Surviving to Hell escrita por Alexyana
Notas iniciais do capítulo
NÃO ME MATEM, PELO AMOR DE DEUS!
Não quero ficar aqui pedindo desculpas pela demora, mas saibam que há motivos, e eu os considero válidos. Espero que possam me perdoar.
NOSSA, ESTOU COM TANTAS SAUDADES! ♥
O beijo dura apenas alguns segundos antes que Perseu o interrompa, afastando-me com mãos cuidadosas, porém firmes. Encaro-o sem entender, tentando ignorar o sentimento de rejeição que começa a me dominar.
— Isso é errado — ele murmura pesaroso, ainda segurando-me pelos ombros. Abro a boca para responder, porém ele impede. — Não posso fazer isso com você, Emma. Você é boa demais para mim.
— O quê?! — exclamo incrédula, a raiva novamente dando as caras. Afasto-me do seu toque, erguendo as mãos em sinal claro de incompreensão. — Eu quero isso, seu idiota! Como pode dizer que sente tudo aquilo para depois falar que é errado?
— Sinto muito — desculpa-se, parecendo realmente muito culpado, o que não melhora em nada a situação.
Encaro-o atônita, sentindo meus olhos começarem a arder contra a minha vontade. Eu definitivamente não vou chorar na frente do garoto que acabou de me dispensar. E com esse pensamento dou as costas para ele, correndo até a saída da loja e fugindo igual uma garotinha.
Caminho à passos rápidos em direção ao muro, feliz por ele não ter me seguido, apesar de ter ouvido ele chamar meu nome algumas vezes. Tenho a leve consciência que sair assim, desprotegida e descontrolada, não é a melhor coisa a se fazer, mas apenas continuo correndo. Encontro a passagem e passo por ela o mais rápido que consigo, fechando-a atrás de mim, sem ver qualquer sinal de Perseu.
Não permito-me desabar até estar longe o suficiente, mais especificamente em frente à um prédio antigo. Sento-me na calçada, cobrindo o rosto com minhas mãos quando o choro torna-se incontrolável. Isso claramente é bem pior que com Jake, o garoto da escola que eu gostava na infância; agora dói, e muito, algo que parece cientificamente improvável. É como se eu conseguisse sentir meu coração ferido dentro do peito, bombeando esse horrível sentimento pelas minhas veias.
O que há de tão errado comigo? Pergunto-me inúmeras vezes, encontrando mais respostas do que gostaria. Não sou bonita, não sou inteligente, sequer sei me defender direito... E agora parece que definitivamente me tornei uma das protagonistas dos malditos filmes adolescentes.
Ouço passos atrás de mim, interrompendo meu momento drama adolescente, e que fazem com que eu levante-me rapidamente em posição defensiva.
— Ei, calma! — O garoto magro e de óculos me olha assustado, com as mãos viradas para cima, apesar de eu sequer estar com uma arma. Relaxo, constrangida, secando o rosto o máximo que posso. — Você é filha do Sr. Walsh, não é? Tá tudo bem? Parece que você estava chorando...
— Eu estou bem — minto, interrompendo-o antes que ele continue a divagar sobre mim. Arrependo-me da grosseria imediatamente, sabendo que o garoto não tem culpa das minhas desgraças, e tento consertar. — Desculpe, não estou em um bom dia. E sim, sou filha dele.
— Legal! Meu nome é Patrick, aliás — diz, sorrindo. Retribuo o sorriso bem porcamente, também me apresentando.
— Você não deveria estar na escola? — pergunto, sabendo que é isso que os jovens como ele e eu fazem nesse horário. Ou deveriam fazer.
— Tecnicamente eu estou, na verdade — ele diz, olhando para o prédio trás de si. Ergo as sobrancelhas em reconhecimento, achando-me levemente tola por vir chorar na frente da escola. — Mas dei uma desculpa para sair. E você, por que não está na aula?
— Não estava muito afim — dou de ombros. Parece realmente uma ideia absurda estudar em um apocalipse, onde faculdade e trabalho não farão mais parte de nossas vidas.
A imagem de Perseu novamente invade minha mente, fazendo com que eu faça uma careta de dor involuntária. Isso atrai a atenção do meu novo “amigo”, que me olha preocupado.
