– Hermione?

Ouviu Gina chamar pelo seu nome. Estava tão distraída com seus pensamentos que não notara que a aula de História havia chegado ao fim.

O motivo de se perder em seus pensamentos era o mesmo de sempre. A diferença era que agora ele poderia aparecer a qualquer momento.

Hermione já perdera a conta do número considerável de noites que perdeu pensando em Draco. Desde que ele foi embora pela última vez,seu contato com ele diminuiu drasticamente. As coisas começaram a ficar complicadas para a empresa dos Malfoy,o que o fizera se mudar mais vezes,mas a visita-la de menos.

E ela nunca se conformara de fato com aquela situação. Draco se limitava a lhe mandar e-mails e mensagens,mas ela se recusava a responder. Não aceitava menos que a sua presença,não conseguia se contentar com menos. Ainda que sentisse a sua falta mais que tudo.

Gina a repreendera diversas vezes por o tratar daquela forma. Dizia que ele não merecia aquilo,tampouco ela. A ruiva estava certa,ela sabia disso. Mas,ao mesmo tempo,sentia que ninguém conseguia compreendê-la de verdade.

– E então,o que achou da volta dele? – perguntou Gina,enquanto caminhavam até o portão do colégio.

– E você ainda pergunta? Mas é claro que.... – A morena parou a frase ali,ao perceber aonde a amiga queria chegar.

– Eu sei que te disse para esquecer o que houve entre vocês,mas agora a situação é outra. – disse Gina,e Hermione suspirou com pesar. – Eu não aguentava te ver pra baixo por estar longe dele,mas agora ele tá aqui. As coisas vão ser diferentes.

– Será mesmo? – perguntou a morena,hesitante.

Não queria criar falsas expectativas,muito menos estragar a sua amizade com Draco. Tudo o que queria no momento era ficar perto dele,sem se importar com as circunstâncias.

– É claro que vai,você vai ver.

Seguiram conversando sobre Draco no caminho,mas algo a fez parar. Algo não,alguém. O loiro conversava com Harry e Dean no portão,quando notou a presença dela ali. Rapidamente se despediu deles e seguiu na direção delas.

– Oi,pequena! – Draco disse,enquanto abraçava Hermione. – Oi,Ginny.

Hermione não pode deixar de sentir borboletas no estômago com o novo apelido. Seu perfume lhe inebriava de uma forma que ela não conseguia explicar. Queria acreditar que era devido ao tempo afastados,mas sabia que seria mentira.

– Ei,ruiva,se importa se eu roubar sua amiga pra mim por hoje? – perguntou o loiro,arrancando um sorriso nada santo de Gina.

Ele seguia abraçado a ela quando voltaram para casa. Ela notou que ele ainda estava do lado dela quando ela procurava as chaves pra abrir a porta.

– Então você vai ficar mesmo? – perguntou enquanto encaixava a chave na fechadura.

– Vou sim,Granger. Não achou mesmo que ia se livrar de mim hoje,achou? – brincou o loiro. – Além do mais,minha casa é muito longe da sua,ia demorar anos pra chegar.

– Ah,é? – perguntou.

– Veja você mesma. – E apontou para a casa da frente.

Hemione tinha a expressão surpresa quando Draco a ouviu dizer:

– Eu. Não. Acredito. – disse,enquanto Draco meneava a cabeça em sinal positivo. – Eu não acredito!

Depois de séculos,seriam vizinhos novamente. Era bom demais para ser verdade,pensou ela. Não conteve o que veio a seguir. Estava abraçada a Draco quando sentiu o loiro a rodar em seus braços.

– Promete? – perguntou Hermione.

– O que você quiser.

– Promete que não vai mais ir embora.

Uma sensação de abandono tomava conta dela todas as vezes em que o via partir. Ela não sabia se conseguiria suportar aquilo tudo mais uma vez. Ela o fitava,apreensiva. Draco,por sua vez,tinha uma expressão impassível. Ela não sabia como ele queria prometer isso.

– Você sabe que eu não faria isso se eu pudesse escolher,Granger.

– X –

– Que filme vamos ver? – perguntou Draco,enquanto Hermione trazia um balde de pipoca da cozinha.

