Só podia ser você! escrita por Malia Marescotti


Capítulo 9
Você está me olhando ?


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pela demora, mas fiquei meio que escrevendo e reescrevendo esse capitulo. Espero que gostem e comentem.



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Percy POV

As aulas já acabaram e agora estou na biblioteca esperando o resto das pessoas que confirmaram presença. Acabou que o Leo vai ter um compromisso não identificado e agora vou embora sozinho, já que Jason, Grover e Nico já foram. E já faz muito tempo isso, tipo dez minutos. Não acredito que eu to aqui nesse negócio depois do horário de aula e ainda se atrasam.

Já estava me levantando para ir embora quando a porta da biblioteca se abre, e por ela passam um menino e duas meninas abraçadas. E não eram quaisquer meninas, uma era a Silena, o motivo dessa reunião, e a outra era a Annabeth, que estava linda como sempre e continua sendo minha “inimiga”.

— Graças aos deuses vocês chegaram. — disse Clarisse jogando as mãos para cima. — Já podemos começar então, sentem-se.

Todos se sentaram em uma grande mesa redonda no meio da biblioteca. Ninguém sabia o que fazer e todos ficavam ou se encarando, ou ao teto , ou ao chão. Ficamos mais ou menos uns dois minutos assim até a Annie levantar.

— Então gente, eu não sei direito como temos que fazer, mas estamos aqui para confortar a Silena e a nós mesmos. — ela respirou fundo e continuou. — Eu perdi meu pai há alguns anos e eu tenho que admitir que não é fácil perder um pai. Eu não estou totalmente recuperada mas a dor vai passando, mas nunca deixa de existir, isso é verdade... — ela abaixou a cabeça e eu vi uma lágrima solitária caindo de seu rosto. — mas você acaba vivendo com isso. Eu por exemplo consegui me manter sã por causa de você, das meninas e da minha mãe. Silena, eu quero que saiba que o que você mais precisar é de amigos do seu lado. E pelo que pode ver, assim como eu, muita gente vai te ajudar. — Ela parou e já tinha secado seu rosto enquanto falava. Ela se sentou ao lado de Silena, que estava tentando segurar o choro, e automaticamente a abraçou.

— Okay, minha vez. Si, você sabe que não sou muito boa com palavras, mas eu quero dizer que assim como você me ajudou a superar eu vou te ajudar também, pode sempre contar comigo. — disse Clarisse de forma doce. Uau, Clarisse sendo doce. Nem a conheço direito mas sei que ela não é assim.

— Eu vou falar também. — eu disse levantando. — Eu não queria vir, é difícil falar sobre uma coisa que você demorou pra esquecer e nunca consegui. Eu sinto muita falta da minha mãe, ela era a melhor. Vivia fazendo comidas azuis pra mim e ela me dava atenção, coisa que o meu pai não faz muito. — foi a minha vez de respirar fundo. — Eu concordo com a Sabidinha, o que ajuda mesmo é a companhia dos amigos, e é assim que eu estou passando por isso. Eu sei que vocês moram juntas, e vai por mim assim vai ser um pouco mais fácil, e esse pouco vai fazer toda a diferença.

— Vou falar. — declarou Leo já de pé. — Eu não tive essa sorte toda de ter amigos, e vai por mim você não vai querer experimentar. Eu perdi minha mãe em um incêndio quando tinha oito anos, como eu não tinha mais ninguém de família, eu fui enviado para um lar adotivo. — todos olhavam pro Leo espantados. Todos sabiam que Leo é filho de Hefesto. Ele parece ter visto as caras dos presentes porque deu um sorrisinho de lado. — Sei que vocês estão pensando algo como: “Como assim ? O pai dele é Hefesto, o melhor inventor de todos os tempos.”, e posso afirmar que ele é incrível mesmo.

