“Não entendo como esse mundo funciona, mas agradeço por terem me esclarecido ao menos parte dele. Desculpem-me pelo fardo que fui e espero que onde é que estejam vocês possam descansar em paz agora. Eu sempre amarei vocês. Obrigada.” – Lápide

– A pior coisa é saber que eu perdi vocês antes de conseguir chama-los de avó e avô... E-eu sinto muito por não ter sido a neta que vocês mereciam, por não ter sido a pessoa certa que queriam e por não ter escutado vocês quando me pediam. Marco... Espero que me perdoe por toda a minha infantilidade. Nos últimos anos o que eu fiz foi apenas te criticar. Quem sabe se eu tivesse escolhido ficar aqui e ajuda-los isso nunca teria acontecido. - a voz de Hanji está muito fraca - As escolhas que fazemos na nossa vida podem mesmo mudar o futuro... Eu só não imaginava que nessas proporções... - silêncio.

– ... Rose. Minha eterna segunda mãe! Espero que perdoe as vezes que te machuquei com palavras tão duras e jogadas ao vento, sem pensar. Você sempre cuidou para que eu nunca fizesse as escolhas erradas, mas por que não me impediu nessa? Você me apoiou tanto para entrar na Tropa... Vocês dois tanto disseram para seguir os meus sonhos... Do que adiantou? Eu segui eles, mas não estou feliz. - Hanji começa a soluçar

– M-marco, R-rose... Porque vocês se foram? Justo quando descobri a verdade vocês partiram... Eu não sei o que fazer. Que rumo tomar? Sem vocês, sem meus pais...

Aos poucos as lágrimas de Hanji começaram a cessar e o sono causado pelo cansaço da viagem juntamente com toda a confusão que a sua cabeça está começou a surtir efeito. Sem perceber já estava com seus olhos quase fechados. Seus pensamentos ficaram confusos e ela sequer sabia o que estava murmurando. Até que dormiu. O cavalo que a acompanhou ficou o tempo todo ao seu lado.

–-------------------- Sonho confuso.

Grito e choros amedrontam a corajosa Hanji. Imagens aleatórias passam pela sua cabeça, até uma lembrança ficar clara e mais objetiva.

Era a casa de Marco e Rose, na cozinha, Hanji corria por toda a casa. Ela veste um vestido vermelho e está descalça. Rose está cozinhando e Marco ajudando no corte das carnes e legumes. A garota agitada perde sua atenção quando Marco grita para ela parar.

– Por quê? Eu não estou atrapalhando ninguém! – disse emburrada.

– Você vai acabar se machucando Hanji. Subir e descer a escada é perigoso. – Marco.

– Não me diga o que fazer velhote. Eu sei cuidar de mim mesma... – tropeça e cai da escada.

– Hanji!! Querida você está bem? – Rose saiu correndo atrás de Hanji.

– Não acredito... Eu acabei de te falar que ia cair criança. – Marco disse irritado, mas não saiu do seu lugar.

– Marco não fale assim com ela. – aproxima-se da pequena e a pega no colo – Você está bem?

– E-eu to... – segura a cara de choro.

– Quando você vai aprender a escutar nós dois? – Marco para de cortar os legumes e olha para Hanji.

– O dia em que me derem um bom motivo para fazer isso...

– Somos mais velhos!! – Marco encarou irritado Hanji.

– Você disse que é um velho com espirito jovem. Decida como quer se parecer velhote!!

– Olha aqui Hanji não me chama de velhote não!!!! – bate sua mão no balcão.

– Hanji, por favor, fique quieta. Já chega. – Rose disse um pouco triste – Querendo ou não você foi deixada sob nossos cuidados, então qual o problema de nos tratar normalmente? Não somos seus pais. Eu sei disso e você me lembra toda hora... Só que chega querida. – a deixa em cima do sofá.

– Eu sinto muito senhora Rose. – Hanji abaixou sua cabeça envergonhada – Eu só quero esquecer que um dia eles existiram... O problema é que vocês me lembram muito os dois. Sei que é errado pensar assim... – algumas lágrimas caíram – Eu aceitei que nunca mais vou vê-los, então para que ficar remoendo esse passado que tanto me machuca? Não quero sofrer toda noite ou toda vez que me sento à janela esperando que voltem. – Hanji se levanta do sofá e olha para os dois paralisados a sua frente – Me desculpem! Não vou trata-los de forma tão grosseira novamente!

Marco e Rose ficam surpresos com o que a pequena diz. Rose aproxima-se da garota e a abraça. Marco sai de trás do balcão e vai em direção à Hanji.

– Querida, por favor, não chore... – Rose disse chorando.

– O seu passado pode não ter sido o melhor de todos se você pensar só na perda que teve, mas e nos ganhos? Seus pais te ensinaram tantas coisas que te fazem ser essa garota especial, sábia, gentil e determinada. Não esqueça que os seus pais influenciam o seu presente e o seu futuro, mas cabe a você decidir quais são as influencias que irá levar para a sua vida. – Marco toca a cabeça da pequena e agacha-se diante ela – Se o problema está em nossa semelhança com seus pais eu vou fazer o possível para tentar mudar, se isso deixar você feliz eu mudo. A única coisa que eu e Rose queremos é a sua felicidade minha pequena!

– Pode não parecer Hanji, mas nós te amamos muito! Acredite nas nossas palavras! – Rose ainda chorando.

