POV – Nico

Ela estava de lado, desmaiada. Fui correndo até a garota irritante que salvou a minha vida. Grover aconchegou a cabeça dela em suas pernas peludas e deu um pouco de ambrósia.

– Ela ta respirando ainda – sussurra Thalia como se eu não sentisse.

Sinto alívio, quer dizer, não esse alívio. O alívio de saber que a única semideusa que conseguimos encontrar nessa missão que foi quase por água abaixo ainda tá viva.

– Gente... O que aconteceu exatamente? – Pergunta Percy.

– Eu não sei Percy, Davina é muito poderosa.

– Sério? – Percy responde com sarcasmo.

– É, sério. – Grover não pareceu entender a ironia de Percy.

– Temos que leva-la pro acampamento. – Thalia comentou – Ela séria uma ótima caçadora!

– Nem vem! – Percebo o que eu disse só depois de ter soltado as palavras.

– Hummmmmmmmm – Thalia me olha e eu torço para não estar corando. – Vamos deixar ela escolher.

Ela parecia tao morta, mas tao viva ao mesmo tempo. Percebi que estava encarando ela.

– Gente, é sério, como ela destruiu todos aqueles monstros só com o pensamento? – Jason comenta, e percebo que é a primeira vez que ele se pronuncia.

Lembro vagamente de ver Davina parada, sem fazer nada, quando Katie disse pra Draco matar Jason. Mas... Ela ficou desespera quando Katie disse que ia me matar. Não, não, uma menina como Davina não ia me amar. Eu sou magro, pálido, fiquei um pouco mais musculoso desde a última guerra, mas não chego nem perto dos pés de Jason ou Percy. Não sei o por que ela não quis ajudar Jason. Ela é linda, viva, atrevida, do seu jeito. Mas é irritante.

– ... NICO! ACORDA! – Thalia ta gritando no meu ouvido, me tirando dos pensamentos.

– ãh? Ah, sim, o que foi? – Pergunto bobo, agora todos estamos sentados em volta da menina.

– Eu perguntei se você notou algo de diferente nela, quando vocês conversaram.

– Mas eu conheço ela a tipo, 37 minutos! A gente nem conversou direito, foi só o que eu disse: Ela me enganou, me irritou, me desafiou. – Expliquei.

– Conta detalhes Nico, Davina é diferente ela não deu nenhuma dica? – Falou Jason.

– Dica de que?

– De que ela sabia dos seus poderes!

– Hum, acho que ela só descobriu agora. Mas já que vocês querem que eu conte tanto eu conto. – Pensei na coisa mais estranha que ocorreu e contei - Depois que a gente saiu do estacionamento, eu fui andando pelos corredores, entrei em umas três salas jurando ouvir barulho de música dentro delas, todas eram normais. Na quarta eu ignorei a sensação de ouvir a música. Na quinta ouvi a flauta de bambu – apontei pro pescoço de Davina e de Grover – e entrei em silencio, não queria assusta-la. Me escondi atrás da caixa de som, sou bom em passar despercebido vocês sabem. Então, ela se virou, não tinha como ela ter me visto, e disse algo como “Eu sei que você ta ai” – disse imitando na voz mais irritante que eu tinha – Me escondi nas sombras, ela disse algo como “não adianta se esconder nas sombras” deuses, como ela sabia que eu tava ali?

– E...? – Percy disse.

– E que ela praticamente adivinhou. Deixei passar essa, pensei q ela tinha me visto entrar ou algo assim. Mas depois, eu estava pensando em como convencer ela a ir pro refeitório, que eu tinha que resgatar ela. E ela simplesmente falou lendo meus pensamentos “você não vai me resgatar”.

Depois de alguns segundos constrangedores Percy comentou.

– Ah, ãh... Não entendi.

