Ghost escrita por Mrs Prongs


Capítulo 1
|| Ghost


Notas iniciais do capítulo

* Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom *

WHAAAAATSSUP BABIES?!
Nossa eu morri de saudades disso aqui, de verdade. Como vão amoras? Eu realmente espero que bem. E que vocês leiam isso, na verdade.
Bom, eu não estou totalmente de volta a ativa, porém senti uma mega saudade de escrever, e passei dois períodos da faculdade com a ideia dessa oneshot na cabeça. Tive que coloca-la no "papel". Não teve jeito. E então resolvi compartilha-la com vocês.
Eu tinha permitido uma amiga minha posta-la aqui no site. Ela foi a primeira pessoa a ler isso aqui. E ela perguntou se eu iria postar e eu falei que ainda não tinha certeza e ela falou que se eu quisesse ela postaria no cadastro dela para mim. E ela o fez, na verdade. (Obrigada Carol, você é um amor!)
Se eu não estou enganada ela ficou acho que dois dias on aqui no site, antes de eu pedir para a minha amiga exclui-la, porque eu resolvi postar no meu cadastro mesmo. Então gente, se algum de vocês viram essa one por ai (o que eu duvido), eu não estou plagiando a "Stilinski" okay? Hauhsuahs, essa one é totalmente de minha autoria. Afinal, eu sou uma pessoa que não suporta plagios.
Eu vou parar de falar e deixar vocês lerem. Eu realmente gostei de escreve-la, porque eu gosto de escrever sobre a morte do nosso eterno Fred. Praticamente virei a madrugada para escreve-la, então eu realmente espero que tenha saído bacana.
Mil e um beijinhos da tia Prongs aqui,

* Malfeito, feito.*



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“Você costumava me cativar
Com a sua luz ressonante
Agora sou limitada pela vida que você deixou para trás
Seu rosto assombra todos os meus sonhos que já foram agradáveis
Sua voz expulsou toda a sanidade em mim

Essas feridas parecem não cicatrizar
Essa dor é tão real
Há tantas coisas que o tempo não pode apagar

Quando você chorou, eu enxuguei todas as suas lágrimas
Quando você gritou, eu lutei contra todos os seus medos
E eu segurei sua mão por todos estes anos
Mas você ainda tem tudo de mim

Eu tentei tanto dizer à mim mesma que você se foi
E embora você ainda esteja comigo
Eu tenho estado sozinha por todo esse tempo.” – MyImmortal.

.

.

Angelina Jonhson Weasley, olhava fixamente para a xicara de chá fumegante em sua mão, sem realmente vê-la de verdade. Podia-se ouvir claramente o som da suave chuva que caía lá fora, o tempo em Londres completamente fechado. Não que isso fosse novidade – estávamos falando de Londres afinal. Lá sempre chovia – a grande cidade exalava umidade por si só.

Angelina achava isso calmante. O barulho da chuva. O clima completamente cinza. Era mórbido... e, por algum motivo, a fazia lembrar dela mesma. Durante todos esses anos, tudo o que era levemente melancólico chamava a sua atenção como faróis em neon.

Não que ela pudesse se dar ao luxo de ficar como estava naquele momento, o tempo inteiro. Ela tinha uma família para cuidar afinal. Um marido. Dois filhos. Dois filhos esses que a deixavam de cabelos brancos.

Mas naquele momento a grande casa estava completamente silenciosa, apenas o barulho da chuva contra as vidraças, chegando até ela. O lugar onde sempre se podia ouvir gargalhadas e conversas altas e animadas, estava silenciado, como se tivesse adormecido e a única pessoa ainda acordada fosse a mulher de cabelos negros, sentada em posição de índio no sofá.

Mas Angelina sabia melhor. Sabia que aquele silencio não era comum e também era bem justificado. Ela estava sozinha. Seus filhos estavam em Hogwarts, afinal, ainda estavam no meio do ano letivo. E o seu marido... bom, o seu marido, deveria estar visitando a família. As visitas à Toca estavam cada vez mais constantes e ela sabia que na verdade tudo isso era apenas mais uma desculpa para chegar cada vez mais tarde em casa.

Se há alguns anos atrás, falassem pra Angelina que seu casamento poderia se desgastar tanto ao ponto de acabar um dia, ela provavelmente teria rido da cara da pessoa, logo depois de azara-la, claro.

Mas hoje bom... hoje ela tinha serias duvidas quanto à isso.

A mulher de cabelos escuros, levou a xicara de chá – que ainda estava aquecido por causa de um feitiço – aos lábios, depois de dar um longo suspiro.

Era como se naquele momento, com todo aquele silencio, ele pudesse ter notado finalmente como as paredes da sua vida, do seu casamento, sempre foram finas. Frágeis.

Como se com qualquer sopro elas pudessem vir ao chão.

E Merlin, Angelina bem sabia o quanto havia ventado ultimamente.

A campainha tocou rompendo o silencio ao mesmo tempo reconfortante e aterrador, a sobressaltando e quase a fazendo derrubar a xicara em suas mãos. Ange – como, com um aperto no peito, ela se lembrava do apelido que seu marido havia lhe dado em tempos mais fáceis – sentiu a sua testa se franzir automaticamente enquanto se inclinava depositando o chá em cima da mesinha de centro e começava a se levantar.

