"Mas poderíamos ficar juntos

Se você quisesse

(Eu quero saber?)

Se esse sentimento é recíproco

(Triste ver você partir)

Meio que esperava que você ficasse

(Amor, nós dois sabemos)"

— Vamos querida ou iremos nos atrasar! — Gritou Hermione no pé da escada pegando sua bolsa e o malão de sua filha.

— Mãe,eu não acho meu celular! — Gritou a menina do andar de cima.

— Minha filha, aparelhos eletrônicos não funcionam em Hogwarts. Esquece isso e desce logo. — Ralhou a castanha passando a mão nos cabelos. Davina era uma menina insistente para não dizer teimosa, coisa que puxou do pai, com toda a certeza.

Hermione, depois de se mudar de Londres foi viajar para o Canadá aonde seus pais estavam. Eles estavam em uma casa de passagem e nem se lembravam dela por motivo do feitiço. Não foi fácil porém a menina decidiu que era melhor deixar os dois viverem os poucos dias que lhe restavam do jeito que estavam. Nesse meio tempo acabou encontrando Dylan, um enfermeiro por qual ela se apaixonou e se casou.

Dylan não era bruxo porém aceitou bem o fato de existir um mundo maior do que aquele que ele estava acostumado a viver. Quando Davina chegou, foi uma verdadeira festa..

— Vamos Davina! — Gritou Dylan entrando em casa e pegando o malão da mão da esposa que revirou os olhos. — O que essa menina tanto leva?! — Perguntou.

— É o último ano dela Dylan, dá um desconto para a menina.

Davina desceu as escada bufando com mais uma mala em mãos.

— Davina, o que eu disse sobre aparelhos eletrônicos não funcionarem em Hogwarts? — Perguntou Hermione, Davina as vezes tirava a castanha do sério.

— Você tem quantos anos?100? — A garota questionou estourando uma bolha de chiclete e entregou o celular para a mãe que tinha a mão estendida.

— Tenho 40 e na sua idade eu estava salvando o mundo bruxo.

Davina revirou os olhos e saiu de casa. Dylan apenas ria o que lhe custou um olhar carrancudo de Hermione.

— Não sei da onde ela puxou essa rebeldia. — Hermione disse por fim.

Era o último ano de Davina, enfim a menina se formaria e a dores de cabeça de Hermione acabariam. Desde que voltou para Londres, não teve um dia que a castanha não temeu em esbarrar com Malfoy por aí. Graças ao bom Merlin isso não aconteceu.

— Vê se se cuida. — Dylan disse beijando a testa da filha que sorriu. Logo ele viu sua esposa e sua filha atravessarem a parede. Enfim estavam na plataforma nove três quartos.

— Está pronta para isso? O último ano? — Perguntou Hermione pondo a mão no ombro de sua filha que sorriu.

— Queria ter vivido na sua época, quando o mundo estava em perigo.

— Por que iria querer isso?

"Que as noites foram feitas especialmente para dizer coisas

Que não podem ser ditas no dia seguinte

Estou me arrastando de volta para você

Pensou em ligar depois de beber algumas?

Porque eu sempre penso

Talvez eu esteja muito

Ocupado sendo seu para me apaixonar por outra pessoa"

— Sabe,quando estamos tão perto da morte assim acabamos vendo o que é realmente importante para nós. Eu sei que meus amigos são leais a mim porém, não sei se eles se arriscariam tanto quanto você se arriscou. — Davina sorriu de lado e parou de caminhar encarando sua mãe. Ambas tinham os mesmos olhos, a mesma cor de cabelo e até o mesmo nariz empinado. — As férias passou e nem um sinal tive de Alejandra ou de Pietro. Nada.

— Não pense nisso. Aproveite seu último ano meu amor, esqueça essas coisas fúteis.

— E se eles tiverem de rolo?Vão me excluir e de trio irão passar para um casal e eu mãe?! Não acredito que vou sair da escola virgem!

— Davina, para de drama. Hogwarts é uma escola que não ensina apenas conteúdo didático. Ela te ensina a ser forte e a confiar nos outros. — Granger olhou para os lados e então respirou fundo. — E quanto a virgindade...

— Mãe, falei brincando.

— Davina, não vou dizer para você não fazer sexo. Pode fazer. Não vou dizer para esperar um príncipe encantado nem nada, só quero que se proteja. Camisinha e poções existem para isso! —Hermione sorriu para a menina, nunca havia negligenciado assuntos sexuais com sua filha assim como sua mãe. Não queria que Davina passasse a vida esperando um príncipe encantado que talvez nunca chegasse. — Devia embarcar,acho que vi a mãe de Alejandra passando agora a pouco.

