"Suas bochechas estão coradas?

Você já ficou com medo de não conseguir esquecer um tipo

Que gruda na sua cabeça como algo em seus dentes?

Você tem alguma carta na manga?

Você não tem ideia de que é minha obsessão?"

Draco Malfoy se revirou na cama cobrindo os olhos com o travesseiro. Havia esquecido a cortina aberta na noite passada e a claridade invadia seu amplo quarto o despertando de uma de suas melhores noites de sono. E como não há nada que já está tão ruim que não possa piorar, ao passar o braço no lado da cama aonde a castanha causadora de sua noite maravilhosa deveria estar, notou que mais uma vez amanheceu sozinho.

Nú e sozinho.

Bufou irritado. A mulher sempre fazia isso. Sabia que ela inventaria uma desculpa qualquer e o ignoraria pelo resto do dia, talvez do mês. Ela era uma bagunça total quando o assunto era o loiro.

Desde o primeiro beijo até a primeira tranza, Hermione não sabia ao certo o que fazer em relação ao Malfoy muito menos o que sentia por ele afinal, desde sempre eles foram inimigos declarados e de um momento para o outro estavam se agarrando.

Inimigos de dia, amante de noite. Isso era o mais excitante.

Já de mal humor se levantou da cama e notou um papel grudado em sua cabeceira da cama. Riu com a indecisão da garota, pela caligrafia era clara a confusão de Hermione. Ela com sua postura sempre confiante tremeu escrevendo o bilhete e isso deu uma certa esperança em Malfoy.

"Sonhei com você quase todas as noites esta semana

Quantos segredos você consegue guardar?

Porque esta melodia que encontrei

Me faz pensar em você de alguma forma

E a toco repetidamente"

Malfoy chegou atrasado no trabalho mas apenas sua secretaria notou. Trabalhar no ministério era algo estressante porém muito gratificante. Após ficar muito tempo em casa consolando sua mãe por causa da morte de seu pai, Malfoy decidiu que era hora de seguir em frente, mandou Narcisa para o Canadá aonde ela moraria em uma das melhores casas de passagens e decidiu seguir em frente. Pensou em abrir uma empresa própria porém achou que seu nome não iria ser bem visto no mercado. Sua surpresa venho quando encontrou na frente de sua porta uma coruja do próprio ministro da magia oferecendo um cargo para o loiro. Ele, mesmo não aparentando sua surpresa, aceitou de bom grado e foi onde se aproximou de Hermione Granger já que ambos possuíam o mesmo cargo.
Hermione era uma pessoa considerávelmente amigável, trocavam poucas palavras que não estivesse relacionadas aos trabalhos e casos do ministério.

Malfoy surpreendeu-se de fato, afinal,quando a viu no ministério acho que seria como nos tempos de Hogwarts. Para seu deleite não foi e a garota mostrou que mesmo não possuindo sangue puro era tão superior quanto quando se tratava de trabalho. Ela não se negava a nada.

Ao entrar na sala compartilhada com a Granger se deparou com a castanha sentada sobre a mesa com suas pernas cruzadas elegantemente conversando com o auror Potter. Ambos não o notaram chegar e se notaram, ignoraram perfeitamente. Ele fingiu não ligar e sentou-se em sua mesa tirando o blazer antes. Ficou dez minuto encarando um papiro com qualquer coisa escrita tentando ao máximo entende o que estava escrito mas a risada de Granger e a mão de Harry em sua coxa era muito mais interessante.

Eles não tinha nada.

Era óbvio. Eram amigos e amigos não podem ter nada além de amizade. Era uma regra básica.

A porta bateu e Malfoy piscou, Potter havia ido embora.

— A propósito, bom dia para você também. —Ela disse se sentando em sua cadeira e mexendo em alguns papéis aleatórios.

— Podia me desejar bom dia em minha casa mas é muito melhor me desejar no trabalho após eu dar uma de voyeur e quase ver Potter te comer com os olhos. —Malfoy disse e Hermione o encarou com o cenho enrugado.

—Não fale assim de Harry. — Foi o que ela disse jogando algo no lixo. Malfoy teve que rir, ela era inocente o bastante para achar que Potter ainda a via como a garota com cabelos de vassoura e dentes grandes. Se ele não a via assim imagina se Potter iria ver.

— Pode falar, é tudo parte do tesão me deixar acordar sozinho sempre depois de uma noite daquelas? — Questionou ele selando uma carta e colocando na pilha de cartas a serem enviadas.

— Não sei do que está falando. — Ela falou se levantando e pegando algumas pastas junto a algumas cartas.

— Não?Deixe-me refrescar sua memória. — Ele ironizou também se levantando. — Eu e você em minha casa, na cozinha, na sala, no quarto e até mesmo no banheiro. Alguns gemidos, muitos espasmos e muito sexo. Não lhe lembra nada?

— E que tal uma GreenGrass grávida de cinco meses batendo em sua porta? Lembra-lhe algo? — Hermione ergueu uma de suas sobrancelhas se orgulhando da pergunta. Ela não o amavá assim como ele não a amavá mas acordar com uma GreenGrass batendo em sua porta não era exatamente algo agradável.

— Daphne?

"Até cair no sono

Derramando bebidas no meu sofá

(Eu quero saber?)

(Eu quero saber?)"

