Confiance escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 1
Prólogo




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“Eu posso confiar em você? Promete para mim que aconteça o que acontecer você não vai se afastar de Megan?”

“Prometo, Pamela, prometo sim.”

Definitivamente, as loiras da família Marra existiam para ser um martírio para Davi. Primeiro Megan e suas investidas constantes, inabaláveis, mesmo depois de ele mandar a real e começar a namorar Manu. E agora, Pamela Parker e seu pedido de mãe sofrida.

Tinha como ter dito não, diante daquela súplica e desespero, tendo visto Megan sofrer com a doença do pai, sabendo a situação em que eles estavam? O castelo da família perfeita começava a desmoronar e Megan não tinha a quem recorrer, apenas a ele.

Mas agora, como explicar isso para Manuela? Como dizer que seu coração mole havia se compadecido de tanta dor e aceitado estar ao lado daquela badgirl mimada e que por várias vezes a havia ofendido? A reação da morena não havia sido nada boa ao descobrir que ele havia a deixado no meio da noite e corrido em socorro da “gringa”, imagina se descobrisse que eles seriam amigos?

“A mocinha tá querendo crescer.” Merecia um tapa por essa frase estúpida que havia proferido, especialmente por ter sido para a namorada. Mas tinha que reconhecer que a atitude dela o havia surpreendido, principalmente por não ter atacado Manuela. Será que ela havia desistido? Ou era algum plano?

“Davi, a Valdeci veio falar comigo sobre a sua briga com o Vander.” Avisou Rita, entrando no quarto do rapaz. “E eu não sabia o que dizer a ela.”

“Simples, tia, diga que o filho dela é um otário que não sabe respeitar mulheres, principalmente se estiverem bêbadas e incapacitadas.” Resmungou o programador, sentando em sua cama. “Um babaca desse podia ser preso por tentativa de estupro.”

“Pelo amor de Deus, Davi, isso é uma acusação muito grave.” Assustou-se Rita, encarando o sobrinho com apreensão.

“Tia, a Megan estava bêbada, fragilizada com a notícia do Jonas, e aquele estúpido chegou tentando agarrar ela. No estado que ela estava, só se fosse faixa preta em artes marciais para afastar ele. Se eu não chegasse lá, ele com certeza teria feito alguma coisa contra a vontade dela, porque ele acha que todas as mulheres do planeta estão implorando por ele.” O rapaz narrava o fato com o sangue fervendo, se lembrando da imbecilidade do colega.

“E como eu conto isso para a mãe dele?” Perguntou a pedagoga. “Davi, ela está possessa, achando que você bateu no filho dela por ciúmes dele com uma garota.”

“Tá vendo o que eu disse tia. Para aquele imbecil, ele não estava fazendo nada de errado.” Davi desceu as escadas bufando. “Você diga para a Valdeci que o filho dela é um estúpido que não respeita as mulheres, e que ela dê um daqueles puxões de orelha que ela adora, para ver se ele cria vergonha naquela cara imunda dele.”

Rita ficou surpresa com a reação do rapaz, e o analisou por alguns instantes. Davi não percebeu, acometido por um ataque de raiva, enquanto pensava no que havia acontecido. Lembrou do corpo pequeno e frágil de Megan, tremendo em seus braços, chorando pela ideia de perder o único pai que havia conhecido.

“Eu preciso ir, tia. Preciso resolver uma coisa.” Avisou Davi, bagunçando os cabelos e caçando alguma coisa com os olhos. “Droga, meu celular ficou na Manu.”

“Vai lá buscar.” Ele negou.

“Ela vai querer saber para onde eu vou.” Rita franziu o cenho. “Se ela aparecer por aqui, diga que... Sei lá, inventa alguma coisa, por favor. – pediu ele, beijando seu rosto e saindo correndo.”

Rita ficou encarando o sobrinho sumir pela porta, sem entender direito o que havia acontecido e dizendo para si mesma que não era o que imaginava. Se fosse... Bom, Manuela que ficasse de olhos abertos para o namorado.

~M&D~

Na mansão Marra, Megan estava em seu Marra Tablet, fuçando algumas notícias na internet, profundamente entediada.

“Hey sweetie, alguma novidade?” Perguntou Pamela, sentando na outra ponta e puxando os pés da filha para seu colo.

