Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Uhul, já tenho os 7 comentários! Aqui está o capítulo novo. Um aviso: o começo é um flashback de narrador, não tem nada a ver com a Lydia. É só sobre o Thomas, nem POV dele é. Só é o narrador.
No próximo acho que vai ter menos Thodya.
Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/528071/chapter/14

E lá estava Thomas, com seus quatorze anos. Sempre fora bonito, puxou os olhos castanhos da mãe. O irmão grita como um maluco por seu nome.
–Vai, é sua chance de marcar!
Thomas sorri e corre para a cesta, desviando de seus adversários. A bola de basquete entra no aro e a torcida vibra, assim como todos do time. Thomas é levantado no ar pelos colegas. Todos gritam o seu nome e ele se sente orgulhoso. Olha para a plateia, procurando pela sua família, mas seu irmão já não esta sorrindo.
O garoto não entende, porém logo vê sua mãe gritando desesperada por ajuda. Seu pai caído no chão, os olhos fechados. O coração de Thomas se acelera.
–Me coloquem no chão. – ele grita.
Os jogadores olham para onde o garoto está olhando e colocam-no no chão. Thomas corre com uma velocidade que nem ele mesmo sabe de onde tirou e sobe as arquibancadas.
–Pai! – ele grita. –Pai, acorda!
Ele se agacha ao lado do pai e fica dando tapinhas em seu rosto. Matthew o puxa pela cintura e o menino se rebate.
–Me deixa! – grita desferindo socos no braço do irmão. –Me deixa ficar com o nosso pai!
Thomas sempre soube que o pai tinha um problema do coração, mas até então não tinha presenciado um ataque. Na verdade, há muito tempo eles não ocorriam.
Matthew o arrasta para fora da quadra, longe da multidão e o coloca no chão.
–Thomas, fica calmo.
–Ficar calmo!? O nosso pai tá lá desacordado, sabe-se lá se ele tá vivo ou não! – grita as palavras e sente os olhos lacrimejarem. –Ele não devia ter vindo, é tudo culpa minha.
Matthew franze a testa.
–De que modo isso poderia ter sido sua culpa?
–Não é óbvio? Eu tava jogando, nosso pai estava animado demais, a ansiedade deu esse ataque nele e ele pode morrer! E a culpa é toda minha.
O irmão faz que não com a cabeça.
–Não foi sua culpa, Tommy. – fala colocando as mãos nos ombros do irmão mais novo. –Não foi sua culpa. – repete e então, puxa-o para um abraço.
Thomas começa a chorar, realmente acreditava que era o causador daquilo. E se o pai morresse? O que seria dele? Seu pai era mais do que só um pai, era um amigo, um herói. Era mais do que simplesmente um pai.
Enfermeiros entram na escola e colocam o pai na maca. Sua mãe se aproxima dos dois.
–Thomas, querido, vai ficar tudo bem. – diz ela contendo as lágrimas. –Prometo, vai ficar tudo bem.
Ashley, a garota que ele gostava na época, se aproxima. A mãe e o irmão se afastam para deixá-los conversar a sós. Thomas mal falava com ela, mas realmente se importava. Quando ela estava triste, a tristeza se transferia para ele também.
–Você tá chorando? – pergunta ela com desdém. –Você é um frangote mesmo.
–Meu pai quase morreu... – fala ele com a cabeça baixa.
–Pouco me importa, garotos que choram não merecem a minha atenção. – ela se retira.
Para Thomas o efeito que as palavras lhe causam é como levar uma bolada de basquete na cara. Como a garota que ele gostava tanto poderia ter sido capaz de tratá-lo daquela maneira quando ele mais precisava de consolo? Ele caminha com passos lentos até a família e se junta a eles.
–Ashley não presta. – murmura, mas a mãe ouve.
–Como pode falar isso dela, Thomas? Até minutos atrás gostava dela.
–Ela me chamou de gay por estar chorando pelo meu pai, nem se importou em dizer palavras de consolo. Ela é uma idiota. – diz ele. –Nunca mais vou gostar de alguém.
Matthew abre um sorrisinho amarelado.
–Você que pensa.
Mal Thomas sabia que exatamente dois anos depois, um amor muito mais forte que o primeiro tomaria conta dele.

Vai, Lydia. Você consegue terminar a prova.
O som do relógio tiquetaqueando, o barulho de lápis e lapiseira, as canetas, tudo isso me distraí. Tivemos prova de química, física e matemática, foram divididas nessas duas aulas.
–Mas o que? – murmuro frustrada com a questão. De onde que a professora tirou isso?
Ouço a Katherin rir e empurro ela um pouco pra trás com a cadeira.
–Vocês tem cinco minutos.
