E lá estava ele fazendo algo que julgava ser loucura, mas que simplesmente não poderia impedir parecia mais forte do que ele. Caminhava pelo palácio de maneira silenciosa para não despertar ninguém, passou pela porta que levava a cozinha e logo chegou aos dormitórios. Olhou para todas as portas que lotavam o corredor escuro e se repreendeu mentalmente por não saber qual delas era a do quarto de Annabeth.

Estava prestes a tentar a primeira porta quando ouviu vozes vindas de um dos quartos e reconheceu uma delas. Foi até lá receoso por saber que não deveria escutar a conversa alheia, mas sua curiosidade foi mais forte.

– Conto de fadas não existem. – escutou e reconheceu a voz melodiosa de Annabeth.

– E se existirem? Tudo é possível sabe disso. – ele não sabia quem havia dito, mas era uma mulher.

– Só sei o que pode acontecer e um nós com certeza não vai acontecer nessa história entre mim e o príncipe. – agora ele se perguntava se ela também estaria pensando nele assim como ele pensava nela.

– Já vi que não vou conseguir te convencer não é? – ele não ouviu o que Annabeth respondeu – Então boa noite. Temos trabalho amanhã.

Ele percebeu a porta ser aberta e conseguiu se esconder atrás de uma coluna que havia ali no meio do corredor. Uma moça morena saiu do quarto de Annabeth e dirigiu para o lado onde o príncipe havia vindo entrando na primeira porta a esquerda.

Então Perseu saiu de trás da coluna e ficou de frente para a porta do quarto, não sabia se deveria realmente incomoda-la àquela hora em que todos já estavam dormindo. Prendeu a respiração e bateu a porta. Depois de alguns segundos ela abriu a porta. Estava com os cabelos loiros soltos caindo em cachos no ombro, parecia linda para ele.

– Olá. – ele disse e ela parecia surpresa e sem palavras por vê-lo ali, então estava prestes a fazer uma reverencia quando ele a interrompeu – Não precisa me tratar assim.

– Me perdoe. – ela disse e abriu um pequeno sorriso – O que faz aqui a essa hora?

– Precisava... Queria falar com você. – o príncipe falou se enrolando um pouco com as palavras – Será que eu poderia entrar?

– Ah claro. – ela disse dando passagens para que ele entrasse.

Ele notou que o quarto era bem simples apenas uma cama e uma cômoda. Ela se sentou na beirada da cama e ele se sentou ao seu lado.

– Como sabe amanhã será o baile do meu aniversario, não é? – ele perguntou tentando arrumar uma boa maneira de dizer o que tanto queria.

– Claro. – ela assentiu – Teremos muito trabalho aqui na cozinha.

– Queria saber se gostaria de ir ao baile. – ele disse por fim e ela pareceu ficar estática por um momento.

– Eu? No baile? – perguntou um pouco incrédula – Não poderia fazer isso.

– E por que não? – o príncipe tentava esconder a decepção que sentia por ela ter praticamente recusado seu convite.

– Me desculpe, mas nunca me sentiria bem no meio de toda aquela gente da nobreza. – ela explicou – Haverá diversas princesas, príncipes...

– Acho besteira dizer que não vai apenas por que não é uma princesa ou não tem um titulo de nobreza. – o príncipe comentou – Alias você é muito mais bonita do que muitas princesas que já conheci. – ele se repreendeu mentalmente por esse comentário e percebeu Annabeth corar levemente.

– Obrigada, mas mesmo que quisesse não tenho nem ao menos um vestido para usar. – ela suspirou.

– Poderia cuidar dessa parte. – sugeriu Perseu e ela negou com a cabeça.

– Não posso aceitar. – ela olhou para ele parecendo sincera – Não pense que não gostaria de ir, pelo contrario seria um sonho para qualquer moça, mas não posso fazer isso sabendo que existem pessoas aqui que mereciam ir mais do que eu.

– Ao menos pense no assunto. – pediu o príncipe e pegou as duas mãos da moça a fazendo olhar de frente para ele, esse simples gesto o fez se arrepiar inteiro – Por favor. Por mim.

