“Somos apenas humanos, e os deuses nos moldaram para o amor. Esta é nossa grande glória e nossa grande tragédia.” –Meistre Aemon

Afrodite odiava aquelas pessoas que a julgavam. Odiava aquelas pessoas que não viam o que realmente era o amor. Odiava as pessoas que não viam o quanto ela era perigosa.

Pois ela era a mais perigosa das deusas, em sua opinião. Podia não ter a sabedoria de Atena, a figura imponente de Zeus, não lutar como Ares, mas ainda sim ela era mais poderosa que todos eles juntos. Podia fazer coisas terríveis, oh, se podia. Afinal, qual era o motivo da Guerra de Tróia ter começado mesmo? Sim, sim, amor. Era ali que ela reinava.

As pessoas esqueciam com tanta facilidade que ela era a mais velha dos Olimpianos. Ela era quase tão antiga quanto Cronos, afinal. Mas os mortais a associavam a futilidade, a somente mais um rostinho bonito. No entanto, ela os punia descentemente. Ria-se ao observá-los chorar, algumas vezes, apenas por diversão, entrava em seus sonhos e lhes provocava, apenas pelo prazer de ter feito mais um engolir suas próprias palavras.

Um coração apaixonado, o que poderia fazer? Tudo, inclusive destruir a própria vida. A vida poderia se tornar uma tortura para o apaixonado, não importava o quanto fosse inteligente, poderoso, bonito, todos acabavam se curvando ao amor. Não apenas o amor romântico, como muitos achavam. Ela era dona de qualquer amor do mundo, poderia destruí-lo ou cria-lo. O amor de uma mãe por um filho, de um irmão, de amigo... Tudo era facilmente suscetível a ela. Achava tão estúpido quando diziam que seus corações estavam nas mãos do amado. Estavam nas mãos dela, isso sim!

O amor é um sentimento peculiar, belo como uma tragédia, perigoso como uma bomba nuclear, que ninguém poderia entender com perfeição.

E ela, a deusa do amor, dona de todos os corações do mundo, quão perigosa seria?