“Eu tentei fugir do Lar adotivo, mas me encontraram e eu tive que voltar. No dia seguinte eu conheci meu pai, e ele disse que minha mãe o tinha afastado de mim por uma coisa que não é necessário eu dizer, mas que sempre quis me conhecer. Eu passei a morar com ele, e ele foi a melhor coisa que podia ter acontecido comigo depois do ocorrido. Eu comecei a frequentar essa escola e conheci meus amigos, incluindo o lerdo do Percy aqui atrás.

Ele apontou pra mim com um sorriso no rosto e seus olhos estavam marejados, ele nunca contou essa história pra ninguém, só pra mim e pros garotos lá de casa.

— Eu estou magoado,achei que eu fosse a melhor coisa que aconteceu na sua vida. — disse zuando com ele.

— Sempre será Percy. — ele riu e logo continuou a falar. — Silena, eu não te conheço muito, mas conheço o suficiente para saber que você é rodeada de amigos. É horrível perder um pai ou uma mãe, eu sei. Mas o mais importante nesse processo de superação é saber que você não está sozinha.

Muitas pessoas falaram, acho que todas na verdade. Demoraram umas duas horas essa reunião. Admito que foi bom ter vindo, é difícil falar sobre isso, mas saber que eu não sou o único a me sentir assim me deu certo alívio. Leo veio falar comigo e nos encostamos no meu carro.

— E ai cara, tem certeza que não vai pra casa ? — eu perguntei.

— Tenho, já tem muito tempo que eu não faço isso, eu realmente tenho que ir. — ele disse passando a mão nos cabelos. Agora entendi o que ele vai fazer e onde vai. Ele vai ver a mãe.

— Quer companhia ?

— Tenho que fazer isso sozinho. Acho que você me entende.

— Claro, quer que eu te deixe lá ?

— Não precisa, vou andando mesmos. Tenho que clarear meus pensamentos.

Ele começou a andar para fora do estacionamento. Comecei a procurar minhas chaves, as achei. Estavam no meu bolso direito da frente.

— Oi Percy. — escutei essa voz e logo me virei. Era a Annie, ela estava com os olhos vermelhos de tanto chorar e tentava secar o rosto.

— Oi Annie, você está bem ? — perguntei ligeiramente preocupado.

— Tô sim, eu só queria saber se você pode me dar uma carona pra casa, to sem carro.

— Claro, entra ai. — entramos e saímos do estacionamento. O clima tava meio tenso, ninguém falava nada e quando me virei para ver a Annie, ela estava chorando silenciosamente com a cabeça encostada na janela. — Ei Annie.

Bem devagar ela virou a cabeça. — Que foi Percy ? — ela perguntou secando o rosto de novo.

— Você quer conversar ? — perguntei. Sei lá o que deu em mim. É só que não aguento vê-la desse jeito.

— Não com você, obrigada.

— Vamos lá, eu sei que agente não gosta um do outro mas... — eu tenho que pensar em algo. Já sei. — O que você me diz de fazermos uma trégua essa tarde ?

— Não sei não. Não acho uma boa ideia. Se eu começar a falar com você você vai me irritar com isso amanhã.

— Eu juro que não vou. — disse tirando uma mão do volante e a levantando como em uma jura de escoteiro. — Juro pelo Rio Estige. — Ela começou a rir. Não entendi, estou falando sério, mas só de a fazer rir já foi bom.

— Jura pelo Rio Estige ? Tem alguém prestando atenção nas aulas de história ?

— E ai quer conversar ? Podemos parar no parque e tomar um sorvete.

— Pode ser. Mas lembre do seu juramento.

— Não vou esquecer. — disse fazendo o caminho para o parque.

***

Annabeth POV

Nem acredito que estou mesmo indo a um parque com esse Cabeça de Alga. Eu realmente preciso desabafar e o Percy está sendo legal comigo o que é estranho. Chegamos no parque, ele estacionou o carro e nos fomos em direção à sorveteria, na verdade é só um quiosque, mas dá na mesma. Pegamos os sorvetes e fomos nos sentar em um banquinho no meio de duas árvores grande.

— Por que você escolheu esse sabor ? — eu perguntei. — É por causa da cor ?