– Pode escolher.

Hermione não podia ter dito coisa pior. Acabaram assistindo a um filme de terror,algum trash que ela nem lembrava o nome. Ela não costumava assistir,mas Gina acabou esquecendo na casa dela,e para o seu azar,o loiro havia achado.

– Acabou? – perguntou,sem olha pra a tv.

Ele apenas riu e assentiu,enquanto ela suspirava de alívio.

– Achei que não fosse acabar nunca!

– Mas você nem viu o filme!

– É claro que eu vi! – protestou Hermione,enquanto fazia cara de falsa indignação.

– Viu nada,voc...

Parou a frase ali. Hermione começou uma guerra de pipocas,e foi seguida por Draco. Em poucos minutos a sala ficara uma bagunça,e a menina teve certeza que a mãe a mataria se chegasse e visse.

– Malfoy,olha o que você fez comigo! Agora meu cabelo tá todo cheio de pipoca,e a culpa é sua.

Draco ria da morena,que não conseguia ficar brava com ele,ainda que tentasse.

– Tá brava comigo? – perguntou,enquanto ela se levantava para dar um jeito naquela zona.

– É claro que eu tô. – mentiu. Ela nunca conseguia ficar brava com ele,nem por um segundo.

Mas Draco não se deu por vencido. Ele se levantou e a puxou para si,colando seus corpos.

– Me solta,vai. – pediu,mas tanto ela quanto Draco sabiam que ela não queria isso. Ele não pareceu ouvir o seu pedido. – É sério,eu tenho que arrumar aqui....

– Depois eu te ajudo,mas agora diz.

– Dizer o quê? – Hermione teve que se conter para não fraquejar na frente dele.

– Que não tá brava comigo.

Mais uma vez estavam aonde queriam estar. Ela já tinha os olhos fechados quando ele se aproximou para beijá-la.

Ouviram um barulho vindo da porta. Draco praguejou baixo ao constatar que era a campainha.

– Eu...vou atender. – Disse Hermione,indo em direção a porta. Draco podia jurar que seu rosto estava corado.

– Deve ser a minha mãe,que esqueceu a chave. – Ouviu a morena dizer. Ela não conteve a surpresa quando viu quem era. – Tia Amber...?

Draco viu uma mulher rechonchuda e um vestido amarelo berrante entrar na sala. Ele teve que conter o riso ao ver a cara da morena,que revirava os olhos com a presença da mulher. Ela não podia imaginar o que ela fazia ali,já que só a via uma vez ao ano,e agradecia por isso.

Já Draco não podia estar mais feliz. Se bem se lembrava,a mulher ainda acreditava que eles eram namorados,e não via situação melhor para tirar proveito disso. Sabia que os pais de Hermione ainda demorariam um pouco para chegar.

– Vejo que o seu namorado também está aqui.... – Hermione ouviu a tia dizer ,mas ela nem teve tempo para desmentir. E nem queria.

– Fazer o quê,eu não sei ficar longe dessa baixinha aqui.

Durante toda a conversa com a tia de Hermione,Draco a provocava,lhe beijando sempre que podia. Não passavam de longos selinhos,o que bastou para que a morena quisesse a tia o mais longe possível.

Algum tempo depois,os pais da morena chegaram. Agora a menina se via na porta,se despedindo de Draco. Antes de ir embora,o loiro notara uma expressão diferente no rosto da morena.

– Ei,tá tudo bem? – perguntou,e ela assentiu. – Não mente pra mim,Hermione. O que houve?

– Tá tudo bem,é só que....você não prometeu.

Hermione ainda se lembrava daquela tarde,onde ele desviou do assunto da promessa. Ela não sabia o por quê,mas precisava ouviu aquilo dele.

– Olha só a minha promessa. – disse,antes de colar seus lábios com o dela. As mãos da menina bagunçavam os fios platinados,o puxando mais para si.

– Até amanhã,pequena. – Hermione ouviu Draco dizer,antes de depositar um beijo em sua testa.

Ela ainda tentava entender o que havia acontecido ali quando o viu partir,entrando em casa e trancando a porta.

– Até amanhã,Draco. – murmurou para si mesma,antes de entrar em casa.