- HEY! ESCUTEM AQUI SEUS TROUXAS! EU TO MORRENDO DE FOME E NÃO POSSO IR ATÉ A COZINHA SE O ALVO DA CONVERSA NÃO FOR COMIGO! POR ISSO OU VOCÊS PARAM DE BRIGAR OU VÃO CONOSCO JUNTO PARA A COZINHA E CONTINUEM A BRIGA! – eu disse. Todos me olharam extremamente espantados, mas eu não dei bola. Olhei para Bill e disse: - VEM!
Arrastei Bill comigo para a cozinha, procurando algo no armário para comer.
- Vem cá, vocês não tem nada comestível por aqui? – eu perguntei.
- A gente voltou da turnê ontem de madrugada! Como você esperava que a gente tivesse tempo de comprar algo se você chegou ontem de manhã? – disse Bill.
- Você foi no supermercado ontem! Eu não acredito que você comprou somente a porcaria do Pringles! – eu disse indignada. Minha barriga chegava a roncar de fome e acredite, isso era vergonhoso!
- Hãã... É! Eu esqueci de comprar comida, mas não tem problema! Podemos encomendar pizza! – disse Bill.
Olhei para a cara dele que dava um sorrisinho sem graça e quase pulei em cima querendo enforcá-lo. Como o animal me vai no supermercado e só lembra da porcaria do Pringles?!
- Chama logo a pizza e diz que a gente dá uma gorjeta bem gorda se eles trouxerem em até meia hora! – eu disse o puxando para a mesinha do telefone que ficava próxima ao piano.
- E quem vai dar a tal gorjeta bem gorda? Você? Eu não tenho nem um centavo! – disse Bill discando o numero da pizzaria.
Parei para pensar. Eu não tinha nem cinco euros na carteira! Tinha que sacar com o cartão de crédito que meu pai me deixou, mas ainda não tinha tido tempo disso.
- Diga que é para o Tokio Hotel que eles trazem na mesma hora! – eu disse com um sorrisinho no rosto.
- Sem chances! – ele disse e logo depois a pizzaria atendeu e ele fez um pedido que eu nem sei qual era e desligou o telefone.
- A pizza chega entre uma hora, e uma hora e meia! – disse ele me olhando enquanto puxava-me de volta para a sala.
- O quê? Me diz que você está brincando! – eu disse para ele.
- Eu não brinco, pelo menos não com você! – ele me disse.
- PUTA QUE PARIU! Eu to louca de fome! – eu disse e, para confirmar a minha afirmação, minha barriga roncou alto.
Os gêmeos deram uma risadinha e Gustav, que tava comendo seu chocolate, olhou para mim, depois para o chocolate e, como se um milagre tivesse acontecido, ofereceu:
- Quer um pedaço?
- É sério? – perguntei arregalando os olhos. O cara era LOUCO, viciado em chocolate.
- É, mas não acostuma! É só hoje! – ele disse quebrando um pedacinho e dando para mim.
Eu ri e comi o pedaço de chocolate que Gustav me deu, saciando pelo menos um período curto de tempo o monstro que eu tinha na minha barriga.
- Eu não acredito que Gustav te deu um pedaço do chocolate dele! Ele nunca me deu um pedaço do chocolate dele, nem quando eu estava magro, esquelético e morrendo de fome! - disse Bill chocado.
- É que eu encanto as pessoas que me conhecem, diferente de você, que assusta! - eu disse.
Bill ficou emburrado (como ele sempre fica quando eu o insulto) e calou-se até que enfim, o chaveiro chegou para nos destrancar.
O barulho da campainha encerrou a conversa que eu, Tom, Gustav e Georg mantínhamos animadamente sobre Guitar Hero. Quando ouvi o barulho da santa que realizaria meu milagre, levantei-me do sofá de um pulo e corri para a porta da frente, quase fazendo Bill cair de boca no chão de tão afobada que eu estava.
- Me chamou, Bill? – perguntou o chaveiro assim que abrimos a porta.
- Sim, Jerry! Eu chamei! – disse ele suspirando. Aparentemente, “Jerry” era um antigo conhecido.
- O que você trancou desta vez? Seu quarto? Sua gaveta? O banheiro? – perguntou Jerry entrando.
- Não! Ele NOS trancou! – eu disse mostrando nossos braços presos pela algema.
Jerry levantou uma sobrancelha.
