Segurei minha respiração esperando meu irmão falar o nome. Naqueles poucos segundos, pensei no que era melhor: Bruce ou Harry. O bom que cheguei a conclusão que um dele é o menos pior, e torci que fosse ele que ganhou o lance.

—Bruce Wayne! – Anuncio batendo palmas – Agradecemos a todos que participaram do Leilão e aproveitem a festa.

Nossos olhos se cruzaram, e dei um sorriso de agradecimento. Ele andou em direção ao palco e involuntariamente andei para a mesma direção, ele esticou a mão me ajudando a descer.

— Espero que não esteja brava comigo. – Disse Bruce quando ponho a mão em cima da dele, senti um calafrio passar por meu corpo, deve ser esse vento gelado que passou. – Sabia que a ultima pessoa que iria querer jantar, seria ele.

— Não estou. – Respondo tirando minha mão da dele.

—Também admito que foi o único jeito de você aceitar jantar comigo.

Sabia que nada podia ser perfeito.

— Vou fingir que não ouvi isso. – Sua mão foi para minhas costas e juntos começamos a andar em direção ao espaço reservado para a dança – Não precisa realmente doar um milhão de dólares, minha mãe entenderá que é um valor absurdo.

Olhei em direção ao Harry e o vi com raiva, estava preste a quebrar o copo de uísque. Sim, Bruce fez um grande favor no final.

— Faço questão de doar essa quantia. A fundação faz um bem aos jovens de Gotham. – Então paramos um em frente ao outro, reparei que outros casais se juntaram na pista. – Sua família é uma das poucas que faz algo por essa cidade.

— Se todos se juntassem, podíamos mudar a cidade. – Coloquei minha mão em seu ombro, enquanto a mão dele permaneceu na minha cintura. Segurei sua mão, tão quente e macia que me deu uma sensação de calma. A valsa começa e nós começamos a dançar. – Mas nem tudo é perfeito.

Ele acenou em concordância. Confesso que dançamos muito bem, fazemos um belo par.

— Parece que as coisas não estão bem entre os dois. – Comentou olhando para a direção dos dois.

Harry e Michele discutiam num canto, provavelmente sobre ele ter dado lances. Esta bem feia a briga, ele se afasta dela e some da minha visão.

— Estou nem ai. Vamos aproveitar a dança.

É estranho, mas me sinto bem em seus braços. Olho em volta e vejo as pessoas nos observando e murmurando, mas não ligo, afinal não vai rolar nada mesmo. No máximo amizade, já que ele me ajudou e também, meus pais vão falar muito na minha orelha para nos darmos bem.

Volto o olhá-lo e não posso deixar de notas as mudanças físicas. Realmente ele é um belo homem, seus traços são únicos e fortes, mas seus olhos são tão intensos e por algum motivo parece que já vi em algum lugar.

— Pode admirar quanto quiser. – Brincou

Ai droga! Olhei tempo demais, merda!

— E quem disse que estou admirando? Achei alguns defeitos. – Digo soando indiferente

— Sim, sei.

— Você tem já algumas rugas perto do olho. As noitadas não estão fazendo nada bem, deveria diminuir o ritmo. – Provoco

— Quem sabe você o faça diminuir. – Flertou

Eita, não esperava essa resposta. Para minha sorte, a musica acabou e paramos, tirei minhas mãos dele e me afastei.

— Acredito que será outra mulher. - Rebato

— Obrigado pela dança. – Agradeceu Bruce

— Podemos dizer que não tive muita escolha.

Meu irmão se aproximou de nós.

— Espero que não se importe, mas adoraria dançar com minha irmãnzinha. – Disse pegando minha mão.

— Pode dançar, mas espero ter direito a mais uma dança. – Declarou me olhando

— Quem sabe?

Ele se afasta e algumas mulheres se aproximam.

— O papo foi bom. – Comentou meu irmão

— Foi nada. – Digo entrando na posição de dança.

~~

Depois de tantas danças, finalmente descansar. Parece que surgiram pessoas do mundo todo só para dançar comigo, claro que alguns aproveitaram e me cantaram. Algumas cantadas foram tão ruins, que me segurei para não rir na cara deles, outros foram interessantes.

Para conseguir ter um pouco de paz, vim para a área da piscina que fica no outro lado da festa. Aproximei-me da espreguiçadeira e sentei, tive cuidado de não estragar as penas. Tomei um gole da minha taça de champanhe, que esta uma delicia.

Agora posso refletir sobre o que aconteceu até agora. Achei que me sentira péssima ao ver Harry com aquela mulher, mas não me senti tanto assim. Estou ainda magoada e doe, mas doe pouco. Parece que não tenho sorte mesmo com homens, acho que é melhor ficar solteira mesmo e criar alguns gatos.

