Quando finalmente passamos pela cerca eu voltei a respirar normalmente, dessa vez foi mais difícil chegar até lá por que eram muitas pessoas e pouco espaço, fora que tinha todo um malabarismo para passar pelos arames e latas. Mas assim que passamos, eu não pude deixar de sorrir (mais), afinal, finalmente estava em casa.

  - Por que ninguém ficou aqui? - perguntei quando entramos em casa. - Quer dizer, pra que levar Clary e Amy nessa coisa toda?

  - A gente bem que tentou deixar elas aqui - Jake respondeu - Que ia ser mais seguro e tudo mais, mas quem disse que elas gostaram da ideia? A ruivinha disse que iria procurar por você sozinha se nós não a levássemos conosco e Clary não ficou muito atrás, então resolvemos que era melhor, e mais seguro, não deixa-las aqui.

  Eu acabei rindo.

  - Vocês são de mais em?

  - Claro - Clary disse me soprano um beijo e eu ri um pouco mais.

  - Hum... Sem querer interromper o momento e querendo deixar bem claro que eu adorei a casa, mas onde vamos dormir? - Dylan perguntou arqueando uma sobrancelha e eu sorri pra ele.

  - Dylan! - Meg o repreendeu com um tapa no braço ele se encolheu um pouco.

  - O que foi? Eu tô morto! 

  Todo mundo riu e eu comecei a subir as escadas.

  - Os quartos são aqui em cima - informei e eles vieram atrás de mim.

  - Liz, agora que você voltou, você sabe me dizer onde a minha faca pode estar? - Amy perguntou enquanto subíamos as escadas, eu a olhei divertida.

  - Ben ainda não a devolveu, não? - quis saber surpresa. - Ele estava com ela no dia em que a Clary chegou.

  - Você!? - a ruivinha gritou para Ben antes dele disparar escada acima e ela o seguir. - Você disse que não estava com ela!

  - Hei vocês dois! Não se matem! - gritei para eles que já tinham sumido no segundo andar.

  - Aqui é sempre animado assim? - Meg perguntou divertida aparecendo ao meu lado.

  Acabei rindo.

  - Nem sempre, mas às vezes é bem pior.

  Quando chegamos ao segundo andar encontramos Amy tentando abrir a porta do quarto de Ben enquanto gritava com ele.

  - Se eu entrar ai, mato você!

  - Como se eu estou com a sua faca? - Ben provocou e as bochechas de Amy ficaram da cor do seu cabelo.

  - Liz... - ela choramingou se virando pra mim e eu respirei fundo e fui até eles, eu amava esses pirralhos, mas às vezes (quase sempre) eles me irritavam pra caramba.

  - Vamos Ben - chamei quando me aproximei da porta - Sai daí logo, além de termos mais o que fazer ainda temos visita, dá pra você parar de gracinha?

  - Se eu sair a Amy me mata – ele reclamou e eu sorri mesmo sem querer.

  - É - concordei - Mas se ficar aí, eu é que entro e mato você.

  - Ótimas opções - ele reclamou abrindo a porta e Amy fez menção em voar encima dele, a segurei.

  - Depois - avisei quando ela me olhou de cara feia. - Mais tarde você mata ele.

  - Clemência - Ben pediu estendendo a faca para a ruiva. - Por favor, prometo que não faço de novo, pelo menos não antes da raiva passar.

  Amy revirou os olhos guardando a faca no cinto e eu tive certeza de que a confusão já tinha sido esclarecida, mas agora havia outra com a qual me perguntar.

  - Pessoal, me desculpem​ a confusão, mas enfim, a gente tem um pequeno problema com os quartos - informei me virando para encará-los.

  - Que problema? - Meg perguntou curiosa e os outros me olharam interessados também.

  - Bem, é que só tem cinco quartos nessa casa, o meu que é no fim do corredor e Alex pode dividir comigo, dois quartos de hóspedes e Max pode ficar em um com a Rose, Clary e Jake estão dividindo o outro e os pirralhos já ocuparam os outros dois quartos, e ainda estão faltando você e Dylan, que, ou vão ocupar o quarto de um dos pirralhos ou dormir na sala. 

  - Há qual é - Dylan resmungou suspirando.