– Rose você chora por tudo mulher? – Marco notou a esposa chorando.

– Cuide da sua vida Marco...

– Mas você é a minha vida.

*Rose chora mais* - Isso... foi... tão bonito...

– Você só sabe chorar Rose....

“Eles não são assim tão ruins... Por que sinto tanta semelhança deles com os meus pais? É como se nós fossemos uma única família"

–-------------------- Fim do sonho.

O Sol já esta bem acima do horizonte, ele é acompanhado pelo céu bem limpo. Alguns pássaros voam por cima do antigo vilarejo e aos poucos pousam na única árvore que resta. O cavalo de Hanji já está acordado e caminha até um pequeno rodeado de grama verde para comer. O dia está bem quente para uma manhã.

Hanji abriu sorrateiramente seus olhos com a visão ainda embaçada e desacostumada com a luz forte que fazia. Um forte barulho atrás da garota a fez acordar desesperada e confusa.

– Droga o que foi isso?! – olha para o seu cavalo desastrado entre os escombros – Como você foi parar ai? – se levanta e vai até o cavalo para ajuda-lo.

– Um foi a sua pata. – olhou para o buraco – Por favor, não se mexa que eu vou puxar.

O cavalo obedece. Felizmente tudo dá certo e ela retira a pata sem muito esforço.

– Você parece bem, não machucou... Vamos embora daqui a pouco, tudo bem?

O animal apenas se vira e volta para a região com grama verde. Hanji olha para o céu e se espreguiça. Ainda confusa com seu sonho e sobre tudo que aconteceu de forma tão rápida, ela decide aproveitar o belo dia e pensar. Hanji para ao meio das duas casas destruídas, sua antiga casa e a dos seus avós, se senta e fecha seus olhos.

– Todos se foram e apenas eu restei... Devo continuar seguindo em frente com os meus sonhos? Acredito que é isso que todos vocês querem. – Hanji sorri.

A garota passa algum tempo a mais observando a paisagem do campo. Ao redor da garota, apenas ruinas de aparência sombria e esquecida. No pequeno e escondido vilarejo a história de Hanji ficou. Toda a sua infância em baixo dos escombros, toda sua alegria e tristeza soterrados. O que permaneceu a ela foi apenas o amor dos seus avós e seus pais.

–-------------------- Volta.

Confesso que foi difícil convencer os superiores da Tropa para me deixarem voltar. Afinal passei três dias desaparecida e sem dar notícias, pensaram que eu tinha fugido. Tive que provar minha lealdade a Tropa de Exploração. A primeira e segunda semana foram terríveis por conta do mal entendido.

Pensando agora... Acredito que nada acontece em nossas vidas em vão. Nesse tempo em que descobri muitas coisas relacionadas à minha família aprendi muito sobre a minha história, mas não é algo que eu queira contar para as pessoas. Apesar de ainda não saber muita coisa sobre os meus avós, já estou feliz por ter convivido com eles, fui muito feliz vivendo ao lado deles. Agora os meus pais é algo realmente complicado. As coisas estão confusas ainda, mas de uma coisa eu tenho certeza: não vou procura-los. Essa história terminou no vilarejo e começa aqui, na Tropa. A minha nova vida.

–-------------------- Alguns anos mais tarde.

Batida na porta.

– Hum?! – foi até a porta e a abriu.

– Hanji Zoe, reunião dos líderes de pelotão agora!

– Agora? Eu estou ocupada...

– Ordens dos Superiores! Daqui a 10 minutos todos os líderes devem estar reunidos na base!

– Espere um segundo, por favor! – sua expressão ficou curiosa.

Hanji entra rapidamente dentro do seu quarto e coloca o seu colete da Tropa.

– Você tem ideia do que seja? – sai do quarto e acompanha o líder.

– Não foi me dito muita coisa. Apenas que uma noticia muito importante vai ser dada hoje.

– Isso é estranho... – Hanji ajeitou seus óculos – Onde o Erwin está?

– Ele está em reunião.

Com todos os líderes do pelotão reunidos no local só restava o Comandante Keith que explicaria os motivos daquela reunião inesperada. Os líderes ficaram alguns minutos a espera do Comandante e quando ele finalmente apareceu levou consigo três pessoas. Hanji não conhecia nenhuma, isso atiçou sua curiosidade.

As três pessoas vestidas com a roupa da tropa se alinharam.

– ATENÇÃO! – começou o Comandante – Quero apresentar três novas pessoas que irão se juntas a nós. Se apresentem a todos!

Um pouco desconfiado o primeiro falou.

– Sou Levi... – olhou com total desprezo.

“Ele não parece estar gostando... Por que será que estão aqui?” – Hanji

– Eu sou Izabel Magnolia, prazer!! – disse sorridente a jovem garota.

“Ela parece estar mais empolgada que o Levi.”

– Farlan Church. Prazer! – disse o último.

“Os dois não parecem tão incomodados.”

– Os três ficarão no pelotão do Fragon. Fragon, tome conta deles!

– No meu pelotão?! – disse extremamente surpreso.

“Hehe... Sinto que muita coisa vai acontecer com esses novos membros. Principalmente... coisas relacionadas à altura dele.” – Hanji olhou Levi de cima em baixo e fez uma média da estatura do garoto. “Ele é baixinho!!” – sorriu.