— É sim, eu gosto desse sabor de Blueberry, mas a cor me lembra a minha mãe. — Ele deu um sorriso sem graça. — A maioria das coisas que como são azuis. Minha mãe fazia uns cookies de chocolate azuis que eram fantásticos. A Cora, a empregada da casa do meu pai, faz pra mim mas não é a mesma coisa.

— Então, mudando de assunto. Por que você esta sendo legal comigo ? — eu perguntei meio corada.

— Eu não sei direito. Só senti que devia fazer alguma coisa. — Ele disse e eu apenas assenti. Um cara de bicicleta vinha a toda velocidade em nossa direção, fiquei preocupada mas já era tarde para sair do banco. O ciclista conseguiu desviar, mas não sem antes me jogar em cima do Percy.

— Fala sério. — Ele disse fingindo estar irritado. — Essa camisa é nova, e você faz isso logo agora que estou sendo legal com você ? — Eu ainda estava em cima dele, quando percebi me sentei novamente e olhei sua camisa, tinha uma mancha rosa enorme de sorvete na lateral. E eu comecei a rir.

— Não foi minha culpa, mas bem feito. — Continuei rindo.

— Isso não vai ficar assim Sabidinha. — Ele pegou seu sorvete e antes que eu pudesse desviar, ele lambuzou meu cardigan de sorvete azul. — Hahahaha. — ele riu. — Agora empatamos.

— Isso não vale. — falei indignada. — Eu não fiz de propósito àquela hora. — Eu peguei minha casquinha e passei sorvete na bochecha direita dele. — Mas essa sim. — disse rindo.

— Toma essa Sabidinha. — ele sujou a ponta do meu nariz com sorvete e começou a rir.

Ele estava realmente perto de mim, e foi chegando mais perto como se fosse me beijar. Faltavam apenas alguns milímetros para nossas bocas se encostarem, e ele apenas selou nossos lábios. Eu fique abobada mas logo correspondi. Ele pediu passagem com a língua e eu liberei. Quando caiu a ficha do que eu estava fazendo me separei dele.

— Tá bom foi divertido mas chega. — declarei limpando meu nariz e tirando o cardigan.

— Okay. — ele disse e o que fez depois me deixou meio boba. Ele tirou a camisa e a usou para limpar o rosto. Eu fiquei olhando para aquele tanquinho super sexy. — Você está me olhando ? — ele disse com uma cara de convencido. Eu apenas virei o rosto e com certeza estava corada.

— Claro que não. Você que é convencido. — disse tentando soar indiferente, mas aposto que falhei.

— Vou fingir que acredito e você finge que é verdade. — ele estava sorrindo. E deuses, que sorisso.

— Então você quer continuar conversando ou podemos ir pra casa ? — tive que mudar de assunto se não pareceria um morango de tão vermelha.

— Podemos ir agora. — Ele confirmou. — A não ser que você queira conversar ou fazer alguma coisa.

— No momento eu quero que você vista uma camisa. — eu disse bem baixinho, só pra mim mesma.

— Eu escutei. — ele disse com um sorriso cafajeste. — Vamos, tem uma loja aqui perto. Lá eu compro uma camisa, a visto e você vai conseguir parar de babar por mim, por um tempo.

— Convencido.

Fomos até a loja, ela fica bem em frete ao lugar onde estacionamos o carro. Só passamos pela porta e as garotas ali presente já ficaram babando pelo Cabeça de Alga. Revirei os olhos e fui até a seção masculina sendo logo acompanhada pelo Percy.

Peguei a primeira blusa e joguei em cima dele. Acho que ele estava gostando da atenção, porque não parava de olhar para as meninas e sorrir daquele jeito sexy que só ele tem, e levou um susto na hora que sentiu a blusa na cara.

— Veste logo. — comandei. Já estou ficando irritada com essas meninas olhando.

— Temos que pagar antes. E já que vou comprar, tem que pelo menos ser de uma cor que me agrade, tipo preto ou azul marinho. — Ele disse depositando a camisa no lugar onde ela estava antes.

