Atena POV

Estava tudo calmo e do nada todos começaram a discutir por um único motivo, Thalia e Nico. Pelo que parece a maioria apoia esse relacionamento, na verdade, o único que não apoia é o Zeus, esse cabeça dura.

Todos estão aqui menos minha filha e o namorado dela. Nem quero imaginar o que devem estar fazendo. Vejo Jason meio isolado de todos e caminho até ele.

— Oi Jason.

— Oi senhora Chase.

— Meu chame de Atena. Será que você pode me fazer um favor? — ele acena com a cabeça meio desanimado e eu o peço para que vá chamar o Percy e a Annabeth.

A discussão continua e vejo apenas Zeus e Hades brigando um com o outro e apontando para seus filhos que estão juntos sentados em um sofá com caras de assustados.

Jason volta e em menos de dois minutos minha filha e o Percy também. Eles vão até a Lia e o Nico e se sentam ao lado deles. Eles começam a conversar e Thalia solta uma lágrima, o que me destrói. Em todos esses anos de convivência com a Thalia, nunca a vi chorar.

Chamo Poseidon para um canto e começamos a conversar.

— Acho que devemos falar agora. — digo a ele.

— Você tem certeza? — ele pergunta.

— Tenho sim. Acabei de ver a Thalia chorando, o que eu nunca tinha visto na minha vida. Precisamos fazer alguma coisa. E falando isso talvez ajude um pouco.

— Tudo bem. Você fala ou eu?

— Você. — eu digo. Ele me dá um beijo na testa e me puxa pela mão até a muvuca no meio da sala. Todos estão olhando para nós dois menos o Zeus e Hades que continuam em uma briga bem barulhenta.

— PAREM COM ISSO! — Poseidon grita. Os irmãos se olham e um silêncio constrangedor toma posse da casa. — Eu e a Atena temos uma coisa pra dizer.
Ele respira fundo e olha pra mim como se me perguntasse se eu realmente quero que ele fale o que está prestes a dizer.

— Eu e a Atena estamos… estamos juntos. Na verdade, eu pedi ela em casamento e ela aceitou. — Poseidon para de falar e me puxa para perto dele. Todos estão olhando para nós dois com queixos caídos.

Olho para minha filha e ela está com o olhar fixo em mim, ela nem sequer pisca! Percy não está diferente. Ele está olhando para o seu pai com um pouco de tristeza e compreensão. Não tenho certeza que ele está pronto para aceitar outra mulher na vida dele. Ainda mais uma que vai casar com o seu pai que é viúvo a apenas poucos anos.

Meu olhar se volta para minha filha novamente. Não consigo decifrar o que ela está pensando nesse momento e eu realmente preciso saber. Não quero que ninguém saia ferido emocionalmente por causa do meu relacionamento com o Poseidon. Ele mesmo sabe que se minha filha ou o filho dele não aceitarem, não haverá casamento. Preciso urgentemente saber a opinião da minha filha. Me solto dos braços de meu noivo e caminho poucos passos até minha filha e meu futuro, talvez, enteado.

— Annabeth. — a chamo mas ela não ergue a cabeça para que eu possa ver o seu rosto. — Filha, se vocês acharem que não podem viver com isso, não vamos nos casar, mas se… — paro de falar imediatamente assim que Annabeth se levanta e olha fundo nos meus olhos.

— Você está feliz, mãe? — ela me pergunta em uma voz bem baixa.

— Estou.

— Esse relacionamento vai afetar de algum jeito o que eu tenho com o Percy? — ela me pergunta séria.

— De jeito nenhum. Enquanto quiserem ficar juntos vocês terão o nosso apoio. — Poseidon responde por mim. Ele vem até onde estou e para em frente ao seu filho.

— Percy. — ele se abaixa até ficar na altura de seu filho que está sentado no sofá com a cabeça nas mãos.

— Pai, eu ainda acho um pouco cedo, mas se você está feliz, não será eu que irá deixa-lo pra baixo. — Percy se levanta e Poseidon faz o mesmo. — Dá próxima vez que tiverem algo tão importante pra falar, me falem primeiro e depois contem para os outros. Assim vou poder assimilar o que vai mudar na minha vida e estarei mais… hummm… preparado.

— Tudo bem. — Poseidon concorda com um sorriso. Depois de alguns segundos olhando para seu filho, meu noivo, adoro essa palavra, parece se lembrar que precisa falar algo. Ele se vira para Zeus e o encara bem sério. — Irmão, como você consegue dormir a noite sabendo que seus única filha está sofrendo por sua causa?

— Eu… — Zeus começa a dizer algo, mas Poseidon o interrompe.

— Não terminei. — todos ficam quietos e apenas observam os três irmãos Hades, Poseidon e Zeus. — Esses dois jovens se amam e por acaso eles são primos, o que é que tem? Talvez vá ser mais difícil pra eles terem filhos, mas fala sério, eles tem apenas 16, 17 anos. — Zeus abre a boca e logo a fecha. — E nem adianta você me dizer que não é por isso porque eu te conheço e sei que você está pensando no futuro deles. Mas você se esquece que não é sua vida, sua felicidade em jogo, é a da sua filha e do seu sobrinho. Mesmo que você não concorde com esse relacionamento, eles podem muito bem dar continuidade a ele. O que você está tentando fazer é como estender uma banana para um macaco e dizer a ele que ele não pode pega-la. Na minha opinião é melhor ter consciência do que está acontecendo na vida do meu filho do que ficar as cegas. Eu tenho muito mais o que posso falar, mas to com sede e aposto que você já entendeu que mesmo não querendo isso, não depende de você decidir. Depende deles. — Poseidon aponta para Nico e Thalia que estão com os olhos mais abertos que o normal. Os dois se levantam e se posicionam ao lado do tio, meu noivo.

— Olha só tio, eu amo muito a Thalia e tudo o que o tio Poseidon falou é verdade. — falou Nico.

— Você não vai impedir que fiquemos juntos. Não cabe a você fazer uma decisão como essa. — disse Thalia segurando a mão de Nico na sua.

— Estamos todos do lado desses dois. — diz Hades. — O único cabeça dura tradicional aqui é você. Então apenas diga que respeita a decisão de nossos filhos.

Zeus respira fundo e passa a mão pelos cabelos, acho que isso é coisa de família já que o Poseidon também faz isso quando está nervoso, assim como já vi Percy, Nico, Jason e Hades fazendo.

— Não estou dizendo que concordo. — Zeus diz sério. — Vai demorar um tempo até que eu me acostume com essa ideia, mas eu respeito vocês dois e nunca quis deixá-los infelizes, pensei estar protegendo vocês.

***

O resto da noite foi bem tranquilo comparado a tudo o que aconteceu. Tomamos eggnog, uma bebida típica natalina que leva gemas de ovos, leite, açúcar, creme e noz moscada, e jogamos bastante conversa fora. Todos vieram nos cumprimentar por causa do casamento e eu tenho que dizer, fiquei bem feliz por todos estarem sabendo. Teve uma troca de presentes, mas como ninguém realmente conhecia os convidados foram coisinhas como comidas, doces, bebidas, e essas peças unissex.

Esse foi o Natal mais estranho, emocionante, agitado e constrangedor da minha vida, mas também foi um dos melhores.