Jar of Hearts escrita por Káh Nady


Capítulo 3
Bad Dreams go Away.


Notas iniciais do capítulo

Como demorou né? Sorry. Computador velho só dá problema kk

Espero que gostem, meu coração realmente quebrou em certas partes.



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Chapter 2.

Sabe quando você quer desesperadamente esquecer algo e por mais que tente não consegue? Que se pudesse você pegaria um bisturi, se abriria em busca dessas memórias que tanto te afetam para poder arranca-las de si? Por que era tão difícil esquecer e seguir em frente?

Um ano havia se passado e parecia que fora ontem que tudo havia acontecido, todas as lembranças me assaltaram, me invadiram e me fizeram refém, eu não fui capaz de afasta-las dessa vez e elas me arrasaram com a violência de seus significados.

O momento em que o conheci, em que nos beijamos, em que ele me tocou, em que eu o toquei, os sorrisos, as palavras, os sentimentos e então... O sofrimento. Nada escapou da minha mente, tudo foi lembrado e revivido e quando me dei conta eu chorava copiosamente deitada no sofá do meu apartamento. Como eu havia chegado ali? Era um mistério que não importava de fato no momento.

Respirei fundo e me sentei. Não ia me afundar nessa fossa novamente, eu podia não tê-lo superado, mas tampouco ia voltar ao fundo do poço. Eu era uma mulher diferente e mudada, forte e independente, era isso que minha deusa interior dizia. Sim, eu li 50 tons de cinza, não me julgue.

Prendi meus cabelos em um coque frouxo e olhei para o chão me surpreendendo ao ver lá um porta-retratos caído, suspirei pesadamente e me inclinei para pegá-lo, era uma foto de Edward e eu. Eu devia tê-la pegado durante minha crise da madrugada. Observei a foto e sorri tristemente, ele estava lindo como sempre e nós trocávamos olhares e sorrisos cumplices. Sem minha permissão minha mente se inundou com as lembranças do dia daquela foto.

Olhei pro homem maravilhoso que dirigia ao meu lado e sorri plenamente feliz. Hoje completávamos seis meses de namoro, podia parecer pouco, mas com Edward era como se nos conhecêssemos durante toda a vida, como se fossemos feitos um para o outro.

– O que foi? – Ele perguntou enquanto retirava os óculos escuros e desviava seu olhar da estrada para me olhar.

– Estava pensando sobre o quanto você me completa... – Ele sorriu. – E pra onde você está me levando...

Ele riu e me cutucou.

– Já falei que é surpresa... Que moça curiosa eu fui namorar.

Dei língua pra ele e liguei o som, uma musica do Muse começou a tocar e logo me distraí. Alguns minutos depois estacionávamos em frente a um parque cheio de pessoas. Desci do carro e olhei com curiosidade para o evento extremamente cheio e animado. Li um enorme pôster que dizia: “Bem-vindos ao Twestival – Encontro de tuíteiros com consciência social para angariar fundos para o Children's National Medical Center” Arregalei os olhos e olhei pra Edward verdadeiramente emocionada.

– Feliz aniversário de namoro. – Ele sussurrou sorrindo de lado.

Olhei ao redor e reconheci vários médicos e enfermeiros do Children’s NMC e até alguns antigos pacientes e suas famílias. O hospital vinha carecendo de muitos equipamentos novos e eu havia comentado com Edward há algum tempo atrás e ele havia organizado um evento de caridade! Deus, eu o amava tanto que doía.

– Edward... Obrigado, sabe o quanto essas crianças e o hospital são importantes pra mim. Como conseguiu esconder esse evento de mim? – Perguntei surpresa por não ter descoberto a surpresa.

Ele gargalhou e revirou os olhos.

– Bella você é a pessoa mais distraída que eu já conheci, não corria o risco de você descobrir nada. Eu sei o quanto o hospital estava necessitando de ajuda para continuar tendo o excelente atendimento e fuçando na internet achei esse projeto: O Twestival, entrei em contato com algumas pessoas e o resto foi feito pelo Twiter.

