Cinde...rela? escrita por Devvy


Capítulo 9
Um pequeno corpo


Notas iniciais do capítulo

Tentem não chorar-q (duvido que alguém chore com isso xDD )



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Dia X/XX/18XX

Como não me sinto muito bem esses dias anteriores resolvi ir ao médico e no caminho encontrei com uma mulher sendo apedrejada por crianças, eles gritavam “Bruxa! Bruxa!” enquanto ela era levada por homens que provavelmente eram mandados do rei para prende-la e mata-la em seguida.

Apertei mais o chapéu na minha cabeça com mais força, esses últimos dias tinham sido o inferno. Quatro noites, quatro mulheres. Todas haviam sido acusadas de bruxaria, uma delas era uma amiga antiga minha. Vi suas lágrimas descerem pelo seu rosto pouco antes de ser queimada viva, ela implorava por misericórdia, suplicava pela vida, implorava para aqueles homens a libertarem, mas eles eram inflexíveis e a queimaram sem dó nenhuma, tentei não olhar muito para o seu rosto de desespero, o que era impossível, aquele olhar desesperado e sedutor de poucos minutos antes da morte era... Encantador...

Oh, Céus! O que estou pensando?!

[...]

Estava chegando perto da casa do Doutor Isaac ele sempre foi um homem bom, que costumava atender minha mãe e a mim quando mais nova. Fazia pelo menos uma década que eu não o via e imaginava que ele já estaria com uma barba bem grande e branca.

Ao me aproximar da porta ela se abre, como se ele estivesse esperando por mim.

–Rebecca? Rebecca Makdonsy?- Dr. Isaac perguntou num tom alegre

–Dr. Isaac! –Eu o abracei e senti novamente o calor humano que a muito tempo não sentia, quando soltei-o percebi que ele já estava ficando velhinho e estava, pelo menos, um palmo menor que eu.

–Venha querida, entre!

–O senhor não vai sair não?

–Claro que não querida, onde um velho como eu iria a essa hora da manha?- Ele falou num tom divertido, era como se eu estivesse voltando a ter seis ou sete anos.

[...]

Depois de uma série de diagnósticos que eu não os entendia muito bem ele me olhou sério.

–Estou assustado! Você tem diversas marcas e cortes pelo corpo querida. O que aconteceu?

–Acidente de trabalho doutor... Você sabe como são esses trabalhos de hoje em dia né... –Esbocei um sorriso amarelo, ele me conhecia o suficiente para saber que eu estava mentindo mas, me conhecia mais ainda que por mais que ele me pressionasse eu não o contaria nada.

–Aham... -ele suspirou- De qualquer forma, eu tenho uma boa noticia para você querida.- ele me olhou no fundo dos meus olhos e aqueles olhos azuis deles dançaram ao pronunciar as seguintes palavras- Você está grávida Rebecca...!

–O-Oque?!- Como eu podia estar gravida? Era impossível, tinha que ser!- De-deve ter algum engano!

–Não querida, fiz um exame bem detalhado e com as descrições que você me deu, não há sombra de dúvidas, há um bebezinho dentro de você. E então querida, quem é o felizardo papai? Caramba, já estou velho mesmo! Quando te atendi pela ultima vez você era desse tamanhinho e agora... Rebecca você está bem?! Está pálida...

–Hã? E-eu estou bem... – O que eu faria com mais esse problema? Essa porcaria que estava crescendo dentro de mim é fruto de Mark.

Levantei-me bruscamente, uma sensação horrível dominou meu corpo. O que eu iria fazer? Peguei os papeis que Isaac me deu e sai o mais depressa possível sem ao menos me despedir dele.

[...]

–Mas que droga! - Eu estava sentada ao lado do vaso, tinha acabado de vomitar- Suspirei profundamente diversas vezes para que aquela sensação de enjoo passasse logo. Eu estava nua quando me olhei para o espelho minha barriga... Eu tinha reparado que ela estava pouco maior mais nunca pensei que... Droga! Quantos meses ele tinha me falado mesmo? Três, quatro meses?! Eu tinha que me livrar dessa semente ruim que haviam plantado em mim.

