Maga, Bruxa ou Semideusa? - 2 escrita por Marina Leal


Capítulo 18
Capítulo 18 - Conversa


Notas iniciais do capítulo

explicações nas notas finais
espero que gostem



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A maioria dos iniciados estava ansiosa para ver quem iria chegar e se agruparam no grande salão depois do jantar, alguns empoleirados nos sofás assistindo uma partida de basquete com Khufu e os menos interessados foram para os seus quartos, Liz estava ao meu lado revisando uma série de hieróglifos que eu estava tentando entender, mas parece que minha dislexia também afetava minha leitura de egípcio antigo.

Michelle e Aaron estavam conversando em voz baixa e pareciam estar entretidos em algum jogo de cartas, Brady e Candice não estavam em nenhum lugar à vista e o casal que perdeu o duelo para mim e Richard me fitava parecendo um tanto irritado.

– Vamos Nat, não é tão difícil. – Liz suplicou, parecendo cansada e chamando minha atenção de volta.

Eu suspirei e enrolei o pergaminho.

– Estou cansada, acho que por hoje chega.

– Mas... – Ela começou a falar, mas notou meu olhar. – Ta bom.

Dei um meio sorriso, depois me senti mal.

– Eles estão bem. – Minha amiga falou como se lesse meus pensamentos. – Linda é mais durona do que parece, ela sabe se virar, eu vi que o seu acampamento não é para molengas e Peter, bem, ele anda com a gente, tem que ser forte para nos aguentar.

Revirei os olhos para o tom dela, Liz estava certa, eles estavam bem, mas eu sentia uma falta horrível de ter meus amigos juntos.

Comecei a passar meus olhos novamente por entre os iniciados, esperando distrair meus pensamentos quando um barulho vindo da entrada da mansão chegou até nós.

O iniciado, ou iniciada, havia chegado.

Todos ao redor congelaram, seus olhos pregados no grande corredor que revelaria o novo morador da mansão.

Um segundo se passou e os primeiros a aparecer foram Sadie e Carter, ambos parecendo levemente feridos e exaustos. Então o choque superou a expectativa e muitos iniciados foram ver o que havia acontecido, Liz correu na direção de Sadie como se o mundo estivesse desabando.

– Estamos bem. – Disse uma Sadie parecendo muito satisfeita com a reação de todos. – Foram apenas alguns demônios que encontramos pelo caminho.

– Onde está o novo iniciado? – Uma voz feminina que eu reconheci como sendo de Laura perguntou.

Sadie e Carter trocaram um olhar estranho e depois sorriram tristemente um para o outro.

– Na verdade são dois, irmãos. – Carter falou e se inclinou para o lado como se procurasse alguém.

– Aragorn, Arwen (n/a: se pronuncia Áruen), venham. – Sadie chamou e muitos deram risinhos ao ouvir o nome deles.

Em seguida um casal apareceu no grande salão.

Eram claramente irmãos, mesmo que Carter não tivesse dito daria para ver logo de cara, possuíam os mesmos traços nas bochechas e seus cabelos eram exatamente da mesma cor, um louro caramelo, os dois tinham a pele clara. O garoto era alguns centímetros mais alto que a menina. E os olhos dos dois eram de um verde-escuro profundo e estavam alertas. Estimei que ambos tivessem cerca de 13, talvez 14 anos e pareciam um tanto acuados ao ver tanta gente olhando em sua direção.

Senti um pouco de solidariedade com eles dois, muitos ali ainda me olhavam dessa forma.

– O senhor dos Anéis? – Ouvi um cochicho logo atrás de mim, trinquei os dentes ao ouvir o deboche que eu tanto conhecia na voz do meu irmão. – Sério?

– Fica na sua Logan. – Adam repreendeu e eu fiquei surpresa. – Eles não têm culpa dos pais terem colocado esse nome neles.

Decidi ignorar a conversa deles e voltei a olhar os novatos. Reparei que as roupas de ambos pareciam meio chamuscadas e que no rosto dele havia um corte e as mãos dela estavam com sangue.

– Venham, sentem-se. – Carter chamou parecendo cansado e apontando para um sofá vazio perto de onde ele e Sadie estavam. – Estão seguros agora.

A garota mordeu o lábio inferior e parecia prestes a chorar, o irmão pegou a mão dela e a guiou para o sofá, mesmo que não parecesse muito confortável em fazer aquilo com uma plateia.

– Mas nossos pais não estão. – Ela murmurou abatida. – Ah Aragorn, e agora?

– Vai ficar tudo bem Arwen. – Ele prometeu.

Me senti invasiva ao observar aquilo, era uma dor particular, eu podia adivinhar o que havia acontecido com os pais desses garotos, o que teria acontecido com a minha mãe se ela não fosse uma maga treinada.

Estremeci e virei as costas para os irmãos, não queria ver o sofrimento deles, e fui para a varanda.

O ar frio do Brooklyn me fez estremecer assim que puxei as portas de correr, as roupas de linho não ajudavam muito no quesito aquecimento então convoquei uma pequena bola de fogo para me manter aquecida quando vi que já havia alguém ali.