Não conseguia pensar em uma só pessoa que pudesse a estar visitando naquele horário. Se Roxanny e Fred II estavam em Hogwarts, os amigos deles e primos também estavam, ou seja, com certeza não era visita de nenhuma das crianças em horários inoportunos. Conhecendo o marido como conhecia, ele não chegaria por tão cedo. Além do mais haviam tocado a campainha.

George Weasley não faria isso.

Normalmente ele aparataria dentro da casa e lhe daria o susto da morte. Ou aparataria fora, e abriria a porta da casa sem nenhum barulho, ou sem chamar a atenção da esposa. E ultimamente, ele evitava chamar a atenção dela a qualquer custo. Soava até como se ele próprio a evitasse.

O que Angelina, sinceramente, não duvidava.

Bom, podia ser um dos vizinhos – foi o que ela pensou meio duvidosamente enquanto caminhava até a porta. Mas aquele pensamento não a convenceu muito. A sua casa era situada em um bairro trouxa, próximo ao centro de Londres. E, considerando a família que possuía, os seus vizinhos não achavam que eles eram as pessoas mais normais do mundo. Muito pelo contrario. O numero de esquisitices, que eles provavelmente haviam visto sem querer e que não tinham explicações, foram avisos o suficiente e desde então todos pareciam manter uma distancia calculada da enorme casa pintada em tons alegres e festivos.

Angelina também não os culpava. Sabia o quanto o conhecimento dos trouxas eram limitados em relação à todas as formas de magia. E se ela não soubesse que bruxos existiam, também ficaria meio apavorada ao ver a cabeça de uma criança de 10 anos sumir dentro de um chapéu.

Claro que ela sempre podia culpar George por trazer as Gemialidades Weasley pra casa.

- Hermione? – Angelina falou com a surpresa estampada em seu rosto, assim que abriu a porta e deu de cara com a castanha, que estava perfeitamente vestida como se tivesse acabado de voltar de seu trabalho no ministério, e não havia sequer uma gotícula de chuva a molhado.

- Olá Angelina, como vai? – a mulher deu um sorriso calmo em forma de comprimento, não entendendo a surpresa da outra como uma ofensa, até porque de fato não era. Simplesmente visitas de Hermione assim, do nada e sem aviso, não eram nada comuns.

- Oh... bem. – Ange afirmou balançando a cabeça para se livrar do leve choque e oferecendo um sorriso de volta para a outra. – Vamos lá, entre. – abriu a passagem para a castanha que inclinou de leve a cabeça e murmurando um obrigada, entrou na residência. – Aconteceu algo? – se virou franzindo a testa para a mulher, depois que fechou a porta atrás de si.

- Eu estava na Toca. Achei que poderia te fazer uma visitinha. – Hermione brincou, não necessariamente respondendo a pergunta da outra. – Você parece meio surpresa.

- Apenas não esperava que você visse aqui hoje. – Angelina deu uma leve risada, indicando o sofá para que a outra se sentasse, e ela própria fazendo o mesmo em seguida. – Você disse que estava na Toca... – ela continuou de leve, franzindo a testa em certa apreensão. – Está tudo bem por lá? Aconteceu algo?

A primeira coisa que se passou pela cabeça dela foi o George que estava lá, e se questionou se estava tudo bem mesmo. Fazia anos desde que algum desastre acontecia. O mundo da magia estava finalmente em paz, mas bom... os resquícios dos velhos tempos nunca sumiam realmente. Sempre havia aquela centelha de medo – mesmo que esquecida ou ignorada – no coração de todos, se perguntando se outra tragédia tornaria a acontecer naquela família que já havia sofrido tanto.

- Relaxa, está tudo bem por lá. – Mione sorriu a tranquilizando, ao mesmo tempo em que a outra pegava a sua varinha, fazendo um gesto com a mesma e convocando outra xicara de chá para a castanha. – Mas todo mundo sentiu a sua falta. George está sempre lá, mas sempre sozinho, nunca com você. – ela completou despreocupadamente, dando um gole em seu conteúdo.

Angelina hesitou um segundo antes de responder, parecendo estar mais atenta ao liquido em sua xicara, do que a qualquer outra coisa. Sabia da inteligência excepcional da mulher a sua frente e se tinha alguém que poderia perceber o quanto as coisas estavam dando errado entre ela e George, esse alguém era Hermione Granger.

- Desculpe. Tenho andado ocupada ultimamente. – ela falou finalmente, erguendo os olhos para a castanha. – Muito trabalho. E o George sempre vai para a Toca, depois que saí das Gemialidades então... – Ange limpou de leve a garganta sem saber exatamente como continuar.

- Muito trabalho no St. Mungus? – Hermione perguntou como se não tivesse notado nada de estranho.

- Um pouco, sim. – a outra sorriu de leve. Sempre havia trabalho no St. Mungus. Bruxos que faziam feitiços que davam tremendamente errados ou então que acabavam encontrando pela frente plantas ou animais não muito agradáveis e seguros, que existiam aos montes no mundo bruxo. Era uma rotina na verdade. – Mas, com certeza, já teve tempos mais complicados naquele lugar.

- Tenho que concordar. – a castanha riu de leve, colocando a xicara em cima da mesinha de cetro que havia ali, olhando levemente ao redor. – É estranho entrar aqui e estar esse silencio. – pausa para ela rir mais uma vez. – Normalmente essa casa é sempre preenchida com gargalhadas. Gargalhadas e objetos suspeitos.

Angelina teve que acompanhar a outra na risada. Era a verdade. A casa deles era a casa favorita de todas as crianças na família Weasley, por motivos óbvios. E onde também uma pessoa sempre pensava duas vezes antes de aceitar algo de alguém, com medo de acabar com algum an... efeito colateral.

