FoxFace escrita por Demiguise


Capítulo 8
Capitulo VIII - CÁLCULOS ERRADOS


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora (pra quem sentiu falta de mais um cap.) Minha ida anda um pouco corrida ultimamente, mas prometo novo cap. para sexta ou sábado (e não depois) Dedico esse cap. para Rafaela Silva, uma amiga muito querida minha



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O povo quer um show. Se não o tiverem, não vai acabar bem para mim. Não vai acabar bem para ninguém.

O garoto do 10 se foi. O que o matou, eu não sei, as espero que tenha sido bem doloroso. Não por vingança a mim, mas para os espectadores da Capital.

Termino por completo com as amoras que colhi ontem, e sei que daqui a algumas horas, terei de procurar mais comida.

Oito tributos vivos... Os três Carreiristas, mais o do 3, o casal do 11 e do 12. Fora eu é claro. Eles tem que se matar, eu não posso, matar a garota do 11, não teria coragem, o garoto eu nem teria chance. Katarin tem de ter feito alguma coisa para permanecer viva até agora...o garoto que está sentado a uns vinte metro na minha frente, já vai morrer, mas ele é forte. Os Carreiristas devem estar furiosos com a perda de sua garota ’’que brilha como gliter’’. Se é que ela fez alguma falta, ela certamente tinha muitos patrocinadores, ela bela, e isso já basta.

Passo metade do dia em meu refugio, observando o garoto loiro fuçando a lama. Por que estaria fazendo isso? Fico curiosa então coloco a cabeça para fora das cortinas de água que caem na lateral de meu refugio. Consigo mirar uma figura sentada no chão de pedra, e realmente fuçando na lama. Mas em seguida, está a esfregando no corpo, e na cara.

O que ele está fazendo? Espera, Está se camuflando? É isso mesmo?

É um bom plano, mas muito, muito arriscado. Uma vez encontrado, não haverá uma próxima vez. Espero que ele seja um bom pintor. Não! ESPERO QUE MORRA! Não... ah sei lá.

Sei lá.

O dia vai passando e minha fome aumentando. Uma coisa curiosa que me veio a cabeça: Como o garoto loiro conseguiu comida? Será que nesse riacho há peixes? Mesmo se eu conseguir um peixe, como faria para frita-lo? Nunca comi peixe cru, mas bem que comeria com a fome que estou sentindo...

Já chega! Esperei demais! Já esta quase anoitecendo e eu não sai dessa cova aquática ainda! Preciso de comida! Dane-se o garoto...não...Dane-se!

Quando eu saio de meu refugio de vez, já consigo sentir o frio e o sereno noturno. O ar fica mais gelado cada vez que o puxo pelo nariz e sinto-me congelando por fora. Minhas articulações duras dificultam os passos, logo quando vou repetir meu velho lema: Caminhar, caminhar e caminhar.

Meu cilindro inútil, minha bussola e o que mais eu deixei no Espelho, já não existe mais, o tributo do 10 deve ter pegado tudo, e como está morto...

Enquanto caminho, olho ara as folhas úmidas que jazem no chão, tão mortas e tão vivas a ponto de fazer um crac a cada vez que piso.

Como não estou morta!? Estou fazendo tudo errado aqui! Todos os meus passos, por que tudo parece errado e proibido. Tenho agido prevenindo a pior das hipóteses a cada arvore. Sei que um tributo pode aparecer e me matar com uma machadada, eu sei! Mas....por que não estou pensando assim? Por que não subo em uma arvore, e começo a me balançar como um macaco, gritando, clamando furiosamente por morte. Pois eu tenho algo a dizer para o povo da Capital: Que tenham a morte.

Que venham mais um bilhão de Jogos Vorazes, e que eles morram engasgados com o sangue das crianças mortas, e depois que lamentem por suas mortes enquanto se desintegram no inferno.

Mas tais palavras não escapam de minha mente, e o único modo de repreendê-las, são por lágrimas.

A noite chega e eu não percorri dois quilômetros, mas onde estou indo mesmo? Ah para a Cornucópia.

