Uma garota magra, baixa, pálida, corria por uma floresta estranha. Não se dava para dizer a localização exata.

Ela se esquivou e uma flecha passou bem perto de sua cabeça, fincando-se na árvore mais próxima. Ela voltou a correr, e tentava a todo custo, se esquivar das flechas.

– VOLTE AQUI GAROTA, E LUTE! - gritava o gigante "homem" de um olho só que corria atrás dela e atirava flechas gigantes com seu arco gigante

A garota se escondeu atrás de alguns arbustos assim que alcançou uma clareira. O gigante de um olho só parou na clareira, preparou mais uma flecha e observava o local com atenção.

– Não adianta se esconder princesinha... Eu irei te encontrar, matar-lhe, arrancar sua pele, deixar sua carne apodrecer e reutilizar seus ossos - murmurava ele

Mel reprimiu um gemido. Havia deslocado seu ombro enquanto corria e teria que arrumar aquilo antes de lutar. Colocou uma mão sobre o ombro e segurou-o firmemente, segurou levemente seu lábio inferior entre os dentes para reprimir qualquer gritou ou gemido, e, usando toda sua força restante, colocou o ombro no lugar.

A dor invadiu seu braço por inteiro e para reprimir um grito, mordeu com força o lábio. Rapidamente veio à sua boca o gosto de sangue. Mesmo assim não parou de fincar seus dentes nos lábios, só parou quando a dor tornou-se suportável para ela.

– Agora que colocou o braço no lugar - disse o monstro que se encontrava acima dela e, até aquele momento, estava em silêncio - posso matá-la - ele puxou a flecha no arco, mirou nela e atirou.

Ela rolou para o lado e a flecha fincou no chão. Suportou a dor que lhe invadia por ter se apoiado no braço que antes o ombro estava deslocado.

– Pare de resistir garota. - disse ele puxando outra flecha mas não mirou - Você esta acabada. Não resistirá muito. Porque quer resistir ao poder "dele"? - ele mirou e atirou. A garota correu até o meio da clareira. Teria que pensar em algo.

Mexendo apenas um braço, sacou sua corrente e tentou laçar ao seu oponente, mas falhou. Não tinha a força o bastante. Tentou levar sua outra mão à corrente, mas o braço queimava de dor.

– É inútil isso, garota. Não vai conseguir com apenas um braço. - ele se aproximou - VOCÊ.É.UMA.FRACA! - com um dedo ele a derrubou no chão, já que o dedo era maior que a garota, quase o dobro do seu tamanho

"E-eu preciso lutar... Preciso, preciso lutar. Os meus amigos, minha família." - a voz da garota ecoou, mas parecia que o ciclope não ouvia. Ela tentava se levantar mas suas penas tremiam e ela caia, soltando um murmulho - "Não... Não posso. Meus músculos são gelatina. Não durmo a dias. Não como a dias. Só luto. NÃO! Não posso ter do de mim. Não enquanto meus amigos correm perigo" - ela lutou contra si mesma e se levantou com esforço. Cambaleou um pouco

O ciclope riu de sua situação e de seus esforços

– Será que não vê? A senhorita FALHOU! É uma fraca! Seu pai, seus amigos, o mundo inteiro confiou em você, e olhe como me enfrenta. Tem coisas piores à frente garota. Muito piores

As palavras batiam na menina como se fosse o vento tentando levar as folhas das árvores no outono. Mas ela não se entregou ao vento, as palavras só a fortaleciam mais. "Fraca" - essa palavra rodava por sua mente. Se lembrou das milhares de pessoas que já lhe chamaram assim

O oponente começou a gritar. De dor.

– Meus olhos! - ele gritava - Meus olhos! Não vejo nada!

A garota reuniu todas as suas forças e lançou e corrente em direção ao pescoço do ciclope. A corrente se ajeitou ao redor do grosso pescoço do oponente.

A pequena puxou com força a corrente e começou a sufocar o ser gigante.

– O-o que pensa q-que es-está fazendo? - ele dizia com o pouco de ar que lhe restava

Mas ela não estava nem aí para palavras, queria vê-lo se transformando em um mísero monte de pó. Com um pouco de dificuldade por causa do ombro ferido, ela subia pela corrente em direção ao pescoço do ciclope.