Comecei a andar pelo evento e parei perto do local onde as crianças faziam fila para ter o rosto pintado. Edward silenciosamente veio atrás de mim e mordeu levemente meu pescoço, mandando cargas elétricas por todo o meu corpo. Coloquei a mão no local e olhei enquanto ele se postava do meu lado e sorria pra mim, foi inevitável não sorrir de volta. Um flash nos obrigou a quebrar nosso contato visual, olhamos pro local de sua origem e uma jovem enfermeira com uma enorme câmera sorria para nós.

– Desculpe, não pude evitar... Vocês formam um belo casal. E as fotos espontâneas são as melhores.

Edward me abraçou e depositou um casto beijo em meus lábios.

– Minha doce Bella. – Ele sussurrou. – Prometa que vai me amar mesmo se eu não merecer?

– Prometo. – Sussurrei de volta imaginando como seria possível deixar de amá-lo.

Olhei novamente pra foto e a joguei para o lado. Esfreguei os olhos e sem muito ânimo me levantei do sofá e fui para minha cama, eu precisava urgentemente dormir.

–-S.C--

– Bom dia, Dra. Swan! – Uma enfermeira me cumprimentou enquanto eu passava pelo balcão de atendimento, na recepção do hospital.

– Bom dia, Enfermeira Bree. – Sorri pra ela educadamente.

Continuei minha caminhada e logo cheguei ao meu destino... A sala de reuniões. Eu não fazia ideia do que me esperava, mas pelo menos Carlisle estaria ali comigo. Foi o que eu pensei, né? Mas na verdade nem Carlisle, nem Esme estavam ali, em vez deles, estavam sentados na grande mesa de mogno três representantes mal humorados da diretoria. Onde estava Esme?

Ao me virem entrar, eles me lançaram olhares de apedrejamentos, engoli em seco. Os três eram irmãos e haviam herdado suas cadeiras na diretoria do hospital.

– Reze para não ter irritado eles. – O mais velho falou, era Aro Volturi.

O loiro, Caius, me olhou com desdém.

– Provavelmente ela fez algo de errado.

Marcus apenas colocou a mãos nas têmporas.

– Deus sabe que esse hospital não pode ter mais nenhum processo.

Tremi levemente enquanto me sentava ao lado deles. Eu não conseguia nem manter meu habitual sorriso no rosto. Os Anderson’s entraram e sentaram nas cadeiras á nossa frente.

– É um prazer revê-lo, Paul. Bettanny você está ótima. – Aro despejou elogios com o afinco de alguém que implora pela vida.

Os dois sorriram fracamente em agradecimento e um silêncio pesado se instalou na sala até que Bettanny, a mãe de Wallace, começou a falar:

– Nunca pensamos que Wallace chegaria a completar nove anos, muito menos dez e esta semana ele faz onze. – Ela sorriu genuinamente feliz, seu marido a acompanhou e eu também não contive meu sorriso ao pensar no Milagre Wallace.

Paul Anderson apertou a mão da mulher e nos olhou.

– Por isso, decidimos que, apesar do aniversário ser de Wallace, vamos dar um presente ao Seattle Grace... – Ele fez uma pausa e nós prendemos a respiração. – Um presente de 25 milhões de dólares.

Os queixos dos três membros da diretoria foram parar no chão e eu arregalei os olhos sem entender se eu estava sonhando ou sob efeito de drogas.

– 25 milhões? – Repeti sem esconder meu sorriso abobado.

O casal assentiu. 25 milhões de dólares?

– Metade para pesquisas para encontrar a cura da doença de Wallace e a outra metade para o próprio hospital. – Paul explicou.

Peguei um copo com água que estava em cima da mesa e o sequei em poucos segundo. Eu estava em Nárnia e ninguém me avisou? Como assim 25 milhões de dólares?

Os sorrisos dos três irmãos iam de orelha a orelha.

– Eu... – Comecei a falar, mas as palavras fugiram de mim. – Quer dizer... 25 MILHÕES DE DÓLARES? – Eu não conseguia acreditar.

