Surviving to Hell escrita por Alexyana


Capítulo 17
Imune


Notas iniciais do capítulo

FELIZ ANO NOVO! Como passaram do Natal? Espero que tenham comido muito!

Enfim, eu estava totalmente desanimada para escrever o capítulo, já que muitas estão parando de comentar, e por isso demorei tanto. Gostaria que me falassem o motivo de terem parado de comentar a fic, se é algo que não estão gostando ou sei lá. Seria bom melhorar. O mesmo vale para as lindonas que ainda estão acompanhando, se não estiverem gostando de algo me avisem!

Boa Leitura!



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Carl parece um tanto relutante em acreditar no que eu disse, mas por fim desvia o olhar. Tento abrir a porta, mas os antigos moradores provavelmente a trancaram. O desespero começa a me dominar novamente, dessa vez devido aos dez infectados que se separam da horda para virem atrás de nós.

– Vamos pelos fundos – Carl sugere, já começando a dar a volta na casa.

Corremos até a parte de trás da casa, onde há uma churrasqueira e uma casa de cachorro. Foco-me na porta e torço a maçaneta, concentrando todo meu otimismo e esperança nela. Felizmente ela se abre, revelando uma cozinha de tamanho médio.

Entramos dentro da casa e fechamos a porta rapidamente, trancando-a bem a tempo de ouvir os esmurros dos infectados do lado de fora.

Encosto minhas costas na porta, tentando controlar minha respiração. Carl faz o mesmo, e ficamos assim por alguns poucos minutos, sem pronunciar qualquer palavra.

– Ajude-me a arrastar essa mesa – Carl interrompe o descanso. Desencosto-me da porta e ajudo-o a empurrá-la até a porta, impedindo a entrada das coisas.

– Será que isso vai aguentar? – pergunto, olhando para a superfície de madeira.

– Espero que sim. – Ele olha em volta, reparando na típica cozinha americana.

Há uma bancada no meio do cômodo, separando a cozinha em si da sala de jantar. Vejo algumas moscas sobrevoando a pia, devido ao fato de haver algumas louças sujas lá dentro. Provavelmente os antigos moradores não tiveram tempo de lavá-la.

– É melhor vermos se a casa está limpa – digo, indo até a bancada onde está um faqueiro e puxando uma faca. Analiso a lâmina afiada, observando meu reflexo nela. O apocalipse não ajudou nem um pouco em minha aparência.

– Você não tem uma arma? – Carl questiona com as sobrancelhas franzidas.

– Eu esqueci a minha – digo, tentando não denotar vergonha na voz. Ele ri com escárnio, o que me deixa com raiva.

– Como você é idiota – zomba.

– Cale a boca – ordeno, me dirigindo até a escada que leva ao segundo andar. Ouço-o rir mais um pouco no andar de baixo, e me controlo para não mandá-lo ir para o inferno.

Subo os últimos degraus e saio no pequeno corredor, parecido com o de minha antiga casa. Há duas portas brancas do lado direito e mais uma em minha frente, provavelmente o banheiro.

Piso com cuidado no assoalho de madeira, indo em direção à provável porta do banheiro. Coloco a mão ao redor da fechadura, ajustando a faca em minha outra mão. Fico em silêncio por um momento, procurando por barulhos dentro da porta, porém não encontro nada.

Torço a maçaneta de uma só vez, revelando um banheiro preto e branco. Confirmo que não há nada alarmante dentro e entro, abrindo a torneira. Apenas umas poucas gotas de água saem pelo cano, me deixando decepcionada.

Saio do banheiro fechando a porta atrás de mim e indo em direção à outra porta. Repito o procedimento, mas não encontro nada além de um quarto de casal.

Caminho até a última porta, abrindo-a com cuidado. Ao contrário dos outros cômodos, este é totalmente bagunçado. Há roupas e embalagens de alimentos jogadas no chão e a cama de solteiro está desarrumada. Alguns pôsteres de bandas e de jogos estão colados nas paredes azuis, o que denúncia o quarto de um garoto.

Avanço curiosa pelo aposento, observando cada detalhe. Sempre quis saber como é um quarto de garoto, e é estranho estar realizando esse sonho em tais circunstâncias.

Chego perto da cômoda, colocando minha faca ao lado e acendendo o abajur do Homem-Aranha. Lembro-me que Seth ganhou um desses no Natal de alguns anos trás, mas nunca cheguei a vê-lo em seu quarto. Era uma zona proibida.