— Não sei. Quando sai ela ainda estava lá. Não se preocupe, ela não chegou a me ver, aparatei antes de ela entrar. — Respondeu friamente e começou a dar passos em direção a porta. Granger era uma boa mulher, não via razões para Malfoy fazer aquilo com ela. Ele sabia que ela não suportava traição e até então ele havia contado uma história completamente diferente daquilo.

— Eu posso explicar. — Assegurou ele interrompendo o caminho da castanha se posicionando na frente da porta deixando ela sem ter para onde ir.

—Com certeza pode. —Ironizou ela.

— Daphne e eu... Você sabe que eu e Astória sempre tentando ter um bebê e quando finalmente conseguimos eu acabei perdendo-os.

— Você fez eu chorar por ela, me fez levar flores ao túmulo do filho de vocês que você alegou ter morrido junto a ela. Fiquei esse tempo todo achando que você queria apenas sexo para esquecer Astória mas não! Você quer apenas poder dizer que tem quantas mulheres quiser em sua cama! Uma vez galinha, sempre galinha.

Tudo foi dito em voz baixa, como um segredo. Ela não arfava nem se descabelava. Apenas pronunciava tudo com um suave sabor de azedo na boca. Eles não eram nada mais do que colegas de trabalho que passavam a noite juntos. Nada mais que isso. Não havia motivos para ela chorar agora muito menos ele.

— Hermione, eu tenho o laudo médico constatando o óbito assim como de meu filho. Eu enterrei eles. Fiquei de luto. Por que mentiria sobre isso? Por que usaria você para esquecer ela? Não vê que os anos passaram e eu mudei? — Perguntou ele franzindo a sobrancelha e gesticulando. — Não sei como mas Astória ainda me rondeia através de sua irmã. Elas são tão parecidas...Daphne acredita que pode substituir o lugar de Ast mas não pode. Eu não quero. Mesmo Daphne sendo a mais velha elas são idênticas, você viu Daphne e imaginou ser Astória!

— Faça sua melhor cara de cão sem dono por que esse discurso não tá me convencendo. — Ela disse por fim o empurrando e passando pela porta como se nada tivesse acontecido.

Malfoy deu um murro em sua mesa assim que sentou na mesma. Daphne desde sempre desejou o loiro e quando sua irmã conseguiu se casar com o mesmo quase enlouqueceu. Astória morreu dando a luz ao filho do Malfoy e ao invés de ficar de luto pela irmã, Daphne simplesmente bateu em sua porta vestindo apenas um sobretudo.

Isso que é ser uma GreenGrass,dinheiro antes de tudo.

Quando Granger voltou a sua sala ela já estava vazia. Malfoy devia ter ido embora sem interesse de voltar no mesmo dia já que havia levado seu blazer e pasta. Hermione não gostava de imaginar que Malfoy talvez tivesse falando a verdade mas se pondo no lugar dela, até mesmo Dumbledore teria se irritado. Muitas fotos sobre a ex mulher de Draco Hermione já tinha visto porém, com o passar do tempo o sorriso da loira estava se apagando e ao ver aquela mulher na porta, a castanha entrou em choque. Afinal ninguém gosta de ser a outra.

O telefone tocou e a Granger atendeu, antes de mais nada vinha o trabalho.

— Hermione Granger,quem gostaria? — Perguntou a castanha no modo automático.

— Olá madame Granger, aqui é uma velha conhecida de Hogwarts. Já deve ter ouvido falar de mim, Daphne GreenGrass. Temos assuntos a tratar. — Falou a voz do outro lado da linha.

— O que quer? — Perguntou a castanha com sua melhor voz profissional.

— Não é o que quero e sim o que vou ter. Eu vou ter o meu Draco mas para isso preciso que você saia do caminho.

— Escute senhorita GreenGrass, não sei o que você julga que eu e Malfoy temos mas garanto que está erroneamente errada. — Falou Hermione estralando seus dedos. Alguém bateu na porta e entrou na sala mas Hermione fez um sinal com a mão para que a pessoa voltasse depois.

— Acho que você não entendeu, eu estou grávida do herdeiro dos Malfoys. Não vou deixar que uma vadiazinha sangue sujo como você estrague tudo. Não depois de tudo que eu passei.

— Vadiazinha? Desculpa mas a única vadia aqui é você que destruiu sua própria irmã por que sentia inveja dela ter conseguido ganhar o coração de Draco Malfoy. Não pode ao menos suportar sua derrota, teve que se rebaixar mais ainda se oferecendo para ele e quanto mais ele negava mais você queria. Posso não ser sangue puro mas pelo menos meu orgulho está intacto. — Hermione não era o tipo de mulher que criava discussão por coisas pequenas e com pessoas insignificantes porém Daphne estava extrapolando sua paciência assim como seu limite. Ela não era muito amiga de Astória mas achava um desrespeito com a mesma o que a própria irmã estava fazendo. Ela estava querendo não apenas roubar o lugar de sua irmã mas queria ser sua irmã.

— Considere-se avisada. — Foi o que a Grengrass falou após um minuto de silêncio. Logo a linha foi desocupada.

"Se esse sentimento é recíproco

(Triste ver você partir)

Meio que esperava que você ficasse

Que as noites foram feitas especialmente para dizer coisas

Que não podem ser ditas no dia seguinte "