Uma Vida Nem Tão Colorida escrita por Jowlly


Capítulo 9
Capítulo VIII


Notas iniciais do capítulo

Oie, como vão, cupcakes?!
Queria ter postado antes, mas a escola não esta deixando ;-; ...
Em fim, boa leitura!



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Talvez seja por isso que dói tanto...


Respirei novamente e peguei meu celular, digitando rápido.

“Nathaniel!”

Foi a única coisa que eu consegui enviar, minha mão tremia.

“Hahahaha! Calma, eu vou sim! Só queria ver sua reação...” Ele me enviou a resposta segundos depois.

Conseguia vê-lo rindo por causa do meu desespero...

“Idiota! Que susto!”

“Relaxa! Eu pelo menos vou estar lá, sim! Vou com meus tios.”

Fazia sentido, aparentemente, os tios de Nath eram menos rígidos. Deixavam Cemyra fazer coisas relacionadas às artes, como teatro e tocar um instrumento. Obviamente que os pais dele não aprovavam isso.

“Promete? Mesmo que você vai?” Quis ter certeza.

“Vou sim, prometo”.

Senti-me mais aliviada...

Passamos um bom tempo conversando, até que eu tive que dormir, aliás tinha que acordar cedo na manhã seguinte, com ele não era diferente.

Comi um lanche e dei comida a gata. Tomei um banho merecido, coloquei meu pijama e logo caí na cama. Não demorou muito para que eu dormisse, felizmente, estava cansada o suficiente para não ter insônia.

...

O sinal finalmente bateu. O dia havia passado mais rápido que o normal.

Fiz a prova tranquilamente como sempre e fiquei sabendo do resultado da do dia anterior, fui muito bem, por sinal. Não é exatamente uma novidade, o problema é ter que aguentar o povo zoeiro da sala fazendo comentários idiotas como “a Jowlly foi bem? Uau, impressionante – só que não”, “Quando é que ela não vai bem?”, “Jowlly, você já tirou uma nota a baixo de dez?”, “Você se corta quando tira seis?”. Da vontade é de sair cortando algumas cabeças por aí, isso sim.

Depois de quinze minutos, a escola já estava praticamente vazia. Eu ficava a tarde para o aprofundamento de Ciências...

Sempre, no começo do ano, alguns alunos são convidados para ficar depois das aulas para aprofundar o conhecimento em alguma matéria, no meu caso e no de Nathaniel, foi ciências. Era o contrário de recuperação. Ficamos para aprender novas coisas, na recuperação ficam para retomar o que foi mal aprendido.

De terça todos os alunos convidados se encontravam no laboratório da escola, iam desde a 1° série a 3°. De quinta, dois alunos ficavam para ajudar o professor a ensinar o aprofundamento de ciências as crianças do fundamental II. Aquela semana seria eu e Nath que ficaríamos.

Junto a nós, apenas Kentin também faz. Mais três garotas e um garoto da 1° série e duas garotas e dois garotos da 3° série. Pode-se dizer que, em geral, eu me dava bem com todos.

– Oi – Nathaniel falou se aproximando de mim quando guardava meus materiais no armário.

– Oi – respondi.

O clima estava meio tenso.

Nunca brigávamos, eram momentos raríssimos. Mas porque agora toda hora parecia que brigávamos por qualquer besteira e logo depois fazíamos as pazes? Por que fazer as pazes se iriamos brigar novamente? Não era exatamente assim que eu imaginava passar minha última semana com ele...

Na verdade, nada estava sendo como eu planejava: queria namora-lo, casar com ele, queria que morássemos juntos, tivemos uma filha chamada “Luisa”, que teria meus olhos azuis e seus cabelos loiros ou meus cabelos negros e seus olhos dourados. Queria ter netos, ser uma avó legal, nunca brigar com meu marido que amo eternamente, queria morrer de velhice ao seu lado. Queria que meus últimos segundos na Terra estivesse ao lado de quem eu amo. No caso, Nathaniel.

