Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, eu sei que eu postei sexta feira passada, mas como sabem eu só atualizo quando tem no mínimo seis comentários e se eu tenho tempo. Dias de semana estão muito corridos. Sei que não tem nada a ver, mas na quinta feira uma tia da qual eu gostava muito morreu. O capítulo deveria ter saído ontem, já que ontem recebi o sexto comentário, mas ele nem estava pronto e eu não estava com ânimo pra escrever. Espero que entendam!
Enfim, boa leitura, espero que gostem!



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Cinco palavras. Só cinco palavras que acho que são as que mais me deixaram envergonhada nessa semana. Pra você ver, estou ainda na quarta feira, mas já passei muita vergonha. “Tá bonita hoje, como sempre.” E ele simplesmente vira pra frente depois dessa! O que ele tem na cabeça? Reviro os olhos, ele tem que aprender a ser normal.
Amy começa a passar a matéria no quadro, explica e tudo mais. Alguém pergunta o que vai cair na prova e ela passa de novo a matéria. Esse povo é muito desatento mesmo viu.
Ela fecha sua apostila, faltam cinco minutos e ela parece ter algo para falar com a gente. Com certeza tem a ver com o baile. Segunda e terça ela não comentou muito sobre isso, então hoje devem vir os detalhes.
–Segunda-feira vocês ficaram sabendo sobre o baile. – diz Amy e sorri. –Todos tem par?
Reviro os olhos. Tenho. Tenho sim. O enxerido da minha frente. Lembro que não avisei nem Kriss nem Jane. Não que isso seja importante, mas não quero que elas pensem que eu as deixei de lado.
–Infelizmente sim... – resmungo.
Thomas ri.
–Infelizmente nada, você tá é nervosa porque vai ter que dançar comigo. – ele fala alto e todo mundo escuta.
Sinto o rosto esquentar.
–Hmmmmmmmmmmmmm – diz todo mundo em uníssono.
Coloco as duas mãos no rosto e fecho os olhos, querendo entrar em um buraco bem fundo, que me leve pro País das Maravilhas. Com certeza lá não tem esse povo me enchendo a cada dez segundos. Com certeza lá não tem um certo Thomas de olhos castanhos que fica te envergonhando a cada minuto.
Sinto Katherin me cutucar com a ponta da lapiseira e sua risada. Na verdade, todos estão rindo. Tiro as mãos do rosto.
–Vão cuidar da vida de vocês, eu hein!
Thomas vira-se para mim, gargalhando. Dou um chute na sua cadeira, mas tenho certeza que ele não sentiu. O mesmo não se aplica ao meu pé, que está doendo pela força que eu chutei. Ah, esse enxerido me paga. Ainda vou ter a coragem de Jane e dar uns belos de uns tapas nele.
–Ela disse pra pararem. – fala Thomas se fingindo de sério. –Não querem ver ela com raiva, é um furacão. – ele vira-se para trás. –Ou eu deveria dizer esquentação? Porque você é esquentadinha, estressadinha demais. – ele ri.
Nossa eu vou bater nesse moleque!
–Você ainda não me viu com raiva. Nem quer me ver com raiva.
Ele abre um sorriso.
–Isso foi um desafio?
Eu já ia responder se Amy não tivesse interrompido.
–Pessoal, vamos lá. – diz Amy batendo palmas, mas percebo que ela estava rindo. –Nós precisaremos arrecadar dinheiro para a decoração da festa.
–Arrecadar dinheiro como? – grita alguém lá do fundão.
Amy respira fundo.
–Essa parte talvez vocês não gostem. – diz ela e pega sua pasta que estava em cima da mesa. -Fiz uma lista de coisas que vocês podem fazer para vender.
A maioria bufa e ela balança a cabeça em reprovação.
–Preciso lembrar que todos, sem exceção, devem vender alguma coisa. Todos tem que colaborar, de uma forma ou outra.
–E se a gente só pegar o dinheiro de uma vez? – pergunta Amanda.
Reviro os olhos. Como essa menina é chata, atirada, imbecil. Como ela pode ser prima do Peter? O Peter é super gente boa. Essa daí é uma completa idiota.
–Acho que seria mais interessante venderem as coisas, seus pais tem outras coisas com o que gastar o dinheiro. – diz Amy dando de ombros .
–Dinheiro não é problema lá em casa. – diz a rata.
Nossa, tinha como ser mais insuportável? Reviro os olhos. Amy respira fundo, se contendo.
–Amanda, faça o que quiser. Eu só quero que o nosso baile seja bom e pra isso, vamos precisar de dinheiro. – ela abre um sorriso. –Já quero pra semana que vem o dinheiro que arrecadarem até lá.
Ela prega o papel no quadro de avisos.
–Separei vocês em pequenos grupos, pra facilitar.
Eu aprendi a não gostar dos grupos da escola desde que o professor de matemática fez eu estudar com o Thomas. Esse povo não pensa direito.
–Lydia, Thomas, Katherin e Amanda.
Não. Amanda não. Tudo menos a Amanda. Qualquer um menos a Amanda. Acho que eu preferia fazer esse trabalho com a Lurdes do que com a Amanda.
–Eu, fazer com eles? – pergunta a rata apontando para nós com desgosto.
Dessa vez eu não vou deixar quieto.
–Escuta aqui...
Thomas vira-se para trás.
–Lydia...
Interrompo-o.
