Pov – Nico

Passaram-se quatro dias de ataques e eu estava na minha cabine mais solitário que o normal quando Piper bate na porta.

– Nico você pode ignorar todos, mas não vai conseguir me ignorar. Abre essa porta!

Suspiro um pouco e resolvo abri-la antes que Piper use o charme.

Ela entra e repara na bagunça do meu quarto. Papeis de cartas que nunca chegaram ás mãos de Davina estão esparramados pelo chão. Um copo de água em cima do criado-mudo se encontra ao lado de um sanduíche mofado. Piper faz uma careta e me olha brava.

– O que foi? – Pergunto.

– Argh! – Piper diz sentando na minha cama. – Que foi? Você simplesmente some quando uma luta acaba. Você não come, não conversa e nem se abre. Sabe, se abrir um pouco é sempre bom.

– Pra mim é melhor assim. Vamos apenas continuar a missão, Piper. – Digo frio.

– Por que você continua a se esconder? Nico, todos estamos sofrendo pela... – Piper pensa um pouco. – ida de Davina, mas você não pode ficar assim. Até Lira já se recompôs um pouco. Você deveria descer e comer.

– Nem se você usar o charme, é sério, estou bem.

– Aham esta, eu vejo. Aposto toda a minha mesada que cada papel desses no chão é uma carta ou algo do tipo.

– Por favor, Piper, não estou afim de discussões.

– Tudo bem. Mas fique avisado Nico: O coração é mais leve quando encontra no que se pousar. Veja a cabine de Davina.

Dito isso Piper sai deixando a porta aberta e decido então ir pra cabine de Davina e ver do que ela está falando. No caminho encontro Lira que me puxa em um canto e fala:

– Nico, eu sinto muito por ter ameaço você e tudo isso. Davina... Ela se foi e eu nem me desculpei com ela, só me desculpa.

– Tudo bem. – Aceno com a cabeça e dou tchau.

Quando chego a cabine de Davina percebo que ninguém entrou lá dentro. Dou uma espiada pelo vão da porta e entro. Fecho a porta atrás de mim e caminho até cama de Davina e respiro fundo. Vejo um caderno de anotações, alguns livros em cima da mesinha e pego o meu livro preferido. Ainda reconheço os textos: “- [...] A cada dia você aprende uma coisa nova. Um bebê tem cérebro mas não sabe muita coisa. A experiência é a única coisa que traz o conhecimento, e quanto mais tempo você passa na terra, mais experiência você acumula.” O mágico de Oz. Minha ex professora do primário passou para nós lermos ele quando eu tinha apenas dez anos. Dou um largo suspiro contendo as lágrimas e continuo revirar as páginas. “- Eu sei que você tem muita coragem - respondeu Oz. - Só precisa de confiança em si mesmo. Não existe criatura viva que não sinta medo quando se vê diante do perigo. A verdadeira coragem consiste em enfrentar o perigo mesmo com medo, e esse tipo de coragem você tem de sobra.”

Pego o livro e me pergunto se ela iria se importar se eu reler ele. Por um impulso, abro o caderno de anotações e encontro alguns poemas e textos, tanto de sua autoria quanto não. Dois me chamam atenção: O primeiro é de sua autoria e não é bem um poema.

“Hoje É praticamente disse que amava minha irmã, fui tola em pensar que ele poderia me amar. Um velho amigo meu que já se encontra morto disse que sou como uma rosa: Quando estou feliz sou doce, quando estou triste murcho, quando estou brava espeto. Acho que ele sabia realmente quem eu era e me conhecia bem.

Nico realmente me machucou. Leo disse que nada é o que parece principalmente quando pensamos que achamos a verdade. Não sei qual é a verdade. Mesmo que Nico não tenha nada com minha irmã tenho que me afastar dele...”

Nesse ponto já estou chorando e leio o próximo poema.

