- Hey garotos, se importam de irmos para o camarim, preciso ter uma palavrinha com vocês! – disse Victor, padrinho dos gêmeos que não os via a mais de quinze anos.

Victor era o melhor amigo do pai dos meninos, mas por infelicidade teve que ir morar no Canadá por uma oferta de emprego. Agora, estava de volta e como se não bastasse tinha virado um dos patrocinadores da banda, já que depois de tanto tempo conseguiu montar sua própria empresa de materiais esportivos.

No camarim, os gêmeos logo foram sentando-se, preocupados.

- Algum problema, Victor? – perguntou Bill.

- Bem meninos, há um problema, sim. Não tenho certeza se lembram-se da Elizabeth, minha filha mais nova. Ela é quatro anos mais nova que vocês e está quase terminando a escola. O problema, é que eu terei que me mudar para Munich e ela não quer ir comigo, dessa forma pensei que vocês não se importariam de deixá-la morar com vocês, pelo menos até ela se formar, ou algo do tipo. Sei que não será fácil, já que ela é menor de idade, mas eu prometo que ela será comportada e totalmente quieta, não dará trabalho algum, será que vocês podem me fazer esse grande favor? – pediu Victor, quase implorando.

Tom na hora meio que paralisou, achando que não daria certo uma “criança” morando com eles, mas não falou nada e deixou para o irmão tomar a decisão, já que era Bill quem realmente cuidava de tudo.

- Acho que não terá problemas, temos dois quartos sobrando de qualquer forma, duvido que Georg e Gustav se importem de dividir um quarto quando forem pra lá, sem falar que nós nunca negaríamos um favor para você Victor, que vêm nos ajudando desde o inicio da banda, mesmo estando longe! – disse Bill.

- Muitíssimo obrigado, garotos! Vocês não sabem o peso que estão me tirando das costas! – disse Victor, absurdamente aliviado.

Assim, ficou certo que Elizabeth iria mudar-se para a casa dos gêmeos Kaulitz, o problema é que Bill não sabia que aceitando Elizabeth em sua casa, ele estava assinando um contrato de tortura com o diabo.

1 mês depois...

Elizabeth ainda não acreditava que seu pai a faria morar com o vocalista e o guitarrista do Tokio Hotel. Ela preferia ir direto para um manicômio.

- Pai, você tem certeza que irá me fazer bem morar com eles? Eles FUMAM e BEBEM! Eles podem ser más influências! – Ela ainda tentou argumentar com Victor, mas ele era irredutível quando o assunto era sua estadia na casa dos Kaulitz.

- Você tem sorte que eu ainda a deixarei ficar aqui em Hamburgo! Por mim você ia comigo para Munich e ainda por cima sem dar um pio!

- Mas pai, ficar aqui com dois caras mais velhos e maiores de idade? E se um deles tentar me estuprar? Pior, e se eles me levarem para o caminho das drogas e do pecado? – perguntou Elizabeth, numa última tentativa.

Victor olhou para Elizabeth já perdendo a paciência.

- Os meninos NUNCA iriam te estuprar, já que eu os conheço muito bem, sendo padrinho deles e sei que nenhum dos dois é algum tipinho de depravado. E eu duvido muito que eles te levarão para o caminho das drogas e do pecado se o seu ex namorado não o fez.

Nesta hora, Victor estacionou na frente da casa dos gêmeos, que já os esperavam na porta da frente.

- Seja legal e não dê trabalho, caso contrário eu juro que volto e lhe arrasto pelos cabelos para Munich! – disse Victor abrindo a porta e saindo do carro, para pegar o resto das malas que faltavam levar. Todos os pertences de Elizabeth já haviam sido levados, só faltava uma ou duas malas para levar.

Com muita má vontade, Elizabeth abriu a porta do carro e tirou sua bunda gorda de cima do bando do passageiro (brincadeira, a Elizabeth é magrinha).

