Acordei com pontinhos pretos e roxos na minha visão. Pisquei duas vezes e ela ficou totalmente... normal. Dava de ver que eu estava na ala hospitalar, mas eu sentia uma pressão na minha mão esquerda. Baixei os olhos e vi Draco apertando minha mão e dormindo. Ele era lindo. Olhei em volta e vi uma água num copo de plástico. Tentei esticar a mão, mas eu estava fraca demais. Draco acordou com o meu esforço e sorriu fracamente. Tentei retribuir, mas tudo o que eu conseguia fazer era mexer os olhos.

– Bom dia, bela adormecida.

Mexi meus olhos pra ele e depois pra água duas vezes até ele entender. Ele pegou o copo, ergueu minha cabeça e derramou a água lá. Depois deu me engasgar ele retirou o copo e eu parei de tossir. A água escorreu por todo o meu corpo e pareceu me deixar viva. Agora eu conseguia mexer os lábios e os dedos das mãos e dos pés, menos os membros. Fiz um sinal afirmativo com o dedão pra ele e ele sorriu mais aliviado. Perguntei, com a voz fraca e rouca, muito baixinha.

– Quanto tempo eu estou aqui?

Ele se aproximou para ouvir e disse:

– Uma semana. Todos vieram te ver; a Prof. McGonagall, os seus amigos, o Prof. Dumbledore e os seus pais.

– Meus pais vieram aqui? – perguntei com a mesma voz.

– Sim, e me acusaram de tudo o que aconteceu.

– Por que?

– Ficaram sabendo da minha ligação com Parkinson, sabe, que ela era uma conhecida. Aliás, ela foi expulsa. Ainda bem.

– Foi expulsa?

– Foi.

Dei um sorrisinho. Ele sorriu e depois se aproximou do meu rosto. Eu quis erguer minha cabeça, mas não consegui. Então ele mesmo me beijou. Começou bem fraco, porque eu mal conseguia mexer os lábios, mas depois ganhou velocidade, quando eu ganhei a sensibilidade nos lábios. Ele se soltou e olhei para o meu braço que automaticamente tinha ido para o rosto dele. Estava roxo e cheio de hematomas. Puxei meu braço com a maior velocidade que consegui para debaixo do lençol. Ele ficou confuso.

– Por que puxou seu braço?

– Você não vai querer olhar ele enquanto ele está desse jeito.

– Você é linda de qualquer jeito.

– Menos roxa. Odeio Parkinson.

– Eu também.

Me senti mais a vontade de mostrar meu braço, então o puxei um pouco. Ele sorriu.

– Quando vou poder sair daqui?

– Quando os hematomas sumirem até ficarem amarelados.

– Droga.

– Eu vou vir te visitar todo dia, prometo.

Respirei aliviada, mas disse:

– Bom. Mas eu vou ficar sem os assuntos do mesmo jeito, a não ser que você traga.

Ele murmurou “droga, perdi a aposta” e disse:

– Gina vai trazer pra você. Eu apostei com ela que você não se preocuparia com isso até sair daqui, já ela disse o contrário, e bem, ela ganhou.

– Eu nunca ia me preocupar com isso só quando saísse. – disse, rindo um pouco. Ele ergueu uma sobrancelha:

– Pensei que fosse minha namorada.

Me surpreendi na hora. Ele estava dizendo “pensei que fosse minha namorada.”?

– Eu sou?

– É.

– Você não falou nada disso.

Ele girou os olhos e disse, no tom sarcástico que eu tanto amava:

– Hermione Granger, você quer ser minha namorada?

– Hmm... – fingi pensar. Ele riu e disse:

– Qual é, Hermione!

– Tá bom, tá bom.

Ele ia chegar perto pra me beijar outra vez, quando a porta abriu e Harry, Rony e Gina apareceram. Draco se afastou trincando os dentes e fazendo uma careta pra cada um.

– Malfoy, você disse que ia nos contar quando ela acordasse. – disse Harry bravo.

– Esqueci. – disse Draco de má vontade e irritado também.

– Gente, eu acabei de acordar, vocês não vão comemorar? – perguntei, tentando acalmar os ânimos de todos. Gina correu até mim e me abraçou devagarzinho. Retribui.

– Claro, claro. – disse Rony em resposta.

Todos (menos Draco) fizeram fila pra me abraçar. Depois se separaram e Harry disse:

– Então, você está se sentindo bem, Mione?

– Apesar das dores dos hematomas, tudo bem.

– Isso é bom. Mas tem tantos hematomas... você deve estar morrendo de dor.

– Não é exatamente uma dor. É mais como... uma cutucada, entende?

– Ah, ok.

Draco me olhou. Acho que ele esperava que eu falasse alguma coisa, mas não consegui. Achei que ainda estava muito cedo então só pisquei pra ele. Ele deve ter entendido. Rony se virou para ele:

– O que ele está fazendo aqui?

– Ele é meu companheiro de aposento, Rony, e mesmo que nós não nos demos bem ele se preocupa comigo. – falei severa.

– Como você pode ter certeza?

– Isso não é da sua conta.

Ele e Harry me olharam desconfiados e Draco deu um grande sorriso triunfante cheio de dentes.

– Hm... Mione, acho que nós já vamos, o intervalo era só de dez minutos. – disse Gina parecendo triste.

– Ok. Vejo vocês quando vocês vierem me visitar. – disse com um sorrisinho meio triste, eu não queria que eles fossem, mesmo com o clima pesado que havia surgido.

– Tchau, Hermione. – disseram os três conforme iam saindo pela porta.

Draco me olhou. Eu sabia que ele tinha de ir também. Mas fiz uma pergunta antes.

– Quantas aulas você já faltou?

– Duas. E vou faltar mais uma.

– Claro que não! – disse horrorizada. – Você tem que ir, não pode perder mais uma! Duas já foram demais!

– Você não gosta de ficar comigo? – ele disse desconfiado.

– Claro que sim, mas afinal você não pode perder aulas, até porque pode ficar de recuperação.

Ele riu e chegou perto da minha cama. Nos beijamos e depois ele disse:

– Eu gostei do que você disse pro Weasley.

E depois saiu.