“Sua pele é de um claro tecido
Todo costurado e refeito
Muitos alfinetes coloridos
Despontam-lhe á altura do peito” – Me surpreendo por ela conhecer esse poema, continuo recitando em voz alta.

– “Olhos que giram como discos,
Ela possui dois belos pares
Olhos de poderes hipnóticos
Olhos de apaixonar os rapazes.

Rapazes que coloca em transe,
Como verdadeiros zumbis.
É o caso de um zumbi francês
Que depois só dizia '' Oui ,oui ''...”

– Mas ela também tem uma sina
Que jamais pode ser quebrada
Se alguém dela se aproxima
Seu coração sente as espetadas. Tim Burton. Ótimo poema.

Do um pulo e limpo ás lágrimas dos olhos e reparo em Heitor encostado na porta.

– É... Me desculpa. - Digo. – Por estar mexendo nas coisas dela.

– Tudo bem. Acho que você poderia ficar com o livro e o caderno dela. Você vai conhecer Davina melhor lendo seus textos. Ela puxou a mim. – Heitor responde dando um sorriso.

– Tinha puxado. – Respondo friamente. – Obrigado.

– Ta ok.

Aceno com a cabeça e vou para meu quarto explorar o resto do caderno.

Pov – Percy

– Percy! – Levanto da cama escutando a voz de Annabeth – Rápido!

Subo as escadas e chego a base do navio onde um monstro gigante ataca o navio.

Parece uma mulher sereia dragão gigante: Da cintura pra baixo suas pernas são caudas de dragões, seus cabelos parecem uma mistura de dreadlockscom cobras gosmentas. Ela não parecia muito feliz e entendo porque. Ninguém seria feliz com essa aparência.

– É Ceto! – Annabeth grita. – Monstro do mar que devora almas!

– Entendi! – grito.

Olho em volta procurando alguma ideia. Destampo contracorrente e corto um cabelo da mulher dragão.

– Não vai adiantar! Tente leva-la o mais longe do navio! – grita Annabeth cortando as caudas.

– Tudo bem, vou precisar de fogo grego! Leo!

– Entendido chefia! – Leo diz correndo para as caixas de fogo grego perto do leme. – O que é pra fazer?

– Jason! Voe por cima do monstro e jogue na boca dela enquanto eu tento afasta-la! – Digo.

Jason assentiu pegando o fogo grego. Preparo-me e concentro toda a minha força empurrando Ceto o mais longe do Argo II. Ouço explosões vindas da boca da mulher dragão.

– Leo, agora!

Leo joga bolas de fogo no peito da mulher que rugi de raiva sem os dentes agora. Leo chama Jason e acelera o motor do navio acionando as velas.

Só descansamos quando tenho certeza que estamos longe da mulher. Respiro fundo e olho pro cabelo de Hazel que esta incrustado de safiras.

– Tentei faze-la comer diamantes valiosos. – Diz Hazel sorrindo.

– Aham – dou um sorriso – o que ela queria? – pergunto virando em direção a Annabeth.

– Uh, não sei. Alguma coisa de cadê a vinda. – Jason responde. – Boas vindas?

– Davina. – Annabeth corrige. – Ela estava procurando Davina para alguém. Ou só para sugar a alma da menina.

– Mas ela não sabe que Davina esta... Não esta mais aqui? – Pergunto.

– Deveria saber. Os monstros sempre são os primeiros a saberem. Eu não sei Percy. – Annabeth da de ombros. Eu sei o quanto ela odeia não ter respostas.

– Uh, pessoal. Vou ir lá dentre um pouco e tirar as pedras do meu cabelo. – Hazel anuncia.

– Percy, não é seu turno, você pode voltar a dormir. – Leo fala.

– Não, eu estou bem. Não conseguia dormir, e além do mais, sinto que alguma coisa não esta certa debaixo do mar.

– Você falou com seu pai?- Annabeth perguntou.

– Não, ele esta invisível desde que o Sr. D voltou ao Olimpo. Troquei umas palavrinhas com Tyson que disse ter sido mandado embora por um tempo e esta no acampamento agora. – Explico.