— Apenas pega logo essa camisa, paga, veste e vamos embora. — eu disse sem paciência.

— Calminha ai Annie. — ele disse pondo as mãos ao meu redor. — Não precisa ficar com ciúmes.

— Eu não estou com ciúmes. — disse o empurrando até o caixa, e ele só ria da minha reação. EU NÃO ESTOU COM CIÚMES.

— Eu sei que você está. Mas não se preocupe, tem Percy para todas.

— Além de convencido, acho que você usou a frase do Leo. — ele estendeu um cartão de crédito para a moça do caixa, e depois colocou a blusa nova no corpo e a suja dentro da sacola da loja.

— Nem tente mudar de assunto Annie. — Nisso ele chegou perto de mim e me deu um selinho. UM SELINHO. Como assim o Percy Jackson, meu inimigo declarado, me deu um selinho.

— Por que você fez isso ? — perguntei chocada.

— Eu não sei. — ele colocou uma mão no cabelo e corou. ELE COROU.

— Vamos embora. — ele concordou com a cabeça e saímos da loja sem falar nada.

Já estávamos na metade do caminho pra casa, e o silencio reinava até que o Percy decidiu quebrá-lo.

— Ei Annie desculpa ter te beijado. Eu não sei o que deu em mim. — Ele estava com vergonha de verdade. Percy Jackson com vergonha, essa é novidade.

— Tá tudo bem, o que eu não consigo entender é por que você fez isso. Você nunca gostou de mim, e hoje você tem sido super legal comigo.

— Eu também não sei. Mas foi bom passar um tempo com você, te vi diferente hoje. — Ele estava olhando para frente. O tráfego está horrível por causa do horário. São 18:15 da tarde, hora de largar o serviço. Nem acredito que já se passaram uma hora e quinze minutos desde que eu e o Percy saímos da escola.

— Como assim ? — perguntei confusa.

— Sei lá, sempre te vi como a nerd popular e chata. Mas acho que era por que não te conhecia direito.

— Você não me conhece direito. — retruquei.

— Você me entendeu. Eu vi você diferente hoje, te vi como uma menina bonita, legal e sensível.

— Uau. Nunca pensei que fosse ouvir você falando isso. — falei surpresa.

— Nem eu. — ele disse rindo e acabei indo junto. Quando parei de rir eu olhei pra ele e a fixa caiu. Amanhã ele nem vai se lembrar que me viu desse jeito, e eu não gosto dele. Quando percebi, ele já tinha entrado na garagem e estacionado o carro. Desci e fomos para o elevador.

— Percy ? — o chamei.

— Fala. — ele disse se virando para me olhar nos olhos.

— Esse dia nunca existiu. Você não pode contar pra ninguém. — Não sei se foi impressão, mas vi um flash de mágoa em seus olhos, que logo desapareceu deixando lugar para felicidade.

— Já que esse dia vai deixar de existir, eu tenho que fazer isso. — ele colou nossos corpos me segurando pela cintura e encaixou os lábios nos meus. Senti como se mil borboletas voassem em meu estômago.

Ele pediu passagem com a língua e eu aceitei quase que imediatamente. EU NÃO SEI O QUE ESTÁ ACONTECENDO COMIGO. O beijo foi se aprofundando, e eu coloquei minhas mãos em seus cabelos pretos, que além de lindos são macios. Me perdi nesse beijo, e quando vi já estava sendo prensada pelo Percy na parede do elevador. Escutei um barulho de porta se abrindo, e imediatamente interrompi o beijo e me afastei de seus braços.

Eu tenho certeza que estou corada, minhas bochechas estão queimando e meu coração está batendo mais rápido. O cabelo do Percy está todo desgrenhado e eu sorri com essa visão. Aproximei-me e arrumei o cabelo dele ainda sorrindo. Quando terminei, ele me segurou pela cintura e colou a testa na minha.

— Isso nunca aconteceu. — dei um selinho nele e sai do elevador o mais rápido que pude, o deixando com uma cara de bobo lá dentro.


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam do primeiro beijo de Percabeth ?