Fazia um bom tempo que eu não via o nascer do sol, eu ainda não tinha dormido e pensei que esperar o amanhecer não seria má idéia. Era tudo muito mágico, ver toda aquela escuridão aos poucos sendo sucumbida pela manhã, era realmente uma coisa muito, mas muito linda. Já estava claro demais para dormir quando eu adormeci. Acordei perto da tarde com o livro que tinha acabado de ler.

                Eu com meus quinze anos de idade, já lia livros demais, até pra mim, era um hábito que eu tinha começado a seguir desde o começo das férias, já eram contados três livros, em duas semanas. Mas isso não era o mais estranho, desde que comecei a ler tantos livros os meus sonhos começaram a ganhar outra temática e até mesmo a ficarem mais reais, como se estivessem acontecendo de verdade. Não sei nem se isso existe, ou é só mais uma resposta da minha cabeça á enorme enxurrada de informação, tanta criatividade que existem nesses livros. Mas, todos esses sonhos, que às vezes chegam a ser pesadelos sempre têm algo em comum, eles sempre têm um estranho garoto a observar o conflito. Não importava sobre o que o sonho se tratava, sempre ele sempre estava lá, o garoto e aquele olhar fulminante para mim. Eu tentei associá-lo a algum personagem dos livros que li, mas nada, não tinha nada que me lembrasse àquela figura. Ele não era uma pessoa maravilhosamente linda, mas parecia ter dentro de si uma coisa tão pura, mesmo debaixo de uma roupa negra e escura. E sempre que eu o seguia, ele simplesmente desaparecia.

         Depois de acordar de vez, fui tomar um banho. Comi algo na cozinha e sai, estava pensando em ir à casa da Alice, que já me ligava há algum tempo. Enquanto eu andava para a casa dela, que eram no máximo a quatro quadras da minha casa eu pensava em como estava diferente esses últimos dias. Não que eu era a maior das populares e de uma hora pra outra virasse para o lado dos nerds, mas depois dessas férias, eu sabia que não voltaria igual para a escola. Ao chegar a casa dela, colocamos os papos em dia, falamos de tudo que agente sempre falava, mas isso já não era tão interessante para mim. Voltei para casa e tornei a ler meus livros.

       Devo ter esquecido, mas eu sou Júlia e minha história não é lá uma coisa que se deveria escrever um livro. Com meus 1,65 de altura, não fiz muita coisa durante esses quinze anos, bem eu nunca fui beijada, nunca me apaixonei de verdade, nunca chorei por um carinha. Eu simplesmente tinha barrado esse tipo de sentimento. Eu tinha alguns amigos fieis, e já da pra ter uma boa vida com isso. Bem, era o que eu achava.