Maga, Bruxa ou Semideusa? - 2 escrita por Marina Leal


Capítulo 11
Capítulo 11 - Canalizando magia


Notas iniciais do capítulo

gente, me perdoem, se tiver alguém que ainda acompanha eu peço perdão
beijos



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Por um breve momento todos ficaram em silêncio, meus olhos se voltaram para o lugar da pessoa que havia deixado o pires cair.

Richard estava com os olhos arregalados de choque, sua boca estava aberta e ele parecia horrorizado, como se algo trágico tivesse acabado de acontecer.

Sadie foi a primeira a fazer algum movimento.

Hi-nehm. – Falou e um hieróglifo dourado brilhou no ar brevemente antes de se fundir aos cacos de porcelana e torná-los um pires inteiro novamente. Eu já estava me cansando daquele truque.

Todos pareceram descongelar um pouco depois disso, alguns olharam para mim com medo, outros pareciam com inveja e outros pareciam simplesmente não ligar.

– Zia. – Carter falou e olhou para ela.

Zia olhava para mim com um misto de preocupação e o que parecia alegria, notei que uma de suas mãos estava apoiada no ombro de Richard.

– Rá a escolheu, não irei dizer não se essa também for a escolha dela. – Zia falou, algo em suas palavras me deu a sensação de que talvez ela quisesse que eu negasse o caminho.

– Seguirei o caminho de Rá. – Falei quando eles voltaram a olhar para mim.

– Muito bem. – Carter suspirou. – Assim que acabarmos o café vamos seguir com os estudos, Nat, Zia ficará responsável por você a partir de hoje.

Concordei com a cabeça e voltei a comer.

O resto do café foi um evento silencioso, embora alguns dos magos ao meu redor lançassem olhares estranhos na minha direção.

– Isso passa. – Liz murmurou para mim ao notar os outros me encarando. – Foi assim quando o Richard foi escolhido para esse caminho.

– Hum. – Murmurei um tanto desconfortável.

*****

Depois do café Zia veio falar comigo, com Richard a seguindo bem de perto.

– Bem vinda ao caminho de Rá. – Ela falou.

– Obrigada. – Murmurei.

Ela olhou para Richard.

– Normalmente passo a maior parte do tempo treinando Richard, mas creio que como ele está mais avançado pode ir para a aula de Carter, ou de Sadie enquanto ensino a você o que ele já sabe.

– Eu posso lidar com isso Zia. – Ele sorriu levemente. – É sempre bom relembrar o básico.

– Você tem certeza? – Ela perguntou e ele assentiu. – Muito bem então.

Fomos para a sala de treinamento onde Zia havia me falado sobre os caminhos divinos. E onde vi Richard pela primeira vez.

Dessa vez o lugar parecia mais com uma sala de aula, carteiras enfileiradas e um armário no canto.

Zia me fez sentar em uma das carteiras e me entregou um papiro junto com um livro com hieróglifos e fez um gesto na direção da minha bolsa.

– Tire um pincel e uma tinta. – Pediu. Com o canto do olho percebi que Richard já havia feito aquilo e aguardava calmamente.

Olhei para a bolsa que Liz me dera e hesitei um pouco, mas fiz o que Zia pediu, tentando ao máximo ignorar a grudenta bola de cera e impedir que ela tocasse em meus dedos.

– O que vamos fazer? – Questionei e Zia sorriu.

– Canalizar magia através de palavras, como magos aprendemos a canalizar a magia que temos através das palavras. – Ela pegou meu pincel e desenhou um hieróglifo no papiro, percebi que era o símbolo para fogo. – Agora afaste-se.

Afastei o rosto automaticamente e no mesmo momento uma pequena coluna em chamas irrompeu do papel, em seguida se extinguiu.

– Uau! – Exclamei. – Isso foi legal!

Zia me entregou o pincel e eu abri o livro, estava cheio de hieróglifos e a tradução deles logo ao lado.

– Um dicionário. – Comentei examinando as páginas seguintes.

– Está mais para uma seleção de palavras. – Richard falou e eu olhei para ele, seu corpo ainda parecia meio tenso, mas seu rosto estava descontraído e ele revirou os olhos. – Zia escolheu os hieróglifos mais indicados para essa tarefa específica e a forma como devem ser copiados.

Olhei para o papel novamente e percebi que ele tinha razão, havia sempre dois desenhos do mesmo hieróglifo, mas na segunda imagem sempre faltava um detalhe.

– Porém qualquer palavra serve, até em inglês, mas os mais indicados para canalizar magia são os hieróglifos, pois são a escrita da criação, do Maat. – Zia falou.

Tive a sensação de que era quase um texto decorado, mas Zia falava com tanta convicção que era impossível não acreditar nela.

Olhei para Richard, mas ele olhava com aparência aborrecida o papiro diante dele.

Voltei novamente meu olhar para o dever que Zia estava me explicando, não parecia tão difícil, até eu tentar o primeiro hieróglifo e um crocodilo raivoso semi-desenhado sair do papel dando saltos como um coelho esquisito.

– Ah! – Zia falou ao ver meu pequeno acidente no chão e começou a vasculhar algumas gavetas rapidamente. – Às vezes isso acontece, não se preocupe.

– Deixa comigo. – Richard falou e eu olhei para ele com uma sobrancelha erguida, mas ele não notou, seu rosto estava focado no crocodilo/coelho. – Isso é estranho, a essa altura já era para ele ter se desfeito, nenhum mago consegue manter a canalização por muito tempo, só os que estão hospedando deuses.

– Ela tem muita magia, isso já aconteceu com os que são iguais a ela. – Zia falou, seus olhos estavam turbulentos e eu percebi que ela não estava falando dos Uniões Raras, mas dos que eram três coisas em um só.

Muita magia, muito poder. Eu estremeci com as implicações disso. Richard olhou para mim e deu um meio sorriso, mas seus olhos estavam preocupados.

– Removedor, acho que resolve esse problema. – Ele falou enquanto segurava um vidrinho com um líquido leitoso e tirava a tampa sem tirar seus olhos do bicho que eu havia convocado sem querer.

Eu estava tão nervosa que achava que podia sentir o poder fluindo em mim em ondas e passando para o crocodilo, que rosnou como se sentisse o poder extra.

Nesse momento Richard deixou cair uma gota, como se estivesse testando e num passe de mágica (que piada sem graça dada a situação) ele começou a se desfazer a partir local onde o líquido entrou em contato com a pele verde... rugosa? Escamosa? Enfim, no couro do crocodilo.

Mais algumas gotas e ele desapareceu por completo, segundos depois a sala ficou silenciosa, Zia e Richard pareciam tensos ao invés de assustados.

– Bem, acho que já sei o que devemos trabalhar primeiro. – Zia falou calmamente e eu concordei com um aceno.

Olhei para Richard e vi que ele pensava o mesmo que eu: isso não seria fácil.


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