Um cheiro estranho penetrou em suas narinas, logo outro cheiro e outro, ao total eram cinco pessoas. Cinco contra um, muito justo. Um vampiro e o resto humano. Harry pensou sarcasticamente antes de ampliar sua audição e calcular uma rota de fuga para evitar um confronto direto e assim chamar atenção indesejada, ou seja, atrair caçadores de vampiros.

Harry apressou o passo e adentrou na mata indo em direção ao prado tentando se afastar deles, porém, os passos continuaram e ele começou a aumentar ainda mais a velocidade quando percebeu que eles o estavam seguindo. Ele estava próximo da saída da propriedade, se ele corresse poderia ter uma chance, porém iria levar seus perseguidores ao centro podendo chamar atenção e expor pessoas inocentes a um risco.

As possibilidades de evitar um confronto estavam contra Harry, então ele decidiu parar e permaneceu esperando pacientemente para descobrir quem eram essas pessoas e o que queriam com ele. O som dos passos ecoando na escuridão se tornou mais próximo e instintivamente ele entrou em posição de luta, então uma pessoa surgiu era o vampiro que estava com os humanos vestidos de preto com prata. Eram caçadores de vampiros, aquilo era ruim, MUITO ruim.

A primeira experiência dele em lidar com esse tipo de humano foi em sua segunda missão no Marrocos com Regulus, onde eles haviam sido “encurralados” por um trio e assim conseguiram descobrir quem eram os responsáveis pelos ataques que estavam culpando o clã de vampiros da região. Para Harry, os caçadores eram nada além de mercenários que fingiam querer protegerem os outros ocupando a categoria de escória da humanidade.

―Olha só o que temos aqui rapazes, parece que um dos sanguessugas decidiu vir nos visitar. ―Um homem alto e ruivo provocou apontando para Harry. ―É amigo seu Igneas?

O único Igneas que Harry havia ouvido falar era Igneas Treasure, o Conde de Sarajevo, que morava na cidade de mesmo nome localizada na Bósnia. Nesse momento, Harry agradeceu por Regulus ter focado tanto que ele conhecesse os outros membros que participavam no Conselho. Igneas foi um vampiro transformado durante a Segunda Guerra Mundial que serviu como espião durante a ascensão de Hitler, ajudou muitos judeus e prestou seus serviços ao Conselho durante muitos anos ajudando a proteger o segredo.

―Igneas Treasure?―Harry perguntou arqueando a sobrancelha olhando para o loiro que parecia preocupado ao lado do ruivo, ele acenou afirmativamente.

“O que ele estava fazendo com o inimigo?” Ele pensou analisando suas chances.

Parecia que o ruivo não estava se preocupando muito com a diplomacia já que ele vinha em sua direção e tentou chutar Harry, mas ele pegou seu pé e o puxou para frente desequilibrando o homem. Assim que o ruivo se ergueu novamente Harry deu-lhe uma rasteira antes de tentar ir embora, mas os outros bloquearam sua passagem.

―Quatro contra um, muito justo. ―Ele disse sarcasticamente entrando em posição de luta novamente.

―O que seria justo é um mundo livre das abominações da natureza que você e a escória da sua espécie são. ―O ruivo respondeu sinalizando para os outros virem pra cima dele enquanto Igneas permanecia parado e Harry notou a corrente de prata que o prendia.

“Então ele não está com o inimigo parece que terei que dar uma lição em alguém sobre igualdade das espécies.” Harry pensou olhando desafiante ao líder.

Olhando bem para o grupo, Harry percebeu quem esses caçadores eram. Eles eram membros da Black Star, uma organização secreta responsável por caçar criaturas mágicas como: Veelas, sereias, fadas, lobisomens e outras criaturas sobrenaturais com exceção dos bruxos. Ele já havia ouvido falar deles em suas viagens durante suas missões, um nobre da cidade de Sisak, na Croácia, havia mencionado esse grupo uma vez quando encontraram com uma dupla que trabalhava pra essa organização.

Eles estavam atrás do dossiê que continham informações sobre a Black Star, Harry lembrava vagamente sobre a menção de um grupo que chamou sua atenção e fazia parte do ranking de mais perigosos quando ele olhou o dossiê com Regulus após ter concluído a missão.

―Na verdade, discordo disso. Justo seria eu te torturar pra conseguir as informações sobre a chacina e de quem eram as ordens, então te torturar mais por prender um dos nossos que lutou pra proteger a SUA espécie. ―Disse olhando com desprezo para o grupo. ―Vocês me dão nojo!

―Ora, seu maldito... ―Um moreno, provavelmente, o segundo no comando começa a avançar em minha direção.

Ele joga todo seu peso no soco, porém Harry desvia para o lado dando um soco com toda sua força bem em cima do umbigo ouvindo o moreno perder o fôlego antes de ir parar longe. O outro deu um chute na coluna do Harry fazendo-o perder o equilíbrio e ficar de joelhos no chão, ele se levantou rápido a tempo de evitar que chutassem sua cabeça. Ele pegou o pé do atacante e girou até ouvir o som do osso sendo quebrado e um sorriso cruel em seus lábios vendo o homem deitado no chão agonizando.

Quando sentiu sensação de queimação sendo bombeada através de suas veias e o cheiro de verbena no ar, ele virou-se vendo o ruivo segurando uma zarabatana e exibindo um sorriso arrogante. Era a mesma maneira que Snape olhava para ele e Harry sentiu ódio fervente e cruel. Eles conseguiram irritá-lo, Harry sentiu a transformação acontecendo e os caçadores iriam entender porque os membros do Conselho eram temidos por tantos.

―De – demônio... ―O outro gaguejou de olhos arregalados olhando para Harry.

―Você não faz idéia. ―Ele respondeu malévolo lambendo os lábios em antecipação.