- É sim. Mas com o Fred e a Roxy em Hogwarts... – a morena sorriu levemente afetada e deu calmamente de ombros.

- As crianças fazem falta não é? – Mione suspirou como se entendesse exatamente como a outra se sentia. – Ainda é estranho vê-los embarcar para Hogwarts e então passar meses sem vê-los. Quando a Rose e o Hugo estão lá, é como se faltasse algo. O silencio absolutamente incomodo. Sinto falta de ter ambos sobre as minhas asas. – brincou no final.

- Sim. – Ange concordou segurando a xicara com ambas as mãos. – Fred e Roxy sempre foram muito independentes... – riu de leve e a outra sorriu. – Mas ambos são a alegria dessa casa. Mesmo que me deixem de cabelos brancos a maior parte do tempo.

- Pense por um lado: esse é o ultimo ano do Fred II em Hogwarts. – a castanha apontou.

- E então eu vou perde-lo para a Academia de Aurores. – Angelina suspirou dramaticamente, mas sorriu em seguida, onde se poderia notar uma pontada de orgulho. – Pra ser sincera eu sempre achei que ele fosse acabar assumindo as Gemialidades Weasley, porém a decisão dele me deixou... bom, não sei se feliz é a palavra. Mas orgulhosa, apesar de ser um trabalho perigoso. – acrescentou com uma pontada de preocupação.

- Fred é um garoto extremamente inteligente. – Hermione falou como se a tranquilizasse. – E bom, os aurores não correm mais tantos riscos como já correram um dia. Não existem mais tantos bruxos das trevas.

- Sei que não, mas acho que sendo mãe, não consigo deixar de me preocupar. Bobagem, eu sei. – a morena riu, colocando a xicara em cima da mesinha também e voltando a se sentar na posição índio. – E sem contar que tem o Harry pra ficar de olho nele.

- Nele e no James não é? – a castanha deu uma sonora gargalhada. – Aqueles dois... o numero de cabelos brancos do Harry vão aumentar.

- Sim, sim, eles herdaram o sangue maroto. – Ange riu também.

- Toda geração tem que ter aqueles que aprontam mais do que todos os outros. – Mione deu um suspiro dramático, sorrindo. – Primeiro teve os Marotos originais. Depois o George e o Fred... oh. – a castanha se interrompeu bruscamente, com a testa franzida, ao ver que o sorriso no rosto da outra havia sumido do nada. – Desculpa Ange. – acrescentou sinceramente.

- Não, não. – a morena tentou sorrir, apesar de ter sido uma tentativa sem muitos resultados. – Está tudo bem. É só que... – ela se interrompeu, sem saber direito exatamente o que era.

- Entendo. – Hermione ficou seria e Angelina se perguntou o que ela entendia, sendo que a própria sequer fazia ideia do que ela sentia. – Você quer conversar? – acrescentou olhando fixamente para a outra.

- Sobre? – ela deu um leve riso que era para soar descontraído, mas tudo o que conseguiu foi soar levemente nervoso.

- Eu sei que não é da minha conta Ange... – Mione começou calmamente. – E talvez eu não devesse me meter, mas eu senti que eu deveria fazer algo. Digamos que essa não foi apenas uma visita de cortesia. Precisava falar com você.

- Eu meio que esperava por isso. – a outra admitiu, respirando fundo e fechando de leve os olhos.

- O que está acontecendo entre você e o George? – a castanha perguntou delicadamente, e a morena abriu imediatamente os olhos, a olhando.

- Como assim? – seu tom soou meio defensivo, como sempre soava quando alguém mencionava o seu casamento.

- Você sabe... todos nós temos percebido o quanto afastados vocês vem andando ultimamente. – Hermione pegou a sua xicara novamente, falando enquanto olhava para a mesma. – Só que ninguém achou que deveria se intrometer. Achamos que fosse apenas uma fase e que com um tempo tudo voltaria ao normal, mas bom... isso não aconteceu, ao que parece. Então eu achei que seria uma boa opção conversar com você.

Angelina apenas continuou olhando fixamente para a castanha. Se fosse qualquer outra pessoa em sua frente, lhe perguntando aquilo... ela apenas a mandaria cuidar da sua própria vida. Mas estávamos falando de Hermione Granger.

Ange, sinceramente, não conhecia uma mulher mais inteligente do que aquela que estava a sua frente. E também sabia que se ela estava ali, se “metendo” em sua vida pessoal, é porque julgava que estava fazendo a coisa certa. Se tinha algo que a castanha não era, era invasiva.

Com um aperto no peito, a morena fechou os olhos e respirou fundo. Se o que Hermione dizia fosse realmente verdade – o que ela não duvidava – a situação estava muito pior do que ela pensava. Estava muito pior porque até quem não convivia debaixo daquele teto, já havia notado que as coisas não iam nada bem. Muito pelo contrario.

Tudo estava desmoronando.

- Você pode se abrir comigo Ange. – a voz de Hermione soou delicada, fazendo sua garganta se fechar com lagrimas que ela jamais deixaria sair. – Eu quero te ajudar.

Angelina reconhecia a boa intenção da castanha, mas não achava que ninguém pudesse ajuda-la naquele momento.

Sempre havia se orgulhado do seu casamento, não importava o que os outros diziam. E eles já haviam dito muita coisa. Afinal... ela havia se casado com o irmão gêmeo do seu namorado que jazia morto. Mas ela estava feliz. Ela amava George. E por ele havia ignorado todos os comentários maldosos e venenosos que escutava toda vez que saía na rua.

