Jogos Vorazes - Peeta Mellark escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 41
Parte 41




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Esta anoitecendo, quando Katniss começa a prepara nosso jantar pegando pedaços de coelho, esquilo, e as raízes, mas estou com pouca fome, e muito sono. A felicidade inicial por chegar ao nosso abrigo, foi substituída pela culpa da morte de hoje. A garota de cabelos vermelhos que eu nem tive a oportunidade de saber o nome, antes de embosca-la sem querer, causando a sua morte. Katniss percebe meu desanimo, e me manda ir para o saco de dormir. Não resisto. Apenas me deito, e tento ao máximo não pensar nesse triste acontecimento, que deveria me deixar feliz. Aos poucos vou adormecendo, e de repente sinto os lábios quentes de Katniss em minha testa. Pode não ser um gesto verdadeiro, mas pouco me importa, porque isso era tudo o que eu precisava para conseguir dormir, para conseguir um pouco de paz.


Acordo assustado com Katniss balançando meu ombro. Olho para fora, e vejo que já amanheceu.

— Eu dormi a noite toda. Isso não é justo, Katniss, você deveria ter me acordado – digo, me sentindo culpado.


Katniss parece exausta, e entra rapidamente no saco de dormir

— Vou dormir agora. Acorde-me se algo interessante acontecer.

Ela dorme imediatamente. Dou um beijo em sua testa, e sinto um aperto no coração, pois com o fim iminente dos jogos chegando, mesmo que nós sejamos os vencedores, essa proximidade entre a gente, pode não continuar.

Passo o dia todo, sentado, olhando Katniss dormir profundamente. Me levanto as vezes para beber agua, e até penso em comer um pouco, mas não sinto muita fome.

É de tarde, quando Katniss acorda.

— Nenhum sinal do nosso amigo? — ela pergunta.

Balanço a cabeça.

— Não, ele está mantendo um preocupante perfil baixo.

— Quanto tempo acha que teremos antes que os idealizadores nos una? — ela pergunta.

— Bem, Cara de raposa morreu há quase um dia, então já deu tempo para a audiência fazer suas apostas e ficar entediada. Acho que pode acontecer a qualquer momento.

— Sim, tenho o pressentimento de que hoje é o dia.

Ela se senta, e olha para fora.

— Pergunto-me como eles vão fazer.

Fico em silencio, imaginando.

— Não há nenhuma boa resposta.

— Bem, até eles fazerem, não tem sentido perder tempo caçando hoje. Mas provavelmente iremos comer o que pudermos para o caso de acontecer problemas —Katniss diz.

Eu guardo nossas coisas, enquanto Katniss prepara uma grande refeição. Ela só deixa guardado um pouco da comida.

Como desesperadamente, pois agora estou com fome. Quando terminamos de comer, tudo que sobra é uma enorme pilha de ossos de coelho. Minhas mãos, e meu rosto estão totalmente engordurados. Olho para Katniss que está na mesma situação que eu. Me sinto imundo, e me sentiria bem grato de poder tomar um banho num desses chuveiros magníficos que há na capital. Mas não é hora de pensar tolices como essa. Pois também sinto que hoje é o grande dia.

Saímos da caverna, decididos a parar no riacho, e nos lavarmos um pouco. Olho para trás, como se dissesse adeus, para o que foi meu inferno e paraíso. Quando chegamos ao riacho, para nossa surpresa, ele está seco. Nem uma gota de agua sequer.

— Nem mesmo um pouco úmido. Eles devem ter o drenado enquanto dormíamos – Katniss diz, tocando o chão seco.

Ainda bem que isso está bem próximo do fim, penso. Pois com esse sol, esvaziar nossas garrafas seria uma questão de pouco tempo.

— A lagoa — lembro, de repente. — É para onde querem que nós nos dirijamos.

— Talvez as poças ainda tenham alguma água — Katniss diz esperançosamente.

— Podemos verificar — digo, tentando anima-la, mesmo sabendo que podemos encontrar o chão tão seco, quanto esse. Mesmo sabendo, que isso pode ser uma armadilha, para nos colocar em frente a Cato.

— Você está certo. Eles estão nos dirigindo para a lagoa.

— Você quer ir direto ou esperar até a água acabar? – ela pergunta.

— Vamos agora, enquanto temos comida e estamos descansados. Vamos logo terminar com isso — digo, estremecendo, ao pensar na possibilidade de uma luta contra Cato, mesmo sendo dois contra um.

Katniss concorda. Penso que isso tudo é uma ironia gigantesca. Cato, que se destacou desde o primeiro dia, mas perdeu para Katniss nas notas do treinamento, o que para mim, deixou ele com uma raiva em particular dela. Cato, que me fez tremer de medo, só de pensar em morrer pela sua espada, acabou quase me matando, e de fato, com a espada. E agora, é Cato, que teremos de enfrentar, para podermos ir para casa. Passo meus braços ao redor de Katniss, que parece ligeiramente preocupada.

— Dois contra um. Deve ser moleza — animo-a.

— Na próxima vez que comermos, será na Capital — ela responde.

— Pode apostar que sim.

Nós nos olhamos fixamente, antes de nos jogarmos um nos braços do outro. Sinto o corpo de Katniss contra o meu. Seus braços ao redor do meu pescoço. Sua respiração ligeiramente ofegante. Seus cabelos roçando em minha bochecha. Parece que tudo ao meu redor se desfez, restando só nós dois, nesse abraço, que significa muito mais que apenas um abraço, para mim. Aperto ainda mais meus braços ao redor de sua cintura, e refaço mentalmente a promessa que me fez, fazer parte desses jogos, a promessa que me fez chegar até aqui. Sinto que finalmente posso fazer com que Katniss volte para casa. E não importa se terei que matar Cato, ou ser morto por ele. Só preciso garantir que Katniss permaneça viva. Nos separamos do longo abraço sem dizer uma só palavra. Caminhamos lado a lado, em direção a lagoa, com apenas uma certeza. Chegamos ao início do fim.


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