– Ok – suspirou Grover – O que ele quer dizer Percy, é que Davina tem um certo dom em descobrir o que você vai fazer ou falar, não necessariamente assim. Mas foi o que eu percebi nos últimos dias. Eu tava comendo na mesa com ela pensando em Juníper, e ela disse “ela é sua namorada?” eu me assustei, mas Davina apenas disse que sabe ler expressões o suficiente pra saber que eu tava pensando em alguém que estou apaixonado. Não acreditei claro, ela é cheia de segredos e como vocês perceberam, ela não abre a boca de jeito nenhum pra contar.

– E você achou que não era importante contar isso nas mensagens de íris? – Percy parece um pouco bravo.

– Podia ser coincidência né! – Grover explica.

Eu já gostei de Percy. Admito. Mas nunca o amei, só tive uma queda. Eu tinha dez anos, para mim, ele era o super-herói que venho me tirar das ficções de mito magia e me levar pro mundo real da mitologia.

– Super-herói... – Davina murmura e volta a dormir.

Socorro! Será que ela leu o que eu estava pensando? Por favor, por todos os deuses, não!

– Super o que? – Thalia pergunta – O que ela quis dizer?

– Super-herói. Nada acho. – Explico esperando que ela tenha caído nessa.

– Gente, temos que leva-la ao acampamento.

– Qual deles será que ela é? – Percy pergunta mais para si mesmo.

Sim, estamos com esse probleminha. Antes era fácil saber que semideuses era de qual acampamento, já que os dos gregos e dos romanos estavam separados, mas agora, ta tudo bagunçado. É uma das prioridades de pedido aos deuses que listamos na listinha.

– Grover, quantos anos ela tem? – Pergunta Jason.

– Quatorze anos e meio.

– Ela deveria ter sido reclamada já. – Comenta Percy.- Tem certeza que ela não foi ainda?

– Sim, com certeza. – Grover comenta.

– E por que os monstros só atacaram nós naquela hora? – Pergunto.

– Gente, vamos embora, discutimos no acampamento, o... – Thalia não terminou de falar, porque Davina simplesmente resolveu assustar todos nós.

– AAAAAAAAHH! – A garota gritou olhando pra cada um de nós.

– Calma, você ta segura agora. – Thalia tranquiliza ela.

– A mulher de preto. O que... quando... – Davina chora silenciosamente.

– Vamos Davina – Thalia fala tao docemente que até eu me surpreendo – Vem cá, te ajuda a levantar.

– O... obri... – A garota da voz irritante desmaia de novo.

– Ah ótimo. Agora vou ter que carregar ela, isso que da ser legal. – Thalia reclama segurando Davina.

– Daqui que eu carrego ela. – Grover fala, deveria ser eu não é? Não. – Vamos embora, os outros cinco, acho que devemos ver isso depois.

POV– Davina

Após eu salvar a vida de É e seus amigos, incluindo Grover, eu acabo desmaiando. Falo algo com um pensamento vago de mito magia e super-herói, e eu acho que acabei falando isso.

Não demora muito pra mulher-sem-humor aparecer.

– Ah Davina querida! Tava com saudades, espero que você também estava de mim - sem chance, pensei - Você viu o que é capaz de fazer para proteger aqueles que ama? Sentiu o poder? Acho melhor você usar esse poder pro bem, porque eu ficaria muito chateada se você me decepcionasse, principalmente sua família.

– Pera, que tem minha família, e do que você ta falando?

– Bem, digamos que os deuses querem te matar por seu poder, eles acham que você pode acabar com o reinado deles, mas eu convenci meu marido a tomar parte do conselho e votar a favor da sua vida. Ou seja, se você se virar contra nós, e ajudar o inimigo, o conselho se vira contra meu marido, ele contra mim e eu mato sua família! O ciclo da amizade, divertido não?

– O que? Do que você ta falando? Qual seu nome?

– Ah minha linda, só posso falar que sou sua amiga, e sempre serei, só não me decepcionar. Tu irá descobrir quem eu sou em breve. Agora você vai acordar e voltar a dormir, tive que fazer isso, você vai ficar uns dias inconsciente, quatro dias no máximo, prometo!

– Não pera, o que?

Mas a mulher já tinha ido embora. Acordo com um grito e acabo desmaiando assim que Thalia me ajuda a levantar. Ótimo.