Ange julgava seu casamento como inabalável. Ele já havia passado por todos os julgamentos, por todas as criticas, e havia se mantido intacto. Mas agora... agora ela não tinha tanta certeza.

Ela se sentia se equilibrando na ponta de uma faca.

- Eu não sei. – a morena falou finalmente abrindo os olhos, sua voz soando embargada. – Sinceramente Hermione, eu não faço ideia do que vem acontecendo. Tudo está simplesmente... vindo a baixo. – ela abaixou a cabeça entre as mãos. – Eu sinto como se estivesse a poucos passos de perder o George. De ver nosso casamento acabar. Eu estou com tanto medo, e simplesmente não sei o que pensar. – soltou ainda com a cabeça em mãos e sentindo as lagrimas quererem sair.

Por um momento a castanha ficou em silencio, e Ange pode escutar os seus passos enquanto ela se levantava e se sentava ao lado da morena, a mão apoiada no ombro da outra. Como um conforto.

- O George fez algo para causar tudo isso... – a Mione tentou supor.

- Não. Não. – Angelina a interrompeu rapidamente erguendo a cabeça e suspirando. – Ele... não fez nada. É isso Hermione. Nenhum de nós dois fez nada. É só... – ela se interrompeu bruscamente.

- É só... – a outra a incentivou, suspirando em seguida, quando recebeu o silencio. – Pode desabafar Angelina. Eu estou aqui pra te escutar.

Ange sentiu as primeiras lagrimas começarem a correr pela sua face, enquanto passava os olhos pelo cômodo silencioso de sua casa. Como se ela visse algo que ninguém pudesse ver. Ela via memorias.

- Eu e o George estamos sufocando por todas as coisas não ditas. – a morena sussurrou entre lagrimas. – Eu costumava achar... costumava Hermione, achar que o nosso casamento era algo firme. Solido. Inabalável. Mas agora eu vejo que ele nunca passou de um castelo de cartas construído em meio a um vendaval. E que a qualquer hora viria a baixo.

- Você e ele já superaram tantas coisas... – Mione falou depois de um período de tempo.

- Você não entende... – Angelina a olhou através do véu de lagrimas. – É diferente dessa vez. Nós não brigamos. Nós não discutimos. Nós nos afastamos. É como se fossemos... dois completos desconhecidos que moram debaixo do mesmo teto. Quando as crianças estão aqui... bom, é como se eles preenchessem algo, e eu sinto que talvez pudéssemos superar isso. É como se o Fred II e a Roxy dessem vida a essa casa e eu sei que até mesmo eles já notaram que há algo terrivelmente errado entre George e eu. Mas quando eles não estão aqui, bom... isso acontece. – ela gesticulou ao redor. – Silencio. E nem quando o George está aqui esse silencio é preenchido. É como se chovesse quando ele está aqui e chovesse quando ele não está. Chegamos ao ponto de estarmos nos evitando Hermione!

- Por isso as constantes visitas a Toca. – a castanha adivinhou como se não soubesse mais o que falar. – E sem você.

- Exatamente. – Ange fixou seu olhar em um ponto qualquer da casa. – Ele faz o máximo que pode para ficar longe daqui a maior parte do tempo... longe de mim. E eu não posso culpa-lo. Sabe por quê? – ela olhou de volta para a outra. – Porque quando ele não está aqui, eu fico desejando que ele apareça, mas quando ele volta, eu desejo ainda com mais força que não fosse ele na minha frente. Porque simplesmente não nos sentimos mais bem um com o outro. Quando estamos juntos eu não faço nem ideia do que falar pra ele.

Ambas ficaram levemente em silencio, Hermione querendo falar algo que ajudasse a outra, mas, pela primeira vez em sua vida, sem palavras. Angelina respirou fundo olhando para as suas próprias mãos que estavam entrelaçadas em seu colo.

- E no fundo eu talvez saiba o que está causando isso. – ela sussurrou. – Porque eu acho que depois de todos esses anos juntos, eu e o George, pela primeira vez, estamos nos questionando se realmente fizemos a escolha certa.

Ouve um breve segundo de silencio, antes de uma Mione em choque se pronunciar.

- O que? – a castanha falou encarando a outra com os olhos levemente arregalados. – Você está se questionando se não errou em estar com o George?

- Eu tenho certeza que ele também se pergunta se ele não cometeu um erro ao estar casado comigo Hermione. – a morena balançou de leve a cabeça.

- Se tem algo que vocês dois não podem se questionar é isso. – Mione ainda estava incrédula. – Vocês dois se amavam. Se amam.

- Nos amávamos? Nos amamos? – Angelina revidou. – Sinceramente eu não tenho tanta certeza mais.

- Por Merlin, Angelina... – a castanha alterou de leve a voz. – Eu sei que vocês estão passando por uma crise difícil, mas se questionar isso...

- Por favor, Hermione... – Ange rolou os olhos, passando a mão no rosto para enxugar as lagrimas que insistiam em cair. – Você sabe tudo o que as pessoas disseram...

- Então é isso? – a outra a interrompeu erguendo as sobrancelhas, incrédula. – O que as outras pessoas disseram? Pensei que já tivessem superado essa fase anos atrás.

- Não é o que as pessoas disseram. – a morena balançou negativamente a cabeça. – É que pela primeira vez, eu me questiono se essas pessoas tinham razão.

