encontro tão cedo.
Solto uma risada e então ela segura meu braço, parecendo se lembrar de algo.
–Lydia, e aquilo que o professor de matemática disso?
–Aquilo o que?
–Sobre você e o Thomas terem se beijado.
Oh, não. Começo a tossir e ela me dá tapinhas nas costas.
–Não acredito em você. – fala ela.
–Como assim?
–Não acredito que não se beijaram, você estava muito estranha naquela sexta feira e eu te conheço um pouco, mas o suficiente pra saber quando tá mentindo.
Fecho os olhos e respiro fundo, desejando sumir daqui. Me teletransportar. Afinal, por que ainda não inventaram a máquina do teletransporte? Com certeza iriam atrair vários compradores!
Meus pensamentos sobre os teletransportadores somem quando Katherin me chama e eu abro os olhos. Ela ainda tá na minha frente. Teletransporte não feito com sucesso.
–Vai, Lydia. Abre o jogo. – pede ela. –Olha, eu falei sobre o Peter.
–Eu não te obriguei. – defendo.
–Não, não obrigou, mas te contei do mesmo jeito. Só contei pra você, porque é minha amiga. – ela bufa. –Já faz mais de uma semana, quando pretendia me contar?
Encolho os ombros, envergonhada pela situação.
–Escuta, Katherin... Desculpa mesmo por não ter contado, você é minha amiga. Eu devia ter te falado, sério.
–Suas amigas sabem? – faço que não com a cabeça. –Quando vai contar pra elas?
–No aniversário da Jane, talvez.
Ela me dá um tapa no braço.
–Ai!
–Lydia, você tem que contar pra elas. Elas são suas melhores amigas desde sempre. E se fosse com você? E se elas beijassem alguém e não te contassem?
–Acredite, eu me fiz essa pergunta hoje mesmo. – murmuro.
Ficamos sem falar por um tempo e eu aproveito pra comer. Devia ter contado no dia que aconteceu. E agora é pior ainda, porque ele me beijou na quinta passada também. E dessa vez eu o beijei de volta. Ainda não entendo isso e tenho vontade de socar a cabeça numa parede de concreto. Não pera.
O sinal pra voltar aula toca e a Katherin se levanta.
–Bom, acho melhor a gente ir. – ela estende a mão e eu pego-a, me levantando a seguir. –Lydia, eu não to brava com você. – diz ela quando estamos subindo as escadas pra sala. Olho pra ela sem acreditar muito nisso. –Sério, não estou brava. Só estou um pouco chateada por não ter me contado. Mas tudo bem.
–Obrigada.
–Pelo o que?
–Por não me esquartejar e espalhar meus pedacinhos por aí que nem aconteceu com Tira Dentes.
Ela franze a testa.
–Por que eu faria isso?
–De raiva talvez? – falo dando de ombros e então solto uma risada, ela logo me acompanha. –Mas obrigada por não ficar brava comigo.
–Você teve seus motivos, na maior parte do tempo quer matar o Thomas. – dou risada. –Mas escuta aqui, foram quantas vezes?
Meu rosto esquenta pra caramba.
–Preciso responder mesmo essa pergunta?
–Precisa.
–Duas...
Ela dá um pulinho de entusiasmo e reviro os olhos.
–Agora, se você falar isso pra alguém, eu vou te matar da pior forma possível.
Ela levanta as duas mãos para cima.
–Calma mulher, não vou falar pra ninguém.
Abro um sorriso.
–Bom mesmo. – então entramos na sala de aula.

Depois de almoçar com a minha mãe vou direto pra casa. Me jogo na cama e pego o celular pra ver as horas. Quase duas. Vou no meu grupo com as meninas.
Eu: Boa tarde
Kriss: oii, boa tarde
Eu: tudo bem?
Kriss: tudo e vc?
Eu: to ótima
Então me lembro do que a Katherin me falou e sinto as bochechas queimarem. Vergonha de contar, mas vou ter que falar mais cedo ou mais tarde.
Eu: escutem, eu tenho uma coisa muito importante pra contar pra vocês
Jane: alguém me chamou?
Solto uma risada
Eu: É só aparecer fofoca que vc aparece, né Jane?
Jane: hahaha não :p
Kriss: o que é Lydia?
Kriss: to curiosa
Imagino. Kriss é bem curiosa, Katherin me lembra um pouco ela nesse quesito e também pelo fato das duas serem loiras.
Eu: não vou falar aqui, prefiro falar pessoalmente
Jane: wow, então é séria mesmo coisa
Ela não faz nem ideia de como...
