O Naufrágio Bel'ville escrita por Dreamy Impossible


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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No ano de 2024:

Era uma tarde tranquila no navio de pesquisa, as águas do Pacífico estavam calmas, o sol estava se pondo, seus raios faziam um lindo contraste na água tornando o lugar uma linda paisagem. Era difícil de se acreditar que, num lugar tão belo, ouve tamanha desgraça no ano de 2012. 768 mortos. A noticia do naufrágio de Bel'ville rendeu uma grande repercussão na mídia, por muito tempo só se falavam nisso, também pudera, um navio de alta classe, com tanta segurança e equipamentos, frequentada apenas por famílias ricas e milionárias, é realmente difícil de se acreditar que o acidente havia sido provocado por um simples erro de projeto. E hoje, depois de doze anos, ainda ocorrem pesquisas sobre o caso, em buscas de objetos, indícios ou qualquer outra coisa que ajude a explicar o que realmente aconteceu naquele navio.

O Capitão responsável pelas pesquisas no local, observava seus homens trabalhando, quando uns de seus subordinados o chama.

—Senhor, os pesquisadores encontraram um velho criado-mudo com algumas coisas.

— Que tipo de coisas? Perguntou desinteressado.

— Objetos pessoais, algumas fotos, roupas aparentemente femininas e uma fita de vídeo simples.

— Fita de vídeo?

—Sim, ela já foi encaminhada a equipe técnica e aparentemente, eles disseram que podem recuperar uma parte das imagens gravadas.

— Ótimo, agradeço a informação, avise a equipe que irei para lá em vinte minutos.

— Sim, senhor! Respondeu o subordinado se retirando.

Após o tempo dito pelo capitão, ele comparece a sala técnica do navio, e por sorte, a equipe tinha conseguido recuperar um pequena parte da memoria da fita. O capitão não conseguia acreditar, após anos do naufrágio, era quase impossível que fita não tivesse sido destruída totalmente. Assim, logo após isso, eles colocaram a fita para rodar.

...

Nas imagens aparece uma menina, que deveria ter entre sete e nove anos, seus olhos azuis expressavam curiosidade diante da câmera, ela parecia tentar arrumar a câmera para que a mesma ficasse no ângulo certo, seus cachinhos ruivos balançavam ficando um pouco em frente de seu rosto. Ela consegue arrumar a câmera e se afasta sorrindo.

— Oi, meu nome é Bianca, tenho oito anos e estou dentro de um navio enorme! Não tem muitas crianças aqui, é muito chato! Queria que Lívia estivesse aqui.- Ela faz uma pausa antes de continuar. — Sinto saudades dela, ela é minha melhor amiga...

— Pegando as coisas de novo, Bianca? Se ouve um baixo suspiro ao fundo das gravações, mas ninguém aparece. Bianca parece surpresa.

— Desculpe, irmã. Eu estava com tedio, e lembrei que você sempre faz isso quando se sente assim, então eu... me desculpa. Falou a menina olhando para baixo, ela parecia um pouco arrependida.

Então, finalmente, nas imagens aparece uma adolescente, ela deveria ter entre quinze e dezessete anos. Ela tinha, diferente de sua irmãzinha, cabelo negro e liso e olhos verdes.

— Ei, não precisa ficar assim também, eu entendo que está com tedio. Disse a adolescente sorrindo e se sentando ao lado de Bianca antes de continuar — Deixe eu te ajudar então, okay?

Bianca assentiu.

— Bem, hoje é dia primeiro de maio de 2012, eu sou...

As imagens simplesmente somem, algo normal de se acontecer, até porque, a equipe apenas tinha conseguido recuperar algumas partes da memória. Mas logo depois voltam. Com sons de risadas.

As imagens reaparecem, as duas irmãs estão rindo, como se algo super engraçado tivesse acontecido, elas estão abraçadas.

— Mas é verdade, isso sempre acontece. Disse a garota mais velha segurando o riso.

Um estrondo é ouvido ao fundo, o que assusta as duas garotas.

— O que foi isso? Bianca pergunta.

— Não faço ideia. A mais velha responde.

— Priscila, você pode vir aqui um pouco? Uma nova voz feminina surge ao fundo, com um timbre um pouco preocupado.

— Claro...Espere um pouco, tudo bem Bianca?

Então, Priscila solta sua irmã que a observa preocupada e se levanta, sumindo da visão da câmera, mas é possível ouvir a conversa ao fundo.

— Oque aconteceu, Patrícia? Priscila pergunta um pouco baixo num tom preocupado.

— O navio, ele está com um problema. Responde a voz que se chama Patrícia.

Nada mais é falando, só se ouve passos rápidos, como se alguém estivesse correndo.

As imagens somem novamente, demoram um pouco mais que da ultima vez, mas voltam.

Dessa vez, é possível ver Bianca no colo de outra garota, um pouco parecida com sua irmã, porem essa tinha cabelos encaracolados e azuis, algo muito incomum.