Um silencio caiu sobre o cômodo, enquanto ambas se olhavam nos olhos. A chuva lá fora ainda caía, mais forte do que nunca.

- Você não pode estar se questionando isso...

- Não posso? – Angelina deixou mais lagrimas escaparem. – Me explica, se eu não posso, porque tudo isso está acontecendo? – a voz dela estava mais embargada do que já esteve antes. – Ele nunca nos deixou de verdade Hermione. Nós construímos uma vida na sombra dele. É como se o fantasma de Fred Weasley estivesse em todo lugar dessa maldita casa, durante todo o tempo, e eu só tivesse percebendo isso agora.

Mione tinha as mãos sobre o coração, que naquele momento estava apertado. Ela não sabia o que dizer. O que fazer. Queria confortar a mulher à sua frente naquele momento, mas também sabia que ela estava longe de qualquer conforto.

- Vocês dois viveram felizes por todo esse tempo, eu não acho... – mesmo assim fez uma tentativa.

- Eu acho que talvez... – Ange parou mordendo fortemente o lábio, ao ponto de sentir gosto de sangue em sua boca. Como se dizer aquilo provocasse uma dor física nela. – Talvez nós dois quiséssemos acreditar que nos amávamos durante todos esses anos. Talvez nós dois estivéssemos confundindo uma outra coisa com amor. E talvez só apenas agora, nós dois estejamos percebendo isso.

- Porque você acha isso?

- Olha para a minha vida Hermione. – a morena abriu os braços como se indicasse tudo ao redor. – Eu seria hipócrita se dissesse que não fui feliz com ela. Eu amo os meus filhos com a minha vida. Só que eu e George construímos uma relação a sombra do... – ela parou fechando os olhos e respirando fundo. – A sombra do Fred. – o nome saiu como um murmúrio sofrido dos seus lábios. – O Fred foi o primeiro amor da minha vida. – ela abriu os olhos e olhou para a castanha que tinha os seus cheio de lagrimas. – E eu acreditava que ele seria o amor da minha vida. E então, então... – um soluço escapou dos lábios dela. – E então tudo aquilo aconteceu.

Mione deixou uma leve lagrima escapar, enquanto afagava as costas da outra, e conjurava com a sua varinha, uma caixinha de lenços. Não sabia mais o que fazer. Ver a mulher a sua frente, que sempre foi tão enérgica e brincalhona, com uma aparência tão frágil, quebrava o seu coração.

- Eu estava destruída. – Angelina continuou num murmúrio. – Acabada. Era como... se minha vida tivesse perdido o sentido. Eu o amava Hermione. Com todas as minhas forças. E perde-lo daquele jeito... – ela balançou a cabeça focando seu olhar em um ponto qualquer. – E então tinha o George. Se alguém estivesse sofrendo tanto ou até mais do que eu, esse alguém era ele. Era como se um pedaço dele tivesse ido embora para sempre... o que de fato aconteceu. Éramos duas pessoas, totalmente quebradas que encontraram conforto uma na outra. – olhou de leve para a castanha, que apenas ouvia calada. – E talvez esse tenha sido o problema. Talvez foi aí que tenhamos errado. Talvez foi aí que todas as pessoas estavam certas. Não era amor Hermione. Confundimos esse conforto com amor. Esse curativo mal feito com amor. Porque quando ele olhava para mim, ele via uma lembrança viva do seu irmão. Algo que o deixava mais próximo do Fred. Algo que o confortava. Algo que ele se sentia na obrigação de proteger e cuidar... como se devesse isso ao irmão. E quando eu olhava para ele... – outro soluço escapou dos seus lábios. – Era como se por um minuto toda a dor desaparecesse e eu tivesse o Fred novamente.

- Angelina... – Hermione sussurrou com o coração partido abraçando de leve a mulher. Era horrível vê-la daquele jeito. Ambas haviam construído uma amizade. E não só uma amizade... elas eram família.

- Então os anos se passaram. – a morena continuou querendo colocar tudo para fora. – Eu me sentia bem com o George de um modo como não me sentia com mais ninguém. Ele era a única pessoa no mundo que conseguia me fazer rir e eu era a única pessoa no mundo que ele queria fazer rir. Tínhamos virado as pilastras que sustentavam o outro. Estávamos catando os pedaços e tentando seguir com a nossa vida. Então eu me vi não querendo estar com mais ninguém a não ser ele e também não me imaginava colocando ninguém no lugar que foi do Fred um dia. Mas o George... era tão parecido com o Fred. – ela colocou a cabeça em mãos mais uma vez. – Eu o conhecia a tanto tempo. Ele era tão familiar e me fazia tão bem. Ele havia me ajudado tanto... então nos casamos e eu descobri estar gravida do meu primeiro filho. – por um momento um sorriso lampejou no rosto de Angelina. Um sorriso feliz. – E colocamos o nome dele de Fred II. – um riso meio seco escapou dos lábios dela. – Era uma homenagem. Uma homenagem a pessoa que nós dois mais amamos na nossa vida. Uma homenagem ao herói que Fred foi. – ela olhou para a castanha mais uma vez. – Foi isso Hermione. O que me uniu com o George nunca foi amor. O que nos uniu foi o Fred. E a falta que eles nos fazia.

Ela ficou brevemente em silencio enquanto pegava a sua varinha e com um gesto dela, fazia o conteúdo da sua xicara e da de Hermione que estavam em cima da mesinha, voltarem a ficar quentes.

