Surviving to Hell escrita por Alexyana


Capítulo 3
Casa da vovó


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Acho que todos estão um pouco triste graças ao último jogo, não é mesmo? Mas enfim, sou brasileira nas alegrias e nas tristezas, bola pra frente!
Enfim, eu revisei o capítulo duas vezes, mas se passou alguma coisa errado me avisem.



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Obedeço minha mãe, fechando todas as portas e janelas. Vários pensamentos ficam martelando em minha mente, e começo a me perguntar quanto tempo o governo irá demorar a controlar esse vírus, e claro, os infectados. Será que isso é passageiro? E se não for? E se eu for infectada?

Não seja idiota Emma, tudo irá ficar bem, repreendo-me tentando acreditar em meus pensamentos. Fico mexendo minhas mãos nervosamente. Se minha avó me visse no momento com certeza me repreenderia por estar estalando meus dedos. Ah... que saudades de vovó, mas me sinto quase feliz por ela não precisar passar por tudo isso.

Ouço o barulho de disparos e logo a porta da sala é aberta, fazendo com que eu me levante rapidamente do sofá. Mamãe está ofegante e com sua arma na mão, e ela logo trata de trancar a porta.

— Mãe, e aí? — pergunto aflita, revezando o olhar entre seus olhos e sua mão, onde está a arma.

— Temos que sair daqui, pegue algumas roupas e eu vou pegar os alimentos — diz ela correndo até o armário no pequeno corredor entre a sala e a cozinha, que é onde estão guardadas as malas. Ela me joga uma mochila, ficando com uma para ela.

— Sair daqui? Para onde vamos? — questiono ainda parada no mesmo lugar de antes, observando-a correndo pela cozinha agarrando bolachas, latas de sopas em conserva e água.

— O que está fazendo parada aí? Apresse-se! — ordena e resolvo obedecê-la, subindo as escadas e indo até meu quarto.

Jogo algumas mudas de roupa na mochila, certificando-me de colocar roupas confortáveis e que ainda sirvam. Corro até o quarto de minha mãe do outro lado do corredor, e começo a fazer o mesmo com suas roupas. Encaro a foto no criado na cama, eu com uns oito anos estava sorrindo ao lado de mamãe. Tiro-a do porta-retratos e a jogo dentro da mochila.

Abro a gaveta do criado tentando achar algo que possa ser útil e acabo encontrando outra foto, só que essa há uma mulher jovem e sorridente, ao lado de um homem de cabelos escuros e igualmente sorridente. Percebo que são meus pais jovens, felizes e despreocupados.

Guardo essa foto em um dos compartimentos menores com todo cuidado, me sentindo levemente feliz por tê-la encontrado. Desço novamente as escadas, e encontro mais uma mochila ao lado da outra, encostadas ao lado da porta.

Mamãe está terminando de pegar os galões de gasolina reservas, e noto que há fósforos em suas mãos.

— Ai meu Deus, você vai tacar fogo no quê? ­— pergunto surpresa e animada.

— Em nada Emma, apenas caso precisarmos — responde ela séria, acabando com toda graça.

Jogo a mochila no chão, ao lado das outras e vou até a janela, espiando pela fresta entre a cortinha. Vejo os vizinhos da frente arrumando suas coisas dentro do carro, como se fossem viajar. Noto a viatura de mamãe ainda na frente de casa. Olho mais adiante, para o fim da rua e vejo aproximadamente umas 10 pessoas doentes “caminhando” em nossa direção.

— Há mais daquelas pessoas vindo! — anuncio e vejo minha mãe correr mais rápido, agora com as facas da cozinha. Até riria se a situação não fosse tão assustadora.

— Precisamos ir, tem mais alguma coisa que queira pegar? É sua última chance.

Lembro-me de algo e subo correndo as escadas, indo até meu quarto e pegando o taco de baseball que meu pai me deu. Olho uma última vez para meu refugio tentando memorizar cada detalhe. Desço novamente as escadas e vejo mamãe já com duas mochilas em mãos.

