Slenderman: Beginning escrita por Beyond B Nat


Capítulo 13
Ventos do tempo...


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ocorre nos últimos meses de 1914, ano que começou a Primeira Guerra Mundial.



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Passaram-se dias, semanas, meses, anos. Ao meu redor, apesar de evitar me aproximar excessivamente dos humanos, eu conseguia observer as mudanças que os ventos do tempo traziam. A maneira de pensar das pessoas, os meios de se deslocar, a eletricidade sendo usada além de simplesmente para ligar lâmpadas; as roupas mudando, crianças ficando mais tempo na escola e negros tendo um tratamento um tanto diferente da época em que vivi como humano (apesar de ainte ter situações em que são tratados como lixo). Muita coisa vi mudar, muitas coisas vi acontecendo com o país, com o mundo, inclusive o início de uma guerra na Europa.

Devo admitir que faz um tempo que não volto à "aquela cidade". Bem, voltei poucas vezes, fiquei todos esses anos indo para lugares aleatórias apenas observando... Também testando do que sou capaz. Com alguns humanos que tornei proxies pude perceber que consigo fazer uma ligação com nossas mentes, até mesmo passar um pouco dos meus poderes, apesar de não ser tão forte e ter certo limite de o quanto ele pode ter. Se for de mais, o proxy pode morrer, afinal, não passa de um humano.

Aliás, com o desenvolvimento das tecnologias, pude perceber que consigo interferir em aparelhos elétricos. Piscar luzes, mexer com o funcionamento de alguns equipamentos... Deve parecer um pouco assustador. Interessante que, com o tempo, eu tenho ficado um pouco curioso em saber como é o nível de medo que as pessoas podem sentir. Creio que eu não era assim, mas parei de tentar comparar a pessoa que fui com o que eu sou faz anos.

Numa cidade ao sul do país, um rapaz de 14 anos, Jonathan Blake, chamou minha atenção, tive "aquela sensação". Ele morava sozinho e se prendia em sua própria solidão, não conseguia se relacionar tão bem com outras pessoas, após a morte de seus pais, mas ele não se importava tanto. Para preencher seu tempo ele fazia marionetes, esses eram os seus "amigos".

Certa noite, após ter testado o quanto posso influenciar nas ações de um humanos sem que ele perceba ou ao menos comece e ficar louco, senti vontade de observar um pouco aquele garoto. Faz um bom tempo que não faço isso, talvez eu possa olhar um pouco na mente dele o que ele irá se tornar, bem que tenho a impressão de que, ao contrário de como acontece com os proxies, isso não necessite da minha interferência. Bem que são poucas as vezes que decido transformar um humanos em proxy, não vejo tanta necessidade, por hora.

Quando cheguei na janela do quarto do garoto, vi uma figura estranha ao mesmo tempo familiar. Era uma criatura de pele acinzentada, corpo magro possível de se perceber alguns ossos e dedos extremamente compridos. Ele olhou em minha direção e pude me lembrar. Essa coisa já vi antes, numa vez que acordei no meio da noite, aquilo sentado no canto da minha cama como está agora...

"Faz muito tempo..."— Saiu uma voz fraca e rouca dele, porém, como posso ler a mente dele, pude entender apesar dele falar uma língua estranha.

Transportei-me para dentro do quarto. O garoto dormia profundamente se segurando a um boneco que, aparentemente havia acabado de fazer nesse dia. O quarto dele tinha várias marionetes.

"Então você lembra de mim? O reconheci por que cheguei a vê-lo."

" Você tem sorte, se eu tivesse percebido que me viu, eu teria te matado. Seria um desperdício... Senti que viria algo interessante de você... Aliás, você mudou bastante, mas Smile já comentou como você provavelmente estaria hoje..."

"Algo interessante?"

"Você também sente, não é? Aquela sensação de 'algo diferente' em um humano... Algo que diga que um dia o humano vai se tornar um monstro como você..."

"Oh, sim."

"Tenho pena das pessoas que observo... Se não acontecer algo antes que o seu monstro desperte, se torna algo como eu, Carazi, Smile, você... Um monstro, uma besta, uma criatura temida... Você... Ainda se lembra como era?"

"Claro que me lembro. Onde quer chegar?"

"Eu não me lembro mais... Eu poderia ser lógico e pensar 'eu fui um humano e me tornei uma besta', mas... Não me lembro... Não me lembro se já fui mesmo humano... Pra mim, sinto que sempre fui uma besta... Eu já vi Carazi antes de ser o que é. Ele era uma criança de 6 anos. Ele pode saber que é uma criança, pois mantem-se infantil, mas vá perguntar a ele se ele sabe como é ser humano? Ele não lembra... Talvez por ser muito novo esqueceu bem rápido... Alguma hora você vai perder e esquecer totalmente seu lado humano. A tendência é essa."

"Não quero ser rude nem ofendê-lo, mas acha mesmo que eu me tornaria uma BESTA como você?!"

Eu posso não ser mais humano, mas não quero esquecer que já fui. Não, não vou esquecer. Eu não sou igual a ele e ao Carazi...

"Me diga apenas uma coisa. Você sabe o seu nome, Slenderman?"

Nesse momento me silenciei. As palavras do Rake me irritaram, era como se dissessem que não tinha saída, não sou mais humano e, não importa o quanto eu aja como uma pessoa civilizada, sou uma "besta", um "monstro", uma "aberração", um "demônio", uma "coisa". Não sou capaz de aceitar isso, sei muito bem que posso ser um ser racional e não uma criatura que age como um animal, como o Rake e o Carazi. Não me lembro o meu nome, apenas como sempre me chamaram, Slender, porém, não sou obrigado a ser igual a eles. Não sou obrigado a desistir de ser um ser racional mesmo não sendo mais humano.

"Então? Qual sua resposta? Não se lembra?"

Ignorei por uns segundos suas perguntas me aproximando do garoto e vendo um pouco de sua mente. Rake está errado...

" Eu sou o Slenderman, esse garoto será O Marionetista, e uma coisa posso dizer: Nem ele nem eu somos obrigados a desistir como você o o Carazi desistiram. Não sou obrigado a ser uma besta como você. Se desistiu do seu lado civilizado o problema é seu, não chegue dizendo que isso é inevitável."

"Certo, se essa é sua resposta, não vou questionar..."

Percebi o garoto se mexer levemente. Ele vai acabar acordando.

"Eu já estou indo"— Rake falou. - "Me dê notícias quando se tornar a mesma coisa que eu."

"Então nunca mais nos veremos..."

E eu antes achava que eu era pessimista... Desviei meus pensamentos e transportei-me para a floresta. O silêncio desse lugar é tão tranquilo... Percebi uma presença humana, era uma garota. Oh, sim, esqueci que tinha criado mais um proxy enquanto estava aqui.

— Você demorou muito, mestre. Estou congelando... Ah! Podemos fazer uma aposta, sobre o que anda acontecendo? O mundo estão tão agitado com a guerra que está acontecendo na Europa, acha que até que expansão vai chegar?

"Não sei... Uma Guerra Mundial?"

— Uau! Isso seria um caus!

"Não duvido muito isso vindo dos humanos."

— Fingem que não, mas no fundo todos são monstros, não é?

É... Exatamente... Por isso não acredito que Rake esteja certo. Não sou obrigado a ser uma besta só por que não possuo aparência humana.

"Sim. É isso mesmo."


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