Aaron

Cara... Já faz um bom tempo que simulei a minha última "morte". Claro que não tinha como eu fazer tudo sozinho, ainda mais que eu não tinha muito tempo pra fazer tudo de maneira que ficasse "infalível", mas até que deu certo.

Não estou mais com as tatuagens que eu tinha em todo o meu braço direito já que tive que arrancar meu couro (E DOEU PRA CARALHO!!!) e minha pelo regenerou sem elas. Sem nenhuma dificuldade, já que tinha me alimentado com uma quantidade de sangue suficiente pra regenerar o mais rápido possivem sem me incomodar com a ardência. Mesmo assim fui teimoso e tatuei um dragão no meu outro braço (Nat: Seu masorquista! o_O). Gostei desse tipo de estilo, de andar tatuado, coisa e tal, posso usá-lo por um tempo, depois, quando tiver repetitivo de mais, paro de usar.

Além do detalhe da tatuagem, coloquei uns piercings na orelha esquerda, deixei o cabelo mais curto e com um corte nada a ver com o meu antigo, e infelizmente, não achei nenhum trampo interessante ainda, apenas algo pequeno. E estava voltando pro apartamento que eu tenho morado totalmente frustrado por causa disso. Preciso arrumar algo em que eu não apareça muito e que também não tenha câmeras. Será que transferir lances no mercado negro rola (relaxa, tou brincando)?

Ao abrir a porta do apartamento, por um instante levei um susto.

Elen: Te achei! Finalmente te achei!

Ela foi pra cima de mim e me abraçou.

Elen: Eu sabia! Eu sabia que era mentira! Sabia que estava vivo!

Soltei um leve riso e a afastei.

Aaron: Boa tentativa de me enganar, mas o seu cheiro é diferente do dela. E achei que você tinha dito que nunca mais nos veríamos.

Essa pessoa se afastou de mim, mudou sua forma para um bombeiro qualquer e disse:

Bombeiro: Só estou aqui para cobrar sua dívida.

Aaron: Como você é cruel... E dá pra parar com isso? Essa atitude é irritante.

Mística: Certo... (finalmente ela está na sua forma normal). Mas seja sincero, tenho certeza que ficou um pouco mexido por eu ter me transformado naquela humana.

Aaron: Claro que não. Pra que eu me interessaria por quem tecnicamente seria minha presa?

Na verdade não tenho certeza se isso por um segundo mexeu comigo ou não, mas o que importa? Eu, mesmo sabendo que a qualquer segundo poderia mordê-la se tivesse com muita sede, seria tão idiota a ponto de me apaixonar pra depois me corroer em arrependimento? Já não basta as pessoas próximas a mim que matei durante o período entre a Primeira e Segunda Guerra por causa da sede e do descontrole, eu não seria tão burro, depois de tudo que passei, em tentar ter uma afinidade com alguém.

Mística: Depois eu que sou cruel? Certo... Mas de um jeito ou de outro, você ainda me deve parte da quantia. A menos que não se importe que eu abra a boca. Soube que há certas pessoas querendo arrancar sua cabeça.

Aaron: Isso não me é novidade...

Fui procurar no meio das minhas coisas parte do dinheiro que eu havia juntado justamente pra pagar a ela. Acho que se o Anônimo não tivesse me dado o contato dela pra que eu pudesse contratar os seus "serviços" caso precisasse, eu não conseguiria forjar a minha morte de última hora muito bem. É bem capaz que tivesse tido tantas falhas que seria fácil deduzir que não morri no incêndio.

Só é uma pena que eu não tenha nenhuma proximidade com ela, poderia ter chance de ela me dar um desconto, né?

Encontrei um bolo de dinheiro, conferi e era esse mesmo. O entreguei e ela contou as notas.

Mística: Hum, está tudo certo. Foi bom fazer negócio com você.

Aaron: Tá, agora sai daqui logo... - balbuciei.

Ela saiu. A maior parte do dinheiro que eu tinha era o que dei pra ela. Que merda! Que merda! Que merda! Que trabalho eu poderia arrumar? Talvez eu deva esperar amanhecer e procurar alguma coisa de novo...

Fui para um pequeno freezer que tinha naquele apartamento e peguei um refrigerante perdido no meio das bolsas de sangue. Pode até ser desperdício de dinheiro comprar alimento humano, já que isso não vai saciar a minha fome, mas preciso de vez em quando comer ou beber algo que não tenha gosto de sangue. Era apenas um ato pequeno para que eu não pudesse esquecer o meu lado humano, por isso que, mesmo mudando inúmeras vezes de cidade e de "identidade", nunca mudei o meu primeiro nome.

Finalmente chegou o dia seguinte, então fui dar uma saída. Estava num bairro não muito movimentado nem muito tranquilo, mas, de repente, uma pessoa de longe me chamou a atenção. É estranho, mas me veio talvez a impressão de talvez já tê-lo visto antes, mas não conseguia reconhecer.

Atravessei a rua e fui verificar. Ele não estava sozinho, dava pra reparar que ele estava junto de uns dois caras. Eles entraram numa loja e eu quase que logo em seguida. Quando passei exatamente por onde ele passou, senti um cheiro familiar. Já o senti antes, tenho certeza.

Ouvi uns sussurros vindos deles. "Vai, Racker, é a sua deixa.", "Eu sei, Duo. Não precisa falar." De repente as luzes começaram a piscar, as pessoas se distraiam com isso, enquanto o tal do Duo de repente virou dois (ele é um mutante!) e um outro cara que estava com eles parecia estar fazendo algo que eu não conseguia identificar, porém, era possível ouvir um som com frequência muito baixa, tão grave que pessoas normais não ouviriam.