Não fiquei surpresa ao notar quem era, ele era mestre em se isolar sempre que podia.

– É ruim demais não é. – Ele falou sem olhar para trás. – Ver a dor dos outros e não poder fazer nada para ajudar.

– Imagino que você sendo quem é, já sabia que alguém havia morrido. – Murmurei parando ao lado dele e diminuindo a intensidade do brilho das chamas. – Acertei?

Kevin deu um sorriso de lado, mas ele parecia distante, frio.

– Mais ou menos, Hades me deu alguns dons, mas nesse caso foi Anúbis que me fez perceber isso. – Ele girou o anel em forma de caveira no dedo e eu por reação instintiva levei a mão aos óculos de sol que sempre estavam comigo, mesmo durante a noite. Então Kevin continuou falando em voz baixa, olhando Manhattam ao longe, mas parecendo ver outra coisa. – Eles estão com esse tipo de aura da morte, alguém muito próximo a eles morreu, talvez mais de uma pessoa.

– Foram os pais deles. – Murmurei e Kevin assentiu para si mesmo. Ele ficou quieto por um momento antes de falar de novo. – Você não vai encontrar nenhum seguidor de Anúbis no salão se procurar agora.

– Eu sei, notei Rosalie e alguns outros subindo as escadas. – Falei. – Não tinha entendido o motivo.

Ele suspirou, ainda parecia triste.

– Seguidores de Anúbis, apesar de alguns iniciados gostarem de dizer que somos emos e outras coisas do gênero, são muito afetados com a morte de alguém. – Ele explicou e eu suspirei quando ele disse a palavra ‘emos’, Logan e suas piadinhas sem graça. E continuou. – Sofremos o luto junto com as pessoas que perderam, quanto mais forte o elo entre o vivo e o morto, mais dor iremos sentir.

– Sinto muito. – Murmurei.

– Sei que você também pode sentir. – Ele comentou. – Rá criou todas as coisas, e quando algo morre ele também sabe.

Funguei desconfortável.

– Zia me falou. – Concordei. – E explicou também porque não é sempre que sentimos isso, afinal a cada minuto morre alguém em alguma parte do mundo.

Ele assentiu.

– Somente pessoas que estão perto de nós nos afetam dessa forma. – Disse sem realmente precisar.

Fechei os olhos.

– Espero que melhore. – Murmurei.

– Vai melhorar sim. – Ele garantiu.

Nesse momento a porta de correr se abriu atrás de nós e eu me virei.

– Nat... ! – Quando Kevin reconheceu a voz seu corpo ficou tenso. – Ah!

– O que foi Fernanda? – Perguntei ignorando o fato que ela também parecia repentinamente irritada ao ver quem era ao meu lado.

– Carter e Sadie estão chamando você, parece que os recém-chegados querem alguém que chegou há pouco tempo. – A voz dela estava contida e eu assenti, eu conseguia entender.

Só não sabia se ia conseguir aguentar a dor que emanava deles.

– Vai lá. – Kevin murmurou e virou de volta para olhar a cidade.

Hesitei por um momento, indecisa se deixava ou não o fogo ao lado dele, mas um rápido olhar em sua direção me disse que estaria mais confortável no escuro.

– Boa noite. – Sussurrei e me afastei, voltando para dentro da casa com Fernanda ao meu lado.

– Ele é insuportável! – Ela exclamou ao meu lado quando estávamos subindo as escadas, ignorando o olhar de alguns magos quando passamos por eles.

No grande salão apenas alguns agora assistiam os jogos ao lado de Khufu, a maioria parecia ter ido para seus dormitórios.

Fernanda suavizou a expressão quando notou meu olhar.

– Nenhum de nós gosta de reviver o que passamos ao chegar aqui. – Comentou parecendo triste. – Você teve uma sorte que poucos aqui têm.

Fiquei tentada a perguntar o que havia acontecido com ela, mas mordi a língua.

– Vamos logo. – Pedi e ela me guiou para o quarto que me mandaram na primeira noite que passei na mansão.

Assim que entrei no quarto os irmãos deram um pulo, mas Carter e Sadie sorriram na minha direção, embora parecessem pedir desculpas com os olhos.

– Boa sorte. – Fernanda murmurou para mim antes de lançar um breve olhar na direção dos dois e dar meia-volta.

– Oi. – Falei em voz baixa.


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Notas finais do capítulo

meus amores, eu sinto muito ter me ausentado por tanto tempo, surgiram tantos problemas na minha vida que não tive tempo de postar esse cap que já estava pronto, e quando pude postar uma coisa muito ruim me abalou e eu perdi o ânimo para fazer qualquer coisa
no dia 2 desse mês de abril minha mãe faleceu, ela foi internada e diagnosticada com pneumonia, teve duas paradas cardíacas e não resistiu :'-( resolvi postar esse cap e explicar para vocês o que aconteceu, e dizer também que vou parar de escrever essa fic por um tempo, espero que entendam
sinto muito mesmo



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