- Acho que nós dois começamos a perceber isso. – Angelina voltou a falar respirando fundo. – Acho que nós dois começamos a ver o fantasma do Fred por todos os lugares. Todas as palavras não ditas. Todas as duvidas nunca tiradas. Nós estamos quebrando por causa de tudo aquilo que não fomos um para o outro.

O silencio que se seguiu foi rompido por um som de aparatação, no hall de entrada da casa. O coração de Ange deu um salto sabendo exatamente quem era. Com pressa começou a enxugar as lagrimas que ainda rolavam em seu rosto, não querendo que ele a visse chorar. O que ela sabia que seria em vão. Ele sempre sabia quando tinha algo errado com ela e claro... veria também o rosto da mesma inchado e vermelho.

Com um aceno de varinha Hermione fez a caixa de lenços desaparecer e pegou a xicara em cima da mesinha. Seu olhar ainda era triste, mas ela forçou um sorriso cordial na tentativa de ajudar a morena.

- Ah... olá. – a voz rouca e tão conhecida invadiu os ouvidos de Angelina, que de costas para a porta, não se atreveu a se virar imediatamente. – Hermione, não sabia que estava aqui. – completou com uma voz levemente brincalhona, enquanto seus passos se aproximavam.

Se ela não estivesse aqui, ele provavelmente nem falaria comigo. Era a única coisa que se passava na mente da outra.

- Oi George. – a castanha falou com um sorriso e uma voz animada. – Pensei que seria uma boa vir fazer uma visitinha para a Ange. Fazia tempo que não a via. Estava com saudades.

- Ah... claro. – o tom dele mudou levemente e o silencio que se seguiu foi absolutamente desconfortável.

- Bom, eu tenho que ir. – tentando aliviar o clima Hermione se ergueu com um sorriso e brincando. – Daqui a pouco Ronald manda os aurores atrás de mim.

- Conhecendo o meu irmão, eu realmente não duvido. – George deu uma gargalhada. – Provavelmente ele acha que você fugiu com um bruxo melhor em Quadribol do que ele. Tenho certeza que ele ainda guarda magoas de Victor Krum.

- George. – Mione ralhou dando risada. – Me acompanha até a saída Ange? – completou para a mulher que ainda estava sentada, olhando para a sua xicara de chá e calada.

- Claro Mione. – ergueu de leve o olhar, dando um fraco sorriso.

Sem se atrever a olhar em direção ao marido, mesmo que, pela primeira vez nos últimos dias, sentia o seu olhar fixamente nela, ela acompanhou Hermione para fora da sala e em direção a porta de entrada, onde a castanha poderia aparatar.

- Vocês precisam conversar. – Mione falou em tom de voz baixo assim que ambas chegaram a mesma, olhando fixamente para a morena. – Todos casais passam por brigas e situações difíceis, Angelina. Merlin, eu sei disso mais do que ninguém! Talvez seu problema seja dez vezes maior do que muitos outros, mas se vocês conversarem vão se resolver. Pensa nos seus filhos. Você e George passaram muitos anos juntos. Uma relação assim não se constrói baseada em nada. Nem em dores.

Sem falar mais nada, a castanha deu um passo para fora da casa e com um “crack” alto, simplesmente desapareceu aparatando dali.

Ange ainda ficou por alguns segundos parada ali, refletindo sobre as palavras da outra enquanto observava a chuva cair. Ela, mais do que ninguém, queria acreditar em Hermione. Com um suspiro cansado, apenas entrou em casa, fechando a porta em seguida.

O silencio a invadiu.

[...]

Angelina estava mais uma vez sentada no sofá de sua casa, mas dessa vez, ao invés de uma xicara de chá, ela tinha em mãos um álbum de fotografias.

Ela se lembrava perfeitamente como através dos anos, ela o havia montado. Todas as suas memorias mais preciosas estavam ali registradas. Cada uma de suas lembranças mais felizes.

Com um sorriso saudoso, ela observava uma foto dela, ainda em sua época de Hogwarts, com as suas amigas do colégio. Ela estava montada em uma vassoura e acenava para a câmera com um sorriso no rosto. Se lembrava daquele dia. O dia que havia entrado para o time de Quadribol da Grifinória.

Passando a pagina, ela se viu orgulhosamente diante de uma foto dela, também com trajes de Quadribol. Mas dessa vez ela tinha no peito, reluzindo brilhantemente, o símbolo de capitã. Ela sorriu um pouco mais. Se lembrava muito bem das férias que descobriu que seria a mais nova capitã do time da sua casa. O modo como a alegria havia lhe inundado e o enorme senso de responsabilidade.

Ainda na mesma pagina, só que em uma fotografia menor, tinha uma foto dela, a frente de todo o seu time daquele ano. Todos eles acenavam para a câmera com sorrisos no rosto. Com um leve riso, ela reconheceu o Harry, tão diferente do Harry Potter de agora. Naquela foto ele ainda era um menino magro e desengonçado. Ela reconheceu ainda também grandes amigos e companheiros como a Catia Bell. Seu sorriso se tornou um pouco saudoso, quando também reconheceu os Weasley. Lá estava Rony. Ela deu um leve riso quando se lembrou o quanto volúvel emocionalmente o garoto era, apesar de um bom goleiro. O seu nervosismo costumava atrapalhar seu desempenho e ela lembrava de mais de uma vez, ter pensado em retira-lo do time por causa disso. Mas nunca o fez.