Solto uma risada, me senti muito velha com esse pensamento. Eu só não encontrei o cara certo, e bem, se ele existir mesmo.

Não sei por que, mas lembrei de Bruce. Hoje ele não estava tão metido, me lembrou um pouco o Bruce criança, que adorava se meter em encrenca. Não posso esquecer que ele pode estar fazendo isso só para que eu seja mais uma da sua lista.

— Finalmente está sozinha. – Disse Harry se aproximando e mostrava sinal de embriaguez. – Precisamos conversar e agora.

Levantei-me e deixei minha taça na mesa ao lado da espreguiçadeira.

— Não temos nada para conversar. – Digo passando por ele, mas o mesmo segura meu braço. – Me solta! – Mando irritada.

— Não, você precisa me escutar. – Mandou apertando meu braço.

Nunca vi Harry desse jeito, normalmente quando fica bêbado, ele fica alegre, não irritado.

— Eu não quero conversar com você. – Digo tentando me soltar, mas ele aperta meu braço mais ainda. – Esta me machucando!

— O que aconteceu foi um acidente. – Disse dando um passo para frente, me fazendo dar um passo para trás, me fazendo chegar na beirada da piscina

Entro em pânico, já que não sei nadar e adquirir medo quando tive um acidente. Ponho minha outra mão em cima da sua.

— Harry, melhor nós conversarmos amanhã. Você não tem condições hoje, melhor ir para casa e descansar. – Peço

— Não, amanhã você não vai escutar. Quero que saiba que eu te amo e que não fiz de propósito. Você não estava ligando para mim.

— Perai, a culpa não é minha! – Rebato, sei que não deveria usar essas palavras ou tom, mas a culpa não é minha – Eu tive alguns problemas para resolver e não podia jogar minha carreira para o alto, só porque não transávamos algumas semanas.

— Você sempre põe sua carreira na frente de tudo. – Ele deu outro passa para frente e eu tive que me segurar nele por quase cair. – Eu não sou importante para você?

Scar, segura sua língua. Uma palavra e você cai.

— Sim, você é. – Respondo, mas com o canto de olho tento ver alguém, mas nenhum sinal

— Mas não pareceu. – Esbravejou – Mas ela pelo menos me deu atenção que queria!

Ele aperta mais ainda meu braço, amanhã terei uma mancha roxa no meu braço.

— Então fica com ela! Agora me solta! – Mando tentando me soltar

Aproveito que to com unha grande e o arranho, ele me solta, mas acabo caindo na piscina. Tento chegar à superfície para respirar, mas parece tão longe. Entro em pânico, não consigo subir, meu ar está acabando. Nunca imaginei que morreria assim, justamente afogada.

Sinto perdendo a consciência, mas sinto alguém por o braço em minha cintura e me levantar. Quando ar entra meu pulmão, tento o máximo possível não tossir, mas devo ter engolido água.

— Respira devagar. – Mandou meu salvador

Tento fazer o que diz, mas é tão dificil, fecho meus olhos. Ele nos leva para a beirada da piscina onde sou puxada. Sou colocada deitada no chão e alguém põe uma toalha em cima de mim.

— Filha, abre os olhos. – Pediu minha mãe.

Abro com certa dificuldade. Minha mãe me puxa para um abraço, e eu retribuo e começo a chorar.

— Calma filha, está a salvo. – Disse para me acalmar

— Muito obrigado por salvar minha filha. – Agradeceu meu pai ao meu salvador

Olho para ele e fico surpresa por ser quem é.

— Bruce. – Digo seu nome

Ele esta sentado ao meu lado com uma toalha em volta.

— Esta tudo bem agora, Scar. – Disse pegando na minha mão.

— Obrigada.

Um barulho chama nossa atenção e vejo meu irmão dando um soco no Harry, ele esta preste para dar outro, mas seguram-no.

— Me solta! Me deixa acabar com esse filho da puta! – Mandou, mas ignoraram

Harry continuou no chão, ele me olhou com arrependimento. Não escutei o que disse, mas pude ler seus lábios. Foi um pedido de desculpas.

— Vamos levá-los para dentro. Precisam trocar essas roupas antes que peguem um resfriado. – Disse meu pai

Soltaram meu irmão e ele se aproximou. Soltei a mão de Bruce, então meu irmão me pegou no colo, já que não tenho forças para andar. Apoio minha cabeça no ombro dele.

— Muito obrigado Bruce, não sei o que teria acontecido se não tivesse chegado a tempo. – Agradeceu meu irmão antes de beijar minha testa

Bruce não respondeu, somente sorriu. Meu irmão andou de volta para casa, minha mãe logo atrás. Charlotte já se aproximava com outra toalha.

— Venha Bruce. Deve ter uma roupa de Charles que sirva em você. – Escutei meu pai falando.

Hoje, Bruce foi meu herói.