Engulo em seco e começo a completar as questões restantes. Nesse meio tempo Katherin entrega a sua prova e sai da sala. Ela deseja um “boa sorte” só movendo os lábios. Consigo terminar a última questão e me levanto rapidamente. O problema é que a droga do Thomas se levanta no mesmo tempo e a gente tromba pela segunda vez no dia. Minha cabeça bate em seu ombro e começa a doer.
–Eu vou te matar. – sussurro enquanto me recupero da batida.
Ele sorri.
–Você não deve matar nem mosca.
Faço uma careta e entrego a minha prova pra moça que aplicou-a. Pego meu lanche na bolsa e saio. Thomas está me esperando do lado de fora apoiado na parede, as mãos no bolso, seu sorrisinho de sempre. Reviro os olhos e passo reto por ele, como se ele nem estivesse por aqui. Ele começa a andar e fica do meu lado.
–Que que foi? – pergunto, já que ele não fala nada e isso já começou a me irritar profundamente.
–Não posso te acompanhar? – diz ele fingindo estar ofendido.
–Não.
–Quero falar sobre ontem.
Lembro que ele me beijou na bochecha e inevitavelmente começo a corar. Torço com todas as minhas forças para que ele não tenha visto.
–Tá, o que de ontem?
–O lance do baile.
Paro e encaro-o.
–Eu tenho palavra, eu vou com você.
–Bom saber. – diz ele e sorri. –Mas é sobre as roupas. Eu vou precisar de um smoking?
Coloco a mão no queixo fazendo expressão de pensativa.
–Vai sim.
–Acha que vou ficar bem? – pergunta ele franzindo a testa. –Não lembro a última vez que usei um, mas eu não posso aparecer de bermuda jeans aqui num baile.
–Acho que vai ficar bom em você. – falo com sinceridade, ele sorri e eu bufo. –Se você viesse de bermuda jeans, eu te largava sozinho na festa.
Thomas ri.
–Que dia a gente pode ir na loja escolher?
Levanto uma sobrancelha.
A gente?
–É, Lydia. A gente. – diz ele dando de ombros. –Você é meu par, tem que me ajudar. Vai que eu pego um que você não goste?
–Mas você tem que gostar, não eu. – falo. –Se você não for com uma coisa super brega, pra mim tá bom.
–Quero usar alguma coisa que te agrade. – diz ele.
Sinto o rosto esquentar.
–Sábado que vem, quatro da tarde. – diz ele e sai andando.
–Mas eu nem concordei! – grito.
–Mas vai concordar! – ele diz se virando rapidamente e andando de costas, rindo. Então ele bate na parede e cai.
Começo a rir como uma louca, mas então vou até ele.
–Lydia, vai ficar rindo da minha cara mesmo?
–Vou. – falo rindo mais ainda.
Ele faz uma careta de dor.
–Dá uma mãozinha.
Estendo a mão e quando ele pega-a, puxo-o com força e ele desequilibra de novo.
–Você é muito má. – diz ele. –Mas eu sou mais.
–Como...?
Ele me pega em seus braços e começa a subir as escadas de volta pra sala.
–O que você vai fazer?
Thomas aproxima seu rosto do meu e sinto sua respiração na minha pele. Sinto as bochechas esquentarem.
–Você vai ver.
Ele abre a porta da minha sala e todos se viram para nos olhar.
–O que aconteceu com ela? – pergunta a aplicadora de prova.
–Ela não resistiu aos meus encantos e desmaiou.
Coro violentamente e quase engasgo. A turma inteira começa a rir e eu me debato.
–Aham, com certeza! Só que nunca, Thomas. Só que nunca. – falo. –Me coloca no chão agora.
–Por que vocês não se beijam logo? – pergunta alguém da sala e fico mais envergonhada ainda.
–Querida, se tu não quer, tem quem queira. – fala a Amanda.
Thomas me coloca no chão e começa a dar gargalhadas. Eu fecho a cara e saio da sala, completamente envergonhada. Desço as escadas apressada e logo ele tá perto de mim de novo.
–Quem você acha que é pra me fazer passar vergonha? – pergunto sem olhar pra ele.
Ele ri.
–Ué, você pode me zoar, mas eu não?
–Entendeu direitinho. – resmungo e continuo andando.
Sinto sua mão em meu pulso e sou obrigada a me virar.
–O que foi agora?
–Você me beijaria? – pergunta ele sério.
Nem preciso constar que eu estou vermelha. Tiro a mão dele do meu pulso.
–Isso não é da sua conta. – volto a andar e deixo-o sozinho. Parece que a vocação dele é me deixar com vergonha, não é possível.
Avisto Katherin na “floresta” e passo do lado da quadra, andando em sua direção.
–Lydia! – ouço Peter chamar e paro. Tinha me esquecido que ele queria falar comigo.
–Hey. – falo quando ele está perto. –O que você queria falar ontem?
Ele olha para os lados.
–Eu quero chamar uma menina pro baile, mas eu tenho vergonha.
Solto uma risada.
–Você com vergonha? Mal te conheço, mas você não parece o tipo tímido.
