Me pergunto se... Aquele arrepio e aquele sentimento de estar sendo observado queriam dizer que o anjo da morte estava aguardando a chegada da minha hora pois ela não demoraria muito. Parei de respirar e o meu coração parou. Aquelas pessoas observaram o meu corpo por alguns segundos e Turner disse:

– Hum, parece que morreu de vez.

– Hehe, foi divertido. - disse Evan balançando o meu olho direito como se fosse um pêndulo - Fiquei até com uma lembrancinha. Acho até que vou mostrar pra Isabella o que vai acontecer com o próximo cara que "por os olhos" nela, hahaha!

– Que cruel! He he!

– Claro que tou brincando, huhu. Eu não sou um monstro.

Não é?

– Bem, o que vamos fazer com isso?

– Hum... Acho que devemos enfaixar a cara dele e largar o corpo por aí. Duvido que alguém o encontre, e mesmo se encontrar, não faz diferença, já que ninguém vai sentir falta dele.

– Mas por que enfaixar a cara?

– Imagine se alguém encontra e olha o que tem por baixo por curiosidade? Ha ha ha!

Os outros riram também. Logo em seguida eles, com uma faixa, enrolaram o meu rosto e jogaram meu corpo num canto qualquer. Assim, depois, ele foram embora.

Como alguém consegue ser tão repuguinante e cruel? Como puderam agir dessa maneira? E por que? Por que justo comigo? Por quê?! POR QUÊ?!?!

Tudo o que aconteceu, mesmo após eu ter morrido, eu tinha total conciência de tudo! O meu corpo não se mexia, eu não respirava, o meu coração não batia, mas, mesmo sem os meus olhos, mesmo sem poder ouvir realmente, mesmo sem poder sentir, eu VI, eu OUVI tudo o que fizeram comigo!!

Não era nada de "fantasma" observando como uma terceira pessoa, na verdade simplesmente era como se a minha alma ficasse presa no meu corpo! Então morrer é isso? Após a morte a conciência fica na pessoa apenas observando o corpo se decompondo? E depois, quando não restar nem mais os ossos? O que vai ser?!

Eu quero me mexer! Não quero ficar assim! NÃO QUERO!!

Não... Não... Calma, Andrew... Não adianta se irritar, não adianta nada. Por que... Não há nada que se possa fazer...

Há uma sensassão... Aquele arrepio na minha espinha de novo, dessa vez acompanhada de um formigamento. Foi se espalhando por toda a extenção das minhas costas até os meus membros e a minha cabeça. Isso... Está ficando desconfortável. Dor... Está ficando cada vez mais doloroso!

"Aaah! AAAAAAAAAHH!!"

Contraí o meu corpo inteiro enquanto liberava um urro. Eu... Eu me mexi?!

Como? Como?! Não era pra me mexer! Era pra eu estar morto!

Veio-me uma sensassão de medo, de confusão. O que está acontecendo comigo? Por que isso está acontecendo? Fiquei um tempo encolhido, tentando me acalmar.

Eu... Estou vivo... Ergui a cabeça e olhei em volta. Sinto a faixa envolvendo o meu rosto, mas eu estava conseguindo enxergar tudo como se fosse dia. Na verdade, eu enxergava tudo em preto e branco, mas isso não importa agora. O que aconteceu comigo?

Tremendo um pouco, pois não havia me caído a ficha ainda, tentei me levantar. Senti o meu corpo estava absolutamente pesado, eu quase não conseguia ficar de pé direito. Andei um pouco apoiando-me nas árvores. Através delas... Pude perceber o lago por perto. Andei naquela direção e realmente o lago estava lá.

Coloquei-me de joelhos diante da margem. Eu conseguia... perceber tudo na floresta. Algumas folhas caindo, uns animais pequenos dormindo, uma coruja voando... Minha cabeça dói. Eu estou confuso.

O que está acontecendo? O que está acontecendo comigo?

Enconstei as minhas mãos onde a faixa escondia a minha face. Tive uma sensassão estranha, eu não conseguia sentir onde era pra estar os buracos dos meus olhos, eu não consigo sentir onde era pra estar a minha boca. Não sinto nem o meu nariz, as minhas orelhas... Por quê?

"Ninguém vai nem lembrar do seu rosto. Pensando bem... No seu caso, ter um ou nenhum não faz diferença, não é?"

Aquelas palavras do Evan...

Coloquei minhas mãos sobre o chão levemente úmido. A água do lago perambulava e vez ou outra molhava as minhas mãos. Estava gelada, mas essa sensassão de frio não era um incomodo.