E lá também estava, os ainda, gêmeos Weasley. Sorrindo no meio de todo mundo e fazendo palhaçadas, mesmo na foto. Esse era o ultimo ano deles em Hogwarts. E essa foto havia sido um pouco antes deles abandonarem a mesma sem concluir o curso.

Angelina se assustou, quase derrubando o álbum, quando o silencio foi interrompido por uma musica alta. Ela reconheceu ser As Esquisitonas.

- Mas que diabos... – ela começou de olhos arregalados tentando procurar de onde vinha o som que preenchia o ambiente. Mas então com click ela reconheceu a musica e suspirou com um riso tremulo. – George! – gritou com um quê de divertimento na voz.

- Desculpe querida! – ouviu uma voz rouca gritar ao longe dando uma gargalhada em seguida.

Inevitavelmente Ange deu risada também, ao mesmo tempo em que a musica foi abaixada, sua melodia apenas tocando ao fundo. Ela conhecia aquela musica. Havia sido uma das poucas escolhidas pelo George e que passaram pelo aprovação da senhora Weasley para tocar no casamento dos dois. Bom, passar pela aprovação, ela não passou, mas mesmo assim George havia dado um jeito de “misteriosamente” ela aparecer na playlist. E então ela havia tocado enquanto os dois dançavam juntos. E tocado novamente na lua de mel.

E era a musica que normalmente preenchia sempre aquela casa. Em tempos mais fáceis.

Então um suspiro meio deslumbrado escapou dos lábios da morena, que fechou os olhos apenas sentindo a melodia e todas as lembranças que ela trazia. Se sentiu feliz pela primeira vez nos últimos tempos.

Som de passos a tirou de suas memorias e ela abriu lentamente os olhos para ver um ser ruivo entrando na sala, com um sorriso nos lábios. Um sorriso que fazia tempos que ela não via. Não destinado a ela.

Por um momento ela se perguntou se toda aquela crise e pensamentos foi imaginação da sua cabeça.

George continuava alto. Forte. Seus cabelos ruivos estavam bagunçados como sempre e caiam sobre os olhos castanhos esverdeados. Ele ainda não tinha um fio de cabelo branco. Algumas pessoas da família costumavam brincar e apostar que ele usava alguma poção para isso, fato que ele negava veementemente. E mesmo bem mais velho, ele ainda conseguia fazer Angelina se lembrar do George de Hogwarts. Seu marido ainda tinha o mesmo espirito jovem.

- Hey Ange. – ele falou se sentando ao lado dela. A morena piscou umas duas vezes meio em choque. Ela realmente estava falando com ela? A chamando pelo apelido? – Como foi o dia?

- B-bem. – ela limpou de leve a garganta tentando parar de olhar de olhos arregalados para ele. – Foi bem. E o seu?

- A mesma coisa de sempre. – ele falou animadamente. – As Gemialidades continuam vendendo bem como sempre e o Rony está me ajudando com uns novos projetos. Sinto que o Fred II não queira seguir os passos do papai aqui.

- Vou querer saber sobre esses projetos. – Angelina falou meio entorpecida.

- Depois. – ele olhou para ela e sorriu, seus olhos brilharam por um segundo. Ela não pode evitar sorrir de volta. – Que álbum é esse? – George desviou o olhar para o objeto que ela tinha em mãos.

- Ah... – a morena piscou uma vez se lembrando do que segurava e sorriu de leve olhando para as fotos. – O meu álbum.

- Havia me esquecido dele. – o ruivo comentou se sentando ainda mais próximo dela, seus braços se tocando enquanto ele se inclinava para ver as fotos. O cheiro dele a atingiu. – Eu me lembro desse dia. – ele riu apontando para a foto dela sozinha com o distintivo de capitã. – Me lembro também de ter achado que você fosse explodir com tanto orgulho próprio.

- Isso não foi verdade. – Angelina retrucou mas teve que sorrir.

- Claro que foi. – George rolou os olhos brincalhão. – Pensei que fosse fazer todos nós nos curvarmos diante de você, oh nobre capitã. – ela se permitiu uma risada com isso. – Também me lembro desse dia. – apontou para a segunda foto onde todo o time estava junto. A voz dele continuava leve, mas o sorriso de Angelina diminuiu um pouco ao saber quem também estava na foto. – Foi pouco antes de eu e o Fred deixarmos Hogwarts.

Quando ela não falou nada, ele a olhou de canto de olho, para vê-la mordendo o lábio fortemente, olhando fixamente para a fotografia. O ruivo suspirou.

- Acho que precisamos conversar. – ele falou agora com uma voz baixa e calma. A melodia se sobressaiu ainda mais naquela situação.

- Você acha? – Angelina deu um leve riso seco.

- Acho. – ele respirou fundo pegando de leve o álbum da mão dela e começando a passar as folhas. – Eu não sei o que vem acontecendo com a gente Ange. Só sei que as coisas não podem ficar mais assim. Temos dois filhos Angelina, e eles sabem que algo está muito errado. Temos que resolver isso.

- Me diga como. – ela olhou para ele. – Você tem me evitado George. Quase não nos falamos. E quando nos falamos... eu sinto como se algo estivesse extremamente errado. Eu comecei a me questionar...

