Can you keep the secret ? escrita por julya


Capítulo 3
Capítulo 2 - I know you don't belive me.


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada de novo a todos os que comentara. Não me abandonem, pessoas que não comentaram ! Mas sério, eu amo todos vocês.
Lá vamos nós. Leu? Gostou? Deixe um review/acompanhe/favorite! Isso me deixaria super feliz!
*Música do capítulo - Playing God - Paramore.*



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Corro, minha loucura e corpo contra minha consciência. Parou de supetão, me perguntando se eles realmente sabem. Olho para trás, e vejo a casa de Lúcia agora longe, muito longe. Eles não sabem, e agora que sinto minha mente ficando lúcida, posso ter certeza disso. Volto, e penso no que posso falar para as pessoas, para a polícia, que com certeza viram quando sai correndo de lá. Paro na frente da casa de Lúcia, o coração em disparada, e vejo todas as pessoas ainda lá.

Quando chego perto da porta, forço lágrimas falsas, que rapidamente escorrem em um fluxo continuo pelo meu rosto, e finjo soluçar.

– Lúcia... O que aconteceu com você? Quem fez isso? - pergunto com uma voz tremida. Vejo olhares de todos os tipos direcionados a mim. Desconfiados, pena, e os olhares de dúvida da maioria. Algumas pessoas ali não acreditam em mim, e entro em alerta vermelho, procurando fingir ainda mais.

Caio de joelhos sobre a sacola preta que posso ver que envolve o corpo já em decomposição e mal-cheiroso de Lúcia.

– O que fizeram com você, Lúcia? Por quê fizeram isso? - digo, agora puxando todo o ar possível para meus pulmões em meio a cascata de lágrimas que caem dos meus olhos. Começo a gritar palavrões com toda minha voz e vejo alguns rostos substituindo a desconfiança por notável pena, enquanto alguns substituem a pena por notável desconfiança pela minha cena exagerada. Meu corpo está tenso, e começo a chorar baixinho sobre o corpo de Lúcia.

Neste momento, uma onda de arrependimento cai sobre mim. Lúcia era minha melhor amiga, sempre foi. Me lembro agora de tudo nitidamente, e as lágrimas falsas passam a não ser mais tão falsas. Me lembro quando fui contar a ela sobre o meu primeiro beijo. Me lembro quando ajudei Lúcia a encobrir seu namoro para que sua mãe e seu pai não desconfiassem. Me lembro de tudo, tudo que vivemos em nove anos de amizade.

Sinto uma mão gelada no meu ombro, e olho para cima, as lágrimas agora totalmente verdadeiras caindo em um fluxo maior e mais forte no meu rosto. O policial diz com uma voz suave, como se sentisse pena de mim e qualquer toque ou palavra me fizesse explodir em palavrões novamente.

– Com licença senhorita...

– Melissa. Melissa Johnson. - completo para o homem, que olha para os meus olhos diretamente com os seus olhos. Seus olhos verdes, firmes e lindos. Balanço a cabeça devagar, não me deixando vagar em pensamentos como esses.

– Senhorita Johnson. Sei que agora parece ser uma má hora, mas a senhorita precisa dar um depoimento.

Fico mais tensa e meu coração dispara novamente. Não pensei em ensanhar nada para esse tipo de situação, e agora vejo que meu plano, na verdade, estava cheio de furos.

– Claro... sim, o depoimento. Mas não posso ficar aqui mais um pouco? Eu... queria me despedir. - um outro policial, mais carrancudo e com uma barriga enorme me segura pelo ombro e me puxa para cima, me obrigando a ficar em pé.

– Não, você não vai conseguir se despedir. Ela está morta. - escuto e observo a reação das pessoas, que ofegam e tampam a boca com a mão, com rostos chocados e cheios de desaprovação.

– Que maldade! - uma mulher loira de meia idade grita do meio da multidão agora menor que nos cerca.

– É a verdade, senhora. Acha mesmo que a vida é doce? Não. Melissa, você precisa vir agora.

Agora, não preciso fingir. Meus olhos se enchem de lágrimas, e me agacho novamente, abrindo um pouco o saco. Vejo os cabelos pretos de Lúcia marcados de sangue escuro, e seu rosto já podre, mas com as mesmas lindas feições de sempre. Passo a mão sobre seu rosto, e me despeço, pedindo realmente que ela me desculpe.

Porque agora, o sentimento de culpa é tão forte que não sei se posso conseguir me perdoar.
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Sento no sofá de couro preto da delegacia. O policial gentil me olha de baixo a cima, e realmente não consigo fazer o mesmo. Seus olhos penetrantes sorriem, e sua boca não, e eu não posso explicar o quanto isso o fez ficar mais lindo. Seus cabelos castanhos estão penteados para trás, mas continuam rebeldes, alguns fios caindo para frente. O uniforme o faz parecer uma figura importante e ressalta os músculos dos seus braços. Mas não posso permitir que isso me distraia. Preciso de toda a minha concentração para esse interrogatório.

– Senhorita Johnson, - chama o policial gordo, sentando na cadeira que está na minha frente e jogando alguns papeis em cima da mesa. - o interrogatório de hoje será rápido, pois sabemos o quanto está abalada. Somente uma pergunta. O que aconteceu na última vez que viu Lúcia?

– Bom... ela estava na minha casa. Parecia que tudo estava normal. Quando ela estava indo embora, combinamos de ir no shopping no dia seguinte, que seria Sábado. Eu liguei e liguei e ela não apareceu. Aquilo sempre acontecia, então não me preocupei. Depois, ela parou de aparecer na escola. Ela geralmente faltava por vários dias, e viajava muito. Eu comecei a sentir falta dela na escola hoje, pois ela nunca ficava tanto tempo fora quanto ficou. E, eu sai correndo naquela hora pois tenho pavor a multidões. - eu realmente me superei. A maior parte daquilo foi mentira, tirando a parte de Lúcia realmente faltar muito. Aquilo me salvou.

O policial escrevia tudo em uma velocidade impressionante em uma prancheta, e murmurava em voz baixa, se lembrando de tudo que eu disse.

– Obrigada. É só isso. Pode sair, mas deixe seu telefone aqui antes. Ligaremos para você.

– Obrigada por tentarem descobrir quem fez isso com Lúcia. - digo, com uma voz falsa, mais aguda que o normal.

– É o nosso trabalho, garota.

Saio dali o mais rápido possível. Eu não quero ficar perto de ninguém. Minha mente precisa contar isso para alguém, mas eu não posso.

São tantos segredos, que sinto como se fosse um mar deles. E estou me afogando.


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