P. O. V. Draco

As lágrimas haviam vindo como fogo: Arrasadoras e desgastantes, impondo entre nós um grande abismo mortal. Mas, tal como o fogo, elas se consumiram até que as únicas coisas que eu sentisse fossem os braços de Luna me abraçando por trás, se fechando sobre meu peito, e sua cabeça descansando em meu ombro enquanto lágrimas sinuosas escorriam por suas bochechas.

–Eu me odeio–Grito, ainda choramingando. –Porra, eles vão pagar por mim -Repentinamente, não me importo com a possibilidade de alguém ouvir. “Na verdade, acho que anseio por isso”, concluo enquanto Luna procura cobrir minha boca com uma das mãos, seus braços ainda presos sob os meus e dificultando o processo.

–Não fale isso. –Murmura. –Amor, não fala isso. –Ela pressiona os lábios contra o meu pescoço, calmamente.

–Ele vai matar minha família. –Fecho os olhos, mais lágrimas quentes escorrendo por meu rosto.

–Nós vamos dar um jeito de resolver tudo. Podemos nos abrigar sob a proteção de Dumbleodore, isso... –Ela está tão abalada quanto eu e posso sentir seu nariz gelado em meu pescoço.

–Você não entende. –Soo mais agressivo do que queria.

Luna fica em silêncio por algum tempo e, quando fala, sua voz é quase inaudível:

–Ouça, eu não sei... Não sei como te ajudar com isso. –Ela finalmente se permite chorar de verdade, soluços incontroláveis tomando sua voz. –Eu só... Me desculpa.

Me viro para a encarar. Ela faz uma careta enquanto uma enorme quantia de lágrimas sai de seus olhos fechados e aquilo de repente é demais para mim. Eu vou morrer e isso é um fato. Mas, ao fitar a pessoa mais pura que eu já conheci em toda a vida, ao ver seus olhos azuis tão vermelhos e toda tristeza que a inflama explodindo, isso acaba comigo. Quero me ajoelhar no chão e pedir perdão, quero consertar tudo e tirá-la do inferno que é minha vida.

Durante todo esse tempo eu odiei o Lorde das Trevas por arrastar famílias todas em suas causas egoístas, mas não devo ser muito melhor do que ele, afinal, eu arrastei Luna para aquele caos.

–Eu vou estar aqui. –Ela parecia ter lido meus pensamentos, sua voz mais calma. –Eu vou fazer o possível para sairmos dessa. –Murmurou, os lábios colados ao meu ouvido.

–“Sairmos”? Só eu estou nessa, Luna. -Tento manter minha voz firme.

Ela tira um dos braços debaixo dos meus e usa a mão para virar meu rosto para o dela. Suas sobrancelhas claras estão franzidas e a boca se retorce em uma linha fria e inexpressiva.
Enfim, Luna usa a voz mais seca que algum dia poderia se desprender de sua garganta para replicar comigo:

–Draco Malfoy. Se está querendo dizer –Sua voz é pausada, a indignação tremulando em cada sílaba. –que, depois de ter me contado tudo isso, você planeja se isolar e resolver toda essa merda sozinho, eu vou simplesmente odiar você. Mas isso ainda não significa que eu vou permitir que você passe por isso sem ninguém. –E então eu vejo um lampejo mortal em seus olhos azuis.

Ficamos em silêncio durante algum tempo até eu falar, erguendo uma sobrancelha:

–Lovegood, por isso que você é minha garota. –Um sorriso bobo toma minhas feições.

Luna revira os olhos, mas também está sorrindo.

–Nós precisamos de um plano, ok? –Ela reflete um pouco antes de finalmente anunciar: -Precisamos de Dumbleodore.