Um deles fugiu para se esconder deixando o ruivo e o outro loiro para enfrentar a fúria do Harry que tinha um sorriso maldoso, Regulus tinha razão ao ter dito que vampiros sentem tudo intensamente porque o ódio que ele sentia por esse grupo, era MUITO intenso. O outro loiro se lança sobre Harry dando um chute forte em seu estômago tirando o ar dos pulmões dele.

Harry sente a queimação aumentar assim como seu ódio, o ruivo agarra os braços de Harry enquanto que o loiro puxa seu cabelo dando socos no nariz dele repetidas vezes. Harry tenta afastá-lo, mas seus braços estão presos e então, o loiro socou sua costela com força.

―Vocês, vampiros, que se acham tão poderosos precisam aprender a tratar melhor seus superiores. ―O ruivo disse arrogante enquanto Harry segurava a vontade de rir.

―Você?Superior?A mim?―O olhar que Harry lançou a eles faria Snape e Draco sentirem orgulho dele. E sorrindo cinicamente, comentou venenoso: ―Aposto que isso é inveja porque sua garota te trocou por um vampiro que era MUITO bom de cama e você ficou chupando dedo olhando enquanto ela gozava pra ele.

Harry lutou contra um sorriso que queria surgir vendo o estado desconfortável do loiro, parece que ele havia atingido um ponto sensível. O homem, que havia fugido após a transformação dele, voltou carregando uma faca de prata e Harry ficou preocupado. A prata não fere os vampiros, porém suga parte da energia que garantem o poder responsável pelas transformações e habilidades, dependendo da quantidade usada ela pode suprimir o bastante para deixar os vampiros “humanos”.

―Qual é o seu nome?―Harry perguntou olhando bem para o três que estavam amarrando-no.

―Por que quer saber escória?―O ruivo perguntou com desprezo.

“Pra saber quem serão aqueles que irei torturar e matar, começando com o mais covarde.” Harry pensou com um sorriso sádico.

―Pra eu saber quem eu irei caçar e destruir quando eu sair daqui. ―Respondeu como se estivesse falando que o céu é azul.

Quando o esfaquearam, foram três facadas de uma vez só e a dor foi grande. Mas as suas de seu tio eram muito piores, ele não ia dar o gostinho de vê-lo sofrer assim como não deu ao seu tio durante o tempo em que viveu com ele. A verbena que era para enfraquecê-lo estava se desgastando, foi quando Harry lembrou-se do chá bizarro que o deixava tonto que Regulus e Clair o obrigavam a tomar toda noite. Nesse momento, Harry quis dar um tapa na própria testa pela lerdeza em descobrir isso.

Agora, ele só precisaria de uma distração e as mãos amarradas com prata se tornariam sua própria arma, Harry só precisaria agüentar a torturar por pouco tempo.

Enquanto isso na mansão Black...

Hermione estava na biblioteca lendo um dos clássicos de Shakespeare Contos de Inverno, ela esperava Clair que havia ido buscar um chá para ambas quando voltava para uma das cadeiras sentiu uma sensação de queimação fazendo com que o livro caísse e então, uma dor forte pelo corpo como se estivessem esfaqueando-a e ela precisou se apoiar na poltrona.

Hermione deu um grito alto que ecoou pela mansão e em menos de dez segundos Clair estava ao lado dela preocupada olhando em busca de algum invasor sem encontrar nenhum.

―Hermione, o que aconteceu?―Clair perguntou aflita olhando o semblante de dor da morena.

―Dói, Clair. Dói muito. ―Ela gemeu se contorcendo tentando se defender do atacante invisível.

A ruiva arregalou os olhos pensando nas implicações do que poderia ser que estava causando tamanha inquietude na menina, Clair imaginava que iria demorar mais tempo já que os dois estavam brigados a menos que eles tivessem se acertado nesse meio tempo, mas não era possível ou era?

Mas ela não tinha tempo para analisar isso agora, o importante era levar Hermione depressa para Regulus só ele poderia dizer onde a causa disso estava, ela estava preocupada já a morena havia rapidamente ganhado um lugar no coração dela. Elas estavam quase no escritório dele, Hermione ainda gemia de dor e pressionava o corpo como se estivesse tendo uma hemorragia interna deixando Clair praticamente louca de preocupação.

―Clair o que significa isso?!―Regulus gritou enquanto Clair invadia sua sala com Hermione. ―O que aconteceu com ela?!

―É o que eu tinha previsto acontecer, Regulus. ―A ruiva disse olhando pro marido que ficou preocupado com o andamento da missão e com o que aconteceria com a dupla. ―A ligação... Ela só... Aconteceu e eu não sei como, Regulus. De acordo com os escritos antigos e a minha experiência com isso, deveria ter sido primeiro corpo, depois a mente e então, a alma.

―Não temos tempo pra isso agora, Clair. Temos que focar em ajudar esses dois de alguma forma...

Um ‘Pop’ foi ouvido e Dobby surgiu vestindo um uniforme com a crista Potter-Black, ele viu Hermione passando mal e foi depressa ver o que estava acontecendo com a sua Senhora.

―Oh, não!Não com a Senhora, Mestre Harry vai ficar furioso quando souber disso. ―O pequeno elfo disse assustado tentando pensar em alguma magia que pudesse ajudá-la.

Então, subitamente os gemidos pararam e Hermione tornou estática como se estivesse petrificada ou em algum tipo de transe. Clair, Regulus e Dobby começaram a fazer feitços de diagnósticos para ter certeza que ela ainda estava viva e a levaram para a enfermaria, onde ficou sendo observada. Dobby ficou cuidando dela quando foi chamado por seu mestre e assim que ele retornou, Hermione abriu os olhos para dar de cara com um de seus pesadelos.