  - O meu quarto não! - disseram Ben e Amy ao mesmo tempo e logo em seguida se olharam feio. - Liz... - chamaram os dois ao mesmo tempo e eu quis muito sumir, só tinha chegado em casa há vinte minutos e já estava passando raiva.

  Respira e pensa, disse a mim mesma e assim o fiz. Uma solução, uma solução, uma solução... Continuei repetindo mentalmente pra ver se uma ia cair do céu, mas não caiu, na verdade uma ideia me veio depois de encarar o teto.

  - Liz? - Ben chamou e eu o olhei sorrindo, todo mundo estava me encarando.

  - Vocês podem ir se instalar se quiserem. E quanto a vocês - disse olhando para Meg e Dylan - Que tal o sótão? Lá não é exatamente um hotel cinco estrelas, mas o teto é alto e tem uma janela bem grande também, é claro que vai ter que dar uma limpada e achar o básico, tipo uma cama, mas pelo menos vocês vão ter privacidade.

  - É, pode até ser, mas por que outra pessoa não vai pra lá? - Dylan quis saber e como resposta levou outro tapa da namorada.

  - Essa é fácil Dylan - respondi divertida enquanto ele massageava o braço. - É por que a casa é minha, Clary tá grávida e o Max tá velho.

  - Como é!? - Max quis saber e eu lhe soprei um beijo.

  - Não tenho culpa se a verdade dói - comentei e o pessoal riu.

  Depois disso cada um foi resolver alguma coisa, Meg, Amy e Ben foram limpar o sótão, uma vez que Clary não podia subir por causa da barriga ela foi dar uma olhada na cozinha, o trio parada dura foi atrás de uma cama para Meg e Dylan e como Jake não foi convidado (os meninos realmente não foram com a cara dele, por que será não é?) ele resolveu ajudar o pessoal do sótão, quanto a mim, Rose me arrastou para o meu quarto (nossa, eu realmente estava com saudades daqui), ela só esperou eu tomar um banho rápido (banho finalmente!) e depois pegou os instrumentos necessários e pôs-se a me costurar, teve horas que eu tive que me segurar muito pra não gritar. Agora eu sabia o que os meus pacientes passavam sendo costurados por mim no fim do mundo.

  Quando Rose terminou ela avisou que ia ajudar Clary na cozinha e saiu, quando me vi sozinha em meu quarto ouvindo a voz das conversas do pessoal ao longe tive que me esforçar muito pra simplesmente não deitar na cama e dormir, por que vendo agora o fato de estarmos todos juntos aqui ainda parecia um sonho, mesmo que eu acreditasse fervorosamente que íamos nos encontrar ainda sim, era irreal de mais.

  Escutei um barulho do lado de fora e antes mesmo de alcançar a janela eu já estava com a minha pistola da mão (acho que estava com mais saudades dela do que da cama), mas felizmente não precisei usá-la. A fonte do barulho eram os meninos tentando passar os pedaços da cama (eles a haviam desmontado) pelos arames enquanto Max evitava que fossem devorados, parte do arame caiu e eu suspirei.

  - Vocês vão consertar isso ai! – gritei da janela e eles se viraram pra me encarar.

  - Grita mais alto que acho que os zumbis da rua de baixo ainda não ouviram! – meu namorado devolveu todo delicado e eu lhe soprei um beijo.

  Sai da janela e resolvi dar uma olhada no sótão, quando cheguei lá encontrei o pessoal no mais absoluto silencio empacotando as coisas pra levarem para a garagem.

  - Ótimo papo aqui, em? – perguntei irônica e Meg me olhou suspirando.

  - Acho que esses dois não se dão muito bem – respondeu no mesmo tom apontando para Jake e Ben.

  - São melhores amigos – comentei divertida.

  - Com certeza – Ben disse revirando os olhos e depois me encarando. – Por que, que a gente tem que aturar ele mesmo?

  - Ben, chega... – o repreendi, me sentindo um pouco mal, era obvio que Jake não era exatamente a pessoa mais amada por nós no momento, mas acho que ele já havia entendido isso sem precisarmos esfregar em sua cara. – Se não gosta dele não precisa ficar conversando com ele, mas também não precisa ficar mandando indiretas, Jake foi um babaca com a gente, mas ao que parece ajudou e muito você e Amy quando eu sumi, então eu sou grata a ele e fim da história. Tem algo mais que está afligindo esse seu coração ou posso ajudar vocês antes de ir ver se Rose e Clary conseguiram fazer o jantar?