- Se fizemos as escolhas certas. – ele a interrompeu e com surpresa ela viu que, por coincidência, ou não, ele havia parado na foto em que ela estava ao lado do Fred. Sabia que era o Fred por causa do vestido que ela usava. O vestido do baile do Torneio Tribruxo. – Se realmente nos amamos. Se tudo o que as pessoas falaram era verdade. Se nós construímos uma vida e uma relação baseada no fantasma do Fred. Se confundimos tudo com amor quando na verdade éramos um para o outro nada mais, nada menos, do que mais uma lembrança e um consolo da pessoa que mais amamos no mundo e que nos deixou para sempre. – ele fez uma pequena pausa olhando para a foto. – Acredite Angelina... eu me fiz as mesmas perguntas.

O coração dela estava acelerado, e ela sentia a vontade de chorar quase incontrolável. Sabia que as coisas se resolveriam ali, de uma vez por todas. Não importava qual fosse o fim.

Ela observou ele passar mais uma vez os retratos e parar em uma foto que ela conhecia bem. Eram ambos, ela e George, dançando juntos no dia do seu casamento ao som da musica que ainda tocava no fundo. Na foto, ambos olhavam para a câmera e sorriam e acenavam. Como se não pudessem pensar em estar em um lugar melhor. Ou com alguém melhor.

- E sabe a que conclusão eu cheguei? – ele voltou a falar rompendo o silencio e alisando de leve a foto. Ange fechou os olhos. – Que não. – ele falou a fazendo abrir os olhos num rompante, para vê-lo passar a pagina mais uma vez, sem olha-la. A foto que se seguiu fez um sorriso automático se abrir nos lábios dela. Era uma foto dos dois, com o Fred II e a Roxany. O Fred agarrado as pernas da mãe e a Roxy no colo do pai, querendo visivelmente sair dali. – Eu não confundi nada Angelina. Não vou ser hipócrita... no inicio, depois da morte do Fred, você foi a minha pilastra de apoio. E eu não me sentia bem se não tivesse com você. E sim, eu me sentia no dever de te proteger. Mas nunca foi só isso. Você me ajudou, você me apoiou, nós construímos algo. Com você eu vivi os melhores momentos da minha vida. Você me deu dois filhos perfeitos e uma vida perfeita e eu não pediria nada diferente. E eu te amo Angelina. – ele finalmente a olhou. – Eu daria minha vida pela sua.

Um breve silencio se seguiu e a morena sentia as lagrimas rolarem livremente por sua bochecha. George desviou o olhar do dela, para passar a pagina mais uma vez, o que mostrou mais uma foto deles dois, dessa vez uma mais recente. Ambos estavam nas Gemialidades Weasley e um Fred de 14 anos e uma Roxy de 12, corriam por ali. Ambos estavam encostados no balcão dando risada e olhando para as crianças. Então se viravam e se beijavam levemente sorrindo um para o outro.

- Eu não sei quando esse amor começou. Eu não sei se ele foi construído aos poucos. – o ruivo observava atentamente a foto enquanto voltava a falar. – Eu só sei que eu te amo, simplesmente. E isso não tem nada haver com o Fred. Tem haver com nós dois. Eu não te amo porque o Fred te amava, ou porque você me faz lembrar dele. Eu te amo e eu construí uma vida e uma família com você, porque você me completa. Porque eu fecho os olhos e não imagino mais ninguém ao meu lado. Eu, George Weasley, te ama. Não a metade dos gêmeos Weasley, como todo mundo me conhecia. Não um dos gêmeos... mas George. O George que você conhece e que pouca gente o fez. Esse George Weasley te ama. O George que não importa as circunstancias, te amaria de qualquer jeito.

Com um suspiro, ele calmamente fechou o álbum, o colocando em cima da mesinha antes de se virar para ela, que ainda chorava capciosamente, lhe olhando nos olhos.

- Mas e você Ange? – George pronunciou com uma vez doce. – Você esteve comigo durante todos esses anos por eu ser o George, ou por eu te lembrar o Fred?

Angelina ergueu lentamente a mão e tirou os fios ruivos que cobriam os olhos do homem a sua frente. Ela soltou um leve suspiro assim que sua pele entrou levemente em contato com a dele. George pegou a sua mão, e ela olhou para ver a sua mão entrelaçada com a dele, como um encaixe perfeito. Um encaixe familiar.

Seu coração batia num ritmo acelerado, e ela sentia como se pudesse se desfazer sobre o olhar dele. Enquanto o olhava tentou imaginar uma vida sem o George e consequentemente sem os seus filhos. Seu peito deu uma batida dolorida. Dolorida demais para ela poder suportar. Nada tinha doido antes assim. Nem a perda dele.

E então, todos os “eu te amos” trocados e todos os momentos juntos passou diante dos olhos dela, como um lembrete de onde Angelina Johnson pertencia.

Fred Weasley poderia ter sido o seu primeiro amor.

Mas George Weasley era e sempre seria seu amor para toda a vida. Aquele por quem ela mataria e morreria. Aquele para quem ela havia confiado tudo o que tinha de mais precioso. Aquele que havia lhe dado seus dois maiores bens no mundo.

Aquele que ela morreria, para não viver sem.

Angelina se inclinou na direção dele, seus lábios se roçando. George fechou levemente os olhos, e ela também, soltando um leve suspiro.

- Eu te amo George Weasley. – admitiu num sussurro. – Nunca, jamais, desista de mim.

No momento em que os lábios de ambos se tocaram, dando inicio a um beijo, uma leve brisa passou pelos dois, que estavam envolvidos demais naquele momento para notar.

Mas podiam sentir.

E naquele momento ambos, poderiam jurar, que em algum lugar, Fred Weasley sorria.


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