— Temos que ser rápidas, ok? Pegue essas daqui; vá direto para o carro e tranque as portas — diz incrivelmente séria, apontando para a mochila de comida e a pequena bolsa com as facas. — E o mais importante: não deixe que essas coisas te mordam ou te arranhem.

— Mãe? — pergunto meio que ignorando o que ela acabou de dizer.

— Sim? — ela pergunta impaciente.

— Posso dirigir? — pergunto esperançosa.

— Claro que não, Emma! — ela guincha em resposta, como se fosse a coisa mais absurda do mundo, o que não é, já que apesar de ter 11 anos eu sei dirigir. Obrigada vovó.

Bufo em resposta, e ela abre a porta. Vejo dois corpos caídos no jardim com vários buracos de tiros no corpo, o que me assusta. Paro momentaneamente olhando para aquelas roupas ensanguentadas, e tento não pensar que foi minha doce mãe que os matou.

Ouço a porta se fechando e obrigo-me a correr até o carro, sendo seguida por mamãe, que incrivelmente conseguiu trazer praticamente tudo sozinha. Jogamos as coisas no banco de trás e ela me manda colocar o cinto, já dando partida. Agora as pessoas estão perigosamente perto, e parece que aumentou um pouco o número deles.

— Por que há tantos deles? Pensei que essa infecção fosse recente — digo olhando para trás, vendo as figuras amedrontadoras ficarem menores.

— O governo omitiu isso da população por semanas, mas agora fugiu de controle. Os disparos que dei devem ter chamado a atenção deles — informa ela. Penso novamente nos corpos que continuam no jardim, e sinto um arrepio percorrer minha espinha.

Ligo o rádio para me distrair, e logo o automóvel é preenchido por uma voz masculina falando sobre um centro de refugiados no centro, dizendo que lá é seguro e que o CDC está procurando por uma cura.

— Estamos indo pra lá? — pergunto para mamãe, que parece concentrada. — É seguro.

– Não, isso é apenas baboseira – diz entrando na rodovia que sai de Atlanta.

— Não é não, lá é seguro e a guarda nacional está lá também — teimo usando as informações que acabei de ouvir.

— Eles vão bombardear Atlanta, Emma, é só questão de tempo — finaliza ela, deixando claro que esse é o argumento final. Encaro-a espantada e me pergunto como ela sabe disso.

Seguro o taco de baseball entre minhas pernas, mexendo minhas mãos nervosamente. Vejo que ela virou o carro em uma pequena estrada de terra.

— Estamos indo para casa da vovó? — pergunto olhando a paisagem que tanto senti falta.

— Sim, é afastado da população e seguro por enquanto.

Depois de alguns minutos a casa em que passei tantos momentos felizes invade meu campo de visão. A cor rosa — preferida de vovó — já desbotada pelos anos, os dois andares e o fantástico alpendre, onde ela contava histórias de como conheceu vovô e de como ele era terrível.

Mamãe para a viatura em frente à porta da frente. Ela desliga o carro e fica encarando a casa. Acredito que deve ser difícil voltar a casa em que ela passou toda a infância. Depois de alguns minutos de silêncio ouso perguntar o que vem me atormentando durante todo o percurso.

— E o papai? — pergunto virando-me para olhá-la.

— Vivendo a vida dele — responde ela simplesmente, olhando para frente.

— Mas e se ele estiver precisando de ajuda? — insito.

— Quando eu precisava dele ele me abandonou, porque não posso fazer o mesmo? — responde ela com amargura na voz, já saindo do carro. Penso em falar que vovó me ensinou que a vingança é ruim e que devemos devolver o mal com o bem, mas desisto.

Abro a porta do carro e saio, respirando o ar puro do campo. Fito a casa nostalgicamente, pensando se as pessoas doentes conseguirão chegar até aqui. Espero que não.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Será que a casa da vovó é segura? E esse momento amargo da Maddison? Acho que ela tem esse direito..