[...]

“Você consegue... Você consegue...”- Eu repetia para mim mesma enquanto estava na banheira do meu quarto.“Respire fundo, conte até três e vá...”Eu tinha que fazer isso. Tinha que tirar aquela criatura indesejável de mim. – “Um...”Foi de um amor forçado... Eu nunca o amei“Dois...”Fruto do proibido, do cruel“... Dois... Do-Dois...” Eu não consigo...

Larguei aquele pedaço de arame do lado da banheira, não conseguia fazer aquilo. Era crueldade demais. Era apenas um bebe... Não tinha culpa, quem já devia estar morto, estava. Alisei minha barriga. Assim que ele nascesse. Iriamos fugir, se eu fugisse agora, não teria como me alimentar ou casa para morar. Seria considerada uma bruxa como sempre fui considerada graças ao meu cabelo e seria queimada viva. Na sorte, apenas seria apedrejada até eu abandonar a vila, mas eu não podia me arriscar. Não agora.

Levantei daquela banheira e deixei-me na cama e prometi a mim mesma que aquela criança jamais sofreria como eu sofri. Nisso eu apenas o sono me levar.

[...]

Acordei com murmúrios no meu quarto. Hellen estava no meu quarto segurando alguns papeis rabiscados com mão enfaixada com um pouco de sangue. Levantei-me da cama e cobri meu corpo com os lençóis, estava um pouco sonambula mais consegui identificar os papeis. Eram os que Dr. Isaac havia me dado. Ela lia com prazer, saboreando cada letrinha com os olhos e então me olhou com um olhar sombrio.

–Isso é verdade... Cinderela?- Suas palavras eram frias.

–I-isso não é da sua con-

–É claro que é da minha conta! Existe coisa melhor do que um bebe?- Ela riu.- Vamos lá deixe me vê-lo...

Pude sentir a maldade fluindo dela e tentei correr mais eis que aprendi uma lição um pouco tarde demais:

Nunca corra envolta com lençóis.

Acabei tropeçando e caindo, pouco antes da escadaria e ela, com facilidade me segurou pelo pescoço pondo-me em pé. Eu segurava suas mãos com as minhas tentando faze-la soltar.

–Você conhece a palavrinha “vingança”? Vou fazer você aprender da melhor maneira possível. - Ela me jogou da escada, a escada era grande e não sei quantos degraus cai, nem por quanto tempo, mas quando me dei por si, estava no chão com uma poça de sangue ao meu redor.

–Meu... Bebê...

–Anna! Anna! Venha já aqui!- Hellen a chamou e como um passe de mágica Anna estava ao seu lado.

Escutei apenas baixos murmurinhos enquanto eu me contorcia de dor no chão e quando tentei ver o que estava acontecendo, senti alguém me colocando de barriga para cima. Elas começaram a chutar, a pisar com força na minha barriga, sangue vinha na minha boca e caia sem que eu permitisse.

–Vamos lá Anna, vamos fazer esse bebe nascer logo.

[...]

(ESCUTE A MUSICA)

Quando tudo acabou eu fiquei apenas olhando para o teto. Minha visão estava embaçada e eu sentia muita dor perfurando tudo. Era como se eu estivesse mergulhado num mar de vidro e ele comesse a minha carne. O zumbido silêncio me perturbava, eu estava fraca. Havia sangue por todo lado. Com as poucas forças que me restavam puxei o feto morto para perto de mim. Ele ia ser tão lindo. Voltei a olhar apenas para o teto. Lágrimas vieram à tona.

–Eu não posso... Eu não posso mais aguentar... Alguém... Alguém me mate. - Eu suplicava pela morte, mas ninguém escutava meus sussurros.

Não consegui aguentar. Estava finalmente me entregando a escuridão...

[...]


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Notas finais do capítulo

Final da história?! Nhan~ Que nada. Só queria assustar vocês xD
Espero que tenham gostado!
Se o link não funcionar: https://www.youtube.com/watch?v=hIZEr1D6zVM
Comente o que achou do capitulo!
Espero que tenha valido pelo capitulo que eu deixei de postar.
Beijos!



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