A graça da vida escrita por Isabela Na Janela


Capítulo 4
"Tem seu lado bom"


Notas iniciais do capítulo

Gente, muito muito obrigada a quem comentou nos outros capítulos, principalmente a MAVR, que mostrou ter bastante carinho pela história :) Desculpa por ser "curtinho", é que eu realmente não sei fazer capítulos longos. Mas vou recompensar postando o próximo mais rapidamente que o normal. Beijinhos :*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/519736/chapter/4

Na primeira noite com Min em casa, fui dormir cedo. Mas isso não me impediu de morrer de sono na aula de história, dada pela professora Marlene, uma mulher muito, muito tediosa.

Estava sentindo minhas pálpebras caírem e todo meu corpo se entregar para o sono, quando surgiu minha salvação: Kátia, que apareceu na frente da sala, dizendo:

"Pessoal que vai ajudar na organização da formatura, vocês têm autorização pra sair".

Levantei com um pulo. A professora estranhou eu fazer parte do sindicato, mas ignorei, feliz em sair da aula chata e pensando que esse negócio de formatura tinha seu lado bom.

Fomos para a quadra esportiva. O grupo da “organização da formatura” era formado por cinco pessoas. Eu, a mais indisposta de todos; Kátia, uma espécie de líder; Giovana, uma simpática garota de cabelos cacheados; Jackson, um garoto franzino; e Silvia, que possuía um corpo de uma mulher de 24 anos, mas que tinha a mesma idade que eu.

Nós sentamos formando uma roda, no chão, para discutir sobre como seria o evento.

E então todo mundo começou a falar junto.

“Pensei numa festa a fantasia.”

“Não, nem todo mundo tem dinheiro pra isso.”

“ E festa havaiana?”

“Cara, isso é muito clichê.”

“A gente podia chamar uma banda.”

“E tocar sertanejo.”

“Não, idiota, não existe banda sertanejo.”

“ Gente, foco. Vamos contratar uma chácara ou um salão?”

“Prefiro chácara.”

“Salão.”

“Chácara.”

“Chácara.”

“E você, Maria?”

Nesse momento, eles tinham tagalerado tanto, que eu nem sabia mais onde estava.

“Oi?”

“Porra, você está aqui? Vota no que: chácara ou salão?” – Disse, revirando os olhos, Silvia.

“Ahn... Prefiro chácara.” – Respondi, arrumando a postura.

“Ótimo, tá escolhido. Meu pai conhece um cara que tem uma chácara, que pode fazer um preço bem bacana para nós.”

“E o tema da festa? Vai ser qual?” – Soltou Jackson.

Novamente todos começaram a falar de uma vez só, dando ideias sobre os temas mais exóticos possíveis.

“Gente, para.” Eu disse, surpreendentemente “Não percebem? Já temos o tema: formatura. Baile, coroação, e tudo o mais que temos direito. Acho que seria legal misturar essa coisa americana, como o príncipe e princesa da escola, mas ao mesmo tempo, misturar coisas modernas, tipo baladas e tal...”

Todo mundo me encarou e nem eu sabia de onde tirei essas ideias. Um segundo de silêncio, até Silvia soltar:

–É isso aí, garota!

O resto da aula foi tranquilo.

=^.^=

No jantar comíamos frango assado quando Yasmin disse:

“Ei, prima, tu conhece o Marcos aqui da rua?”

Marcos? É claro que conhecia. Simplesmente o cara mais desejado da cidade. Uma espécie de perfeição: sarado, surfista, lindo, mas que mesmo assim era inteligente, músico, apaixonado por animais... Aquele tipo que toda garota sonha em casar.

“Conheço sim.”

“Então, ele vai dar uma festa de dezoito anos sábado. E chamou a gente. Tu vai, né?”

Quase engasguei com o frango.

“Você deve ter se enganado. Eu e ele nunca conversamos.”

Yasmin deu uma boa gargalhada.

“Para de ser besta. Eu tenho certeza de ouvi-lo dizer ‘chama a Maria, sua prima bonitinha’”. Ela olhou para minha mãe e ergueu as sobrancelhas com um sorriso maroto.

Minha mãe riu, também.

“Ele é um gato. Eu aprovo.”

Achei engraçado, mas ainda não sabia ao certo como ele poderia me chamar para a festa. Com certeza foi influencia da minha prima. Pensei comigo: “É, até que a visita de Yasmin tem seu lado bom”.

=^. ^=

Nos dois dias que antecederam a festa, comprei o presente de Marcos: um CD do Suricato. Nem sabia se ele curtia a banda, mas eu adorava e não tinha dinheiro pra nada mais caro. Embrulhei com papel azul e escrevi “de sua vizinha bonitinha, Maria”. Aí achei muito vulgar e apaguei o “bonitinha”.

Usei um vestido bem antigo meu, que eu adorava, de cor azul turquesa e que era um pouco decotado na frente. Fazia bastante tempo que eu não o usava, e me surpreendi porque ele estava bem mais justo do que antes. Coloquei uma sandália e prendi metade do meu cabelo. Com um pouco de maquiagem, eu estava quase irreconhecível.

Como eu estava com minha prima, minha mãe nem se preocupava com que horas iríamos chegar. Antes de sairmos, ela disse “Divirtam-se”. Só.

No carro, com minha prima, ela perguntou:

“Já foi em alguma festa antes?”

“Em algumas, mas nenhuma delas foram... grandes”.

Yasmin sorriu.

“Acho que vai gostar. Olha, não quero parecer chata, mas vê se não se encrenca, ok?”

“ok” – Respondi, sem entender muito.

E partimos para a festa num carro com 110 km/hora e ao som alto de Die Young, da Kesha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A quem chegou até aqui: obrigada :))



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A graça da vida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.