Automaticamente soltei a mão de Malfoy e algo pareceu fechar minha garganta. Eu precisava de ar. Realmente precisava. Eu o empurrei no peito pra conseguir impulso e subir à superfície, ele parecendo chocado demais para fazer qualquer movimento, os olhos arregalados e sobrancelhas arqueadas.

Quando me vi com a cabeça fora da água, cravei com força as unhas na borda do lago, me içando para cima e respirando ofegante. Muita terra havia se instalado entre minha unha e a carne, mas eu estava muito ocupada com outras coisas para dar importância, então apenas praguejei em voz baixa.

–Luna? –A voz dele tremia de forma particularmente assustada.

Apenas bufei, ainda tremendo de frio e começando a me afastar do lago. Ouvi seus passos rápidos atrás de mim, mas não me apressei, ao contrário, estava apenas indiferente à qualquer coisa que ele fizesse.

–Ei. –Ele sussurrou, sua mão gelada e comprida em meu ombro. Senti uma onda de fúria se espalhar por mim, vinda de onde ele havia tocado.

–Por favor, não me toque. –Falei após um segundo, a voz baixa e carregada de desprezo. Eu nem ao menos sabia que possuía essa voz.

–O que...?

–Não se faça de idiota! –Explodi me virando para ele e enfiando o dedo em sua cara. –Eu vi, certo? –Indiquei o lado interno do meu próprio braço e observei sua expressão se transformar. Era uma transação entre surpresa e ânsia de vômito. Então ele gemeu, colocando as mãos sobre o rosto.

–Você não entende...

–O que eu não entendo? –Pergunto, a voz alta.

–Não é minha culpa! –Ele parecia prestes a chorar, os lábios tremendo. –Eu não tive escolha, certo?

Franzi as sobrancelhas, lutando contra a vontade de consolá-lo, pegar seu rosto entre as mãos e o falar que não existia problema, tudo ia ficar bem. Mas existia. Ele me encarou, como se esperasse que eu o mostrasse uma saída para aquilo e, então, procurou minhas mãos com as suas.

–Não vá embora. –Pediu, a voz baixa.

Tentei me livrar de suas mãos, sem êxito e abaixei a cabeça.

–É demais. Eu não consigo nem te olhar. –Falei sinceramente. Ele ficou em um silêncio amargo e suas mãos afrouxaram um pouco ao redor das minhas.

–Luna...

–Não precisa fingir que se importa só porque eu vi a Marca. Você nem me conhece. Eu não importo de verdade para você. –Finalmente consegui me livrar do aperto de suas mãos ao redor das minhas e, sem ao menos o encarar, me virei e comecei a andar em direção ao castelo.

Quando cheguei em frente a porta da Sala Comunal, congelando a cada corrente de ar e com a roupa fria colando no corpo, a aldrava sussurrou:

–Um animal...

–Erumpente. –Falei, entediada e a porta abriu.

Cho estava em uma das poltronas, conversando com Edu Carmichael e, assim que entrei, se virou para mim com divertida curiosidade.

–Você está...?

–Molhada? –Completei. –Sim.

Edu começou a rir baixo, mas Cho continuava curiosa.

–O que estava fazendo?

–Caí no lago. –Expliquei. Não deixava de ser verdade.

E então corri até as escadas para o dormitório, murmurando um “boa noite” para os dois. Chegando lá, finalmente deixei algumas lágrimas caírem enquanto entrava no banheiro e me livrava das roupas molhadas. Não estava chorando porque estava apaixonada por Draco, não. Estava chorando porque nunca achei que fosse capaz de ser tão má em frente a alguém tão desesperado.