Há uma hora dessas o monte de suprimentos já deve ter crescido, e as minas, todas enterradas. As minas! Direita, direita, esquerda, direita, esquerda. Ainda me lembro do mapa. Que bom.

Continuo fazendo tudo errado, mas nada pode parar isso. Umas duas horas devem ter se passado desde que sai do meu refugio. Pretendo voltar assim que colher tudo o que preciso.

A noite está ficando mais e mais fria, sou obrigada a fechar minha jaqueta. Sinto-me subitamente cansada, como se eu tivesse corrido todo o caminho. Meus joelhos lutam para se manterem firmes, e numa tentativa falhada de dar mais um passo, eu caio como um saco de farinha no chão, batendo a lateral da minha virilha.

Não vou levantar, não consigo. O bafo quente que forma uma espécie de fumaçinha diz isso há minha frente.

Então, não levanto.

O dia amanhece quente, então, tomo o orvalho das folhas novamente. Acho umas folhas de menta, e as coloco na boca, para disfarçar a dolorosa fome.

Sinto-me mais regenerada. Decido trotar um pouco para gastar energia. A floresta de espelhos reaparece novamente. As mesmas arvores, as mesmas rochas e as mesmas plantas por todo lugar. Mas apesar disso, sei para onde estou indo, é só descer a encosta.

Sinto que já percorri mais da metade do caminho, e é quando eu ouço passos próximos.

Meu coração acelera, e eu começo instantaneamente a suar. Não se apavore, não!

A floresta se torna escura, e sinto minhas pernas fraquejarem, mas com a maior convicção do mundo, disparo do nada, o mais rápido que posso.

Começo a correr mais rápido quando ouço os passos me seguindo. Minha respiração fica extremamente presente e forçada, tentando acompanhar meus passos velozes. Eu sei que está aqui. Sei que sente meu medo.

Uma visão do garoto/homem tributo do Distrito 11 correndo furiosamente atrás de mim me faz apressar ainda mais o passo. E meu coração.

Estou mais perto!

Estou quase lá!

Não ouso olhar para trás quando paro de ouvir os passos. Estava à beira da morte, e não vou olhar para trás.

Este é outro sinal de que estou jogando errado. Eu era pra ser discreta! Maldição!

Ele ainda está perto. Eu sei, os Idealizadores sabem, todos sabem. Quando se está tudo quieto, pode apostar que alguém esta tramando.

Eles querem sangue, e eu sei que é o meu. Mas não vou deixá-los ter.

A garotinha do 11 será a próxima, ela é a menor, e não tem como vencer. A Carreirista do 2 é mais nova que eu, eu diria uns catorze anos, seria ela a próxima, daí eu, e o aleijado do 12, se ele não morresse primeiro...

As plantas atrás de mim fazem um barulho curioso, mas não olho para trás, eu sei que ele está ali. Corro novamente para dentro da floresta. Até que certos pontos me são familiares. Passo correndo pela poça que me salvou minha vida e a de Katarin no segundo dia, uns segundos mais tarde a arvore que eu dormi no primeiro aparece a minha direita como um borrão, e entre arfadas e segundos, tropeço onde o garoto loiro (agora aleijado) e eu nos esbarramos. Eu sei que é aqui, pois tropecei na mesma raiz em que ele tropeçou, reconheço a arvore que se estende majestosamente a minha frente e então coloco um dedo no cortezinho quase cicatrizado em minha testa, e minha mente revive aquele momento:

–Se quiser me matar, era melhor pegar uma arma! – eu disse.

–Se quisesse te matar, com certeza não seria com um chute.

Chega de nostalgia! Preciso seguir em frente! E assim o faço.

Mas uns minutos mais tarde, já vejo o chifre brilhando dourado a uns nove segundos a minha frente.

Percebo que nem todos os meus cálculos estavam errados afinal.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem pessoal!!!!!! Comente o que acharam da fic até agora!!!!! Não tenham vergonha de fazer uma critica ruim ou até me corrigir :v



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