Quando chegou ao seu destino, segurou e puxou a corrente mais forte

– Cade a fraca agora? - ela murmurou alto o bastante para o ciclope ouvir.

– P-pare - murmurava ele, mas isso só fazia ela apertar mais a corrente

– Adeus ciclope - ela murmurou no mesmo tom.

Uma força negra saiu de suas mãos e chegou ao pescoço do ciclope. Em segundos, só caia pó e a garota, a metros e metros de distância do chão.

Ela caiu no chão encima do ombro ferido, e um gemido saiu de sues lábios.

Se levantou, tirou um pouco do pó da jaqueta, pegou um cantil do bolso, bebeu um pouco do conteúdo, guardou-o novamente e saiu andando com as mãos nos bolsos. Como se não tivesse lutado com um ciclope gigante e estivesse com o ombro ardendo.

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Isaac acordou na sua cama e olhou assustado à sua volta. Estava no quarto masculino do centro de treinamento, não numa floresta estranha.

– Mel... - ele murmurou se lembrando do sonho e levantando - Preciso contar para Ally, preciso.

O filho de Nyx foi ao banheiro, fez sua higiene matinal, vestiu suas roupas de sempre e caminhou pelos corredores, afim de achar Ally.

– Isaac? - Ally perguntou assim que cruzou com o garoto - O que faz fora do quarto a essa hora?

– Ally! E-eu...

– Isaac, volte para o quarto, por favor - ela o cortou - No café conversamos, está bem?

Ele assentiu e voltou para o quarto

– Não... Não vou contar isso a Ally - ele murmurava - É como contar das visões, e Mel pediu para não contar a ninguém. A única que sabe é Lis, mas ela não pode saber que Mel corre perigo. Não posso falar para ninguém.

– Isaac?! - a voz de Lucas ecoou pelo dormitório e o filho de Nyx se virou para o loiro sentado na cama com cara sonolenta e divertida - Falando sozinho?!

O moreno não respondeu

– Era sobre a Mel, não é?

Silêncio, novamente

– Você sonhou com ela? Teve notícias dela? Sabe onde ela está?

– Não, Lucas, não sei de nada e não sonhei com nada

– Aonde vocês foram naquele dia, ein? - ele apoiou os cotovelos nos joelhos

– Mel me levou para ajudá-la numa missão que Érebo deu a ela

– E por que ela não voltou com você?

– Porque ela só precisava de mim em uma parte da missão, quando completamos essa parte, ela me mandou voltar para que completasse o resto sozinha

– Aham... Entendo - murmurou Lucas, desconfiado

Silêncio

– Cara... Você gosta da Mel ou da Lis?

Isaac desviou os olhos de Lucas e começou a olhar o nada

– Isaac? - Lucas se levantou e estava andando até ele - Gosta de qual delas?

O filho de Apolo apoiou a mão no ombro do garoto

– Isso não é da sua conta - Isaac murmurou sem olhar Lucas e se afastou, tirando a mão dele de seu ombro

– Ou! - Lucas levantou as mãos - Fica calmo, cara. Foi uma pergunta de amigo para amigo. Não quero pressionar ninguém a falar nada

O moreno assentiu e nesse momento, Jason entrou no dormitório

– Ótimo. Já acordaram - ele disse - Acordem Mikael e me encontrem no fim do corredor - assim que deu as ordens, fechou a porta

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– Isaac? - a voz de Lis o tira de seus devaneios

– Hm? - ele questiona

– Viajando? - ela riu, se sentando ao seu lado com uma bandeja de comida nas mãos. Ele sorriu minimamente e sem graça - Aonde Mel te levou? - ela foi bem direta enquanto levava o copo de suco à boca

– Mel me levou para ajudá-la numa missão que Érebo deu a ela - ele repetiu o que havia falado a Lucas

– Hm... Ela continuou lá?

– Sim

– Ata - ela tentou fazer com que ele a olhasse - Isaac! - ele não olhou - Por que não olha para mim? - ele se virou e seus rostos estavam muito perto

A filha de Deméter estava com a boca entreaberta e segurava o rosto do filho de Nyx, aproximando cada vez mais seus rostos

– Lis... - ele murmurou, mas logo se parou e levantou bruscamente - Eu não estou me sentindo bem. Vou me deitar um pouco antes do treinamento

E sem esperar resposta, saiu rapidamente do refeitório