Fiquei um tempo imóvel. O que aconteceu comigo? O que eu sou pra não estar morto? O tempo que fiquei imóvel como se realmente tivesse morrido e o tempo que senti aquele formigamento desconfortável pareciam uma eternidade, quanto tempo realmente fiquei daquele jeito? Será que alguém poderia me ajudar? Alguém poderia me explicar?

Me levantei e segui andando cambaleante, sem rumo. Percebi que a frente havia uma parte sem árvores, uma rua, talvez. Movi-me mais um pouco naquela direção e de repente percebi pessoas se movendo por ela, então, pude ouvir as vozes deles. Aqueles... Aqueles malditos!

– Não creio nesse tipo de coisa!

– Aquele florista... Seria uma "penas" se acontecessse com ele algo igual ou pior do que aconteceu com o Slender a duas semanas.

– Melhor não fazer isso, Noah, vão acabar te pegando.

– Tou nem aí, com a grana da minha família posso fazer o que eu quiser, até evitar de ser preso.

Despresível... Você é despresível!

Dei um passo que acabou sendo em falso e eles ouviram o estalo de um pequeno galho se quebrando.

– O que foi isso?

Andei mais um pouco, me revelando. Eles me encararam por alguns segundos, então Black disse:

– Olhem! O Slender Man ainda está vivo! Ha ha ha!

Meu corpo inteiro tremeu de ódio. Eu não aguento mais! Não aguento mais ser tratado assim!

"Ainda assim... AINDA ASSIM ZOMBAM DE MIM!"

De repente, saiu algo de minhas costas que perfurou Black exatamente no coração. Vi que era algo similar a um tentáculo.

– Gah! O que é isso?! - Turner gritou.

Evan e turner ficaram apavorados. Fiquem! EU VOU MATAR VOCÊS!!

Dessa vez me concentrei e consegui fazer aparecer mais tentáculos. Turner e Evan gritaram e ambos correram. Não... He he! EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊS ESCAPAREM!

Turner estava mais perto, então, sem ao menos sair de onde eu estava, estiquei um tentáculo e o peguei pelo pé. Ele gritava "SOCORRO!" Enquanto eu o puxava. O ergui de cabeça pra baixo, então enfiei dois tentáculos dentro de sua boca. Ele tentava reagir, estava angustiado e sentindo muita dor, mas não parei. Ele merece morrer, OS TRÊS merecem morrar!

Atravecei o corpo até o outro lado, então quando cheguei lá separei os tentáculos e o corpo dele dividiu-se ao meio verticamente. Espirrou um pouco de sangue em mim, mas não me importei, ainda faltava um.

Olhei na direção onde Evan estava correndo. Ele estava um pouco distante, mas consego sentir exatamente onde ele estava. Dei um passo, e no momento que dei o segundo eu estava na frente de Evan. Como fiz isso? Não importava. Antes que ele tentasse se virar para fugir, dois dos meus tentáculos o emvolveram.

– Não! Por favor! Não me mate! Me perdoe! Me perdoe, por favor!

"Perdoá-lo?..."

– Por favor...

"Hu hu... Foi você quem me matou, como posso perdoá-lo? Depois de tudo que passei? Depois de todos esses anos com você e os outro me fazendo sofrer?"

– Não... Não... - ele estava morrendo de medo.

Ergui a minha mão direita, então lentamente desenrrolei a faixa que cobria o meu rosto. No momento que a tirei, ele gritou apavorado. Sim, era algo mais apavorante do que somplesmente ver o rosto de alguém com buracos na região dos olhos e a boca sanguerta. Al contrário do que era de se esperar, não havia um rosto lá, não havia nada, apenas o vazio. Não tenho face, não tenho face alguma!

"Foi você... FOI VOCÊ QUE FEZ ISSO COMIGO!!!"

Apliquei mais força em meus tentáculos e o apertei quebrando cada um de seus ossos. Coloquei alguns tentáculos em sua boca e seus olhos, destruíndo-o todo por dentro, para assim finalizar o esquartejendo em centenas de pedaços e uma enorme quantidade de sangue espirrar em cima de mim.

Morra! MORRA! MORRA!!!

Assim que terminei, me acalmei, então olhei em volta. Havia sangue e tripas pra todo lado. Eu... Os matei... Eu os matei!

Recuei um passo e no segundo encostei-me em algo sólido, era a minha casa. Escorreguei encostado na parede e encolhi-me. O que eu fiz? Eu os matei. Eu os matei!