–Eu que não vou levar desaforo pra casa! – falo irritada. –Escuta aqui, se você não quer fazer, não faça. Saiba que não vai fazer a menor diferença sem você. – falo dando de ombros. –Nós não gostamos de você.
Viro pra frente de novo e fico quieta, já falei o que tinha que falar.
–Aiiiiiiiiiii. – diz a turma em uníssono.
–Também não gosto de vocês. – diz ela. -Eu só faria esse trabalho se fosse com o Thomas. – fala a rata enrolando o cabelo nos dedos. –Ele é o único dentre vocês que merece a minha atenção.
Nossa que atirada. Ugh.
–Não, obrigado.Antes só do que mal acompanhado. – rebate ele.
–Uooou. – acompanho as pessoas com esse som. Todo mundo ri e começa uma baderna fenomenal de sons.
–Silêncio! – diz nossa professora. –Seguinte Amanda, você tem que colaborar com dinheiro. Se seus pais não te derem, se vira, porque não vou te encaixar em nenhum outro grupo.
Duvido que essa daí saiba fazer arroz, ela vai ser dar mal. Abro um sorrisinho, vitoriosa. O sinal bate e vou até Amy.
–A Amanda vai fazer sozinha mesmo? – pergunto entusiasmada. Se deu mal.
Ela abre um sorrisinho.
–Isso é pra ela aprender. Terei que avisar o diretor que ela não vai ajudar e ele entrará em contato com os pais dela.
Faço que sim com a cabeça.
–Talvez ela tenha um coração bom, mas não mostre isso aos outros.
Solto uma risada.
–Mais fácil eu ganhar na loteria do que ela ter um coração bom. Mal a conheço e já tenho vontade de voar naquele pescoço.
Minha professora ri.
–Vai com calma, Lydia. É só a primeira semana de aula.
Então paro para pensar. Faz exatamente sete dias que as aulas começaram, que eu conheci Katherin, infelizmente o Thomas, que eu vim para a escola nova. Está passando rápido, muito rápido. Não sei se isso é bom ou ruim. Acho que é bom. Se passar rápido, novas coisas irão acontecer na minha vida, virá um novo ano. Logo estarei numa faculdade, morando sozinha, talvez eu tenha uma família. Pera o que?
–Lydia, nos vemos semana que vem. – diz Amy passando por mim.
Começo a rir sozinha. Foi como um lampejo de coisas que podem acontecer no meu futuro. Pensando bem, acho mais provável eu ser solteira. Não sei se alguém me aguentaria, eu mesma não me aturo as vezes.
Volto para a minha mesa, Thomas abre um sorriso e eu reviro os olhos. Fala serio. Ele perdeu a noção do perigo.
–Lydia, pra que toda essa raiva no coração?
Conto até dez mentalmente.
–Só raiva de você.
Seu sorriso se fecha, ele franze a testa, se afasta um pouco. Thomas respira fundo.
–Que foi? – pergunto já ficando preocupada.
–Isso é sério?
–Isso o que? – pergunto levantando uma sobrancelha. Seria muito mais fácil se ele fosse direto ao ponto.
–Você sente raiva de mim?
Sério isso? Abro um sorrisinho.
–Talvez. – falo dando de ombros.
–Talvez seja o amor. – diz ele rindo.
Ai agora ele apanha. Ele pediu pra apanhar. Ô se pediu! Pego meu caderno de dez matérias e soco na sua cabeça. Uma, duas, três vezes.
–Ai ai, Lydia. – diz ele e solta um ganido de dor.
Soco mais uma vez e paro, só porque a Katherin me impede, segurando meu pulso e colocando o caderno longe do meu alcance.
–Para vocês dois, parecem duas crianças.
–A Lydia que não sabe brincar. – fala Thomas passando a mão na cabeça.
Faço uma careta.
–Nem vem com essa, olha as coisas que você fala...
Ele continua passando a mão na cabeça e por um milésimo de segundo, sinto-me um pouco culpada.
–O que você falou? – pergunta Katherin, curiosa como sempre.
Ele ri.
–Disse que ela me ama.
Se a Katherin podia pirar, ela pirou. A menina começou a tossir tanto, que tive que dar tapinhas em suas costas.
–Thomas do céu. – ela começa a rir feito uma louca. –Pediu pra apanhar.
–Né. – murmuro.
–Vocês juntos seria tão...
Ela não termina, porque o professor de matemática chega com uma cara de morte. Ele joga a sua bolsa em cima da mesa. Ele está tão sério, que todo mundo que estava de pé foi se sentar.
–Abram na página 400. – diz ele. –O primeiro que abrir a boca vai pra fora.
–Ir pra fora é melhor do que ficar na aula desse cara... – murmura Thomas e coloco a mão na boca, rindo um pouco.
–Disse alguma coisa? – pergunta o professor se aproximando de mim.
Engulo em seco.
–Eu? Não.
–Tem alguma coisa que queira compartilhar com a sala?
Não to entendendo.
–Não.
Ele solta uma risada seca.
–Por que então estava rindo?
Mas gente, eu tinha soltado uma pequena risada e olhe lá! Como ele ouviu? Ele tem super ouvido, só pode ser. E o Thomas que comenta as coisas saindo de fininho? Fala sério.
–Não estava rindo, eu tava tossindo. – falo e finjo uma tosse.
Ele revira os olhos, descrente e parecendo se divertir com o meu desespero. Ele começa a passar matéria da prova, sem falar uma palavra.
Um papelzinho vai para a minha mesa. Estava distraída e não vi quem jogou. Abro o papel.