– Feliz Aniversário, Isabella. – Bettanny falou e sorriu divertida com minha cara de boba.

Os três me olharam surpresos e eu lhes mandei um olhar de “chupa essa manga! Eu sou foda e não vou ser demitida!”. Tá, eu sei que não dá pra passar tudo isso por um olhar, mas entendam meu espirito feliz.

–- S.C—

– Eu sabia que eles eram ricos, mas não tão ricos. – Eu falei.

Era horário de almoço e eu estava sentada na minha habitual mesa com Rosalie, Alice e Carlisle. Eu havia contado toda a reunião para eles que também ficaram impressionados com “meu” presente de aniversário.

– Puxa! Eu não dou essa sorte de curar alguém bem rico que possa me dar 25 pilas. – Rosalie falou em um muxoxo, mas eu sabia que no fundo, bem no fundo, naquele cantinho mais fundo do fundo dela, ela estava feliz por mim... Ou não.

– Parabéns Bella, você mereceu, realmente cuidou muito bem do Wallace. – Carlisle comentou.

Olhei para ele e me senti triste. Ele não fora para a reunião , pois estava numa sessão com o seu advogado e o advogado de sua mulher, Irina. Eles iam se separar e ela não estava facilitando nada pra ele. Dei a ele meu melhor sorriso e ele retribuiu ao entender que era um encorajamento.

– Viu Bells? Mais um motivo para a festa! – Alice deu palminhas e faltava quicar na cadeira.

– Brandom, para de quicar nessa cadeira! – Rose ralhou.

– Alice, eu não quero uma festa... – Resmunguei.

Ela parou de se mexer e fez cara de derrotada.

– Ok, sem festa. Vou cancelar tudo. – Ela murmurou.

– Obrigado. – Dei um sorriso verdadeiramente agradecido a ela e terminamos de comer.

Cada um foi para seus afazeres. Eu fui pegar meus prontuários e achar os residentes que estavam comigo. Encontrei com Emmett no caminho.

– Hey Grandão! – Cumprimentei-o.

Ele puxou levemente meu rabo de cavalo e piscou pra mim.

– Hey pequena polegar. – Ele zombou.

Gargalhei enquanto dava um cutucão de leve nele, o conhecia há pouco tempo, mas eu me sentia bem perto dele, como se ele fosse o irmão mais velho que eu nunca tive. Observei seu rosto e percebi que por trás do seu grande sorriso, ele escondia um semblante de tristeza.

– Emmett por que está tão abatido? – Perguntei.

Ele me olhou surpreso e suspirou cansado.

– É uma longa história, Bells. Vamos ao Leah’s mais tarde e lá eu te conto, ok?

Assenti e dei dois tapinhas em suas costas, já que médicos não podiam ficar se abraçando nos corredores. Nos despedimos e eu fui até a unidade neonatal para checar os recém nascidos.

Olhei primeiro a bebê prematura de ontem, troquei os curativos e fiz uma lista de exames que ela precisaria fazer.

– O que ela tem? – Uma voz me perguntou e eu virei para trás.

Era Esme, extremamente elegante em seu terninho claro. Ela sorria pra mim e eu sorri de volta, Esme era uma mulher maravilhosa, tinha um coração bom, mas sabia ser firme quando se tratava de dirigir o hospital, eu com certeza a admirava.

– Nasceu ontem, dez semanas antes. – Respondi enquanto voltava a olhar para a bebê, depois olhei pra James que chegava meio esbaforido no neonatal. – Mais sangramento durante a noite, vamos tentar plasma congelado... Ah, repita a ressonância e me bipe se ela ficar braquicardíaca ou se tiver apneia. Vou fazer as rondas.

Ele assentiu e então fui até Esme, saímos de lá e começamos a andar pelos corredores.

– Primeiramente, quero me desculpar por não estar na reunião, mas tive um pequeno imprevisto. E quero te parabenizar pelo Wallace, e pelos 25 milhões... Serão bem usados.

Sorri pra ela.

– Foi uma grande surpresa... Nunca imaginei uma coisa dessas, Esme.