- Namorada nova? – perguntou.
Eu e Bill coramos.
- Não! Filha do meu padrinho! – ele respondeu rapidamente.
- Sei... – disse vindo examinar a algema.
Depois de uma olhada aqui, uma virada ali e mais uma olhada lá, Jerry destrancou a algema sem usar nada, além de uma travinha que tinha na própria algema.
- É uma algema de brinquedo! Esse tipo tem travinhas que destrancam! A chave que vem com elas é só enfeite! – disse Jerry. – Por sinal, estão me devendo quinze euros, mas como você já é meu cliente há tanto tempo, pode me pagar outra hora! Até mais e cuidem-se!
Assim, ele foi embora, nos deixando totalmente abobalhados.
- Pelo amor de Deus, Bill. Me diz que você não me fez ficar trancada com você, ter que ir no BANHEIRO com você, não poder dormir na minha cama por causa de uma ESTÚPIDA ALGEMA DE BRINQUEDO! – eu gritei perdendo a noção enquanto esfregávamos nossos pulsos.
- Eu não sabia! – disse ele desesperado. – Você realmente acha que eu nos deixaria trancados todo esse tempo se eu soubesse que essa algema era de brinquedo?!
-EU VOU TE MATAR! – eu gritei totalmente descontrolada começando a correr atrás dele. Eu queria estrangulá-lo com minhas próprias mãos.
- AAAAAAH! TOM! GUSTAV! GEORG! ME AJUDEM POR TUDO QUE ME É SAGRADO! A SAMARA ENLOUQUECEU E QUER ME MATAAAAR! – ele gritava enquanto corríamos pela casa.
Apesar de minha atenção estar focada em Bill, eu ainda pude ouvir a risada dos outros lá da outra sala.
Para a sorte de Bill, ele conseguiu correr em direção ao corredor e fugiu para dentro de seu quarto, me deixando ainda mais irada.
- ABRE ESSA PORTA SEU VEADO! MOSTRA QUE É HOMEM E VEM ENCARAR O QUE TE ESPERA! – eu berrei chutando a porta dele. – QUE PORRA, ABRE ESSA PORTA!
O silencio era minha resposta. Bufei e sentei-me de frente para a porta do quarto dele. Um dia ele teria que sair!
P.O.V. Bill
Acho que nunca vi uma mulher tão descontrolada quanto Elizabeth! Até podia entender, mas ainda assim era espantoso de se ver alguém naquele estado. Ela parecia uma leoa morta da fome louca para abocanhar sua presa e estraçalhá-la.
E nesse caso, a presa era eu!
Peguei meu celular e disquei o número do meu irmão, que no terceiro toque atendeu rindo.
- Fala, Bill! – disse Tom.
- Cara, a Elizabeth ta pirada! Ela quase me matou! Se eu não entro no meu quarto a tempo ela teria me torturado até a morte! – eu disse, chegando a ficar com medo.
Tom apenas riu.
- Sim, eu vi! A Samara parece um bicho espreitando para a presa estar desatenta e finalmente poder abocanhá-la! – disse Tom.
Viu? Eu não exagerei!
- Onde ela está? – eu perguntei.
- Está sentada na porta do seu quarto. Acho que ela não sairá de lá tão cedo! – respondeu meu irmão.
- Puta merda! O pior é que a pizza logo chegará e eu estou morrendo de fome! – eu disse.
- A Samara também está, mas nesse momento, acho que a única coisa que ela quer comer é seu fígado! – ele disse, fazendo-me estremecer.
- Acho que para minha segurança é melhor eu passar fome! – eu disse.
- Eu concordo! – disse Tom. Ao fundo pude ouvir uma risada estrondosa, que só poderia estar vindo do Georg.
- Manda o Georg ir tomar no c*! – eu disse irritado com a minha banda, que ao invés de me ajudar ficava apenas rindo da minha desgraça.
- Georg, o Bill mandou você ir tomar no c*! – disse meu irmão para Georg. Este apenas riu ainda mais.
- Vou desligar! Meu cartão já está quase acabando e não posso ficar gastando com conversa afiada! Só me avise quando ela se acalmar e sair da minha porta! – disse e desliguei, sem dar tchau nem nada do tipo.
Eu estava assustado, não só pela crise de raiva da Samara, mas também por não saber quanto tempo eu ficaria trancado no meu quarto.