Lucky Ones escrita por Hamish


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelo feedback, fico muito feliz de estar agradando com a minha história. Não se esqueçam de comentar ao final da leitura, é muito importante para o autor saber o que os leitores estão achando. :)



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Ele se inclinou para baixo e colou seus lábios nos meus. Além de virgem, Sherlock parecia nunca antes ter beijado alguém em toda a sua vida, por conta da ansiedade que ele demonstrava ao me beijar. Ele parecia tão faminto por aquilo que esperei que começasse a tirar suas roupas a qualquer momento. Ele estava quase todo em cima de mim, mas ainda estava em seu banco. Com a boca ainda colada na minha e as mãos ainda no meu peito, ele tentou passar para o meu banco, seu pé acabou pisando no freio, o que fez com que o carro desse um solavanco fazendo com que nos separássemos mais rápido do que havíamos nos agarrado. Com os olhos arregalados, nos entreolhamos e ao ver que estava tudo bem, começamos a rir.

– Isso foi inapropriado – falou ele, limpando o canto da boca com as costas das mãos.

– Claro que foi – suspirei. Eu não tinha o que dizer a respeito daquilo, eu não sabia nem o que pensar a espeito daquilo tudo, só sabia que teria de me confessar com o padre assim que voltasse para casa. Eu ainda não sabia dizer se aquilo era errado, mas se era tão divertido provavelmente era.

– Então... Podemos ir para o Parlamento agora? – ele deu a partida no carro, evitando olhar para mim. Que gracinha.

– Tanto faz – dei de ombros – Se não quiser mais ir para canto nenhum e me deixar no hotel, tudo bem.

Ele olhou para mim como se estivesse ofendido.

– E por que eu faria isso? – perguntou ele, franzindo o cenho – Sinceramente, isso foi um experimento. Espero que não tenha significado nada para você.

– Claro, claro – cruzei os braços em cima do peito e me afundei no assento do carro – Se você tá falando, quem sou eu para discordar?

Ele abriu um sorrisinho e dirigiu até o Parlamento sem me falar mais nada. O Parlamento não era muito longe do London Eye e do Big Ben, tínhamos de atravessar uma ponte e tudo mais e ele deu uma volta gigantesca para estacionar perto do prédio... Ou ele simplesmente não estava a fim de andar até o Parlamento e deixar o carro do irmão desprotegido. Talvez Londres fosse mais violenta do que eu pensava. Ele devia ter suas razões. Paramos ao lado do Parlamento, em um local em que muito provavelmente seríamos multados se estivéssemos durante o dia. Sherlock enrolou o cachecol em volta do pescoço e eu meti minhas mãos nos bolsos do meu moletom. Estava bem gelado por lá, com um ventinho frio que rachava meus lábios e possivelmente havia deixado meu nariz e minhas bochechas extremamente rosadas.

– Esse aqui é o Parlamento, caso você não saiba disso ainda – ele pegou mais um cigarro no bolso e o acendeu, olhando para o prédio à nossa frente – Até ofereceria para entrar lá com você, mas eu não estou a fim.

– Tudo bem – sorri para ele, mas ele não estava mais olhando para mim. Esfreguei minhas mãos, tentando aquecê-las. Eu estava sem luvas, havia saído do hotel de qualquer jeito com os meus colegas. Perguntei-me se eles haviam sequer notado que eu havia saído com um completo desconhecido... Se bem que era isso que estávamos procurando, certo? Sair com completos desconhecidos e ignorá-los na manhã seguinte... Eu estava fazendo isso errado de qualquer forma, pois estava sentindo que esquecer aquele cara seria mais difícil do que eu havia planejado – Sherlock.

Ele olhou para mim, com os olhos semicerrados e com fumaça saindo pelo seu nariz. Fez um movimento com a mão livre pedindo para que eu prosseguisse.

– Sei que é deselegante perguntar esse tipo de coisa - Deselegante? Você já meteu a língua na boca dele, o que é mais deselegante que isso – Quantos anos você tem?

Ele soltou mais fumaça, só que dessa vez pela boca. Jogou uma bituca de cigarro no chão e pisou em cima, espalhando as cinzas.

– Vinte e três – ele tragou novamente e me perguntou, jogando a fumaça no meu rosto – Por que?