Mas não. A vida me dera um amor incorrespondido. A vida estava jogando na minha cara: “a pessoa que você gosta ira se mudar de continente e nunca mais verá você, sem ao menos saber o que você sente”. Eu não iria contar. Não mesmo. Poderia ser os últimos dias, mas queria passar os últimos dias sendo amiga dele, pelo menos.

Talvez seja por isso que dói tanto. Eu tenho a imaginação muito fértil, me iludo demais. Até a vida me jogar na cara que não é do jeito que eu quero. Eu caio. Dói. Levanto. Iludo-me. Eu caio. Dói... e assim vai.

– Vai almoçar aqui ou vai para o restaurante? – a voz dele tirou-me dos meus devaneios.

– Aqui. Você também?

– Sim.

Depois de organizar minhas coisas, fomos diretamente ao refeitório, a comida da escola era self-service. Não estava inclusa na mensalidade, claro.

Sentamo-nos na nossa mesa de sempre, calados.

– Cadê o Kentin? – Nath perguntou. Geralmente ele vinha comer com a gente.

– Ele me disse que hoje não vem...

– Ah...

Ficamos mais um tempo em silêncio. Nathaniel parecia inquieto. Comprovei isso quando ele me chamou.

– Jowlly – olhei em seus olhos... parecia meio... triste...?

– Oi? – tentei parecer indiferente, mas a verdade é que aquele olhar me deixava sem jeito.

– O que aconteceu? Você está bem? – não era “tristeza” que definia suas orbes amarelas, era “preocupação”.

– Estou bem... – esbocei um sorriso e torci para ele não parecer tão falso como eu achava que fosse – Estou ótima. Por que a pergunta?

– Não minta para mim. Você não esta bem. Eu sei disso e você mesma sabe como eu sei disso.

Engoli em seco. Havia esquecido o detalhe: Quando estou abalada, a minha perda de apetite é enorme. A comida no meu prato sempre reflete o meu humor: quando eu estava feliz, comia mais. Se estava triste, quase não comia.

Com a maioria das pessoas é o contrário: se estão triste, tentam preencher o vazio comendo o máximo que consegue.

Eu não funcionava assim.

– Ah... bem... – não sabia exatamente o que dizer.

– Qual o problema?

– Só estou meio nervosa com a apresentação nesse final de semana, entende? Espero ter ensaiado o bastante. – Dei um sorrisinho sem graça. Dessa vez soou bem convincente. O loiro acreditou.

– Tenho certeza que você se saíra ótima do jeito que é. – Sorriu junto.

Eu corei.

Terminamos de almoçar sem conversar e em menos de meia hora, fomos ao laboratório, onde todos os outros alunos já se encontravam.

Estávamos terminando um projeto. O objetivo da nossa sala era fazer fogo com água, Kentin, Nathaniel e eu havíamos escolhido esse dentre várias opções. Pois é... parece complicado, mas não é tanto. Terminamos, finalmente, de arrumar as coisas e os pequenos detalhes.

Nath e eu pegamos a lâmpada oca com água dentro, uma folha preta e um fósforo. Saímos da sala com um celular para filmar o processo e fomos até um local com bastante sol. Felizmente, hoje não estava ventando.

Colocamos o fósforo em cima da folha preta no chão e eu posicionei a lâmpada no ar com a luz dos sol passando por ela enquanto Nathaniel filmava o processo... com um pouco mais de mira e pequenas posições, começamos a ver uma fumaça sair da cabeça do fósforo, e segundos depois, fogo!

– Conseguimos! – falei, não conseguia conter o sorriso.

Nath parou de filmar e colocou o celular no chão ao mesmo tempo em que eu colocava a lâmpada que segurava.

Foi automático: ele me abraçou. Correspondi quando senti todo o meu corpo se arrepiar e minhas bochechas queimarem.

– Hahaha! Conseguimos! – o loiro estava tão feliz quanto eu.

– Fizemos fogo com água!

– Seus olhos estão brilhando muito! – ele falou enquanto me fitava.

Foi só mais um motivo para eu corar.

– Ei! – Nathaniel falou e pegou a lâmpada com água, em seguida me puxou até a árvore mais próxima. Um grande ipê, minha árvore preferida na escola.