— Tem certeza que você tá bem? — Concordo com a cabeça, engolindo em seco. Permanecer aqui, na companhia de Patrick parece algo extremamente sufocante. Minha vontade de ficar sozinha, de me afastar, é cada vez maior, e começo a me perguntar o que o mundo lá fora fez comigo.
— Ei, hum, eu vou indo — despeço-me, apontando desajeitadamente para a direção da cerca onde papai está agora. — Foi legal te conhecer, Patrick.
— Ok, a gente se vê — ele parece triste, e sinto-me levemente culpada. — Até mais, Emma.
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Reflito se é mesmo uma boa ideia ir até papai nessas condições enquanto caminho em direção aos portões de Woodbury. Apesar de já ter chorado o suficiente por uma semana enquanto estava sentada no telhado do nosso apartamento, preocupá-lo com algo tão tolo seria egoísmo.
Porém, considerando que papai não tem uma vasta experiência sobre garotinhas com corações quebrados, acredito que ele não irá notar.
— Emma! — Papai me avista de cima da cerca, e abre um grande sorriso, que infelizmente morre tão rápido quanto surgiu. — Você está bem?
Droga, praguejo, acho que ele percebeu!
— Estou, pai — Sorrio o mais abertamente que posso, e fico aliviada quando ele acredita. Olho para a arma que ele segura, semelhante à de todos os outros que também estão vigiando. — Como está sendo ai?
Shane fala algo rapidamente com outro cara ao seu lado, que apenas concorda com a cabeça. Então, ele desce do local onde está e vem até mim, abraçando-me desajeitadamente.
— É bem melhor do que ficar no sofá coçando o saco o dia todo — diz, parecendo não se importar em falar essas coisas para a própria filha. Shane parece feliz pela primeira vez em meses, talvez desde antes do apocalipse, e isso melhora consideravelmente meu humor. — Outras pessoas chegaram, três mulheres — diz, surpreendendo-me. — Governador as colocou na prefeitura.
— Você já as viu? — pergunto, curiosa. Ainda não me acostumei com a ideia de haver tantos humanos sobreviventes. Tento não dar ouvidos ao pequeno fio de esperança em meu interior, que cogita alegremente a possibilidade de mamãe ser uma dessas mulheres.
— Não, mas pelo o que ouvi, são duronas — informa, ajeitando a arma em suas costas. — Diferentemente de alguns aqui, elas sabem como sobreviver lá fora.
— Falando nisso, você conversou com o Governador à respeito das aulas de tiro? — pergunto, interrompendo brevemente o assunto moradoras-novas. Depois de ver como as pessoas de Woodbury sequer sabem segurar uma arma, sugeri à papai que talvez pudéssemos dar aulas a eles. Ele prometeu que falaria com o misterioso Governador.
— Falei, e ele pareceu gostar da ideia — Shane sorri ao ver minha animação. — Talvez amanhã ou depois já comecemos a reunir os moradores.
— Legal! — comemoro, feliz por conseguir esquecer-me por um momento da minha decepção amorosa.
Vejo papai retesando-se ao meu lado de repente, e só então noto que estamos em frente à prefeitura da cidade, justamente onde as mulheres estão. Olho para a porta da construção, e sinto meus olhos arregalarem. Ao lado de Governador, as três novas moradoras estão sendo apresentadas à cidade.
E para minha surpresa, reconheço duas delas.
You bear the scars
You've done your time
Listen to me
You've been lonely, too long
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Tradução:
Você carrega as cicatrizes
Você cumpriu sua pena
Me escute
Você tem estado só, por tempo demais
(Dust To Dust — The Civil Wars)
Será que ainda resta alguma alma viva que leia STH? Diga olá, serumano, por favor! Me sinto sozinha aqui.
Pergunta de hoje: Vocês têm ou já tiveram alguma problema psicológico?
Minha resposta: Como disse lá nas notas iniciais, tive motivos para não escrever mais. E um deles foi que eu comecei a sofrer com a terrível ansiedade. Sério, nunca imaginei que poderia haver algo tão horrivelmente ruim. Não desejo a ninguém.
Nossa, estou mesmo com saudades.
Beijosss