– Só para saber – dei de ombros e estiquei a mão para a sua, tirando o cigarro da sua mão e dando uma tragada, tossindo toda aquela fumaça maldita para fora e lhe entregando novamente o cigarro, com cara de nojo. Ele soltou uma risada de deboche, como se quisesse me jogar na cara o quão infantil eu era – Não vai perguntar minha idade?

– Não preciso – ele sorriu, ainda animado com a minha derrota para o cigarro – Eu simplesmente fiz as contas; você entrou na faculdade com dezoito anos, sete anos de faculdade, já contando o teu tempo de residência, logo... Vinte e cinco anos.

– Consegue deduzir minha data de nascimento? – tentei aquecer minhas mãos com meu hálito, fazendo com que eu só sentisse mais frio na área que não fora atingida pelo jatinho de ar quente.

Sherlock revirou os olhos, jogou o cigarro no chão e pisou em cima, tirando seu cachecol e me entregando. Enrolei-o em minhas mãos e o cheirei, tentando fazer isso do jeito mais discreto para que ele não notasse. Tinha cheiro de cigarros e de um xampu de bebê muito gostoso. Ele era bastante usado, dava para ver pelas pontas meio descosturadas e pela malha puída. Também dava para ver que aquele era seu cachecol preferido e que ele não emprestaria para qualquer um.

– Você por um acaso tirou alguma foto? – perguntou ele, me olhando de canto de olho enquanto eu cheirava o cachecol enrolado em minhas mãos.

– Eu meio que não tô me importando muito com isso agora – minha voz saiu meio estranha pois meu nariz estava completamente enfiado em seu cachecol – Quer dizer, tô com muito frio e amanhã vou sair com o pessoal, ai eu fotografo tudo isso. No momento eu estou preocupado com outras coisas...

Ele sorriu e olhou para os seus pés. Se eu estava achando tudo aquilo tão esquisito, ele provavelmente também estava estranhando tudo a uma potência bem maior. Ele não parecia do tipo que sorria bastante e que se importava com o frio que as outras pessoas estavam sentindo. E o efeito que isso causava em mim era estranho; um cara que eu mal conhecia se importava o suficiente comigo para me dar seu cachecol enquanto meus amigos estavam cagando para me lembrar de colocar um casaco mais grosso antes de sairmos.

Mas se esses mesmos amigos não tivessem me empurrado para aquele pub, eu nunca teria conhecido Sherlock Holmes.

Jamais terei palavras suficientes para agradecer aqueles bastardos de merda.

Dei um passo em sua direção e segurei sua mão. Ele levantou um pouco o olhar até que seus olhos fitassem os meus. Seus dedos se enroscavam devagarzinho nos meus e ele parecia estar curtindo cada milésimo de segundo daquilo, sentindo cada pedacinho dos meus dedos, notando até que eu tinha cortado as unhas recentemente por causa do formato delas, de tão minucioso que seu toque era. Depois que ele segurou minha mão, eu peguei o cachecol com a mão livre, enrolei em seu pescoço e o puxei para perto. Ele sorria, eu também. Aquilo era definitivamente errado. Meio cambaleantes, fomos para o carro de Mycroft, com os lábios colados. O empurrei para a lateral do carro e fiquei na ponta dos pés para beijar seu pescoço, dei uma leve mordida ali enquanto ele falava de um jeito rápido e ofegante:

– Aquele ali é o Big Ben, relógio mais famoso do mundo e... – Calei sua boca com um beijo e abri a porta do carro, o empurrando lá para dentro, meio deitado e meio sentado. Ele me puxou pela gola do meu moletom e eu caí, deitado em cima do seu peito. Fechei e tranquei a porta com meu pé – E foda-se.

– Foda-se – aquilo eu não estava realmente falando para ele; aquilo eu dedicava ao estresse de todos os sete anos de faculdade, ao exército que me esperava daqui a alguns meses, aos pontos turísticos de Londres, aos meus pais que sempre esperavam mais do que eu podia oferecer, à confissão que eu teria de fazer na igreja daqui a alguns dias. Estou dedicando o “foda-se” mais sincero a tudo o que não é aquele cara em baixo de mim.


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