— Por que minha irmã saiu correndo? Aconteceu alguma coisa, Sabrina? A menor pergunta preocupada.

— Não se preocupe, querida, sua irmã foi resolver um assunto, mas está tudo bem, então se acalme. A garota Sabrina tinha uma voz calma é doce, após falar essa frase, abraçou ainda mais a menininha.

— Então por que Patrícia parecia tão preocupada com algo? Por que minha irmã estava tão assustada? -ela deu uma pausa — Estou com medo, Sabrina.

Sabrina apoia sua cabeça em cima do ombro da pequena, ela parecia um pouco preocupada. Mas logo solta um curto riso e fala.

— Quantas perguntas, Bianca. Sabrina levanta o rosto e encara a menor, ainda sorrindo e complementa — Não precisa se preocupar, você não confia na sua prima?

—...Confio.

As imagens falham um pouco, mas a cena continua.

—Já está na hora de dormir, Bianca.

— Não vou dormir até minha irmã chegar.

Logo após isso, as imagens somem de vez, os técnicos tentam colocar a ultima parte que conseguiram salvar, demora, mas então, elas voltam.

Agora, Priscila já está de volta, e está abraçando a irmã, mas dessa vez, seu rosto não está mais alegre como da ultima vez.

— O que ouve? Pergunta a pequena.

Como não ouve resposta, ela prossegue.

— Onde estão papai e mamãe?

Sabrina, que nas imagens está de pé, ao lado de uma ruiva, que provavelmente é Patrícia, olha para baixo, triste.

Ouve um silencio muito grande, Priscila fitava o casco do navio, Sabrina fazia o mesmo, até que a ruiva quebra o silencio.

— Priminha fofa do meu coração. A ruiva se agacha na altura de Bianca e encarra seus olhos azuis dizendo — Está tudo bem, não ocorreu nada demais, seus pais estão bem... desculpe te preocupar. A ruiva se levanta e sorri.

— Mas....

— Esta na hora de alguém dormir. Pronuncia Priscila olhando para Bianca, ela tentava passar uma calma e sorri forçado. — Você deve estar cansada.

— Não estou com sono. Bianca diz, mas logo depois começa a bocejar. — Talvez só um pouco.

Priscila sorri e pega sua irmã no colo. A criança se aconchega nos braços da mais velha, que como consequência, seus olhos se enchem de lagrimas.

—...Eu amo vocês. Bianca diz antes de adormecer.

O silencio reina na sala novamente, até que um estrondo é ouvido.

— Que bom que Bianca dormiu... Pronuncia Patrícia.

Mas barulhos são ouvidos, barulho de agua entrando.

— Espero que isso acabe logo... Priscila diz.

— Existe mais alguém vivo? Sabrina se perguntou

O barulho aumenta. Sons de agua vindo em alta velocidade em direção a sala.

— Eu e Patrícia procuramos em todos os lugares que ainda não haviam sido submersos, mas não havia ninguém...Todos estão mortos.

— Sinto muito pelos seus pais, Priscila..

— Isso não importa mais... Priscila fecha os olhos com força e se concentra no sons altos vindos de fora. Estava chegando. — Fico feliz que Bianca tenha vindo para os dormitórios, assim ela não vê o tamanho da desgraça que aconteceu lá em baixo. Priscila abraça mais a irmã.

Agua entra no cômodo.

— Eu queria poder me despedir da minha mãe... eu a amo tanto, não quero faze-la sofrer. Patrícia diz com lagrimas.

— Eu daria tudo...tudo para que Bianca continuasse viva, ela... não merece isso. Priscila pronuncia deixando sua voz morrer no final da frase.

Aguá sobe, mais barulhos, o navio está afundando mais. As garotas não falam mais nada, apenas, dão as mãos e fecham os olhos, as imagem somem.

...

Na sala técnica, o silencio é grande, uma mulher que trabalhava junto com os outros técnicos fica aparentemente muito sentida com as imagens, até porque, ela tem uma filha com a mesma idade de Bianca.

— É só isso que conseguem recuperar? Pergunta o capitão quebrando o silencio.

— Sim senhor, mas nós podemos tentar recuperar mais, mas mesmo que conseguíssemos, seria uma parte muito pequena...

— Entendo, continuem o processo de recuperação.

— Sim, senhor.

O Capitão saiu da sala, ele estava serio, vai para o convés, já está de noite, o céu estrelado reflete na água, é uma linda visão. Mas não para ele. Ele olha para cima, fecha os olhos e suspira. Parece estar triste. Ele coloca a mão no bolso e tira uma foto. Nela está: ele, com uma aparência mais jovem, mais três meninas e uma bebe de colo em seus braços. Uma lagrima desce de seu olho esquerdo e cai em cima da foto. Ele aperta mais a foto e começa a encara-la.

— Por que eu permiti que vocês entrassem naquele navio... Mais lagrimas caem em cima da foto. — Maldito Bel'ville !


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Notas finais do capítulo

Espero ter agradado, obrigada por ler e por favor, comente a sua opinião e deixe um autor feliz. c:
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