Ela riu e me deu um rápido abraço de lado.

– E então... Conheceu nosso novo neurocirurgião? – Ela me fitou especulativa.

Suspirei meio desgostosa, mas depois forcei um sorriso.

– Parece ser bem competente - Murmurei.

Ela franziu o cenho e me olhou.

– Bem, ele é competente. Edward sempre busca se aperfeiçoar em tudo, desde pequeno. - A percebi sorrindo carinhosamente enquanto seu olhar ficava perdido por alguns segundos.

Foi minha vez de franzir o cenho.

– O conhece desde pequeno? – Perguntei.

Ela gargalhou e me olhou meio incrédula.

– Você não sabia que Edward é meu filho? – Ela perguntou divertida.

Arregalei os olhos e estaquei no meio do corredor. Esme me olhou preocupada.

– Bella? – Ela chamou.

Pisquei algumas vezes e fiquei mais horrorizada ainda.

– D-desculpe, lembrei que tenho que fazer a ronda da tarde. Nos falamos depois. – Acenei e saí correndo pelo corredor, deixando para trás uma Esme bastante confusa.

Só parei de correr quando eu estava dentro da ala pediátrica. Respirei aliviada e depois gemi de frustração. Como assim a adorável Esme era mãe do cínico Edward?

Balancei a cabeça, decidi esquecer isso por agora, e fui fazer a ronda. Fui primeiro no quarto de Wallace e quando entrei encontrei ele de olhos fechados na cama e sua mãe numa poltrona com cara de preocupada.

– Ele está dormindo? – Sussurrei pra ela.

Mas quem respondeu foi Wallace.

– Não. – Ele falou, mal conseguindo abrir os olhos, sua voz e sua aparência demonstravam cansaço.

– Ele não dormiu bem. – Sra. Anderson falou enquanto se levantava e olhava o filho com preocupação.

– Ainda posso fazer as rondas. – Ele murmurou enquanto tentava se livrar das cobertas. – Já me sinto melhor, só me dê um segundo.

Disfarçadamente ela fez um sinal negativo com a cabeça e eu assenti enquanto sorria para Wallace.

– Que tal você descansar um pouco? – Falei gentilmente enquanto o cobria novamente. – Você pode me acompanhar na ronda de amanhã.

Ele suspirou, mas se ajeitou melhor na cama.

– Okay.

Sorri pra ele e sua mãe deu uma pequena risada.

– Ele escuta você mais do que a mim. – Ela apertou de leve o narizinho dele.

Ele revirou os olhos.

– Ela é uma médica mãe. E a senhora é apenas... Bem, uma mãe. – Ele explicou como se estivesse dando uma aula.

Nós duas sorrimos e reviramos os olhos.

– Tudo bem então... – Ela sorriu. – Agora, que tal você fechar os olhos e me deixar fazer o que as mães fazem.

Ele assentiu, pegou o seu ursinho de pelúcia e fechou os olhos. Bettany se aproximou mais dele e passou a mão em seu pequeno rosto.

– Bad dreams, bad dreams go away. – Ela começou a recitar enquanto mexia as mãos em cima dele. – Good dreams, good dreams here stay. Bad dreams bad dreams go away, good dreams good dreams here stay. – Ela parou ao ver um médico entrar pelo quarto, era Alice.

Ainda de olhos fechados Wallace se remexeu.

– Tem que fazer três vezes pra funcionar. – Ele murmurou.

Ela sorriu e continuou. Aproveitei para conversar com a Dra. Brandom.

– Repita os exames de sangue e faça um cheque up abdominal. – Sussurrei para não atrapalhar o momento de Wallace e sua mãe. – Ele já teve noites ruins antes, mas quero ter certeza de que não estamos deixando passar nada.

Ela assentiu e nós saímos do quarto para deixar o paciente dormir em paz. Cuidei dos outros pacientes naquela ala, até que fui bipada, era no neonatal. Corri rapidamente para lá e comecei os tratamentos no bebê prematuro, Dr. James não respondeu ao chamado, então bipei Emmett.