Eu: é mt séria mesmo...
Nós três ficamos conversando até três horas da tarde e de repente, acabo ficando na expectativa de que alguém bata na minha porta.
Franzo a testa. Por que alguém bateria na minha porta a essa hora?
–Thomas. – penso e falo alto. É, era pra eu estar na cafeteria com ele agora, se não antes que esse horário.
Continuo conversando com as meninas, mas não consigo me concentrar. Preciso sair, dar uma caminhada. Sei lá, qualquer coisa.
Decido ir na cafeteria. Sou idiota, eu sei. Vou lá sozinha e não tem motivo pra isso, mas sinto uma necessidade de pisar naquele lugar.
Eu: vou sair, depois volto
Eu: bjs
Kriss: bjs
Jane: bjs
Ligo pra minha mãe avisando que vou na cafeteria porque sim. Tiro a blusa do uniforme e coloco uma outra. Ponho um moletom por cima, escovo os dentes, lavo os óculos e logo coloco-os de volta.
Minha bolsa da escola está em cima da mesa e eu coloco-a em meus ombros. Pego um trocado e coloco dentro dela.
Não acredito que estou indo estudar matemática sendo que eu não preciso disso hoje. Mas meio que se tornou uma rotina ir todas as segundas-feiras estudar na cafeteria.
Tranco a casa e desço pelo elevador. Vou a pé mesmo, não irei demorar muito. Só espero que não chova, porque eu realmente não estou afim de andar quinze minutos na chuva.
Chego lá (não choveu, uhul!) e me sento do lado da janela. Coloco a bolsa em cima da mesa e logo uma garota que deve ter uns 19 anos vem me atender. Toda vez eu venho com o Thomas eu a vejo.
Faço uma careta. Pareceu que eu e ele somos um casal agora.
–Oi, já vai fazer o pedido? – pergunta ela.
–Sim, uma porção de pão de queijo e coca cola.
Ela anota num bloquinho e sai. Tiro meu material de matemática e começo a fazer uns exercícios.
–Aqui. – diz ela depois de uns cinco minutos e deixa tudo em cima da mesa.
–Obrigada.
Ela dá de ombros.
–Ei, cadê aquele garoto que está sempre com você?
–Ah, o Thomas? Ele foi viajar. – falo sem dar mais detalhes.
Ela faz que sim com a cabeça.
–Ele tem namorada? – pergunta.
Levanto uma sobrancelha.
–Não, por que?
–Ai, será que você poderia me passar o celular dele?
–Não. – respondo no automático, grosseiramente.
Ela se assusta com a mudança de tom e volta pro trabalho. Bom mesmo. O que ela tá achando? Que eu vou simplesmente passar o telefone dele pra ela? Há, eu não!
E só pra esclarecer, isso é por que eu não a conheço. E se ela for uma assassina? Não quero ter a morte daquele ser nas minhas mãos não!
–Tudo isso é ciúmes? – pergunta a Amanda se sentando na minha frente.
De onde essa rata surgiu?
–O que você quer?
–Nada, te vi aqui, decidi sentar com você. – diz ela bem cínica. Claro que não é isso.
–Escuta, se não percebeu, eu vim estudar. Então, vaza daqui. - dou um sorrisinho falso.
Ela faz o mesmo.
–Onde tá o meu boy?
Solto uma risada.
–E quem seria o coitado?
Amanda aka Mands não se abala.
–O coitado seria o Thomas. – responde ela como se fosse óbvio.
Solto uma risada de deboche.
–Acho que não hein. – falo sem tirar os olhos do caderno. –Agora sai daqui.
–Lydia, não precisa ter ciúmes de uma coisa que não é sua.
Fecho o caderno com força, produzindo um pequeno baque. Olho irritada pra ela.
–Eu não estou com ciúmes, e em nenhum momento pensei que ele é meu. – minha voz se altera e algumas pessoas olham pra gente. –E só pra constar, ele também não é seu. – dessa vez minha voz está mais calma.
Quem ela pensa que é? Atrapalha meus estudos e ainda fica me enchendo por causa do Thomas? E que história é essa de ciúmes? Tenho vontade de dar uns belos tapas nela!
–Sai daqui e arruma o que fazer!
Ela se levanta sorrindo.
–Já disse que ele beija bem? – provoca ela.
–Já e eu concordo. – falo sem pensar.
De primeira ela não entende, mas então parece se tocar do que eu disse e fecha a cara. Então ela sai com passos pesados da cafeteria. Olho pra cima me perguntando o que eu fiz pra merecer essa rata na minha vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam?

Com 8 reviews continuo!