– Ham sim. Sem sucesso com a minha mãe também. – Diz Annabeth.

– Então teremos que esperar a próxima visita! Eu daria tudo para não ser outra mulher cobra comedora de semideuses. – Leo fala.

– Nem me fale cara. – diz Jason.

Sento-me no chão do navio e respiro fundo. Se Ceto estivesse atrás de Annabeth...

– Percy, você esta fazendo a cara de quem esta pensando em algo. O que esta acontecendo? - Annabeth me pergunta sussurrando.

– Nada. – odeio mentir para ela. – ta tudo bem.

– Não, não esta. Vamos cabeça de algas... – Ela se senta ao meu lado.

– Ta. Sonhei com uma voz, e essa voz dizia que eu iria perder você. Se Ceto estivesse atrás de você Annie... Eu não suportaria a ideia...

– Shiu. – Annabeth se aproxima e me beija. – Eu estou aqui Percy, ninguém vai me tirar de perto de você.

– Eu já disse que te amo hoje? – Pergunto.

– Não, mas vou perdoar você dessa vez. - Annabeth da um sorriso.

Melhor namorada do mundo.

Pov – Davina

Faz alguns dias que estou aqui nessa caverna. Deve ter se passado uns três ou quatro dias, não sei.

Lâmia tem sido estranhamente boa comigo. Em alguns de nossas milhões de conversas ela me contou um pouco a sua história. Zeus a amava, Hera tinha ciúmes e a amaldiçoou fazendo todos os filhos de Lâmia morrer. Demorou um tempo para ela contar-me que ela corroída de ódio, saiu matando e sugando a alma de várias crianças pelos vales da época fazendo Hera condenar Lâmia a não fechar os olhos, para nunca tirar a imagem de seus filhos mortos da cabeça.

Fiquei com pena dela que de acordo com a mesma, eu seria a menina em que tiraria a maldição dela. Não pude deixar de pensar em como eu tiraria.

– Vamos a nossa quarta lição querida. – Lâmia me chama.

Todos os dias Lâmia me ajuda a controlar meus poderes e a usa-los quando eu precisar.

– Querida, - ela colocou um copo com agua na minha frente – Explode esse copo.

– De novo?

– Sim, você demora uma década pra explodir eles fiquei até velha.

Rio um pouco. De acordo com Lâmia ela tem por volta dos dois mil anos ou mais.

– Tudo bem.

Concentro-me na água e nas vibrações sonoras que ela esta recebendo. O copo explode.

– Bravo! – Lâmia bate palmas. – cinco segundos, quase uma junior nisso!

– Já sou sênior. – dou um sorriso e toco no assunto que ela não gosta. – quando eu vou voltar?

Minha nova e única amiga que sabe que estou viva suspira.

– Talvez amanha. Você vai conseguir se virar com o básico que te ensinei.

– E quanto a você? E a maldição, diga-me como eu posso tirar ela de você! – Digo.

– Você me encontrará em breve minha querida. Quando você estiver em apuros, vou te ajudar. E também saberá no tempo certo sobre minha liberdade. – Percebo alguma coisa de diferente na voz dela, mas ignoro.

– Obrigado Lamia. Você poderia agora me falar um pouco o que tá acontecendo lá? Por favor...

– Ta, tudo bem. Nico está lendo o mágico de Oz...

– O que?

– [...] Annabeth está consolando Percy. Lira está brigando com Josh. Piper e Jason estão no pior clima por causa de Heitor. Leo está tentando arrumar um mastro do navio com Calypso. Frank e Hazel estão no momento romance deles.

– Você nunca vai me contar detalhadamente não é? – Pergunto.

– Não. Tem coisas acontecendo que você não deve saber. Agora vamos voltar á lição.

Lâmia me fez praticar um pouco de esgrima no resto do dia e eu não pude deixar de pensar em como ela foge quando o assunto é a liberdade dela.