– Batimentos caindo. Ela perdeu o acesso. – Informei ao grandão assim que ele chegou ao neonatal.

Ele olhou rapidamente pro prontuário.

– A colocarei em CPAP. – Falou e foi rapidamente pegar os equipamentos.

Assenti e comecei a preparar a bebê. Alice apareceu ofegante ao meu lado e apenas a olhei de relance antes de continuar os cuidados ao meu pequeno paciente.

– Dra. Swan. – Alice chamou enquanto remexia alguns exames em suas mãos.

– Agora não. – Cortei. Não queria me desfocar.

Alice mordeu o lábio.

– Você vai querer ver isso. São os raio-x do Wallace Anderson.

Virei imediatamente a cabeça pra ela.

– Certo, me mostre. - Comandei.

Ela ergueu o raio-x e apontou.

– Vê? Tem alguns laços dilatados no intestino. – Ela murmurou.

Olhei atentamente.

– Vire. – Pedi e ela o fez. – Vire. – Ela novamente virou. – Merda!

Grunhi de frustração.

– Ele tem outra obstrução no intestino e dessa vez não está compensando. – Falei enquanto tentava pensar.

Emmett retirou minhas mãos do pequeno ser humano e me enxotou.

– Pode ir, eu cuido disso. – Ele me deu um pequeno sorriso.

Sorri aliviada e saí do neonatal sendo seguida por Alice.

– Bipe o Chefe de Cirurgia. Temos que atualizar os pais de Wallace. – Pedi, ela assentiu e foi fazer o que eu pedi, mas antes me entregou todos os exames.

Fiquei parada analisando cada informação e fechei os olhos por um momento ao ver a inevitável verdade. Quando Carlisle chegou e encontramos Paul e Bettany, meu coração se apertou e eu comecei a atualiza-los sobre a situação do pequeno Wallace.

– Espera um pouco. – Paul me interrompeu e eu pacientemente o olhei, ele desprendia uma aura de raiva e indignação. – Não pode mais operá-lo ou apenas não quer?

O olhei firme, decidida a fazê-lo entender a situação.

– Não é questão de poder ou querer. É se devo ou não. – Respirei fundo ao ver a expressão desolada de Bettany. – Na minha opinião, Wallace não está forte o suficiente para resistir a outra cirurgia.

Paul permanecia irredutível.

– Mas com a cirurgia, quanto tempo a mais de vida ele teria? – Ele perguntou.

– Eu não posso dizer se quer se ele sobreviveria à cirurgia.

Carlisle apenas olhava tudo com um pequeno vinco na testa.

– Mas se ele sobrevivesse. – Paul insistiu. – Quanto tempo teria?

Olhei com certo desespero para os pais e para Carlisle.

– Eu sou extremamente contra... – Comecei, mas fui interrompida.

– QUANTO TEMPO? – Ele aumentou o tom de voz.

Carlisle assentiu e eu esfreguei as têmporas.

– Talvez, dois meses. – Murmurei, eles prenderam a respiração. Olhei para Bettany que parecia segurar o choro. – Eu lamento muito, mas o momento com o qual viemos lutando nesse ultimo ano chegou...

Ela explodiu em lagrimas e Paul ficou me olhando com a expressão congelada. Forcei-me a continuar.

– Vocês precisam se preparar e fazer o mesmo com Wallace. – Meus olhos se encheram de lágrimas, mas me forcei a segurá-las.

Paul pareceu despertar do seu torpor e me encarou irritado.

– Você acha que apliquei esse dinheiro todo na pesquisa para que pudesse encontrar a curar para outra criança? – Ele deu um passo em minha direção e eu fiz grande esforço para não dar um para trás.

– Sr. Anderson... – Tentei começar a explicar novamente.

– NÃO! Você vai operar. – Ele apontou o dedo pra mim. Tentei chamá-lo novamente, mas ele me ignorou. – Consiga mais dois meses para nosso filho! Consiga mais tempo para encontrarmos a cura.

Abaixei a cabeça e segurei as lagrimas. Depois respirei fundo e os encarei.