Consegui notar melhor que os dois Duos passavam entra umas prateleiras enquanto uma coisa negra os seguia e eles deixavam umas coisas cair por lá, isso enquanto umas pessoas reclamavam ou ficavam assustadas por as luzes estarem piscando. Saquei tudo agora. O terceiro cara era o que estava fazendo as tais manchas negras, o Duo tinha um poder de se dividir em duas pessoas (esse poder é mó fraco, em!) e aquele cara que me chamou a atenção estava interferindo nas luzes. Só conheço uma pessoa que mexe com tecnologia assim...

As luzes pararam de piscar e umas pessoas saíram de lá com medo. Eles aproveitaram a deixa para sair também, mas eu fui um tanto rápido e parei aquele cara na porta.

Aaron: Eu vi o que vocês fizeram, mutantes. - sussurrei.

Os três me encaram com uma cara de "Fudeu!", então sorri e disse olhando pra ele.

Aaron: Há quanto tempo, Zack Vírus.

Zack Vírus: Aaron Müller...

??????: Vocês se conhecem?

Zack Vírus: É uma longa história, Black Hole.

Aaron: Não acha melhor sairmos daqui? Estamos atrapalhando a passagem.

Zack me encarou sério, então todos saímos de lá e fomos para um beco. Black Hole e os dois Duos estava com uma expressão de quem não estava entendendo nada e Zack parecia puto por me ver.

Duo (voltando a ser um só): Quem exatamente é você?

Aaron: Um velho conhecido do Zack.

Racker: Eu não me chamo mais assim. O meu nome é Racker!

Aaron: Que seja. Então é isso que você anda fazendo? Furtando alimentos em lojas pequenas.

Racker: Não é da sua conta.

Black Hole: Galera, temos que ir.

Racker: Nos dê uns cinco minutos. Pelo jeito ele vai querer me encher o saco um pouquinho.

Aaron: Eu? Encher o saco? Assim você me magoa! Hu hu.

Black Hole: Está bem, vamos, Duo.

Ele fez a tal mancha negra aparecer. Agora entendi, era uma especie de portal. Então ele e o outro cara o atravessaram e foram embora.

Racker: O que você quer comigo?

Aaron: Apenas te encontrei por acaso, não estou te seguindo, se é o que tá pensando. Então... Rebaixou a utilidade dos seus poderes tanto assim? Roubando lojinhas, mas que pobreza.

Racker: Isso não é da sua conta. E faço com os meus poderes o que eu quiser.

Aaron: Exatamente, você pode fazer com os seus poderes o que quiser. Até mesmo controlar toda a tecnologia da cidade, mudar dados do governo, aliás, pra agir de maneira tão fútil devo supor que você usa seus poderes com uma extensão mínima. Você por um acaso anda fugindo muito daqueles caras que caçam mutantes?

Racker: Admito que sim, mas conseguimos nos livrar.

Aaron: Sério mesmo que ficam fugindo? Tá ligado que basta apenas contato com qualquer coisa com acesso a internet você pode raquear o sistema deles e apagar vocês da lista de mutantes, né? Oh... Já saquei... Os seus amigos não sabem disso não é?

Racker: Não... E isso é por sua causa! Só por que você sabia do que eu sou capaz de fazer você me usava pra roubar um monte de dinheiro e um monte de outras coisas!

Aaron: Aí então o que? Você não contou o seu total potencial pra que não abusassem do seu poder de novo, não é?

Racker: Exatamente.

Aaron: Então... Você não confia neles? Naqueles que estavam com você?

Ele se calou, mas depois de alguns segundos disse:

Racker: No começo óbvio que não, mal os conhecia, mas depois de um tempo nos tornamos amigos e confio neles, mas...

Aaron: "Mas"?

Racker: Não dá pra eu contar do nada até onde o meu poder pode chegar! Ficaria com a imagem de que não confio neles, mas confio, porém...

Aaron: Ok, já entendi o seu lado... Só digo uma coisa. Você está errando e não usar tudo que você é capaz. Você pode modificar os dados daqueles caras, fazer com que vocês tenham uma vida melhor sem precisar fugir e você está desperdiçando essa chance. Até quando ficará fugindo? Até perder alguém, ou pior, até não sobrar ninguém por que você tem medo do próprio poder?

Racker (cerra os punhos e diz): Nós somos capazes de fugir e sobreviver sem que isso dependa de mim. Não se meta na minha vida.

Aaron: (*suspiro) Tá... Admito que uns dias atrás pensei que seria mais fácil se ainda tivesse contato contigo, já que uns dias atrás aqueles caras me acharam crendo que sou um mutante, aí você poderia apagar meu nome, coisa e tal, mas quer saber? Eu consigo me virar, passei por muita coisa antes de SEU PAI nascer, mas consegui tudo usando o máximo que tenho e não desperdiçando as chaces. Só aviso isso, se você continuar a desperdiçá-la, pode ser que não tenha mais volta.

Me virei e o deixei pra trás. Pude até por um segundo ouvir o som que o portal fazia, mas nem olhei pra trás. Ele está desperdiçando tudo que tem por causa de um orgulho besta. Sei que abusei de mais, aproveitei a ingenuidade dele por na época ser apenas uma criança, mas ele não deveria fazer isso, por que sei bem que se acontecer alguma coisa, será como se fosse culpa dele.