“Ai. Meu. Deus!” pensou Elizabeth ao reparar na aparência dos irmãos. Bill não tinha seu cabelo cheio daquele laquê fedido nem usava maquiagem, prendia o cabelo em um rabo de cavalo e estava com uma cara de drogado sem tamanho. Suas roupas então eram ainda piores, já que ele usava uma camiseta surrada e calça de moletom, com um CHINELO DE DEDO! Tom podia-se dizer que tinha pouca diferença, já que estava com o cabelo podre naqueles dreads e usava o que parecia ser um tipo de pijama, mas com o tamanho extra GG, sem falar nas pantufas de coelho.

- Pelo amor de Deus, isso é muito queima-filme, imagina se algum dia as fãs vêem Bill Kaulitz com o cabelo preso num rabo e Tom Kaulitz com pantufa de coelhinho! – reclamava Elizabeth para si mesma enquanto subia os degraus até a entrada da casa, com seu pai em seu encalço para que ela não tentasse nenhuma fuga de última hora.

Não que ela não tivesse tentado fugir nesse último mês, depois de saber que moraria na casa dos queridos afilhados de seu pai, mas isso não quer dizer que ela teve sucesso com as fugas, que duraram no máximo dos máximos 2 horas.

- Bom dia meninos! Desculpem-me fazê-los acordar às 8 horas da manhã quando eu sei que vocês chegaram da turnê pelo país à aproximadamente 5 horas atrás, mas eu tive um imprevisto e terei que partir em mais ou menos 45 minutos! – disse Victor entregando as malas de Elizabeth para a menina.

- Está tudo bem Victor, não tem problema! – disse Bill dando um grande bocejo.

- Muito bem, meninos, gostaria de lhes apresentar minha filha Elizabeth! – disse Victor apontando para sua filha.

Elizabeth deu um sorrisinho amarelo, tentando agradar o pai, mas logo o fechou ao ver os gêmeos a “examinando”.

- Algum problema? – ela perguntou pondo as mãos na cintura.

Tom Kaulitz quase desatou a rir vendo a garota meio baixa, de cabelos loiro escuro, olhos verde gelo, nariz empinado e boca de botão. Ela tinha a cara de capeta que ele nunca pensou que a filha de Victor pudesse ter, ele sendo tão calmo e sério. Sabia que a essas alturas seu irmão já estava mais que apenas arrependido por ter aceitado o diabo dentro de casa, mas agora não adiantava mais chorar! A garota ficaria com eles durante um ano ou mais e teriam que aturá-la, não querendo fazer desfeita para o padrinho.

Se Tom quase desatou a rir, Bill quase teve um ataque cardíaco! Quando disse sim para Victor, imaginou uma garota delicada, tímida, quieta, que usasse óculos e enterrasse a cara nos livros!, Nunca imaginou que a menina teria a cara da Samara! Bom, não era para tanto assim, ela até era bonita, mas que tinha uma cara de endiabrada, isso tinha mesmo!

- Sem problemas! – disse Tom, para o choque de Bill que nem tinha ouvido a garota falar.

- Ok, feito as apresentações, eu vou indo! Filha prometa-me que não fugirá nem trará problemas para os meninos! Eu vou ligar essa noite para conversarmos.  Tchau rapazes! – disse Victor descendo as escadas, entrando no carro e indo embora.

Assim que seu pai foi embora, Elizabeth entrou na casa pelo meio dos rapazes dando um encontrão em cada um.

Bill e Tom se olharam, Tom com uma cara divertida e Bill parecia que estava sofrendo.

- Então, onde eu vou ficar? – perguntou Elizabeth largando suas malas vermelhas com desenhos de caveirinhas aos seus pés bem no meio da sala.

- Será um longo ano! – suspirou Bill apontando para uma porta de carvalho.

Assim que Elizabeth entrou no quarto batendo a porta, Bill largou-se em cima do sofá e Tom parou na sua frente de pé, olhando-o divertido.

- Você deve estar achando muita graça, não é? – perguntou Bill olhando reprovadoramente para o irmão.