– Sinto muito. – Sussurrei e o choro dela aumentou.

Dei as costas e comecei a andar pra longe. Ouvi passos atrás de mim e logo uma mão agarrou meu braço e me fez virar, Carlisle me olhava com o semblante sério.

– Swan. Bella... Eles não sabem ouvir um “não”. – Ele começou segurando meus ombros. – Se eles querem que o filho seja operado, vão conseguir isso sendo você a cirurgiã... Ou não.

Assenti sem saber o que dizer. Ele continuou:

– Você o acompanhou desde o primeiro dia. Eu acredito que você possa fazer isso com sucesso. Não desista dele, a não ser que tenha certeza que não consegue.

Balancei a cabeça negativamente.

– A cirurgia é uma má ideia, Chefe. – Murmurei.

Ele deu um pequeno sorriso sem humor.

– Mas é impossível? – Ele deu um pequeno aperto em meus ombros. – Em suas mãos... É impossível?

Respirei fundo, mas isso não me impediu de me sentir um lixo.

– Certo. – Murmurei.

– Certo? – Ele perguntou olhando atentamente no meu rosto.

– Certo. Deixa comigo, eu vou tentar. – Falei tentando me mostrar firme.

Ele sorriu pra mim e me soltou antes de se virar e ir embora. Coloquei as mãos na cabeça e soltei um gemido de frustração. Novamente respirei fundo e tentei me recompor, só então me pus a andar até o neonatal pra checar os bebês. Emmett estava lá, o bebê estava fora da incubadora e sem os aparelhos e ele a segurava firmemente e carinhosamente em seus enormes braços. Quando me viu ele franziu o cenho.

– Eu tentei de tudo. – Ele murmurou desolado. – Só achei que alguém deveria segurá-la ao menos uma vez antes que... que...

Paralisei diante da possibilidade de perder mais um paciente, mas então meus olhos se focaram em um detalhe.

– Canguru. – Murmurei.

Ele me olhou hesitante, como se tentando descobrir meu nível de sanidade.

– O que?

– A posição em que você está segurando-a é chamada de posição canguru. – Expliquei. Ele a segurava deitada em posição vertical e a abraçava firmemente contra o seu peito esquerdo. – Existem casos onde essa posição ajudou bebês a se desenvolverem. Mas olhe, Emmett, olhe os números na maquina.

Ele olhou e pareceu surpreso.

– A frequência cardíaca está aumentando. – Ele constatou.

Sorri maravilhada e ele devolveu o sorriso.

– Sim, está. E a temperatura dela está normal. Emmett você acelerou o sistema todo dela. – Arregalei os olhos e aumentei meu sorriso pra ele. – Tire sua camisa.

Ele arregalou os olhos.

– Bella? Estamos no meio do serviço. – Ele murmurou parecendo horrorizado.

Revirei os olhos.

– Isso nunca vai rola Emm. É que o Canguru é mais eficaz quando há contato entre as peles. Geralmente é da mãe, mas como o estado dela não é bom... Você terá que fazer.

Ele apenas ficou me encarando.

– Não estou brincando. – Coloquei as mãos na cintura. – Tire a camisa!

Sorri satisfeita quando ele me entregou a bebê, retirou a camisa revelando um belo tanquinho, e depois pegou-a novamente e a segurou na mesma posição de antes. Duas pessoas chegaram ao neonatal e Emm ficou extremamente corado.

– Emmett! O que está fazendo? – O primeiro a entrar perguntou. Era o maldito Dr. Cullen e ele olhava de Emmett pra mim.

– Ah. Dra. Swan eu... – Rosalie, a segunda a entrar, levantou os olhos dos papéis que ela segurava e então arregalou os olhos. – Oh... Sem camisa! Ele não está usando camisa. Por que ele não está usando uma camisa?

Ela parecia a ponto de hiperventilar.

– Já começou a amamentar? – Edward perguntou prendendo o riso.

Emmett fechou a cara e me fuzilou com os olhos.

– Bella me obrigou. – Ele murmurou.

Coloquei as mãos na cintura e fiz minha melhor cara de brava.