Minha cabeça ainda dói.

Seguro uma risada. É Thomas.

Bem feito.

Agilmente passo o papel para frente, logo ele volta.

Sério, Lydia. Tá doendo, acho que vou pedir pra ir embora. Eu já tava com dor de cabeça antes.

Engulo em seco, dessa vez me sentindo culpada de verdade. Não muito, mas um pouco. E eu não gosto de me sentir culpada.

Desculpa então. Mas você tava pedindo, né? Olha as coisas que você fala.

Logo ele responde.

Tá se referindo a eu falar que você é bonita? Porque se for, eu só falo a verdade.

Sinto o rosto esquentar e copio um trecho da matéria antes de responder.

Você fica falando umas coisas na sala em voz alta e todo mundo me zoa.

Ele vira-se um pouco e vejo que tem um sorrisinho nos lábios. Logo vem a resposta.

Gosto de te zoar, é legal ver você irritada.

Reviro os olhos.

Fala sério... Agora copia logo a matéria antes que o professor veja a gente passando bilhetinhos. Daí vão me zoar mais ainda.

O papel vai e volta.

Melhor eu mostrar pra ele então.

Fico desesperada. Não quero que me zoem mais uma vez hoje. Só estamos na segunda aula!

Não, não faz isso Thomas.

Me dê um bom motivo.

Coloco a mão no queixo, pensativa. Tive uma ideia. Muito tosca, mas é o que tenho pra hoje.

Fico um bom tempo sem falar com você.

–Vocês dois estão com algum problema? – pergunta o professor.
Gelo, achando que ele está se referindo a mim e Thomas, mas ele está olhando para Marcos e Carlos. Eles parecem estar discutindo alguma coisa. Burros. Sabem que o professor tem uma audição sobrenatural e ficam discutindo em voz alta?
Thomas aproveita da situação e vira-se para mim.
–Não vou mostrar pro professor os bilhetes. – diz ele, parecendo meio estranho.
Logo ele se vira pra frente. Copio a matéria, porque sem ela eu não passo de ano e nem no vestibular.