Sinto algo agarrando meu pé subitamente, e entro em pânico ao notar que há um infectado debaixo da cama. Tento arrastar-me para longe dele, porém parece que seu aperto é de ferro.

– Carl! – grito em desespero ao ser derrubada no chão. Vejo minha faca em cima da cômoda, mas parece uma missão impossível alcançá-la.

O infectado – que provavelmente era o dono desse quarto – tenta a todo custo arrancar um pedaço de mim, enquanto chuto o ar na esperança de acertá-lo. Ele morde meu tênis, e com isso tenho a oportunidade de acertá-lo em cheio na face podre.

Carl entra correndo no quarto, chocando-se momentaneamente com a cena. Ele mira a arma na cabeça do infectado e atira, fazendo com que o corpo caia imóvel em meus pés.

Sinto lágrimas escorrendo por minhas bochechas, e seco-as correndo antes que Carl perceba. Olho para o corpo imóvel em minha frente, constatando tristemente que o garoto era apenas alguns anos mais velho que eu.

– Você está bem? – Carl pergunta, encarando o corpo por um momento antes de me olhar. Balanço positivamente a cabeça, ainda sentada no chão. – Essa foi por pouco.

– Sim – murmuro me levantando. Carl se aproxima da cômoda, passando por cima do cadáver. Ele começa a abrir as gavetas, enquanto eu ainda me recupero do choque.

– Tem muitas coisas legais aqui – constata, pegando algo dentro da primeira gaveta. É um pequeno objeto quadricular, e só percebo que é um isqueiro quando ele o acende.

– Alguma coisa lá embaixo? – pergunto, observando ele guardar o objeto no bolso.

– Tudo limpo – responde, fechando a gaveta. Ele finalmente me olha, como se analisasse minha alma.

– Está com fome? – pergunta. Novamente balanço a cabeça em um sim, sentindo meu estômago vazio.

Descemos as escadas em direção à cozinha e sinto um alívio por sair daquele quarto. Carl começa a abrir e fechar os armários de madeira em busca de algo comestível. Ele acaba achando uma caixa de cereal, e fico levemente feliz por ser minha marca favorita.

– Vai ter que ser sem leite mesmo – conclui, fechando a geladeira. Ele pega duas vasilhas e divide igualmente o resto do cereal.

– Obrigada – agradeço, olhando fixamente em seus olhos quando ele entrega minha porção.

– De nada – responde, e tenho certeza que ele sabe o que estou agradecendo.

Terminamos de comer o cereal em silêncio, ambos tentando aproveitar ao máximo a pequena refeição. Carl termina e começa a caminhar em direção à sala. Levanto-me da cadeira e o sigo, já que ficar sozinha não parece uma coisa agradável no momento.

– Eu fico com o maior – sentencio, avistando os dois sofás caramelos no meio da sala.

– Nem pensar, eu vi primeiro.

– Mas eu sou maior – digo, e ele bufa em resposta. – É um direito meu.

Começo a caminhar até o sofá maior, porém Carl coloca um braço em minha frente, impedindo minha passagem.

– Vamos resolver isso de maneira justa – diz sério. Cerro meus olhos em sua direção, desconfiada.

– O que sugere?

– Ímpar – fala, levantando a mão fechada no ar. Reviro os olhos diante dessa atitude totalmente infantil, mas também levanto a mão.

– Par.

Jogo o número dois, e ele o um. Praguejo ao constatar que perdi, tendo que aguentar o olhar vitorioso de Carl.

– Isso é injusto – digo, como uma verdadeira garota que não sabe perder.

– Apenas aceite – responde, se jogando no sofá maior. Caminho rabugenta até o menor, sentando-me nele.

Passo o olhar pelo cômodo, parando na mesinha de centro onde um pequeno porta-retratos repousa. Na foto há um homem, uma mulher e um garoto, todos juntos no Grand Canyon. Fico triste ao constatar que o garoto da foto é o infectado morto lá em cima, e os pais provavelmente estão vagando em algum lugar lá fora. Pergunto-me qual foi a história dessa família, mas bloqueio esses pensamentos quando percebo que não está me ajudando em nada.

Olho para Carl, que está acendendo e apagando o isqueiro. Fito a pequena chama indo e vindo, encantada com sua beleza. Ao mesmo tempo em que o fogo pode aquecer e cozinhar alimentos, também pode queimar e machucar. Nunca vi nada mais poderoso que isso.

– Você está me deixando com medo encarando o isqueiro desse jeito – Carl fala, fazendo com que eu ria.