– O Dr. McCartney está salvando a vida desse bebê. – Expliquei. – Rose, recomponha-se.

Ela apenas continuou secando ele, até que uma terceira pessoa entrou na sala.

– Oh. É aqui que estão tirando as fotos para o calendário? Achei que era lá em baixo... – Dr. Jasper Whitlock falou enquanto olhava com diversão para Emm.

Ok... Se Jasper estava zoando é porque a situação era realmente hilária. Resolvi intervir.

– É certo. Já chega! Todos pra fora. – Comandei no meu melhor tom de Chefe da Pediatria. - Deixem Emmett fazer o que ele está fazendo em privacidade.

– E o que exatamente ele está fazendo? – Jasper perguntou rindo junto com Rosalie e o maldito Cullen.

– Fora! Fora! – Enxotei-os.

Emmett parecia ainda mais corado.

–Não se envergonhe, você está salvando uma vida. – Murmurei pra ele. Ele sorriu pra mim e depois seu sorriso só aumentou ao olhar para o pequeno ser humano em seus braços. Virei-me pra sair, mas então voltei sorrindo de lado. – E cara? Você é gostosinho hein?

Pude ouvir a risada sacana dele enquanto eu saia. Eu me permiti ri, mas então lembrei-me do que eu estava prestes a fazer e tentei respirar fundo enquanto ia pegar um café pra mim. Fui interceptada pela anã maligna.

– Okay... Você não vai acreditar no que aconteceu. – Alice exclamou animada quando chegou perto de mim, mas parou ao ver minha cara. – Está tudo bem?

– Me diga que eu sou excelente. – Murmurei.

Ela franziu o cenho.

– Desculpe... O que?

– Eu preciso que você me diga. – Insisti.

Ela me deu um pequeno sorriso.

– Você é excelente. – Ela falou.

Balancei a cabeça.

– Sério, diga de verdade. Porque eu estou prestes a entrar em uma cirurgia que eu não deveria fazer e não posso me sentir ou pensar assim. – Eu estava ofegante e meio desesperada. – Então... Eu PRECISO que você me diga que eu sou excelente. Claramente e verdadeiramente.

Alice sorriu verdadeiramente, se aproximou e pegou minhas mãos.

– Você é excelente! Você é maravilhosa! Você é uma cirurgiã incrivelmente habilidosa e especial. – Ela aumentou o sorriso. – Você é excelente.

Mordi o lábio e me deixei acreditar em suas palavras.

– Obrigado. – Murmurei antes de viras as costas e começa a andar... Eu tinha uma cirurgia para fazer.

Me livrei do meu jaleco e pertences pessoais, prendi o cabelo e então fui até Wallace.

– Olá... Pronto pra irmos? – Perguntei docemente ao vê-lo deitado na cama.

Ele me encarou por alguns minutos, seus pequenos olhos negros radiografavam minha alma.

– Sabe doutora... Eu estou aqui há muito tempo. Já vi crianças irem pra casa e irem embora. – Ele mordeu o lábio. – Como Evan, o menino com asma no final do corredor, que morreu um dia antes de receber alta.

Fiquei série e balancei a cabeça negativamente.

– Você não é Evan. – Falei, mas ele me ignorou e continuou.

– Ou Chloe, a garota do coração. Ficou aqui três semanas antes de morrer.

– Ninguém disse que você vai morrer. – Ralhei.

– Eu estou aqui há sete meses. – Ele continuou. – Estou a mais tempo aqui do que qualquer um nesse andar em dobro.

Meus olhos se encheram de lagrimas.

– Wallace... – Murmurei.

– Dizem que morrer é como dormir, talvez seja. – Ele me olhou e mordeu o lábio inferior, seu rosto infantil se contorceu em uma careta. – Mas e se eu morrer e tiver pesadelos?

E eu fiquei ali parada, apenas encarando-o sem ter o que dizer.


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Notas finais do capítulo

Ai meu corassaum. Tá partido. Próximo capitulo: Teremos o destino de Wallace e um momento delicado de Beward.



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