As Últimas Lembranças de Dominique Weasley escrita por MahDants


Capítulo 1
Um vidrinho, uma carta e MP3


Notas iniciais do capítulo

Eu... Espero que gostem :)



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A morte é a única certeza que temos em nossas vidas.

Mas nada,nada, havia preparado Albus Severus Potter para enfrentar aquela morte. Toda vez que ele se lembrava do perfume francês da sua prima, ou do modo como ela balançava os cabelos louros intencionalmente ao se mexer, ou como sempre aparecia com pelo menos alguma coisa cor-de-rosa em seu corpo; bem, toda vez que ele se lembrava de Dominique Weasley, o grande amor de sua vida, uma tristeza o assombrava.

Logo em seguida vinha a raiva. Raiva dela por ter se matado, e depois raiva de si mesmo por sentir raiva dela. Como ele queria mais dias junto de Dominique, ou então ter tido a chance de beijar mais vezes aqueles lábios finos e gélidos que muitas vezes abrira um sorriso sarcástico, assim como muitas vezes havia transportado uma risada graciosa.

Oh, Merlin, ele a amava tanto. Precisava dela consigo.

Havia se passado sete meses. Muitos rapidamente esqueceram, outros diziam que a dor era insuportável. Albus, em nenhum momento, se pronunciou. Ele afastou os amigos, afastou a família, e agradeceu aos céus que todos respeitaram o seu tempo.

Então lá estava ele, indo novamente para Hogwarts, para o seu sétimo ano.A primeira vez que ia para Hogwarts sem dividir a cabine com Nikki, ele lembrou, usando o apelido da prima em seu próprio pensamento.

O dia parecia ótimo para uma manhã de Outono. Estava um pouco frio, é verdade, mas nada que o fizesse tremer dos pés até a cabeça. Ele acenou para sua mãe e seu pai e foi procurar a cabine em que os primos estavam, com um pouco de dificuldade para manusear seu malão grande e pesado.

Albus havia colocado em mente que voltaria a viver como antes: sendo sociável e educado, sempre escondendo uma piada por trás dos olhos verdes e disponível para atender os amigos. Já havia passado pela negação, acreditando sempre que ia dormir que na manhã seguinte a prima estaria ali de volta; revolta, por ela não estar ali e a única culpada disso tudo ter sido ela; e depressão, lamentando-se porque sentia falta de tudo que envolvia a quase francesa; estava na hora de aceitar... Ela agora não passaria de uma lembrança ou um rosto nas fotos de família.

Talvez agora eu tenha coragem de abrir a caixa, ele pensou finalmente achando a cabine ocupada por sua família.

Com um suspiro, puxou a porta e entrou. As coisas pareciam como antes, exceto que tudo estava diferente. Primeiramente, o garoto notou a ausência de James, Fred e Molly, mas rapidamente lembrou que os três haviam terminado Hogwarts em Junho e agora todos estavam encaminhados em suas respectivas profissões. Queria ter aproveitado os últimos dias do irmão e dos primos em Hogwarts. Queria, mais que isso, ter Dominique ao seu lado para aproveitar aquilo.

Então seu olhar caiu em Rose Weasley e Scorpius Malfoy, o mais novo casal bruxo. Ele lembrava vagamente das tardes que os dois fizeram uma companhia silenciosa a ele, quando ele ainda estava na fase da depressão. Aquilo acabou em brigas e beijos, e finalmente os dois atenderam o último pedido de Dominique.

“Rose, namore logo o Scorpius Malfoy, pelo amor de Merlin!”

Em silêncio, ele se sentou ao lado de Roxy, que lia contidamente um livro trouxa (ele sabia que era trouxa porque a foto na capa não se mexia). Ela havia mudado bastante desde a carta deixada por Dominique no dia de seu suicídio. Roxy estava mais calada e sincera, quase que vingando a prima.

Os outros primos e sua irmã não tinham nenhuma atividade importante, então suas cabeças viraram na direção de Albus. Ele abaixou os olhos, mais para evitar olhar para Louis do que qualquer outro motivo. A pele branca, o cabelo loiro platinado e os olhos azuis eram as menores das semelhanças entre ele e Dominique. O brilho sarcástico era mantido por ambos no olhar, assim como o rosto redondo e nariz arrebitado. Os traços eram inconfundíveis.

Em vez de olhar para o primo, prestou atenção na irmã, Lily. Lily costumava ser muito ingênua e tagarela, mas desde que Dominique se fora ela havia abandonado esse seu lado. Ela continuava cheia de alegria, e a ver o bem em todos; mas se tivesse a oportunidade de ficar calada, ela ficaria.

Os únicos que não mudaram naquela cabine foram Lucy e Hugo. Hugo tinha a sensibilidade de uma colher e continuava comendo tanto quanto podia; Lucy ainda era falsa e hipócrita. Nem mesmo a morte de sua prima fez mudar sua alma fria e perdida.

- Então quer dizer que um Malfoy está namorando uma Weasley? – ele brincou, surpreendendo a todos na cabine. Estava sendo o foco das atenções.

- Sabe como é... Sua prima é gostosa, cara – respondeu o loiro divertido, recebendo um tapa da namorada, um olhar divertido de Albus e um olhar ciumento de Hugo.

- Respeito com minha irmã.

- Calma aí, cunhadinho – pediu Malfoy sorrindo de lado.