— Obrigado mãe. — A garota falou a abraçando e então entrando dentro do trem. Hermione sorriu, era emocionante para ela ver sua pequena filha seguindo seus passos. Sabia que como era uma nascida trouxa e Dylan um trouxa a possibilidade de Davina ter algum traço mágico era realmente um milagre.

— Eu não acredito nisso! — Exclamou alguém e Hermione teve que segurar sua respiração.

Desde os tempos antigos os filósofos e poetas enamorados dizem que por mais que duas pessoas tentem se afastar, se elas existiverem destinadas a ficarem juntas, o destino dará um jeito delas se reencontrarem. Hermione não acreditava nisso, para ela destino era apenas um paradigma que as pessoas fracas usavam. Porém, se existisse essa bobajada de destino mesmo, ele só podia estar tirando sarro da cara da Granger.

—Malfoy . — Cumprimentou ela se virando para o loiro.

— Granger. — Devolveu ele.

— É Miller agora.

— Não para mim.

— É para todos. — Malfoy riu. — Desculpa eu… — Hermione piscou e respirou fundo mordendo os lábios. — Meu marido está me esperando. Realmente tenho que ir. — A castanha não quis enfatizar a palavra marido muito menos rude, toda via, foi exatamente o que pareceu.

— Por que seu marido não venho com você?—Questionou ele mesmo já sabendo da resposta mas Draco queria confirmar, saborear, por assim dizer.

— Ele não faz parte do nosso mundo. Está me esperando na estação touxa.

— Então ele está em seu habitat natural.

— O que quer? — Perguntou ela por fim.

Embora os anos tenham se passado Malfoy estava exatamente como ela se lembrava. Talvez com alguns quilos a mais e com o cabelo um pouco mais comprido e mais esbranquiçado, mas fora isso estava exatamente como ela se lembrava.

— Você sumiu.

— Eu me mudei.

"Agora, eu pensei melhor

Estou me arrastando de volta para você

(Eu quero saber?)

Se esse sentimento é recíproco

(Triste ver você partir)

Meio que esperava que você ficasse

(Amor, nós dois sabemos)"

— Soube dos seus pais, lhe procurei por tudo e quando descobri o endereço você não estava mais lá. — Draco teve que dar alguns passos já que Hermione já iniciava sua caminhada. Realmente a castanha não queria ouvir nada de Draco. Não sentia nada por ele, nem ao menos remorso, mas não queria ouvir suas mentiras e manipulações.

—Talvez devesse trocar de detetives.

— É meio difícl achar uma pessoa que não quer ser encontrada.

Hermine parou e o encarou. Os anos haviam passado e os efeitos que o loiro havia em cima dela tinham acabado. Ela não era mais uma mulher inocente com um bom coração, havia apanhado muito da vida para aprender a ser forte. Viu seus maiores amigos lhe virarem as coisas, viu muita dor e morte. Viu a verdadeira face das pessoas.

— Acho que depois de tudo que passamos, e quando digo tudo me refiro até os tempos de Hogwarts, deveriamos tentar ao menos sermos sociáveis. Sem se esconder do outro caso um dia se esbarre na rua ou no supermercado. O mundo é grande mas eu cansei de me esconder. Não temos motivos para isso.

— Posso perguntar se ela ao menos é minha? —Malfoy falou e Hermione se assustou. Como ele poderia achar que Davina era sua filha? Que tipo de mulher ele achava que ela era?

—Faça as contas, Malfoy. Não nos vemos a 20 anos, Davina tem 17.

Eles se encararam.

— Quando você foi embora, eu percebi que não se pode forçar o amor, que não se pode obrigar uma pessoa a ficar. Você me ensinou muito Hermione Granger. Espero que eu tenha lhe ensinado algo também. — Malfoy falou e deu um passo para perto de Hermione que se afastou. O loiro riu e então novamente se aproximou e então beijou a testa da castanha. — Foi um prazer te rever.

E virou as costas e deixando uma Hermione de olhos fechados parada no meio da plataforma de embarque.

Noticiários anunciaram três meses depois que Draco Malfoy foi encontrado por seu filho mais velho, morto, deitado em sua cama vítima de infarto . Finalmente o garoto encontrou paz.

"Que as noites foram feitas especialmente para dizer coisas

Que não podem ser ditas no dia seguinte

(Eu quero saber?)

Muito ocupado sendo seu para me apaixonar

(Triste ver você partir)

Pensou em ligar, querida?"