Ela não poderia negar olhando para aqueles olhos verdes que a olhavam cheios de esperança. Ainda estava meio confusa por ele ter ido até seu quarto para lhe convidar para ir ao baile.

– Prometo pensar. – ela disse e ele abriu um sorriso.

– Esperarei poder encontra-la no baile amanhã. – ele se levantou e ela o seguiu até a porta.

– Não poderei lhe dar certeza disso. – ela explicou.

– Agora tenho que ir. – ele se curvou e beijou uma das mãos de Annabeth que sorriu bobamente com o ato – Tenha uma boa noite.

Com isso ele abriu a porta e saiu. Assim que fechou a porta atrás de si o príncipe se encostou na porta e respirou fundo tentando afastar a louca vontade que havia tido de beija-la antes de sair daquele quarto. Então voltou caminhando pelo mesmo caminho de onde viera guardando na mente qual era o quarto da moça.

Annabeth ainda estava parada olhando para a porta a sua frente. Nunca havia se sentido tão nervosa na presença de um rapaz, nem Luke fizera seu coração bater tão forte quanto o príncipe conseguira. Queria realmente ir ao baile, mas sabia que não seria possível.

Deitou- se em sua cama ainda repassando toda a conversa que haviam tido e depois de um bom tempo conseguiu dormir sabendo que precisava descansar para ajudar nos preparativos da festa.

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– Você tem que ir Annabeth. – disse Mary que havia ido até o quarto de Annabeth para acorda-la de manhã e agora estava sentada em sua cama esperando a amiga terminar de se vestir.

– Sabe que não tenho nem o que vestir. – disse Annabeth – Além do mais no baile só haverá príncipes e princesas. Eu não me encaixaria.

– Tenho certeza que você é mais bonita que muitas daquelas princesas. – afirmou Mary e Annabeth se lembrou do que o príncipe disse sobre ela.

– O príncipe me disse a mesma coisa. – murmurou com um sorriso inconsciente surgir em seu rosto.

– Ai meu Deus. – exclamou – Ele gosta de você. Isso é perfeito.

– Não, não é perfeito. – disse Annabeth que agora andava de um lado para o outro no quarto parecendo melancólica – Mesmo que nos gostássemos... Ele é um príncipe e eu...

– Você nada. – Mary disse sarcástica – Nada é impossível e eu já te disse isso. Se vocês gostam um do outro devem lutar por isso.

– Eu nem sei se ele ao menos gosta realmente de mim. – suspirou.

– Annabeth quantas meninas aqui você acha que o príncipe já visitou ou salvou? – ela disse indignada – Achei que isso seria o suficiente para provar que ele gosta de você ou ao menos te acha diferente que as outras.

– Eu quero acreditar nisso, mas não quero me iludir e no final acabar com o coração partido. – comentou Annabeth se sentando ao lado da amiga.

– Va a esse baile e veja por si só. – insistiu – Se ele não gosta de você vai descobrir essa noite.

– Mas como irei arranjar um vestido em menos de vinte e quatro horas? – perguntou incrédula.

– Deixa que dessa parte eu cuido. – disse Mary – Lembra-se da minha irmã Lucy? – Annabeth assentiu – Ela tem uma loja de vestidos que faz vestidos para todo tipo de pessoa e ela poderia emprestar um para você.

– Tem certeza disso? – Annabeth perguntou um pouco hesitante.

– Claro. – Mary sorriu – Você merece ir a essa festa.

– Obrigada por estar me ajudando Mary. – a moça não tinha palavras para descrever o quanto era feliz por te uma amiga como Mary.

– Era o mínimo que eu poderia fazer, afinal você é a pessoa que mais me ajudou em toda a minha vida. – Mary sorriu e abraçou a amiga.

Annabeth sabia que não seria simples ir ao baile sem ser reconhecida, mas lá no fundo sabia que poderia valer a pena no final. Primeiro teria de terminar o trabalho na cozinha e dar uma desculpa para Melissa para que ela não desconfiasse da ida a cidade para arrumar o vestido.

Estava ansiosa. Não queria admitir, mas sabia que estava se apaixonando pelo príncipe de olhos verdes que havia salvado sua vida.

‘Cause her love was so strong
You may fall in love
When you meet her
If you get the chance, you better keep her