A ida a Hogwarts foi diferente aquele ano. Faltavam elementos importantes naquela cabine... Todos estavam tão diferentes! Completamente diferentes, na humilde opinião de Albus, e ele sabia que isso tinha haver com a carta de suicídio que Dominique deixara.

Carta, essa, que criticava o comportamento de todos daquela família. Ou, pelo menos, da maioria. Foi um choque de realidade que muitos estavam precisando. Uns, como Roxy, mudaram. Outros, como Lucy, apenas ignoraram.

Alguns minutos de conversa fora, eles chegaram à escola. Foram nas carruagens até o castelo, assistiram a seleção dos primeiranistas, foram dormir. Mas Albus não dormiu. Ele se esgueirou para fora da cama e com o cabelo preto bagunçado, foi sorrateiramente com sua Capa da Invisibilidade até a Sala Precisa, imaginando a mesma sala de balé em que declarou os sentimentos para Dominique; e encontrou a caixa que ela havia deixado.

Lembrava-se bem que havia recebido um dia depois da morte da loura, deixada na sua frente por uma coruja branca (a coruja de Dominique) e que ele a havia escondido ali, com dor demais para abrir, e mais medo do que admitiria.

Suspirou, passando os dedos pela áspera madeira escura e o feixe de prata que a fechava. Tomou coragem e a abriu.

Havia um vidrinho, um objeto trouxa enrolado em fios e uma carta, nada mais. Todo aquele tempo para um simples vidrinho contendo um material prateado e brilhante dentro; um objeto que ele mal sabia para quê servia; e uma carta que o faria chorar?

Ainda tem o perfume dela, ele notou, quando abriu o pergaminho e encontrou em uma letra caprichada as palavras de Dominique:

Oi, Albus.

Se bem te conheço, você demorou bons dois meses para abrir essa caixa, se não mais que isso. Ou seráque você já está no sétimo ano? Não, acho pouco provável... Mesmo lerdo e um pouco medroso, você também é ansioso e curioso. De qualquer forma, imagino que já tenha feito 17 anos. Bem, feliz aniversário nesse caso.

Estou fazendo falta nesse mundo? Ah, não me importo com isso. Me importo com você. Espero que você esteja bem. Então... Estou escrevendo isso ainda viva, é estranho pensar isso agora, não é? Acredite, está sendo estranho para mim, escrever como se eu já estivesse morta... Nem sei como vou escrever a carta que estou planejando escrever (e imagino que você já tenha lido) mais tarde, para os outros primos.

Vou explicar.

Escrevi isso na véspera do meu aniversário, na véspera da minha morte. No meu dia feliz, lembra-se? Não mencionarei isso na carta para os outros primos, porque, bem, quero que isso seja algo nosso.

Oh, Merlin, mal imagino como as coisas fluíram depois daqui. Eu consegui me declarar? Você correspondeu? O que sente por mim, Albus Severus Potter? Diga-me, querido. Não, pera...

Desculpe, não consigo parar de ter essa pitada de maldade e humor negro. Você sente falta do meu humor negro? Estou curiosa!

A questão é que... Se eu não tiver conseguido abrir a boca na Sala Precisa... Eu sou apaixonada por você. Não deveria estar fazendo essas piadas acima, me desculpe. Saiu. Estou apenas tentando distrair. É meio improvável pensar em mim apaixonada, não? Eu, realmente, deveria ter ido para a Sonserina. Francamente, me sinto tão fria às vezes.

Mas essa é a verdade. Sou perdidamente e completamente apaixonada por você. Sim, eu conjugo o verbo ser no presente, porque você foi o primeiro (vamos ignorar as quedinhas-acidentes-de-percurso, como a que tive por seu irmão entre meus onze e doze anos de idade) e último menino que me apaixonei.

Eu queria poder explicar por que sinto isso, e como sinto isso... Então eu vou. Não só explicar, como mostrar. Esse vidrinho contém lembranças, minhas lembranças. Considere-as minhas últimas lembranças. Despeje seu conteúdo na penseira presente na sala da McGonagall e coloque os fones de ouvido... Bem, no ouvido.

Ah, sim, os fones de ouvido. Esse aparelhinho trouxa se chama MP3. Não me pergunte como o consegui, foi um contrabando bem perverso, devo dizer, mas ele vai reproduzir uma gravação minha. Não tem mistério. Na ponta dos fios há uma bolinha. Você as ajusta no ouvido e aperta no triângulo que há no aparelhinho. É simples.

A gravação é uma narração das minhas lembranças. Estão sincronizadas com os acontecimentos delas, se você apertar no triângulo assim que mergulhar a cabeça na penseira.

É isso, Albus.

Caso eu tenha conseguido me declarar, e você tenha correspondido... Vai parecer maldade da minha parte. Você sabe, reviver todas as lembranças e sentimentos, mas... Me desculpe. Estou apenas garantindo que não levei nenhum segredo ao túmulo.

Eu amo, amo de verdade, você.

Com amor,

Dominique Isabelle Weasley.

Albus suspirou.

Sim, era maldade. Mas o que ele podia fazer? Agarrou o vidrinho e oMP3, entrando debaixo da Capa e correndo em direção a sala da McGonagall.


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Notas finais do capítulo

Comentários, por favor, deem um oizinho pra autora, porque ela é muito legal! :D
Se você leu O Último Relato de Dominique Weasley, mencione isso no review. Vou ficar feliz em saber :)
Beijos e até... Amanhã (?)