  - Não tem nada, não – ele respondeu me encarando e eu sorri.

  - Isso é ótimo, vamos todos ser amigos, ou o mais perto disso que der, afinal vamos nos cruzar bastante nos corredores e Jake – chamei e ele me encarou com um meio sorriso. – Eu ainda estou de olho em você.

  - Sim senhora – respondeu sorrindo e batendo continência e eu revirei os olhos.

  - O que posso fazer pra ajudar? – quis saber e Meg me olhou feio.

  - Você não está com o braço machucado?

  - É, mas não tô morta – lembrei. – Quero ajudar.

  - Não precisa – disseram Jake e Ben ao mesmo tempo e depois se olharam feio.

  - Vocês estão me expulsando daqui, é isso mesmo?

  - Exatamente – Meg sorriu e eu suspirei derrotada.

  - Vou checar o jantar então, e ver se os meninos não foram devorados lá na cerca – murmurei começando a descer as escadas.

  - Agente encontra com você quando for colocar as coisas lá em baixo – Meg avisou e eu acabei sorrindo sorri.

  - Ok.

  Desci as escadas e encontrei Rose e Clary muito bem organizadas, elas haviam encontrado os enlatados e as panelas e pareciam no meio de uma discussão sobre colocar ou não outra lada de legumes no que quer que estivessem fazendo quando cheguei.

  - Eu acho que não precisa – Rose argumentou. – Já tem o suficiente.

  - Tem certeza? Você sabe que agora estou comendo mais do que devia e tem também o fato de que está todo mundo junto de novo, são muitas bocas famintas pra alimentar – Clary comentou e eu sorri.

  - Bocas muito famintas, devo ressaltar – disse e as duas se viraram pra me encarar surpresas e eu ri. – Acho melhor colocar mais comida, por que eu mesma sou capaz de comer uma latinha dessa toda sozinha, no estado em que estou.

  Elas riram e Rose deu de ombros.

  - Vamos colocar então – cedeu e começou a abrir a lata.

  - Como estão indo ai? Precisam de ajuda? – ofereci.

  - Não, está tudo bem – Clary garantiu – Você tem uma cozinha incrível e um monte de comida, acho que conseguimos nos virar.

  - Certeza? Por que já me expulsaram lá do sótão, por favor – choraminguei e elas riram.

  - Estamos bem – Rose garantiu. – Melhor você ir descansar.

  - Não quero descansar.

  - Ordens médicas – ela sorriu e eu fechei a cara.

  - Tudo bem então, vou ver se os meninos lá fora precisam de ajuda – resmunguei seguindo pra fora e ouvi Rose e Clary rindo, acabei sorrindo também. Qual a parte de “Eu ainda não morri” esse povo não entendeu ainda?

  Quando cheguei lá fiquei incrivelmente decepcionada, afinal de algum jeito os meninos tinham conseguido passar todas as partes da cama pela certa, até um colchão tinha, um colchão! Quando foi que eles fizeram isso? Me aproximei e percebi os vários zumbis mortos do outro lado da cerca, eles agora estavam colocando ela de volta no lugar, e dado o fato de que fomos eu, Amy e Ben que a fizemos, eles estavam tendo mais trabalho do que deviam.

  - Segura isso direito! – Max pediu tentando juntar duas partes do arame.

  - A gente ta segurando – Dylan reclamou segurando as partes no lugar junto com Alex.

  - Vocês são uns froxos mesmo – comentei divertida me aproximando e eles me olharam feio, me aproximei de Alex, lhe dei um selinho e depois me virei para Max – Se você passar o arame pelo outro lado vai ser mais fácil.

  Ele fez como eu disse e o prendeu poucos minutos depois, sorri e fiz uma reverência.

  - De nada.

  - Você é de mais mesmo – Alex disse sorrindo e me beijou, Max pigarreou e nós tivemos que nos soltar, de novo. Há qual é? Quando é que a gente vai poder se pegar em paz?

  - Não tão rápido pombinhos, a gente ainda tem que levar tudo isso lá pra cima – o estraga prazeres proferiu apontando para o monte de taboas que devia ser uma cama e para o colchão e eu suspirei, ia ser um longo, longo dia.