Intervalo, que bom. Eu e Katherin vamos para perto das árvores. Ela está meio esquisita, andando meio saltitando, contendo um sorriso. Ela está me escondendo alguma coisa e eu já ia perguntar o que, mas fui interrompida pelo Peter, que passa por nós duas e para.
–Beleza?
–Aham e você? – respondo.
A Katherin tá muito quieta agora, paradinha, estática. O que eu perdi?
–Ótimo. – diz ele, dá um sorriso e se afasta.
A Katherin saltitante agora está vermelha e andando normalmente. Nos sentamos e abro meu Clube Social de pizza.
–Katherin?
–Hum? – diz ela e dá um gole de seu toddynho.
Eu já disse o quanto amo toddynho? Mas não vou pedir, já tomei um de manhã.
–Aconteceu alguma coisa hoje?
Ela fica vermelha.
–Não, por que?
–Da próxima vez mente melhor. – falo. –E nem se faça de louca, sei que tem a ver com o Peter.
–Como que você tira conclusões assim do nada?- pergunta ela se fazendo de desentendida.
–Primeiro que você estava que nem uma boba, daí o Peter chegou você ficou parecendo nervosa. Sei lá. – falo dando de ombros. –E aí?
–E aí o que?
–Vai me contar o que aconteceu ou não?
Ela parece estar em um conflito interno que se divide em contar ou não contar. Já fiquei assim também, é compreensível.
–Entendo se não quiser contar, mas nós trocamos segredos esses dias mesmo. E somos amigas. Sabe que pode confiar em mim, né?
Ela começa a mexer em sua pulseira, ainda pensativa. Como meu lanche, esperando ela se decidir se conta ou não. Katherin respira fundo e me encara.
–Olha, Lydia. Eu só vou te contar, porque nós somos amigas. Que se dane que a gente se conheceu só semana passada, já confio em você. – diz ela. –Mas eu quero que você fique de boca calada. Não fala pra ninguém, por favor. Ninguém mesmo.
Faço que sim com a cabeça.
–Primeiro que vou ao baile com o Peter, mas isso não é segredo já que todos irão nos ver lá juntos. – ela olha pro chão. –Acontece que hoje... Ai isso é frustrante e constrangedor de se dizer! – diz ela e bufa. –Tá, aqui vai. Hoje quando eu cheguei, o Peter me acompanhou até a sala. Então ele me beijou.
Arregalo os olhos.
–Não creio. – falo baixinho e começo a sorrir. Minha vez de pirar. –O Peter o que? – dessa vez eu grito.
Katherin avança em mim e coloca a mão na minha boca.
–Shhh, Lydia! Assim a escola inteira vai ficar falando!
Faço que sim com a cabeça e ela me solta.
–Katherin, ele te beijou! – sussurro.
Ela fica vermelha.
–Nem foi um beijo de verdade...
–Pera, agora eu to confusa. Ele te beijou ou não?
Ela mexe na pulseira.
–Ahn, beijou, mas não foi um beijão sabe. Foi só um selinho.
–Mas ainda é beijo! – falo um pouco alto e tapo a boca. Obviamente ninguém ouviu, mas mesmo assim.
–Tudo bem, é beijo. Mas e daí? Provavelmente não significou nada pra ele, e eu não quero ficar falando disso. – diz ela. –Hoje temos aula de Artes.
–Nessa escola não tem uma aula de Artes reservada? Tipo, na minha outra tinha uma sala só pra Artes.
Ela faz que sim com a cabeça.
–Tem, mas semana passada foi na sala normal mesmo, não me pergunte o por que. Hoje vai ser na aula do andar de cima.
Eu ainda não fui no andar de cima.
–Sabia que tem um mito sobre uma das salas lá de cima?
–Não.
–Então, na sala ao lado da de Artes, dizem que uma aluna do ensino médio morreu, tipo uns quarenta anos antes. Dizem que lá é assombrado.
Faço uma careta, mas na verdade tenho um pouco de medo dessas coisas. Obviamente o mito é uma mentira, mas mesmo assim.
–Espero nunca entrar nessa sala.
–Também. – diz ela.
O sinal toca e nós voltamos pra sala de aula, onde pegaremos nossos materiais e iremos para a sala de artes.


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