– É tão lindo – falo em resposta. Ele se volta para encarar a chama novamente, como se não tivesse notado isso.

– Toma – diz, estendendo o objeto prateado em minha direção. Olho-o com as sobrancelhas franzidas, não entendendo o que ele quer dizer com isto.

– Está falando sério? – questiono, olhando sua mão estendida.

– Pegue logo.

Estendo o braço e pego o isqueiro, o material gelado tocando em minha mão. É uma sensação diferente das armas, é boa e agradável. Sorrio com isso, e olho para Carl, que também está sorrindo.

– Obrigada, obrigada, obrigada! – exclamo animada, acendendo meu mais recente isqueiro. Carl ri com isso, provavelmente me achando uma idiota.

– Você está me agradecendo muito hoje.

– Melhor não se acostumar – aviso, voltando à atenção para o objeto em mãos. Fico acendendo e apagando-o, como Carl estava fazendo.

– Você acha que há uma cura para isso? – pergunto depois de um tempo, guardando o isqueiro no bolso da calça e encarando Carl.

– Fomos ao CDC antes de irmos para a fazenda, mas o cientista que estava lá não sabia de nada.

– O que aconteceu com ele e o CDC? – questiono. Provavelmente não há nenhum cientista no grupo.

– O prédio estava programado para explodir – diz. Fico quieta por um momento, tentando absorver a informação. Isso quer dizer que a cura por parte do CDC é nula.

– Talvez haja outras pessoas procurando a cura – digo, e mais parece que estou tentando convencer a mim mesma.

– Talvez – responde, e caímos mais uma vez no silêncio.

Vários pensamentos passam por minha mente enquanto fixo o olhar em um lugar qualquer. Não demoro a voltar ao dia em que ouvi Lori conversando com Shane, sua frase se repetindo diversas vezes em minha cabeça, como um maldito disco riscado.

Nunca cogitei a possibilidade de ter um irmão, já que nem mamãe nem papai tocavam nesse assunto. Começo a imaginar como seria ter uma criança com o mesmo sangue que o meu, mas forço-me a parar quando percebo que estou indo longe demais.

– Você já beijou alguém? – pergunta Carl virando-se abruptamente em minha direção.

Encaro-o por um momento, perguntando-me qual é sua opinião sobre ter um irmão. Porém logo raciocino o sentido de sua pergunta, e fico levemente surpresa por ele questionar isso.

– Não. Você já?

– Não. – Ele parece genuinamente curioso, como está na maioria das vezes. – Será que é bom?

– Parece nojento, porém as pessoas aparentam gostar – reflito, lembrando-me dos milhares de filmes românticos que já vi, onde os protagonistas se beijam constantemente.

Somos interrompidos pelo barulho da maçaneta da porta sendo girada, e entro em alerta no mesmo segundo. Troco um olhar com Carl, ambos levantando-se e adquirindo posições defensivas.

– Carl? Emma? – Sinto meus ombros relaxarem ao reconhecer a voz de Rick. Murmuro um “já vai” e corro em direção ao chaveiro ao lado da porta, procurando uma chave que se encaixe na fechadura.

Abro a porta e sou recebida por pares de braços me rodeando. Retribuo o abraço de papai, deixando um sorriso de felicidade se formar em meu rosto ao ver que ele está aqui comigo, são e salvo. Vejo Carl abraçando Rick ao nosso lado, e permito-me aproveitar o momento, como se por alguns minutos eu fosse imune a todo sofrimento, dor e morte.


Cause we are alive
Here in death valley
But don't take love off the table yet
Cause tonight
It's just fire alarms and losing you
We love a lot
So we only lose a little
We are alive


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Notas finais do capítulo

Tradução:
Porque estamos vivos
Aqui no vale da morte
Mas não tire o amor da mesa ainda
Porque esta noite
É só alarmes de incêndio e sua perda
Nós amamos muito
Por isso, só perdemos um pouco
Estamos vivos
(Death Valley – Fall Out Boys)

Enfim, o que acharam do capítulo? Do momento Emmarl? Pedidos para os próximos?
Sobre o especial de Natal, eu desanimei de escrevê-lo. Peço desculpas às leitoras que gostaram da ideia. Quem sabe eu faço ele mais para frente?

Pergunta de hoje: Se pudessem ressuscitar um personagem da série (TWD), quem trariam de volta?
Minha resposta: Recentemente eu sofri muito com a morte da Beth, mas não sei se a escolheria. Acho que ficaria com o Hershel, ou o Merle.

Até mais!



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