–É que eu gosto dela, daí complica...
Faço que sim com a cabeça.
–Quem é?
–Isso eu não posso te falar. – diz ele ficando vermelho. –Mas o que eu faço?
–Você só chega na pessoa e convida pro baile, ué. Simples assim.
–E se ela tiver par?
Dou de ombros.
–O máximo que pode acontecer é você receber um “não”. A Katherin tá sem par ainda, eu acho. Ela disse que ia aceitar ir com o primeiro que a chama-se. Não quero que ela fique como segunda opção, mas qualquer coisa vai com ela.
Peter parece que ficou mais vermelho ainda, mas talvez seja só impressão minha.
–Valeu, Lydia. – diz ele e vai até Thomas.
Caminho até Katherin e tenho que estalar os dedos na frente de seus olhos, ela está distraída e nem notou a minha presença.
–Ah, oi...
–Aconteceu alguma coisa? – pergunto sem entender de onde vem todo esse desânimo.
–Não me chamaram pro baile ainda. Você já tem par?
Só de lembrar que eu vou ter que ir com Thomas tenho vontade de bater em alguém.
–O Thomas me chamou.
Então a Katherin desanimada desaparece. No lugar dela, surge uma sorridente, maluca demais.
–Socorro, Lydia!
Reviro os olhos.
–Que que foi peste?
–Você vai com o Thomas! – ela praticamente grita e a voz dela fica um pouco fina demais.
–Tá, e daí?
Ela me olha como se e fosse louca.
–Como assim “e daí”? Vocês vão dançar juntos!
Só de pensar na cena tenho vontade de enfiar a cabeça do Thomas no vaso sanitário.
–Isso é uma lástima. – falo e dou uma mordida na minha batatinha. –E eu não quero ouvir falar dele, passei maior vergonha agora pouco.
–O que aconteceu? – pergunta ela sem se preocupar em esconder sua curiosidade.
Reviro os olhos.
–Pergunta pro enxerido depois.
Ela faz que sim com a cabeça e começamos a comer.

Chego em casa e pego meu celular. Duas mensagens da Jane, seis da Kriss. Clico na Jane.
Jane: Sabe o que eu fiz hoje?
Jane: Dei um soco no nariz do Jake.
Arregalo os olhos.
Eu: VOCÊ FEZ O QUE?
Jane: Primeiro que ele convidou a Kriss pro baile.
Eu: Bleh
Jane: Segundo que no fim da aula ele já tava dando em cima de outra!
Solto uma risada.
Eu: Bem feito pra ele.
Jane: Daí eu disse que se ele magoasse a Kriss, eu ia acabar com ele. Ele debochou e dei um soco no nariz. Saiu até sangue!
Balanço a cabeça enquanto dou risada.
Eu: Só você mesmo viu, Jane.
Eu: Adoraria saber dar socos bem dados.
Eu poderia ter machucado o Thomas, mas eu não bato muito forte e nem sou tão corajosa.
Jane: Queria bater em quem?
Eu: No Thomas.
Daí eu sou obrigada a contar a história que ele bateu na parede e caiu, eu ri, ele me levou pra sala pra tirar onda com a minha cara. Corto a parte que ele perguntou se eu o beijaria, porque Jane não pode saber disso. Nem ela, nem Kriss, nem Katherin, nem minha mãe. Se não elas iam ficar me enchendo pro resto da minha vida.
Clico na Kriss.
Kriss: SOCORRO
Kriss: O
Kriss: JAKE
Kriss: ME
Kriss: CHAMOU
Kriss: PRO
Kriss: BAILE!

Faço uma careta.
Eu: Que bom
Kriss: Né!!!
Volto na Jane.
Jane: Ela brigou comigo hoje porque eu impliquei com ele...
Jane: Bah, não mereço. E se ela se afastar da gente por causa disso?
Eu: Vira essa boca pra lá!
Aviso pras duas que tenho que estudar e bloqueio o celular. Têm umas três tarefas pra amanhã, e prova na quinta. Quinta feira começa o meu inglês, então também já vou fazer as tarefas de sexta feira.
Abro a agenda pra ver o que eu tenho e começo a fazer tudo. Meu celular começa a tocar, vejo que é a Katherin e atendo.
–Alô?
–Lydia, eu to nervosa.
Franzo a testa.
–Por que?
–É hoje que eu vou falar com os meus pais sobre o negócio da profissão.
–Vai dar tudo certo, eles vão te entender. Não seja grossa, nem faça falta de educação. Garanto que vão te dar um espaço.
–Espero que sim... Liguei não sei porque, tenho seu whats app. Mas sei lá.
–Sem problemas.
–Meu pai chegou, me deseja sorte!
–Boa sorte, depois me conta como foi!
–Pode deixar, beijos.
Ela desliga e eu volto a fazer as tarefas. Espero que dê tudo certo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!