“Nada mom, o de sempre... Linds na rehab, mais um Velozes e Furiosos confirmado, Miley naked no Twitter... Isso está ficando boring.” A loirinha largou o aparelho de lado. “E dad?”

“Descansando.”

“Ele está bem?”

“Isso é um conceitomuito relativo, baby girl. Todo esse estresse de a notícia vir a tona, não está fazendo muito bem a ele, entende?” Megan assentiu, entristecida. “Oh honey, não fique assim... Seu dad vai ficar bem.”

“I know, mom... Mas essa incerteza é agonizante.” A mais nova se ajeitou no sofá, de modo a ficar no colo da mãe. “Eu não quero perder outro pai.”

“I know, I know...” Pamela abraçou a filha, as duas ficando em silêncio por um tempo.

Algum tempo depois, o telefone tocou, assustando ambas. Pamela se levantou, caminhando até o aparelho e o apanhando.

“Sim. Quem? Oh, yes, of course. Pode deixá-lo entrar, por favor.” E desligou, deixando o aparelho de lado. “Megan, Davi está aí.”

“Davi... Davi você diz o Golias?” Os olhos da garota brilharam, enquanto a mãe confirmava. “O que ele faz aqui?”

“Não sei, ele não disse.” A mais velha parecia confusa. “O porteiro apenas avisou que ele estava aí.”

Não demorou muito para baterem à porta, a qual Pamela se apressou em abrir. Megan parecia extasiada com a visita de Davi, mas estava contida. Não havia brincado quando dissera a ele que queria melhorar suas atitudes, e isso incluía não dar em cima de um rapaz comprometido.

“Oh, Davi, que bom te ver... Entre, por favor.” Pamela saudou o rapaz, dando passagem para ele. O programador parecia tímido, andando com as mãos no bolso da jaqueta, um sorriso pequeno no rosto.

“Hi Davi.” Megan se levantou do sofá, caminhando até o rapaz e lhe dando um beijo rápido no rosto, logo tornando a se afastar.

“A que devemos a honra da visita?” Perguntou Pamela, após pedir que o rapaz sentasse. Ele tomou o lugar ao lado de Megan, deixando a dona da casa em uma poltrona.

“Bom, eu na verdade queria falar com a Megan.” Eele indicou a loira mais nova. “Mas não há problemas se você estiver aqui.”

“Oh não, não... Vou deixar vocês kids conversando, e eu vou ver o Jonas. Mas antes, pedirei que tragam alguma coisa para vocês comerem, aceita?” Ele concordou com o mesmo sorriso tímido, enquanto Pamela se levantava para deixar a sala.

“Não ligue para mom, ela adora visitas. Provavelmente, vão trazer um banquete.” Avisou Megan, se ajeitando no sofá e abraçando as pernas.

“Não há problemas.” Davi lhe sorriu, se ajeitando no sofá também. “Não tive muita chance de lhe dizer na última vez... Sua casa é muito bonita.”

“Yeah, eu não estava, like, muito bem.” Eles riram. “Thanks, de novo, por me salvar daquele nojento.”

“O Vander é um porco inútil.” Esbravejou o nerd, bufando. “E bom... É meio que sobre isso que eu vim falar com você.”

“Sobre o Vender?” Davi riu da pronuncia dela.

“É Vander, Megan. Você consegue falar Davi, mas não Vander.” Os dois riram juntos.

“Ah, demorei a little bit para acostumar, vocês tem uma pronuncia estranha.” Ela deu de ombros, corando um pouco. “Mas então, o que você quer falar sobre o Vander?”

“Eu queria saber como você está.” Ele fraquejou na última hora. “Você pareceu bem abalada quando tudo aconteceu, mais pelo seu pai, acho. E depois, na coletiva... Bom, eu só queria saber como você está.”

“Indo, acho que é the only answer.” A loirinha deu de ombros. “Preocupada com meu dad, mas isso vai ser constante. E querendo manter, like, a maior distância possível da Gambiarra e do Vender.”

“Você errou de propósito que eu sei.” Ele riu, enquanto Megan dava de ombros. “Mas nem todo mundo na Gambiarra é idiota que nem o Vander, você sabe disso.”

“I know, mas... Sei lá, eu ando pensando em um rumo novo para minha vida, você entende?”

“Ainda a ideia de transformar a Marra em uma balada de Ibiza?” Megan gargalhou alto ao ouvir aquilo.