- Eu? Achando graça porque você aceitou a filha “quietinha e comportada” do Victor para morar aqui em casa? De jeito nenhum! – disse Tom sarcasticamente.

- Você não está ajudando, Tom!

- No que eu posso ajudar? O que você pode fazer? Agora foi! Aturaremos a garota durante um ano e depois a mandamos para o pai, ou sei lá para onde! – disse Tom jogando-se no sofá ao lado do irmão.

Nessa hora, Elizabeth solta um grito.

- O que houve? – perguntam entrando de supetão no quarto da garota.

- Onde está meu lápis de olho preto da Chanel? – pergunta Elizabeth olhando diretamente para Bill.

Tom desata a rir nesta hora e Bill olha indignado para Elizabeth.

- Você não pode estar falando sério! – fala Bill desacreditando que a garota o estava acusando de roubar a maquiagem dela.

- Bill, você roubou meu lápis! Devolva-me e compre um para você mesmo! – disse Elizabeth colocando as mãos na cintura.

Apesar de estar no meio de uma discussão, Bill não pôde deixar de notar que quando ficava brava ou indignada, Elizabeth sempre postava as mãos na cintura.

- Eu não roubei a porcaria do seu lápis, Elizabeth! Eu tenho os meus! – respondeu Bill.

- Então me diga: onde está o meu lápis de olho? – perguntou Elizabeth.

Bill esfregou a mão na cara, sem acreditar que estava discutindo com uma adolescente por causa de maquiagem ás OITO E MEIA DA MANHÃ!

- Eu não sei, garota! Eu não sou adivinha! Mas se quiser um palpite, já tentou olhar na sua bolsa ou na nécessaire?

Enquanto discutiam, Tom quase rolava no chão de tanto rir.

- Tom, quer fazer o favor de me ajudar? A garota está me acusando de roubar a maquiagem dela e você fica rindo? Que tipo de irmão você é? – fala Bill indignado.

- O meu lápis de olho não está na minha bolsa nem na minha nécessaire! Eu já olhei ou você acha que eu acusaria alguém sem ter certeza primeiro? – disse Elizabeth para Bill. Nesta hora, seu celular tocou: - Com licença que eu tenho que atender! Alô?... Oi Jane!... Eu estou resolvendo alguns problemas...

Bill e Tom não se prestaram a ouvir o resto da conversa, voltando então para a sala, ou melhor, Bill arrastando Tom de volta para a sala.

Jogados novamente no sofá, um em cada canto, acabaram pegando no sono, o problema é que mal sabiam o que Elizabeth estava aprontando.

- O Bill roubou meu lápis de olho!

- Você tem certeza disso, Liza?

- Absoluta! Jane, algum dia você já ouviu falar em Tókio Hotel?

- É claro que já! Por sinal, eu quero um autografo do Georg! Você promete que me conseguirá um autografo dele?

- Tudo bem Jane, eu dou um jeito! Mas voltando ao assunto: se você conhece Tókio Hotel sem dúvidas você já notou na maquiagem e em todo o resto do estilo do vocalista!Eu falo sério! Eu tenho certeza que o cara é gay!

- Ah meu Deus, Liza! Não comece, por favor!

- Ta bom Jane! Conversamos mais tarde! Ainda está em pé o show da banda do seu namorado?

- Claro você tem alguma duvida?

- Ok, te espero aqui às 22h, pode ser?

- Mas Liza, eu não sei mais onde você mora!

- Aé! Tinha me esquecido deste detalhe! Então eu vou para sua casa, me espere!

- Ta, até mais Liza!

- Até, Jane!

Depois de desligar o celular, Elizabeth foi procurar algo para comer, já que tinha feito “greve de fome” nos últimos três dias. Claro que o que ela fez não pode ser realmente considerado greve de fome, já que ela só não comia quando estava em casa, mas deixa quieto!

Ao sair do quarto viu os irmãos dormindo todos desajeitados em cima do sofá. Nem se importou e foi direto para a cozinha procurar algo para comer.