Foi ao lado oposto da sombra dela e começou a queimar um pouco de sua madeira, mas antes que eu perguntasse o que diabos ele estava fazendo, o loiro já havia terminado.

Marcado na árvore com fogo, eu li um “J+N”. Jowlly + Nathaniel.

Não sei o que eu fiz primeiro, se corei ou se sorri.

Tudo isso porque estávamos sozinhos, as coisas só rolavam para gente quando estávamos sozinhos. Mas agora estava marcado para, tipo, a eternidade a inicial dos nossos nomes naquela árvore.

Ele podia fazer o que quiser com as outras amiguinhas dele. Mas até onde eu tenha visto, ele não marcou com nenhuma suas iniciais em uma árvore. Isso me fez sentir estranhamente especial.

A risada abafada de Nathaniel me levou de volta para a Terra.

– O que? – perguntei, torcendo para que não estivesse tão vermelha quanto sentia.

– Somos originais. Da para ver outras iniciais marcadas com uma faca ou canivete na árvore... nós marcamos com fogo.

– Hahaha, verdade.

Em vários lugares do ipê amarelo víamos declarações de amor, nomes com corações em volta e etc...

– Isso é uma lembrança de nós dois, ok? Quando eu for me mudar não quero que você me esqueça. Nunca. – ele não ajudava em nada para que eu mante-se minha bochecha na cor original.

– Não esqueceria nem se quisesse...

Trocamos alguns sorrisos e voltamos para o laboratório, onde mostramos o vídeo e recebemos aplausos pelo experimento de sucesso.

Vimos os outros dois experimentos das outras classes, que também eram ótimos, decidimos o que faríamos quinta-feira e logo ambos já estávamos a caminho de casa.

Felizmente, nossa casa não é muito distante, fazemos o mesmo caminho por um tempo até que na bifurcação com outra rua, nos separávamos.

Fomos conversando sobre coisas aleatórias, estava tão distraída que acabei errando a rua. Pude perceber que o loiro abafou o riso, depois me puxou na direção certa pela alça da mala.

Rimos um pouco, até que a bifurcação chegou e poucos minutos depois já estávamos cada um em sua casa.

No meu caso, estava deitada no sofá com o computador no meu colo de modo que eu conseguisse ver a tela, jogando um game online qualquer com o Armin.

– E aí? Você vai pela esquerda e eu ataco na direita. – ouvi a voz do moreno ressoando no meu fone do ouvido.

– Beleza.

Depois do mini plano que, felizmente, deu certo, pegamos uma estrada, aparentemente, vazia, lugar que ele aproveitou para conversar comigo.

– Na escola você parecia meio abalada. Aconteceu alguma coisa?

Sério, eu era tão transparente assim?

– Hm... nada de importante.

– Fala a verdade. É por causa do Nathaniel?

– Sim...

– Fiquei sabendo que ele vai se mudar. Vai sentir falta, né? Vocês costumam ser muito chegados.

Mesmo com o seu jeito distraído e desligado, o Armin consegue ser observador e esperto. Se brincar, ele já notou de quem eu gosto.

– É verdade...

– Mas não se preocupe! Você ainda tem a nós! Alexy, Kentin, Tainala, Brittinei e eu! Pode sempre contar com a gente! – ele falou em seu tom divertido de sempre.

– Hahaha, ok, valeu Armin.

Terminamos de jogar a partida e depois de jantar, eu fui dormir. Relembrando todos os momentos do dia...

Relembrando nossas iniciais marcadas naquela árvore... quando eu acordasse, quando eu fosse até lá de novo, queria que elas continuassem ali. Parecia, mas eu sabia que não era, não era apenas um sonho. Aquilo havia mesmo acontecido...

Nesses momentos parece que ele gosta de mim... mas depois ele faz questão de mostrar que não é nada de mais... só espero que isso não aconteça.

Estou iludida, me iludindo, mas quando o efeito acabar vai doer. Eu vou cair e, talvez, não vou querer levantar novamente. Estou cada vez mais perto do meu limite...

Cada vez... mais perto...


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? A propósito, é só o J+N, sem o coração em volta...

Quero agradecer a todos vocês pelos comentários, acompanhamentos e reviews :3