“Não, não... I mean, eu não tenho ideia do que eu quero fazer, mas eu quero achar alguma coisa, entende? Essa doença do dad tem me feito pensar muito e, eu não quero que se ele morrer, like, amanhã, ele se vá pensando que deixou alguém inútil para trás. Eu quero que ele se orgulhe de mim, entende?”

“Eu tenho certeza que ele já se orgulha.” Garantiu Davi, e Megan sorriu, segurando o braço dele.

“Thanks Davi, isso significa muito para mim.” Ele sorriu de volta e ficaram em silêncio, simplesmente se encarando. O momento teria durado mais, se o casal Marra não houvesse interrompido.

“Davi, que prazer.” Jonas saudou o rapaz, e os dois jovens se afastaram depressa. “O que o traz a minha casa? Megan não andou aprontando de novo, certo?”

“Não, Jonas, nada disso. Só vim ver como ela estava. Fiquei preocupado depois daquele dia.” Explicou o programador, se levantando. “Mas, já fiz o que tinha que fazer. Agora vou para casa e deixar vocês em paz.”

“Em paz? Oh, honey, não se preocupe. Fique para o jantar, que tal?” pediu Pamela com um sorriso.

“Hã, é que eu não avisei a Manu que eu estava aqui, ela vai ficar meio encucada.” Davi se envergonhou ao falar.

“Diga que dad convidou vocês para jantar. Acho que ele vai gostar de jantar conosco.” Propôs Megan com um sorriso.

Todos se surpreenderam igualmente com a atitude de Megan, que parecia estar falando sério. A loirinha apanhou o telefone, entregando para Davi.

“Easy guys, eu sou meio louquinha, mas não sou destruidora de lares. Não mais.” Ela piscou. “Mom, vamos decidir o cardápio? Algo bem brasileiro, do jeito que eles gostam.”

“Tipo, feijoada de couve?” Os olhos da atriz brilharam.

“O couve você come com a feijoada, Pamela.” Explicou Davi, simpaticamente.

“Oh, yeah, I know.” Riu a loira, enquanto saia com a filha, deixando Jonas aos risos.

“Ela fica completamente perdida nos costumes brasileiros.” Garantiu o empresário, mas parou de rir ao ver que Davi o encarava. “Algo errado?”

“Jonas, eu tenho um pedido para te fazer, um pedido sério.”

“Diga.” O magnata franziu o cenho, observando seu sucessor suspirar.

“Jonas, eu preciso da sua ajuda para trabalhar com a Megan.” O rapaz disse de uma vez, assustando o mais velho.

“Trabalhar com a Megan?” Davi assentiu, sentando no sofá. Jonas fez o mesmo, mas na poltrona, e aproximou seu rosto.

“A Pamela pediu que eu me aproximasse da Megan, fosse amigo dela. Entenda que ela e a Manu se odeiam, e não é porque ela está boazinha agora que a Manuela vai relaxar e me deixar ficar perto da sua filha.” Jonas concordou. “Então, se fosse a trabalho e por ordem sua, a Manu poderia até chiar, mas não iria se opor.”

“E você tem certeza que quer isso? Se aproximar da Megan, sabendo que ela pode aprontar alguma?” Davi sorriu triste.

“Jonas, você melhor do que eu, sabe o que a Megan está passando. A angustia com a sua doença, a mudança de país... Ela é praticamente uma criança, pelo menos na maioria das atitudes. Ela só tem aquele lerdo do Danilo e a desmiolada da Luene, e isso não é uma base para aguentar esse tranco. Eu acho que ela quer mudar, só não sabe como. E eu prometi para a Pamela que eu estaria ao lado dela, e posso tentar ajudar nisso.” O rapaz expos seu ponto de vista.

“Você quem sabe rapaz. Os riscos são seus.” Garantiu Jonas em um tom sério, mas sorria. “Eu fico muito feliz por ter mais alguém que queira lutar pela Megan.”

“Eu acho que ela é uma garota incrível, com todo o respeito à vocês e a Manuela, mas ela é. Ela só se perdeu ao longo do caminho.”

“E espero que você a ajude a se encontrar.” O empresário sorriu, sendo retribuído. “Bom, ligue para a Manuela e chame-a para jantar. Eu vou avisar a Pamela que é impossível uma feijoada sair tão rápido, enquanto tento pensar em uma maneira de fazer o que você me pediu.”

“Na verdade, eu já tenho algumas ideias...” Avisou Davi, dando um pequeno sorriso de lado.


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